Rios Fluem Até Você escrita por Hanna Martins


Capítulo 38
Salvar aqueles que amamos


Notas iniciais do capítulo

Hey, reylos! Só tenho uma coisa a declarar sobre este capítulo: final impactante hihihihi



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A nave estava quase pronta. Poe andava de um lado para o outro com uma expressão preocupada. Os membros da Resistência iriam partir em uma missão perigosa.  

— Essas pessoas da Primeira Ordem não são confiáveis... — resmungava o General. — Não sei por que a gente tem que confiar nesse General Abraços para fazer isso. Nossa vida vai depender dele!  

Ele desviou os olhos de Poe. Havia aquele fragmento de memória: uma pequena sala e os gritos de Poe. Apesar de ser apenas uma vaga lembrança, fragmentada ainda por cima, aquilo lhe provocava engulhos. Odiava o fato de que um dia torturara Poe. Mais uma culpa para sua extensa lista de pecados. Mais uma culpa para carregar pela eternidade.  

Poe era um cara legal, embora fosse tagarela demais em certas ocasiões. Com a convivência acabara gostando dele de verdade. Poe era alguém leal e sempre disposto a lutar pelas coisas que acreditava, arriscando a própria vida se fosse o caso. Quase um amigo. Mas, amigos não faziam aquilo que fizera com ele, não era?  

Subitamente, Poe deteve-se diante dele e o olhou, como se tivesse achado a solução de algo.  

— Preciso ver uma coisa...  

Porém, Poe não terminou de falar, neste momento, Rey entrava na nave.  

Ela estava... deslumbrante. Rey usava um vestido negro que deixava os ombros expostos, os cabelos castanhos presos de um modo distinto do habitual três coques. Seus olhos não conseguiam deixá-la, estavam completamente hipnotizados por ela.  

A Resistência iria se infiltrar em uma festa que algumas pessoas que financiavam a Primeira Ordem estavam dando. Uma missão muito arriscada.  

— Uau! — exclamou Poe, colocando em palavras aquilo que ele não conseguia exprimir. — Você está muito gata neste vestido, Rey! 

— Obrigada — agradeceu ela, um pouquinho embaraçada. — Ele não faz muito meu estilo. Foi Rose que escolheu para mim...  

— Minha florzinha sempre tem o melhor... 

— O melhor o quê? — indagou Rose, passando pela porta da nave.  

— Gosto para roupas — disse Poe, voltando-se para a porta e ficando um tantinho boquiaberto com a visão da Comandante Tico trajando um bonito vestido azul escuro. — Você está... linda! — falou, finalmente, conseguindo fechar a boca.  

— Obrigada, Poe — agradeceu a Comandante, sorrindo. — Você também está bem neste smoking.  

O General sorriu, lisonjeado.  

— Acho que estamos quase todos prontos. Só falta Finn trazer o Hux — falou Rose.  

Ao ouvir aquele nome, sentiu um calafrio. Não queria ver Hux novamente. Ele lhe despertava memórias e sabia da verdade. E, sobretudo, não queria pensar no ato que quase cometera contra Hux. Aquilo o deixava cheio de vergonha.  

— Rey, eu já vou indo — disse, aproximando-se dela.  

Ele viera só para se despedir dela. Desde que voltaram de Jakku, três dias atrás, não havia a visto. Rey estava muito ocupada com a Resistência. Só queria verificar se ela estava bem.  

Também havia aquele assunto que estava adiando. Em Jakku, naquela noite, enquanto olhavam as estrelas, havia tomado uma decisão. Iria contar a verdade a Rey. Deixaria de fingir que tudo ficaria bem, se escondesse a verdade de todos, se continuasse a ser apenas Yuri Snow, um mecânico qualquer. E ele gostava de ser aquele simples mecânico. No entanto, nada ficaria bem se continuasse fugindo da verdade. Estaria vivendo uma mentira eterna. As dúvidas iriam mortificá-lo até o fim. Nunca seria realmente feliz ou viveria em paz.  

 Ele estava sendo egoísta e injusto com Rey ao não lhe falar sobre Kylo Ren. Naquela noite, ele soube que se quisesse consertar o passado e seguir em frente, deveria começar por enfrentar seu passado e não fugir dele. Deveria falar para Rey, lhe dar uma opção de permanecer ou não ao seu lado. Aquela deveria ser uma escolha dela, somente dela, e não dele. Rey também estava enfrentando o passado. E isso lhe dera forças para enfrentar o seu. Era a coisa certa a se fazer, por mais doloroso que fosse. O caminho correto poderia não ser o mais fácil, mas ainda era o caminho certo.  

