1 semana depois...

P.O.V Da Sam

Era uma manhã de sexta, Freddie estava de folga, não acordei com a babá-eletrônica soando, Hannah costumava chorar assim que acordava. Estranhei aquilo quando coloquei os pés para fora da cama, levantei indo aliviar a bexiga, também tinha que fazer minha higiene matinal, eu precisava acordar os meninos para irem pra escolinha.

Já de banho tomado e vestida para enfrentar mais um dia de rotina, rumei para a cozinha para preparar o café-da-manhã.

Fui saudada com risadinhas e com o delicioso cheiro de ovos com bacon.

Me surpreendi quando vi o Freddie de pé diante do fogão, eu jurava que ele estava dormindo. Hannah estava no cercadinho forrado, brincando com o coelhinho de pelúcia.

E milagrosamente, Ally e Noah estavam acordados sentados em seus lugares esperando o café-da-manhã ficar pronto.

— Bom dia. - Parei diante da cena um tanto confusa.

— Tia, nós não temos aula hoje. - Noah avisou.

— Por quê só agora estou sabendo disso? - Ouvi a risada do meu namorado.

— Linda, hoje fecharam a escola para a limpeza geral. Bom dia!  - Virou para mim, sorrindo daquele jeito que me derretia à ponto de deixar minhas pernas bambas.

— Você não devia estar dormindo? - Puxei uma cadeira para sentar.

— Acordamos tarde porque hoje estou de folga e não têm aula mesmo. Bom, o meu despertador hoje foi a Hannah. - Olhou para a pequena que estava sacudindo o bichinho de pelúcia.

— Tarde? - Franzi o cenho. Rapidamente chequei as horas no meu celular. - Ainda são 06h:44min. - Eu disse mais confusa ainda.

— Já são 10h:44min... - Me corrigiu para o meu espanto.

— O quê? Como assim eu perdi a hora? Meu Deus, Freddie! - Dei mais uma olhada no celular.

— Não se preocupe. Acerte a hora aí. Meu celular às vezes me sacaneia. Você estava cansada, linda. Que bom que descansou. Ovos com bacon? - Se aproximou com a frigideira.

— Claro, estou faminta. - Sorri estendendo o prato.

— Tia, hoje a Hannah está fazendo 10 meses. Faz bolo! - Noah me pegou de surpresa.

A bebê estava completando 10 meses e por quê não fiquei sabendo antes?

— Por quê não me contou ontem? - Perguntei ao meu moreno.

Ele sorriu sem graça e me serviu.

— O meu café não é tão bom quanto o seu. - Me avisou. - Eu ia te falar, mas acabei esquecendo. Desculpa. - Beijou meu rosto, pinicando minha bochecha com aquela barba sexy.

— Tia, faz bolo. A Hannah vai ficar feliz e eu também. Gosto muito de bolo! - Noah comentou animado.

— Noah, eu já disse que vou comprar mais tarde! - Freddie avisou.

— Não, eu faço questão de fazer. Vai ser divertido, eu sei fazer salgados deliciosos e muitos docinhos. - Falei.

— Está bem. - Sorriu concordando.

— Eba! - O pequeno comemorou.

Ally estava calada, seu pai a serviu e ela começou a comer.

— Agora vou dar um beijo nessa princesinha fofa. - Levantei indo pegar a bebê.

Tirei Hannah do cercadinho, ela foi para o meu colo toda alegre.

— Você está crescendo, anjinho. - Senti seu cheirinho de neném e beijei sua cabecinha.

Ela riu no meu colo enquanto eu falava e brincava com ela, cutucando sua barriguinha.

— Eu estive pensando em algo, que tal um almoço de domingo? Vou chamar meus amigos e você chama os seus, assim todo mundo se conhece. - Sugeriu.

— Gostei da ideia. - Aprovei.

— Hoje comemoramos com as crianças e a minha mãe. Amanhã podemos sair, você, eu e as crianças para um passeio, e domingo fazemos o almoço aqui em casa. - Sorriu empolgado.

— Por mim tudo bem. - Concordei colocando a bebê sentada no chão.

[...]

P.O.V Do Freddie

Sair para fazer compras com três crianças era uma tarefa complicadinha. Sam ia na frente conferindo a lista, eu levava a bebê na cadeirinha acoplada no carrinho de compras, Ally e Noah iam nos perturbando querendo tudo que viam pela frente.

Meu filho corria, se pendurava nas coisas e insistia para querer pegar doces do alto das prateleiras. Ally não ficava atrás, ela pedia até mais que ele, sempre foi mimada, parte da culpa era minha por ter cedido tanto quando ela era menor.

