Querido professor escrita por mjrooxy


Capítulo 20
Dor




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Naruto estava muito bêbado, mas, por sorte, depois do banho e do café forte que lhe dei, começou a clarear às ideias. Eu o sentei no sofá, após vesti-lo novamente, como da primeira vez, ouvindo em resposta:

— Nem acredito que está cuidando de mim. - falou, recobrando o controle de suas ações.

— Claro que estou, não te deixaria sozinho e bêbado em um bar qualquer. - toquei seu rosto delicadamente. - Me desculpe por te fazer sofrer assim, Naruto.

— Por que fez aquilo, meu anjo? Por que terminou tudo após, você sabe, termos a melhor noite das nossas vidas? - seus olhos me fitavam intensa e profundamente. - Sei que me ama, mas não entendo... Tuas amigas mesmo me contaram que teve suas razões, que foi por algo maior; contudo, do que tem medo?

Suspirandi, me ajeitei em seu lado no sofá.

— Meu pai. - iniciei, pronta para contar tudo o que aconteceu, não mais guardaria só para mim. Eu arranjaria uma forma de amá-lo, estava decidida. - Ele ameaçou você e também garantiu, que, se ficássemos juntos, nunca mais veria minha irmã, Hanabi.

Senti as lágrimas se formando, como uma forte chuva que se aproximava.

— Vem cá. - Naruto puxou-me e eu deitei em seu peito. - Sobre mim, não deveria se preocupar, eu enfrentaria qualquer coisa para ficarmos juntos. Já, referente a sua irmã, como um pai poderia fazer algo assim?

— A história é longa, amor. Nem sempre ele foi tão tirano; porém, depois que minha mãe morreu as coisas pioraram muito. - funguei e Naruto afagou meus cabelos. - Tudo o que aconteceu foi culpa dele, as fotos enviadas ao diretor... Por falar nisso; Kakashi também foi uma vítima.

— Como assim, vítima?

— Meu pai o drogou para ir atrás de mim e você nos flagrar juntos. - expliquei.

Naruto franziu o cenho.

— Seu pai realmente não me conhece se pensa que isso nos separaria. - eu concordei com a cabeça. - Bom, e sua foto que vazou? - Naruto questionou com um certo receio.

— Sei que não foi você, já sabia antes de hoje. - o tranquilizei. - Sasuke ficou de descobrir quem de fato a divulgou, mas tenho certeza de que tenha sido Toneri.

— Por que ele faria algo assim?

— Por despeito, eu nunca o correspondi.

— E seu pai nisso tudo?

— Ainda não sei, ele ficou de averiguar. Mas, algo me diz que só vai abafar o caso, pois a culpada por ter fotos sensuais à disposição de alguém sou eu. - suspirei.

— Seu pai disse isso?

— Disse, aliás, eu eufemizei suas palavras. O que ouvi foi bem pior. - confirmei, pesarosa.

— Cretino! - ralhou. - Desculpe-me, ele ainda é seu pai.

— Tudo bem, meu pai não merece sua consideração.

— Ainda assim, acho errado xingá-lo. Eu queria que meu pai estivesse vivo, sabe? Mesmo se fosse um tanto quanto incorreto. - observou, parecendo saudoso.

— Não queira isso pra você, amor. - falei, pegando em suas mãos. - É horrível ter de reconhecer, que seu próprio pai está disposto a te chantagear, te humilhar e te separar da sua irmã. Fora o que prometeu sobre você, que o deixaria sem emprego e, pior, mandaria seus homens virem te dar uma surra! - exclamei um pouco alterada.

— Sobre mim, não deveria se preocupar. - informou, tranquilo.

— Como não?

— Eu pareço inofensivo, mas sou bom em artes marciais.

— Não me diga! - retruquei, rindo abertamente pela primeira vez em dias.

— Sim, eu treinava com meu padrinho quando novo. Ele é professor no Brasil agora. - me contou orgulhoso.

— Sério? - o encarei, incrédula.

