Após comprarmos nossas batatas fritas e sorvetes nos acomodamos na sala, escolhemos a primeira comedia que vimos que não parecia muito infantil, o filme parecia estar em cartaz a bastante tempo pois erámos as únicas pessoas a estar assistindo, escolhemos os assentos bem do fundo caso alguém mais entrasse não queria cabeças de pessoas se mexendo a minha frente, mas eu estava bem mais interessada em Jacob que no filme, meu objetivo era fazê-lo feliz e anima-lo um pouco mesmo sabendo que era normal o estado dele diante de uma morte de um amigo, eu também ficava chocada quando lembrava do que havia acontecido mas não tínhamos escolhas, a vida tinha que seguir.

Após dois dias teríamos que voltar ao trabalho. Sem Paul. Outro copiloto se uniria ao time e Jake teria que ser forte, não importava o quanto o novo copiloto lembrasse a morte de Paul ele tinha que fazer o trabalho dele sendo assim queria ajuda-lo a se recuperar e perceber que a vida não pode parar.

Jacob lambia o sorvete de baunilha  da colher de plástico parecendo concentrado no filme enquanto as luzes da tela dançavam em seu rosto e seus lábios formam um leve sorriso com as piadas do filme, eu achei ótimo, mas o que mais poderia fazer?

Jacob de repente percebeu que eu olhava para ele e se inclinou cuidadoso para mim – Você quer dizer alguma coisa amor? Sussurrou ele.

Instintivamente eu encurtei a distância entre nossos rostos e o beijei nos lábios com sabor de baunilha, ele trocou o sorvete de mão e colocou a mão na minha nuca e intensifica o beijo sem entregando a mim como uma vitima de um naufrágio em busca de um bote salva-vidas.

Sua língua deslizava por meus lábios – Você se arrepende de não ter escolhido baunilha Ness? Sussurrou ele na minha boca e meu coração pulou de alegria ao perceber seu tom de voz habitual.

—Não já que está me oferecendo uma amostra grátis – Respondi- Eu trouxe você aqui para relaxar então não esqueça do filme.

— O filme não é tão interessante quanto você;

Sorri e o empurrei gentilmente e ele se encostou no assento um pouco relutante – O que eu faria sem você afinal? Obrigado por cuidar de mim.

— Você faz isso comigo o tempo todo, e um aspecto de nossa relação que guardo em meu coração como casal e amigos, agora quieto e assista o filme.

Ele fez uma saudação militar concordando a me obedecer e eu segurei uma risada.

Meus olhos se iluminaram com uma ideia que surgiu em minha mente e então me inclinei para ele – Pensei em outra coisa que podemos fazer para relaxar e você nem precisa tirar os olhos da tela para isso.

—Ah é? O que? Murmurou ele – Agora fiquei curioso.

—Eu já disse para você olhar para a tela, me obedeça e me deixe fazer minha mágica.

Silenciosamente para não despertar algumas pessoas nas filas a nossa frente eu escorrego para o chão e me ajoelho na frente dele, Jacob me olhou de um jeito surpreso e entusiasmado mostrando que havia entendido meu recado, feliz pela escuridão da sala esconder minha vermelhidão o mandei se comportar – Olha na tela.

Obedecendo ele olhou para cima enquanto eu  deslizei minha mão dentro da calça dele, ele abriu mais os joelhos me dando espaço para que eu brincasse melhor, olhei para ele eventualmente enquanto minha boca e minha língua cuidavam dele.

Meus olhos se fixaram no rosto de Jacob acompanhando suas expressões de prazer.

Dois dias depois quando chegamos ao aeroporto para o voo após a tragédia eu me sentia péssima, Jacob me deixou com Leah pois precisava encontrar o novo copiloto, tínhamos nos mudado no dia anterior e isso tinha o animado um pouco.

Jacob deu um beijo em minha bochecha antes de sair para encontrar o novo copiloto enquanto eu continuei com Leah caminhando pelo aeroporto.