— Noah, venha aqui! - Sam o chamou. - Não corra, você vai cair! - Avisou. - Fica do meu lado e não saia. - Pediu.

Ele até que obedeceu, apesar de continuar pedindo guloseimas.

— Papai, compra aquela barra de chocolate! - Ally puxou minha camisa.

— Filha, muito chocolate faz mal. Não fica puxando a minha camisa. Isso não é legal. - Avisei.

O carrinho já estava ficando lotado de compras.

— Mas eu quero, papai! Compra! - Cruzou os braços, fez um bico enorme parando no meu caminho me impedindo de passar com o carrinho.

— Não começa, Alyson! Deixa de ser teimosa, as pessoas ficam olhando e não gostam disso! Não é nada bonito fazer birras, filha! - Usei o meu tom que fazia ela me ouvir.

Era só ter pulso firme.

Ela saiu em disparada, batendo o pé, pelo menos não chorou e nem fez o tipo de manha que costumava fazer quando queria alguma coisa.

— Espero que não seja assim, Han. Não siga o exemplo da sua irmã. - Fiz carinho na cabeça da minha caçulinha.

Hannah balbuciou algo me fazendo rir.

— Com licença, você pode me ajudar? - Uma moça me parou.

— Claro. - Concordei. - Pois não, o que precisa? - Fui solidário.

— Poderia pegar duas latas de ervilha lá de cima? Eu só gosto daquela marca. Não alcanço nem com saltos. - A moça riu enquanto apontava para as latas de ervilha.

— Oh, claro. Só um minuto. Dá uma olhadinha nela para mim, por favor. - Saí de perto do carrinho.

— Que bebê mais fofa. - Era uma moça bonita, ela foi para perto da minha filha e apertou as bochechas dela.

Não tinha nenhum funcionário por perto. Sam estava mais lá na frente, distraída com as crianças enquanto olhavam os molhos de carne.

— Aqui está. Só isso, moça? - Entreguei as latas para a morena de olhos verdes que paparicava a Hannah.

— Obrigada. - Agradeceu colocando as ervilhas na cestinha. - Como ela se chama? Sua filha é muito lindinha. - Ela tirou a bebê da cadeirinha.

— Hannah. - Eu já estava começando a ficar sem jeito.

Minha filha agarrou o colar colorido que a moça usava.

— Que nome bonito. - Ela se aproximou. - Sou Lucy, prazer. - Estendeu a mão.

A cumprimentei. Ela olhou para a minha mão.

— Pai solteiro, eu presumo. - Droga, aquilo acontecia quando eu saia sozinho com as crianças.

As mulheres vinham dar em cima de mim.

Mas o problema é que eu não estava sozinho.

— PAPAI! - Noah me alcançou e se jogou em mim, abraçando-me.

Lucy se assustou e riu.

— São dois. Eu adoro crianças. Oi, gracinha. - Acenou para meu filho.

Eu só queria fugir dali porque a Sam se aproximava com a Ally. A loira segurava duas latas de molho para churrasco.

Quando Ally colocou os olhos em Lucy ao meu lado, sorrindo e segurando a Hannah, eu soube que minha filha ciumenta iria aprontar alguma como sempre.

Fiquei ali parado sem saber o que fazer. Sam e Ally nos alcançaram. Minha namorada colocou as latas dentro do carrinho sem nenhuma delicadeza.

— Quêm é você? - Elas pararam olhando para a Lucy, mas foi minha filha quem indagou.

Sem dizer uma palavra, a Sam saiu empurrando o carrinho, Noah correu atrás dela.

— Papai, o que essa moça feia faz com a Hannah no colo? - Droga, Ally.

Lucy sorriu constrangida e tratou de me devolver a bebê.

— Que blusa engraçada. - Minha filha se aproximou pegando na roupa da moça.

— Oh, ei! Isso é chiclete? Droga! - Ouvi a Lucy reclamar puxando o chiclete mastigado e grudento da blusa.

Ally correu enquanto ria me deixando para trás.

— Me desculpe... - Murmurei me afastando depressa.

Eu precisava ir atrás da minha filha arteira e da minha namorada que devia estar brava.

[...]

P.O.V Da Sam

— Acho que é só. - Risquei o último ítem da lista.

Freddie estava dando água para a bebê.

— Que tal a gente levar umas costeletas de porco? Seus amigos gostam? - Indagou puxando assunto.

— Gostam. - Respondi.

Ele ajeitou a Hannah na cadeirinha, tampou a garrafinha e guardou na bolsa infantil.