— É sim, saberia me defender perfeitamente. A menos que alguém viesse armado. - refletiu, ainda com o tom de voz calmo.

— Não dúvido, meu pai provavelmente saberia suas habilidades e mandaria alguém à altura. - protestei, amargurada.

— Ainda assim, não deveria lidar com algo desse porte sozinha. Eu quero estar ao seu lado, Hinata. Cuidá-la e amá-la, isso envolve levar uns sopapos se for preciso. - Naruto soou muito engraçado nesse momento.

Eu dei risada.

— Termos ficamos juntos causou uma reação em cadeia, mesmo assim você insistiria? - eu precisava saber, apesar de imaginar a resposta.

— Se arrepende? Pois eu não. - afirmou, resoluto.

— Eu também não me arrependo, amor. - toquei seu rosto com carinho. - Pelo contrário, eu também sofri nesse tempo em que estávamos separados.

— Confesso que quase enlouqueci tentando entender seus motivos. - suspirou. - O jeito que terminou tudo, parecia fazer aquilo por obrigação, tanto que chorava da mesma forma que eu...

— Sim, foi uma das piores decisões da minha vida. - confessei, tristonha.

— Chega disso. - ele tocou meus lábios com o indicador. - Vamos conseguir superar tudo e ficaremos juntos, estou certo disso.

— É tudo o que eu quero, Naruto - falei baixinho e fui me aproximando de sua boca.

Iniciando um beijo lento e demorado, eu precisava beijá-lo por muito tempo, para que todo aquele anseio passasse. Eu o queria, como nunca quis outro até o presente momento.

Naruto prontamente correspondia, me apertando com urgência e desejo.

— Senti tanta saudade, meu anjo... - sussurrou rente a minha boca.

— Eu também. - minha voz quase não saiu.

Continuamos a nos beijar e o contato se tornou urgente e desesperado. Eu o puxava cada vez mais para mim e ele retribuía prensando seu corpo contra o meu.

— Você quer? - indagou ofegante.

— Quero.

Naruto não esperou, apenas me ergueu, como se eu pesasse não mais que dez kilos e me levou ao seu quarto. Enquanto eu permanecia com o rosto escondido em seu pescoço, inalando o cheiro de erva doce que vinha de seu corpo. Por ter acabado de tomar banho.

Consequentemente, assim que chegamos ele me deitou delicadamente na cama. Enquanto eu permanecia fitando seus olhos muito azuis, que agora, novamente, estavam um tanto escurecidos de desejo.

Naruto se encaixou entre minhas pernas e buscou minha boca. Eu apenas correspondi.

— Eu te amo, Hinata Hyuuga. - ele continuava acariciando meu rosto, em um gesto terno e carinhoso.

— Eu também te amo, Naruto. - confessei pela primeira vez, notando o quão naturalmente aquelas palavras saiam da minha boca.

Ele sorriu e fechou os olhos.

— Promete que dessa vez não iremos mais nos separar?

— Prometo, amor. - ofereci meu mindinho e Naruto mostrou o dele.

— Está jurado de dedinho. - gracejou, beijando minha testa e meu nariz na sequência.

Dito isso, deixamos o pudor de lado e nos amamos novamente. Dessa vez de um jeito ainda mais ardente, pois já conhecíamos um ao outro e sabíamos o que enlouquecia cada um na cama. Diante do que nos aconteceu, tudo o que eu queria era me sentir amada nos braços de Naruto. Pelo resto da minha vida. 

Acordamos com uma batida muito forte na porta, parecia a ponto de arrombá-la. Apurei meus ouvidos, ouvindo uma voz gritar do lado de fora.

— Narutoooo! - era Sasuke.

Dei um pulo na cama, vendo Naruto se remexer e virar para o lado. Estava totalmente apagado.

Me vesti correndo, amarrei o cabelo e desci às pressas, abrindo a porta na sequência.

— Hina, que bom que está bem! - Saky se jogou em meus braços.

Ainda estava escuro, deveria ser madrugada.

— O que houve? - retruquei, assustada.