Rey deslizou a mão na sua e o conduziu para um canto onde poderiam ter mais privacidade. 

— Como você está? — perguntou ele, apertando a mão dela.  

— Estou bem — afirmou ela, colocando um sorriso nos lábios, mas um sorriso que não chegava até os olhos. Ela não estava falando totalmente a verdade. 

Ele deslizou as pontas dos dedos pela pele delicada da bochecha dela.  

— Eu queria poder ir com você — confessou ele. Passar cada segundo a mais com Rey era um pequeno presente para ele. Não sabia até quando poderia estar com ela.  

— Essa é uma ótima ideia! — interrompeu Poe. Os dois estavam tão perdidos um no outro que não haviam notado a aproximação do General.  

— O quê? — falaram em uníssono.  

— Eu disse que acho a ideia do Yuri muito boa. Eu tenho algo para fazer... Melhor seria que você, Yuri, me substituísse. Eu iria ser o par da Rey. Mas, você serviria bem melhor do que eu neste papel.  

— Eu não sei se... — começou a objetar, apesar de sua vontade de acompanhar Rey, ele não queria atrapalhar a missão.  

— Ah, qual é? Você seria perfeito! Rey, você também não acha?  

— Eu também acho que você deveria ir — concordou Rey, olhando para ele.  

Nunca conseguiria negar algo que Rey lhe pedisse.  

— Tudo bem — assentiu. 

Rey sorriu. Desta vez, o sorriso chegou até os olhos.  

Poe o puxou.  

— Precisamos cuidar do seu visual, agora — falou ele, levando-o para fora da nave. — Voltamos já! 

 

*************************************** 

— Você está apreensiva, não é? — falou Rose, interrompendo seus pensamentos tumultuosos. Ela não conseguia deixar de pensar no fato de que estava cada vez mais próxima de ter uma pista real sobre Palpatine e aquilo lhe dava medo. O futuro era incerto e aterrorizante. Era como caminhar pelas areias escaldantes de Jakku cheia de fome e de sede a procura de sucatas para vender, sem saber se conseguiria as encontrar.  

— É só que... tudo isso é complicado demais — respondeu Rey reticente. 

— Eu entendo... Mas, as coisas vão ficar bem. — Rose tocou no colar que pertencera a sua irmã Paige, nunca o tirava, era uma espécie de amuleto para ela. — Nós estamos lutando por aquilo que amamos e não contra aquilo que odiamos, lembre-se sempre disso.  

Rey assentiu com um balançar de cabeça. Rose tinha razão, precisava lutar pelo o que amava. Por mais que odiasse Palpatine, não deveria lutar com ódio. Ódio era exatamente o que ele queria dela. Se ela lutasse com ódio, ele ganharia. Era pelas pessoas que amava que iria lutar. O amor a movia e não o ódio.  

Finn entrou na nave, trazendo Hux a reboque. Apesar das algemas, o aspecto do ex-general estava muito diferente de um prisioneiro. Ele vestia um traje elegante e sofisticado, estava barbeado e o cabelo, apesar de não estar todo banhado em gel como ele costumava usar, tinha um aspecto decente.  

— Vocês vão me fazer entrar naquela festa algemado? Tenho certeza que isso não levantará nenhuma suspeita — ironizou Hux.  

— Muito engraçado — rebateu Rose. — Só estamos nos certificando de que você não irá fazer nenhuma gracinha.  

Surpreendentemente, ele não contestou, apenas lançou um olhar a Rose. Um olhar estranhamente demorado. Rose gastara horas demais o interrogando, certamente, Hux já aprendera que nunca deveria contrariá-la. 

— Não dê corda a ele, Rose — disse Finn. — Esse cara tem mais truques debaixo das mangas do que dedos nas mãos e nos pês. Aliás, quando você vai nos contar como fez para sobreviver?  

— Como se eu fosse revelar para vocês — resmungou Hux. — Vocês são uns idiotas que atiram em seus próprios aliados... 

Finn revirou os olhos.  

— Foi você quem pediu — contestou o General. 

— Não pedi para atirar na perna...  

— Seu... 