Tudo parecia ter voltado ao normal, multidão de passageiros caminhando de um lado para o outro como se nada tivesse acontecido dois dias antes, como se ninguém se importasse o que me deixava triste por Paul.

A presença da polícia não parecia tão intensa como habitualmente e antes que eu pudesse pensar em um novo possível ataque Leah me puxou me tirando de meus pensamentos.

—Eu quero ser a madrinha!

—Não vejo ninguém mais bem preparada para um papel tão importante- respondi.

Leah jogou seus cabelos para trás rindo – Vocês já estão pensando no nome?

Eu balanço a cabeça negando enquanto uma criança com uma grande mala esbarrava em minhas pernas – Decidimos escolher o nome quando pararmos novamente em casa, queremos que tenha algum significado.

— Sam e eu ainda não pensamos também – Disse Leah animada e em seguida seu sorriso alargou – Fico me perguntando se Liang Xia estará no voo, estou cruzando os dedos para que esteja, vamos ver se ele esta na lista de passageiros.

Leah me puxou pelo braço entre as pessoas com sua energia habitual, felizmente seu alto astral deixaria o voo menos sombrio.

— Eu não consigo achá-lo! Disse ela em um tom melancólico.

— Você o conheceu dentre sete bilhões de habitantes da terra, foi sorte não foi?

— Sim mas foi uma sorte cruel que nunca mais se repetirá.

Ela reclamou e fez beicinho e eu rolei os olhos.

— Só porque ele não está neste voo que significa que nunca mais o verá, ele disse que faz sempre voo Nova York e Xangai então chega de manha  e vamos trabalhar que os passageiros estão a nossa espera.

Leah franziu a sobrancelhas – É assim que trata sua chefe Nessie? Respeito é bom e eu gosto.

Fingi dar um tapa nela e nós duas rimos.

Logo após decolarmos observei Leah caminhar na direção da frente do avião com os olhos brilhando e Jasper logo atrás dela

—Acho que é meu dia de sorte afinal.

Levantei uma sobrancelha intrigada – O que acabou com seu desespero?

— Liang Xia pode não estar aqui, mas temos aquela linda jovem de olhos azuis hoje, meu coração não consegue se decidir entre os dois, não consigo dizer quem é mais atraente.

—Aleluia, ao menos isso ajudará você a não ficar chorando o voo inteiro daqui até a china.

— Me da a lista de passageiros, preciso encontrar uma desculpa para falar com ela.

Pegamos a lista procurando o número do assento da moça – Xue Yates, 26 anos, ela mora em Hong Kong e tem passaporte chines e americano, se não fosse pelo sobrenome diferente acreditaria que ela é irmã dele e poderia pedir a eles que me adotassem.

Eu tentei ficar séria.

— Você não pode dormir com eles e entrar para a família.

Leah começa a rir.

— Realmente está certa, é por isso que te amo Ness.

Jasper nada comenta e nem participa da brincadeira, ele apenas suspirou fundo e em seguida se aproxima pegando o registro de passageiros da mão de Leah.

— Também está procurando alguém Jasper?

— Absolutamente não.

— Qual seu tipo afinal? Nem acredito que ainda não perguntei a você, é casado, namora?

Jasper apenas balançou a cabeça enquanto olhava para a lista – Não.

— Qual é o seu tipo? Prefere homens ou mulheres?

— Depende do homem e da mulher.

—Ah você é bi? Bem vindo ao clube eu também sou.

Ele rolou os olhos – Não me diga – respondeu com uma ironia óbvia.

Sem tirar o papel da mão Leah se inclina em seu ombro – o que está procurando?

— Nada em particular, só olhando o nome das pessoas a bordo – Disse ele se virando para mim e me entregando a lista, a segurei não entendendo.

Sem dizer mas nada ele saiu para atender a chamada de passageiros da classe econômica.