— Sobre o que você viu lá no corredor, aquela moça...

— Freddie, não precisa me dar explicações. Já falei que não estou brava. - Eu disse querendo acabar com aquele assunto de vez.

Claro que não gostei de ver uma mulher com Hannah no colo e muito menos dando em cima dele, no entanto, fiquei na minha.

— Certo, vamos escolher umas costeletas para o churrasco. - Falou ainda todo desconfiado comigo.

Eu quis rir, ele não tinha feito nada de errado e estava todo envergonhado, e se sentindo culpado.

Pelo que fiquei sabendo, a Ally tinha dado um jeito naquela mulher atirada.

Terminamos de pegar tudo que estava na lista. Passar as compras não foi bem uma tarefa simples, as crianças ficaram atrapalhando. Peguei Hannah que já soltava alguns resmungos, agoniada.

Tudo foi ensacolado e levado para o carro. Ajeitei as crianças nos bancos traseiros, Ally ia na cadeirinha já devidamente presa ao cinto de segurança.

A volta para a casa foi tranquila, embora tenha sido trabalhoso tirar todas as compras do porta-mala e carregar para dentro.

Eu tinha tudo o que precisava para fazer um bolo e algumas coisinhas gostosas para recebermos dona Marissa em casa.

Hannah estaria completando 10 meses.

Ver aquele pinguinho de gente engatinhando e balbuciando enchia meu coração de pura ternura.

Ela já ficava de pé se segurando no berço e pelos móveis. E mais um dentinho já despontava na parte de baixo.

— Vamos fazer o bolo agora, tia? - Noah subiu na cadeira enquanto eu desensacolava as compras.

Compramos as coisas para o churrasco de domingo. Todo os ingredientes que eu precisava. E algumas coisinhas básicas para a despensa.

— Senta, nada de ficar de pé na cadeira. Você pode cair e se machucar. Vou fazer só mais tarde, Nonôh. - Falei.

— Quer ajuda com o almoço? - Freddie continuava me olhando com aquela cara de coitado.

Ainda estava pensando sobre o ocorrido no supermercado.

— Não, eu dou conta. Você pode ir dar banho na Hannah. Ajuda o Noah, ele não sabe esfregar os pés. - Eu disse com calma.

— Sam, eu só não quero que finja para mim. Me fala se ficou chateada com aquilo. - Pediu agoniado.

— Eu não tô chateada e nem com raiva. Freddie, se eu estivesse brava, nem estaria falando com você. Muito menos olhando pra sua cara. - Esclareci.

— Okay, já entendi agora... Não vou mais tocar no assunto. - Ele foi até o cercadinho e tirou a Hannah.

— Ele tá assim porque ele e a mamãe brigavam. Ela ficava com raiva quando ele conversava com a tia Wendy. Mamãe passava um tempão sem falar com ele. - Ally falou para mim.

Comecei a entender, sua ex-esposa era muito ciumenta...

— Quêm é essa tia Wendy? - Perguntei curiosa.

— É a amiga do papai. Ele gosta muito dela. - Respondeu.

Freddie nunca havia me falado sobre nenhuma amiga chamada Wendy.

[...]

— Que amigos você vai convidar para o almoço de domingo? - Eu estava curiosa.

— Tenho um casal de amigos que têm filhos, Billy e Amanda. Ela já está na segunda gravidez. Conheci o Billy na época do colégio. Ele meio que era meu guarda-costas. O valentão que me defendia de outros valentões. - Contou rindo. - Conhecemos a Amanda, ou melhor, Mandy no último ano. Ela era mais minha amiga, os dois se estranharam no começo e deu no que deu, são casados há 5 anos. Eles têm um bebê de 1 ano e 7 meses. - Sorriu. - Também vou convidar o Shane, ele foi meu vizinho e somos amigos de longa data. Ah, você também precisa conhecer a minha melhor amiga. Wendy chega hoje em Seattle, ela foi fazer um curso em Miami. Faz 6 meses que não nos vemos. Ally adora ela. Minha mãe gosta muito da Wendy. Ela me ligou hoje de manhã contando a notícia. Ela já deve estar no avião uma hora dessas. - Ele estava mega animado.

— O que sua amiga disse quando você falou que está namorando? - A pergunta pulou da minha boca.

— Ela ficou feliz. Está louca para te conhecer. - Me afirmou.

— Que legal. - Sorri. - Convidei a Carly, já mandei mensagem para ela, ela vem com o namorado, Gibby. São os amigos mais próximos que eu tenho. - Contei com simplicidade.