Rose lançou um olhar para que os dois se calassem.  

— Podemos ir? — perguntou Finn, deixando sua briga com Hux de lado. Finn iria dar cobertura a eles enquanto estivessem na festa. — E onde está o Poe?  

— Ele já deve estar de volta — respondeu Rose. — Ali vem ele!  

Poe e Ben entraram na nave.  

Ben estava lindo naquele traje negro de festa. Rey estava tão perdida nele que nem percebeu as reações das outras pessoas.  

— O que ele está fazendo aqui? — indagou Finn com uma careta de desaprovação.  

— Meu substituto — respondeu Poe, dando um tapinha no ombro de Ben. 

— O quê? — exaltou-se Finn. — Poe, o que você está pensando?  

— Relaxa, amigão! Vai dar tudo certo — afirmou Poe, com uma voz empolgada, não se importando com o ataque de fúria de Finn.  

Rey também esperava que desse tudo certo.  

 

*************************************** 

— Por que aquele cara tá aqui? — sibilava Finn. — Já não basta aquele almofadinha do Hux? Eu até entendo a presença dele, mas aquele outro ali... 

— Vamos falar disso mais tarde — rebateu Rey, tentando ser paciente com o amigo. Tudo o que eles não precisavam era de uma discussão naquele momento, já tinham problemas suficientes para enfrentar. — Podemos nos focar na missão agora? Não temos tempo para discussões.  

Finn a olhou, soltando um longo suspiro. A expressão dele relaxou um pouco ao pousar os olhos nela.   

— Eu só não quero que você se fira, Rey — disse ele, em um tom mais brando. — E este cara é exatamente como ele... Eu não quero que você passe por tudo outra vez. 

Ela desviou os olhos do amigo. Estava mentindo para Finn, escondendo o fato de que Yuri era de fato Ben Solo. Ela não gostava de mentiras, principalmente, se tratando de mentir para uma pessoa tão importante para ela como Finn. Ele fora seu primeiro amigo. A primeira pessoa que voltara por ela. Com ele, ela vivera muitas partes importantes de sua vida. Os dois haviam iniciado aquela jornada juntos. 

Finn era leal, sempre disposto a ajudar as pessoas que lhe eram queridas. Um bom amigo. Agora, ela estava mentindo para ele. Entretanto, contar a verdade a Finn seria complicado demais naquele momento. Ele nunca compreendera seu relacionamento com Ben. Para ele, Ben havia a seduzido, e ela caíra nas teias do inimigo sem nem mesmo lutar.  

— Nos últimos tempos, eu sinto que a gente tem se afastado — confessou Finn, com uma voz cansada e com um toque de tristeza. — Você é a minha melhor amiga, Rey. Amigos se ajudam, amigos dividem a carga de um problema... Rey, o que está acontecendo com você? Você pode me dizer, por favor? — suplicou ele.   

Ela olhou-o por um longo segundo. Finn tinha razão. Não estava sendo totalmente honesta com ele. No entanto, ela não conseguia falar as palavras que precisava. Não naquele momento. Era uma tarefa difícil proferir palavras que provavelmente machucaria alguém que era tão querido e importante em sua vida. Finn se magoaria se soubesse que ela mentira aquele tempo todo para ele. Tantas mentiras e segredos. Quando fora que sua vida se transformara naquele poço de mentiras?  

— Tudo bem, Rey — falou ele um pouco decepcionado, após notar que ela não diria nenhuma palavra. — Só se lembre de que estou aqui por você. Sou seu amigo. 

Ela quase o seguiu quando o viu se afastar com os ombros arqueados. Não. Aquele não era o momento. Depois resolveria seus problemas com Finn. Precisava preparar o amigo antes, não podia confessar tudo aquilo que andara fazendo nos últimos meses assim. Não estava preparada ainda.  

Rose aproximou-se dela.  

— Quando vamos chegar? — perguntou Rey, olhando Finn que fora para outro lado da nave, sentando-se com os braços cruzados como se tivesse acabado de perder uma guerra.  

— Já estamos quase chegando — informou Rose. — E com você, tudo bem? — indagou ela, inclinando levemente a cabeça na direção de Finn.  

— Sim...  

 A amiga a olhou de modo perspicaz.  

— Não se preocupe comigo, eu estou bem. Juro! — ressaltou Rey, tentando soar otimista, talvez um pouco demais.  

— Ele se preocupa com você.  