Olhei para ele intrigada.

Imediatamente eu peguei o celular mandando uma mensagem a Alec.

“ Conhece o novo membro da equipe?”

Quando tento por o celular no bolso o aparelho vibra, Alec me respondeu instantaneamente

— Não mesmo!

— Por que você me disse para ter cuidado? Está esperando que algo ruim aconteça?

— Eu sou comissário de bordo e não vidente para saber, eu só estava preocupado com você pelo que me contou sobre Paul, embora tenha me chutado eu me importo com você, então prometa que terá cuidado como eu pedi.

Eu nem me dei o trabalho de responder já que ele não estava disposto a me dizer nada, odiava aquela atitude irônica dele, felizmente Jake não era assim.

Como em um passe de magica assim que penso em Jacob ouço sua voz saindo pelos alto-falantes.

“Senhoras e senhores aqui quem fala é o capitão, por favor, apertem seus cintos de segurança, passaremos por uma leve turbulência.”

Ao ouvir suas palavras percebo que é algo um pouco mais sério do que isso e me preparo para um trecho com forte turbulência.

...

A noite já havia caído quando chegamos em Xangai, Leah abriu a porta da aeronave para que os passageiros saíssem e para nossa surpresa dois grupos de policiais Chineses nos aguardavam uniformizados, tentei me segurar para não voltar para dentro.

—Que comitê de boas-vindas – brincou Leah.

Eles seguraram um papel diante do rosto dela mais ela não conseguiu ler e Jasper se aproxima do nosso pequeno grupo, cumprimentou o policial e iniciou uma conversa amigável com ele e em seguida se virou para nós – é uma revista surpresa, eles vão revistar todos os passageiros e as bagagens de mão.

—Por quê?

— Todas as bagagens de mão foram revistadas quando embarcamos! Disse Leah.

Jasper retorna ao policial pedindo um novo esclarecimento.

— Ele não está autorizado a dar nenhuma informação, mas ele é do departamento de narcóticos.

Leah e eu trocamos olhares.

— Acho que já podemos dizer que tudo realmente está relacionado.

—Isso quer dizer que o problema está além do JFK?

Jasper da de ombros indicando que não sabe.

—Eu só sei o que vocês sabem e não acho que darão qualquer outra informação.

Meus lábios se moveram, mas me calei ao ouvir a voz de Jacob – O que está acontecendo?

Jacob e Embry, substituto de Paul saíram do cockpit aparecendo de surpresa – Por que a polícia está aqui?

Olhei para ele – Você não sabe nada sobre Jake?

— Absolutamente nada, o que é estranho pois eles geralmente informam aos pilotos antes de pousarmos.

— é estranho ou...

—ou...

Todos me olharam esperando minha conclusão.

— Eles queriam pegar todos de surpresa incluindo a tripulação.

Apesar da cansativa revista os policiais saíram de mãos vazias, eu suspirei fechando os olhos, os últimos dias tinham sido muito estressantes, a morte de Paul, todo aquele mistério, eu senti que minhas pernas estavam tremendo e Jacob que estava ao meu lado me olhou de soslaio.

— Você está bem Ness?

— bem..as coisas estão ficando sérias com todas essas investigações acontecendo, eu admito que não ando me sentindo bem.

Seu semblante muda para preocupação – Não está sendo fácil mesmo – em seguida ele colocou os braços em volta do meu ombro – mas tudo vai ficar bem ok.

Eu concordei com a cabeça.

Enquanto caminhávamos até a saída Leah olhou para nós dois – então pombinhos quais os planos? Temos tempo livre só retornaremos depois de amanhã.

— Ainda não decidimos – respondi enquanto Jacob pegava minha bolsa pequena junto com a bagagem dele pelo aeroporto – Quem disse que não temos?

— Temos?

Ele sorriu.