— Toneri, ele é um louco! - Sasuke interveio. - Te procuramos em sua casa, deixei até mensagem.

— O que descobriu? - me exasperei. - Esqueci meu celular em casa.

— Tudo bem, podemos entrar? - devolveu, parecia aflito.

— Claro. - dei passagem aos dois e subi para acordar Naruto.

— O que foi, bebê? - respondeu com os olhos fechados.

— Sasuke e Sakura estão lá embaixo, eles descobriram quem foi. - Naruto deu um pulo, jazia nu também.

E, não consegui evitar uma olhada de cima abaixo no material. Afinal de contas, o bicho era gostoso, viu.

Ele se vestiu rapidamente e descemos. Porém, fiquei morrendo de dó por causa de sua carinha de sono.

— O que houve? - questionou ao casal, ainda sonolento.

— Descobrimos os planos de Toneri. - Sakura despejou.

— Interceptei e imprimi todas as conversas entre seu pai e Toneri nos últimos meses. Foi difícil passar pela criptografia de ambos, mas consegui. Eu iria entregar tudo à polícia imediatamente; porém, Sakura preferiu consultá-la antes. - Sasuke explicava muito rápido e nós dois o acompanhávamos ansiosos por saber toda a história. - Assim sendo, está nas suas mãos, Hinata. Com o tanto de coisa errada que achei, você pode virar o jogo e chantageá-lo para poder viver em paz. Ou poupá-lo de passar bons anos na cadeia. Fica a seu critério.

O jogo, definitivamente, tinha virado.

— E você? O que fez não é um delito? - estava preocupada com Sasuke.

— Tecnicamente sim, no entanto, se eu alegar que foi para te proteger. Diante do conteúdo dessas conversas, com um bom advogado saio limpo. - ele riu, presunçoso.

— Quem seria esse advogado?

— Itachi, meu irmão.

— Ele é muito bom, Hina. Eu diria que implacável. - Saky adicionou.

— Ótimo, porque meu pai não deixará barato, ele vai retribuir.

— Não tenho medo. - Sasuke garantiu. - Espero que seja suficiente para conseguir viver sua vida em paz, Hina.

— Obrigada, Sasuke. Você é um bom amigo. - fui até ele e o abracei. - Vamos agora mesmo até meu pai, assim eu também vejo Hanabi.

— Você deveria ir antes à polícia, apresentar as provas e pedir uma liminar de proteção, vida. - Naruto ponderou.

— Concordo. - Sakura disse.

— Não tenho medo do Toneri.

— Mas devia, esse cara é obcecado por você e está disposto a qualquer coisa para conseguir realizar seus planos. - Sasuke reafirmou, apreensivo.

— Toneri sempre foi obcecado por mim. - garanti.

— Pode ser, só que agora ele está disposto a passar dos limites para conseguir o que quer. - Sasuke contrapôs.

— Hina, não confio nele. Estou com mal pressentimento. - Sakura alertou.

— Vamos até meu pai e na volta passamos na delegacia, tudo bem? Toneri não tentará nada contra mim, tendo tanta gente como testemunha. - ponderei.

Os três concordaram, apesar de não estarem satisfeitos com minha decisão.

Eu também não estava nenhum pouco confortável com o que estava prestes a fazer. Para conseguir minha tão sonhada carta de alforria.

Chantagear meu próprio pai, digamos que não era um dos meios que eu pensava usar, para finalmente poder ser feliz.

Todavia, era preciso.

Se meu pai me queria como participante em seu jogo, então eu jogaria. E ele não poderia reclamar. Principalmente, quando, em seu próprio jogo de Shogi, eu lhe desse um xeque mate.

Enquanto analisava às conversas, percebia que Naruto estava muito mal. Além de ter dormido pouco, a bebedeira de ontem estava cobrando seu preço, lhe rendendo uma bela ressaca e fortes dores de cabeça.

— Amor, fica dormindo. Nós três vamos. - sugeri, recebendo uma negativa clara de Naruto em resposta.

— Depois de um analgésico estarei ótimo, a culpa foi minha se enchi a cara como se não houvesse amanhã.