— Sem problemas. Quero muito que nossos amigos se conheçam. - Disse sem conseguir conter a felicidade.

Ele estava radiante por causa do retorno da melhor amiga.

Horas depois...

— Posso ajudar? - Ally perguntou me surpreendendo.

— Claro. - Fazia uns dias que ela estava sendo mais agradável comigo.

— O que devo fazer? - Perguntou me olhando atenta.

— Primeiro lave as mãos. Vou começar a bater a massa do bolo. Você pode me ajudar com os docinhos. - Expliquei.

— Também quero ajudar, tia. - Noah apareceu.

— Você só vai atrapalhar! - Ela disse ao irmão.

— Não vou não! Tia, eu também quero. - Fez cara de choro.

— Está bem, não precisa chorar. - Parei de bater a massa que já estava no ponto. - Os dois podem me ajudar. - Despejei tudo numa grande fôrma redonda.

— Uma vez o papai tentou fazer biscoitos com a gente. Ele acabou deixando queimar tudo. Não deu para comer nenhum pedacinho, o Noah abriu um berreiro e tivemos que ir comprar Cookies na padaria. - Ela contou enxugando as mãos.

Comecei a rir imaginando o Freddie fazendo aquilo com eles.

— Foi verdade. O papai não sabe fazer bolo gostoso. Ele fez um bolo de chocolate que deu dor de barriga na gente. - Ally continuou relatando as experiências desastrosas do pai na cozinha.

— Meu Deus! - Comecei a gargalhar.

Os pequenos riram comigo.

— Ele foi tentar fazer gelatina de uva. A gelatina endureceu e na hora de comer, a colher quase entortou quando ele foi tirar da tigela. - Aquilo me fez gargalhar ainda mais.

Freddie chegou na cozinha enquanto a gente ria sem parar. Até a bebê se contagiou com nossas risadas.

— Do que estão rindo tanto? Dá para escutar lá da sala. - Ele estava curioso.

— Ally estava me contando que você é ótimo cozinheiro. - Nos entreolhamos cúmplices, pisquei para ela.

— Sei... - Ficou todo desconfiado.

— Uhum, eu adoraria provar os seus biscoitos queimados. O bolo de chocolate que dá dor de barriga e sua gelatina que entorta colheres. - Zombei.

— Até parece que nunca errou uma receita. - Coçou a nuca.

— Minha gelatina nunca virou bloco de gelo. - Ri da cara dele.

— Tá legal, para a minha defesa, eu não sabia que tinha que colocar um pouco de água de gelada misturando com água quente. Talvez eu tenha colocado água demais. - Pareceu pensativo.

— Pai, nós vamos fazer docinhos com a Sam. - Ally contou empolgada.

— Salgadinhos também. - Falei.

— Quer ajudar a gente? - Perguntou Noah.

— Claro. - Benson se animou.

— Com uma condição. - Eu disse.

— Qual? - Franziu o cenho.

— Mantenha suas mãos desastradas longe da massa que está descansando. Se meu bolo murchar, vou saber que você olhou para ele. - Brinquei.

O bolo já estava no forno. As crianças riram.

— Muito engraçado, Sra. Puckett. - Riu indo lavar as mãos.

— Vou abrir a massa agora. As crianças vão usar o modelador para dar forma aos biscoitos. - Entreguei para os pequenos os utensílios em formato de coração, estrela e triãngulo. - E você vai colocar o recheio dentro dos pastéis e dos canudinhos. - Falei para ele.

Noah já estava todo lambuzado. Ele tinha raspado a vasilha que usei para fazer a massa do bolo.

— Vem, vou te limpar. - Desci ele cadeira.

Colocamos as mãos na massa, lireralmente. A cozinha virou uma zona em poucos minutos. As crianças espalharam farinha de trigo na hora que eu untava a fôrminhas dos Cupcakes.

Freddie escorregou no tablete de manteiga que foi parar no chão e quase caiu de bunda.

Noah derramou chocolate em pó na mesa.

Em algum momento, me vi toda lambuzada de chantilly. O moreno estava com a camisa suja de recheio. Noah tinha farinha de trigo na cabeça e Ally estava com as mãos melecadas.

Até a pequena Hannah acabou se sujando quando Freddie a tirou do cercadinho. Ela engatinhou pela cozinha que estava uma completa bagunça.

Rimos tanto, nos sujamos e nos divertimos todos juntos.

Além do emprego, ganhei um lindo namorado e uma família.

Nunca me senti tão em casa. Aquela tarde foi inesquecível com o Freddie e as crianças.