Jacob segurou minha mão e caminhamos de mãos dadas em silêncio e pela primeira vez Leah não disse nada, trocamos olhares sorrindo, parecia que ele e eu estávamos conectados do que pelas mãos de certa forma.

— bom pombinhos melhor irmos, não vamos passar a noite no aeroporto a menos que estejam procurando um lugar não muito convencional para namorarem – Disse Leah quebrando o silêncio – Mas acho que vocês já devem ter brincado um pouco no banheiro do avião e na cabine.

—Leah!

Gritei o nome dela envergonhada em um tom de fúria totalmente vermelha enquanto Jacob apenas riu baixinho, lancei um olhar de repreensão para ela mas ela nem ligou, estava feliz em me provocar.

Olhei para frente e Jasper estava a nossa frente, me preocupou o fato dele ter ouvido o que Leah havia dito, e se ele dissesse a diretoria? Aquilo custaria o meu emprego e a carreira de Jacob, mas Jasper parecia indecifrável como sempre.

Eu teria que conversar com ele e pedir a ele para guardar segredo sobre o que pudesse ter ouvido.

—Você quer fazer compras amanhã?

—Mas você não gastou demais em Paris?

—Se isso te fez feliz podemos repetir a dose.

— É sério eu comprei tudo o que precisava.

— Tudo bem.

Caminhamos para fora e então nos despedimos de Leah – os vejo em 48 horas, divirtam-se! Disse ela se afastando.

— Claro pode deixar!

Respondi dando um sorriso, Jacob olhou para mim e beijou a ponta do meu nariz antes de entrarmos no taxi.
 

Horas depois, Jacob se deitou ao meu lado na imensa e confortável cama do hotel e me abraçou carinhosamente e eu coloquei meu braço ao redor do dele, sentia falta dos braços dele quando estávamos trabalhando longe um do outro.

Aconcheguei meu rosto em seu ombro e fechei os olhos sentindo o perfume dele, seu cheiro de homem me hipnotizava e ele beijou o topo da minha cabeça – precisa de carinho? Ele sussurrou.

—Sim! Confirmei manhosa com a voz sufocada em sua pele – Esta noite tudo que quero é seu carinho, podemos deixar a paixão para amanhã?

—Claro amor eu posso ser seu grande urso de pelúcia essa noite, só vão faltar os pelos, mas eu posso comprar uma fantasia de urso se quiser.

O empurrei um pouco para trás demonstrando nojo mais comecei a rir,

—De jeito nenhum, prefiro sem pelos.

— Isso significa que não me amaria mais se eu trabalhasse como mascote peludo em algum parque temático?

— Não!

—Você é má Ness.., eu não estava brincando quando disse que queria trabalhar como mascote em um parque temático, esse era meu primeiro sonho antes de arqueólogo, veterinário e piloto, sexy não acha?

— Jake isso é bem brochante sabia? O que eu vou fazer quando pensar em você com fantasia de urso peludo na próxima vez que fizemos amor? Como um personagem peludo de desenho animado? Isso acaba com qualquer libido.

— Certo não se preocupe, to vendo que o sexy Jay pode animar você sempre que quiser, exceto essa noite, já que quer apenas carinho e eu concordei, afinal de contas sou um homem de palavra.

— Fico muito feliz que você seja um homem e não um animal peludo.

—Grrrrr! Ele rosnou rindo imitando um urso com garras enormes e então afundou as presas em meu ombro.

—Jake isso não é carinho.

Sua risada instantaneamente se transformou em um beijo apaixonado, em seguida beijou minha bochecha e fez todo contorno da minha mandíbula com a boca e levou os lábios até minha orelha depois ao canto dos meus olhos que estavam fechados – Eu te amo princesa – disse passando as mãos gentilmente em meus cabelos.

Em seguida me abraçou me aconchegando contra se peito enquanto eu tentava não me mover e dormimos assim unidos em um abraço amoroso como se tivéssemos dentro de uma bolha que nos protegia do mundo exterior.

Era perfeito.