— Teimoso!

— Ô quem fala. - retrucou e eu ri.

Seguimos; portanto, em direção à imensa casa de meu pai, o lugar onde cresci e vivi muitos anos felizes com minha mãe ainda viva. Agora, diferentemente, eu sentia apenas tristeza ao aproximar-me daquele local.

Suspirei.

Ainda não acreditava que meu pai fora capaz de me usar daquela forma, me oferecer como moeda de troca em acordos comerciais. Estávamos em pleno século XXI e eu ainda era obrigada a sofrer por aquilo. O pai de Toneri era praticamente dono de metade do Japão. Como diria o ditado, aonde o meu pé tocava pertencia a Hamura. Porquanto, Toneri como filho único herdaria tudo o que era de seu pai. No início, quando éramos crianças, brincávamos juntos e eu se quer sonhava com o que estava por vir. Afinal, quem diria que Toneri se tornaria alguém tão detestável. Verdadeiramente me recusava a acreditar que Hamura estivesse a par de toda aquela podridão. Eu me lembro dele como um homem correto, de caráter incontestável. Sendo assim, talvez estivesse por fora dos acordos entre o filho e meu pai, era possível. Visto que, em nenhuma das conversas que li Hamura foi mencionado ou esteve presente. Acredito eu, que meu pai tenha usado os sentimentos de Toneri para conseguir um casamento vantajoso para mim.

Era como diziam, quanto mais dinheiro se tinha, mais dinheiro se queria. Só pedia aos céus que Hanabi não passasse por isso. Desejava do fundo do meu coração, que ela pudesse ser feliz com quem quisesse e não se sentisse pressionada a nada. Muito menos a assumir às industrias Hyuuga, como eu estava sendo hoje. Esse devia ser o motivo de tanta frustração de meu pai com relação a mim. Eu não ter nascido homem de pulso firme, para assumir os negócios da família, quando ele não mais estivesse nessa terra.

O que não era desculpa para tornar minha vida um inferno, sem dúvidas. Aliás, meu pai era um corrupto, descobri lendo o dossiê que Sasuke fez. Sonegava impostos, subornava autoridades, para conseguir regalias e vista grossa diante de suas falcatruas. Além de várias outras atrocidades, que eu não conseguia se quer reproduzir em voz alta. Ah, sua última, drogar Kakashi, tinha sido apenas a pontinha do iceberg, ele estava atolado até a cabeça em situações totalmente escabrosas.

— Você está bem? - ouvi a voz rouca de Naruto e voltei o pensamento para ele. - Pergunta idiota, é claro que não. - resmungou para si mesmo.

— Está tudo bem, amor. - menti e apertei sua mão com mais força. - Obrigada por estar comigo.

Naruto só deu um beijo em minha testa e me abraçou.

Então, a surpresa, nós estávamos chegando, quando vimos um amontoado de gente em volta da mansão. Policiamento, ambulância, repórteres de diversas emissoras, todos jaziam em volta da casa que um dia foi minha. A rua estava fechada e nenhum carro tinha permissão para passar.

— Que diabos está acontecendo aqui? - sentia meu coração acelerar e minhas pernas cederem, já pensando no pior. - Hanabi! - gritei e sai do carro afoita, com os três em meu encalço.

Naruto até tentou pegar em minha mão, mas eu estava desesperada, só precisava de notícias.

— Senhorita Hyuuga, o que tem a dizer referente ao atentado de Toneri contra a vida de seu pai? - um repórter muito sem noção aproximou-se de mim, jogando o flashe da câmera em meu rosto.

— Que atentado? - devolvi, totalmente no escuro.

— Se afastem! - ouvi um segurança enorme gritar, enquanto servia de barreira, junto com outros.

Deveriam ser da guarda do meu pai.

— Senhorita Hyuuga, venha comigo. - a governanta pegou minha mão e eu a segui por entre a montoeira de gente.

Naruto não saiu do meu lado, juntamente com meus amigos.