— As coisas estão um pouco complicadas entre a gente — confessou. Era muito fácil falar com Rose sobre seus problemas. Quando falar com Finn ficara tão difícil? Os dois haviam se afastado tanto naqueles últimos tempos.  

— Ele é um pouco complicado — confessou Rose, com uma voz baixinha. — Quando as coisas não deram certo entre a gente... foi difícil para mim... 

Rose quase nunca tocava naquele assunto. Finn e Rose haviam tentado sair por um tempo, mas as coisas fracassaram. Rose se comportou como se nada tivesse ocorrido. Uma lata de sorvete e uma noite de sono foram suficientes para ela ficar bem. Já Finn andara por um tempo pelos cantos, soltando suspiros e calado. Porém, nenhum deles comentou nada sobre o que acontecera.  

— Mas, ele é uma pessoa legal — continuou Rose. — Acho que nunca poderia ficar inteiramente zangada com ele por muito tempo... Sei que no fundo, ele pensa demais nas pessoas que são queridas para ele, tanto que ele faz o possível para protegê-las mesmo que seja de um modo que pareça exagerado demais. Ele só não quer que as pessoas que ele ama sofram. Ele já sofreu demais... 

Rey concordou, balançando a cabeça, enquanto seus olhos vagaram para Ben que pilotava a nave. Ele e Finn tinham muito em comum. Eles fariam de tudo para proteger as pessoas que amavam. Talvez, um dia eles poderiam colocar as diferenças de lado e focar em suas semelhanças, então, provavelmente, eles poderiam ter uma boa relação. Amigos talvez fosse demais, mas algo como um relacionamento cordial entre duas pessoas que se respeitam mutuamente seria realmente possível.  

 

************************************** 

Rey tinha a mão apoiada em seu braço. Os dois caminhavam discretamente pelo grande salão, onde ocorria a festa. Eles haviam se separado de Rose e Hux antes de entrarem ali. O plano consistia em circular pela festa, procurando algo suspeito. Segundo as informações que a Resistência havia obtido, haveria uma reunião secreta mais tarde entre os conspiradores em algum lugar daquela enorme mansão em que acontecia a festa. Eles tentariam se infiltrar nesta reunião.  

A festa ocorria como qualquer outra. Até aquele momento não haviam encontrado nada de anormal. Rey estava um pouco frustrada. Talvez, eles tivessem mudado de ideia e alterado os planos.  

Casais passavam por eles, deslizando ao som de uma música lenta. Entre eles, reconheceu Rose e Hux. 

— Eles são bons dançarinos — sussurrou Rey. — Nunca pensei que um dia viria Hux dançar!  

Ele também nunca pensara contemplar aquela cena. Hux dançando e com um membro da Resistência. Hux dançando com um membro da Resistência e de forma excepcional, como um verdadeiro bailarino. Com certeza, nunca imaginaria isso nem em seus sonhos mais loucos. Não com os fragmentos de memória que possuía. 

Desviou os olhos do casal. Não queria que os olhos do ex-General caíssem sobre ele. Durante todo o trajeto, se esforçara para ignorar a presença de Hux e se mantivera o mais afastado possível dele. Mesmo assim, flagrara diversos olhares acusadores de Hux. Ele sabia e, provavelmente, estava aguardando o melhor momento para jogar aquela bomba nuclear. Hux era calculista. Porém, ele conseguira se manter calmo, já havia tomado sua decisão. Iria falar a verdade a Rey e se ela lhe permitisse ficaria ao seu lado, mas se ela o repelisse iria aceitar seu castigo. Estava cansado de esconder a verdade de si mesmo, ele fora Kylo Ren um dia e jamais poderia apagar seu passado, apenas poderia seguir em frente e encarar as consequências do que fizera. Hux era apenas mais um dos motivos pelos quais deveria se apresar em revelar a verdade.  

A banda começou a tocar uma nova música, inundando todo o salão com suas notas. Era uma música melancólica e ao mesmo tempo vibrante. Havia angústia, mas também havia paz. Havia medo e coragem lado a lado. Uma suplica para alguém. Uma música cheia de sentimentos que chegavam até o coração.  

— Devemos? — falou ele, estendendo a mão de um modo convidativo. Torcia para que ela aceitasse. Queria dançar ao menos uma vez com ela, mesmo que fosse naquela situação.  