Os seguranças também bloqueavam os repórteres e os curiosos que tentavam, a todo custo, aproximar-se de mim.

— O que aconteceu? - eu precisava saber.

— Seu pai teve uma discussão acalorada com Toneri, ninguém sabia que ele estava armado. - Ko, um dos seguranças de confiança de meu pai, se pronunciou. - Erro nosso, senhorita; Toneri não foi revistado, por julgarmos ser de confiança... - ele não conseguiu concluir a explicação.

— Seu pai foi baleado. - um outro, que eu não conhecia, concluiu.

— O que? - eu sentia-me subitamente fraca. - Cadê Hanabi? - gritei ensandencida.

— Ela está bem, só muito abalada. - a governanta relatou.

— Eu quero vê-la, onde minha irmã está?

— Está na casa, preferimos deixá-la longe de todo esse caos. - Ko explicou.

— Me leve até ela. - ele assentiu.

E, quando a encontrei, meu coração voltou a bater com regularidade.

— Mana! - ela correu até mim, se jogando em meus braços. - Papai... - Hanabi fungava, enquanto uma outra mulher, que eu também não conhecia, tentava acalmá-la.

— Ei, pequena. - afaguei seus cabelos. - Vai ficar tudo bem, ok? Eu estou aqui. - apertei forte seu corpinho, sentindo às lágrimas descerem sem cerimonia por meu rosto.

Enquanto isso, Naruto e os demais presenciavam a cena em silêncio. Ninguém ousava falar nada.

— Hana, preciso ver papai. Pode pode ficar com a minha amiga? - apontei para Sakura, que jazia com lágrimas nos olhos também. - Lembra dela?

— Lembro. - confirmou, enxugando os grandes olhos com a manga da blusa. - Você volta, mana?

— Volto, amorzinho. - a tranquilizei, alisando seus cabelos escuros como os meus, na sequência deixei um beijo em sua testa.

— Tudo bem. - assentiu. - Cuida do papai, ta bom?

— Cuido sim. - a abracei mais uma vez e a deixei aos cuidados de Sakura e Sasuke, duas pessoas de minha inteira confiança.

Diferente daqueles que trabalhavam para o meu pai, aliás, tirando Ko, que eu conhecia desde pequena, não colocava minha mão no fogo por nenhum mais. Todos poderiam estar mancomunados com Toneri.

— Aonde está meu pai, Ko?

— Ele está muito mal, senhorita Hinata.

— Eu preciso vê-lo também. - Ko fez um sinal positivo com a cabeça. - Senhor Hiashi já está a caminho do hospital. - Posso levá-la.

— Por favor. - entrelacei meus dedos aos de Naruto, que permanecia em choque, perante a toda aquela catástrofe.

Os seguranças, mais uma vez, me ajudaram a burlar a mídia. Assim sendo, em poucos minutos estávamos seguindo.

— O que aconteceu com Toneri? - finalmente fiz a pergunta que não queria calar.

— Foi detido em flagrante, ele estava descontrolado. Nunca pensamos que pudesse agir tão brutalmente, ninguém o reconheceu quando foi levado pela polícia. - eu fiquei abismada ao ouvir tal coisa. - Peço desculpas por nossa negligência, senhorita Hyuuga, nunca irei me perdoar se algo acontecer ao seu pai.

— Eu sei que não foi sua culpa, Ko. - ele dirigia e nós dois íamos no banco de trás. - Sabe pelo menos o teor da conversa, que desencadeou tudo isso?

— Sei que tem a ver com a senhorita, mas não posso afirmar com precisão.

Assenti, balançando freneticamente as pernas. Naruto acariciava minha mão, tentando me passar algum conforto. Chegando ao hospital, eu parecia ter saído do meu corpo, frente aos últimos acontecimentos.

Meu pai estava sendo preparado para a mesa de operação e não deveria receber ninguém. No entanto, como o grande Hiashi Hyuuga, até nessas situações ele ditava as regras.

— Seu pai quer falar com você antes de entrar na cirurgia. - uma enfermeira baixinha e muito simpática anunciou.

Fiz que sim com a cabeça e a segui, encontrando meu pai todo entubado. Não parecia nem um pouco tão imponente e assustador como antes.

— Minha filha, chegue mais perto. - pediu com a voz muito baixa.

Aproximei-me sorrateiramente, sentindo a garganta fechar. Não conseguia precisar quais sentimentos estavam vigentes em mim no momento. Angustia, raiva, medo... Era uma miríade de sensações conflitantes. Entretanto, apenas ignorei e parei diante de sua cama.

— Oi... - minha voz mal saia.

— Hinata, sei que não passo de hoje. - iniciou e tossiu um pouco. - Sua mãe já me falou, ela está me esperando, mas, antes de partir, preciso pedir perdão por tudo o que fiz de mal a você. Fui intransigente e implacável, te magoei de todas as formas e sei que não mereço ser perdoado agora, apenas por estar morrendo. - respirou fundo e eu já sentia o tão costumeiro aperto no peito, não sabia o que pensar. Tinha noção de que, era esperado de mim em dada a situação, que eu estivesse em prantos, pelo meu pai encontrar-se à beira da morte. Contudo, eu estava em um estado letárgico. - Toneri apareceu em casa e contou o que havia feito, para se vingar de você. Ele relatou que divulgara sua foto, como uma forma de retaliação por tantos anos de indiferença; porém, isso não foi tudo. Também me garantiu que, se você não ficasse com ele, não ficaria com mais ninguém, pois acabaria com sua vida e a do seu namorado. - arregalei os olhos ante tal confirmação; Toneri seria capaz? Nesse momento uma voz respondeu em minha mente: sim, seria. - Obviamente, eu não poderia permitir que ele atentasse contra sua vida, muito menos contra a de alguém importante para você, como esse Naruto deve ser. Me lembro bem que o ameacei; todavia, não pensei realmente em ir a fundo com minhas ameaças. Só pensava em assustá-la. Aliás, estou ciente de que estão novamente juntos e quero dar a minha benção para vocês, aqui e agora, no meu leito de morte. Já que fui teimoso o suficiente para não o fazer em outras circunstâncias. Mas, antes de partir, saiba que eu fui contra o plano dele de expô-la e, ainda mais, em machucá-la de alguma forma. Apesar de ter dito palavras duras da última vez que nos falamos, eu não penso daquela forma. Eu sabia que o culpado pela divulgação da foto era Toneri e não você. Aliás, ele estava irreconhecível quando nos vimos hoje e atirou em mim, alegando que você seria a próxima, acaso não o aceitasse. - meu pai tossiu novamente e apertou minha mão. - Me perdoe por tudo, minha filha. Tenho noção de que não mereço, diante de tudo o que fiz e disse. No entanto, partiria mais tranquilo levando seu perdão comigo. - eu assenti. - Espero que consiga finalmente ser feliz, sem a minha interferência. Saiba que tenho orgulho de você, por lutar pelos teus sonhos e por ser tão diferente de mim, Hinata. Apesar de eu nunca ter demonstrado isso. Por favor, cuide da sua irmã e, se não puder me perdoar, eu aceitarei.

— Eu te perdoo. - falei em meio às lágrimas.

— Obrigado, minha filha. - ele me deu um último sorriso e, por fim, seus olhos perderam o brilho.

Ouvi ainda o barulho do monitor cardíaco apitar descontroladamente, antes de parar de vez.

— PAI! - gritei, sentindo seu aperto em minha mão afrouxar.

Vi vários médicos entrarem e Naruto surgir imediatamente no quarto, me abraçando forte e me retirando dali.

— Carga máxima! 1,2,3. - ainda vi seu corpo subir e cair novamente na cama do hospital.

— Não olhe pra isso, hime. - Naruto tampou meus olhos, mas seria em vão.

A imagem do meu pai morrendo, ficaria para sempre gravada em minha memória. Agora, literalmente, ele estava morto e o remorso que senti por proferir tais palavras em meu acesso de fúria, me assombrariam por muito tempo.


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