— Por que não? — disse ela, pegando sua mão com um sorriso nos lábios.  

Ele enlaçou a cintura dela. Trouxe-a para perto de seu corpo. Rey pousou a mão em seu ombro. Deixou que seus pés se movessem no ritmo da música. De alguma forma seu corpo sabia o que fazer.  

Seus corpos se moviam, atraídos um pelo outro. Seus olhos se encontraram. Por um instante, eles foram envolvidos em uma espécie de bolha que os separava das outras pessoas. Só existia eles.  

Seus corpos quentes roçando levemente um no outro. Suas mãos unidas. O braço na cintura dela.  

Entre os instrumentos, o som do violino se destacava. As cordas vibravam como se contassem uma história de tormento e amor. Um amor triste, mas ainda um amor. Um amor que implorava para chegar até seu destino.  

Seu coração vibrou. Algo dentro dele estava estalando, precisava sair antes que arrebentasse dentro dele. Ele amava Rey e não podia continuar mentindo para ela nem por mais um segundo.  

Aquele era o momento, precisava falar para ela.  

— Rey, me desculpe...  

— Pelo quê? — indagou ela, sorrindo. 

— Eu preciso contar uma coisa para você — disse, detendo os passos.  

Aqueles grandes olhos avelãs o observavam. Respirou fundo. Era preciso fazer aquilo e naquele momento.  

— É sobre mim... — A língua estava pesada, a saliva havia virado uma cola espessa, lutava para que as palavras saíssem da boca.  

Os olhos de Rey o olhavam interrogativamente. Ela aguardava as palavras deslizarem de sua boca. Palavras que iriam alterar tudo. Toda realidade que ele conhecia até então desabaria em sua frente. Porém, ele precisava seguir em frente. Precisava matar definitivamente o passado. E só se mata o passado quando este já não tem mais poder algum.  

— Eu sei que... Eu... — As palavras não saiam. — Eu... sou... 

— Vem comigo, Rey — falou Rose em um tom baixo, passando perto deles.  

Os olhos de Rey se desviaram por um instante dele, indo parar em Rose.  

— Aconteceu alguma coisa... — murmurou Rey.  

— Ah.  

— Você pode ficar aqui por um momento? Eu já volto... Veja se encontra algo suspeito... ok?  

Ele assentiu, sentindo os dedos dela deslizando dos deles. Queria reter aquela calidez por mais um segundo que fosse. Porém, a mão dela já não estava mais na dele e ela se foi, deixando apenas o vazio e a sensação do seu toque se desvanecendo de sua mão.  

Esteve ao ponto de confessar tudo a ela. Seu coração batia forte. As últimas notas do violino morriam no ar.  

Rey sumiu no meio das pessoas e assim que seus olhos não puderam mais vê-la uma voz explodiu dentro de sua mente. Venha até mim.  

O que era aquilo? Havia ficado maluco? Estava ouvindo vozes? 

Venha até mim. A voz repetiu.  

Um calafrio percorreu o seu corpo.  

Venha agora. A voz ordenou.  

Seu corpo se moveu por si só. Ele se viu caminhando, como se não tivesse controle do seu próprio corpo.  

Ele continuou a andar até um grande corredor deserto repleto de portas, abriu uma delas, depois outra porta e mais outra. Quando deu por si estava em um quarto mal iluminado e pequeno. Havia uma pequena porta, em que mal conseguia passar. Atravessou a porta. Degraus escorregadios e estreitos eram a única coisa que se encontrava por trás da porta. Desceu os incontáveis degraus até eles acabarem... 

O lugar era escuro, frio e úmido, dando uma sensação claustrofóbica. Piscou diversas vezes, até seus olhos se acostumarem a penumbra do local.  

— Finalmente! — A voz ecoou pelas paredes. 

— Quem é você? — disse, sem se deixar intimidar.  

— Nós já tivemos vários encontros antes — declarou a voz. — Não me reconhece? 

O frio da sala penetrou em seu corpo, chegando até seus ossos.  

— O que você quer? — gritou ele, cheio de raiva, cansado daquele jogo. — Apareça! Você tem medo, por isso fica se escondendo? 

— É um prazer, revê-lo — disse a voz, aproximando-se.  

Uma sombra se mexeu e um homem emergiu.  

Palpatine estava parado diante dele.  

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Eita, Palpatine apareceu! Agora as coisas vão pegar fogo!



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