O Servo escrita por The Mistoclis


Capítulo 1
Mais um dia




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Castelo de Ixaocan.

O sol já está nascendo, ou seja, está na hora de acordar a imperatriz Qiyana.

Quer dizer... Ela não é imperatriz, nem está na linha de sucessão, nem comanda uma cidade...

Mas eu sei que ela quer ser. E quer muito! 

—Senhora Qiyana, hora de acordar - Digo enquanto bato a porta de seu quarto.

—Entre aqui e faça direito- Escuto a voz sonolenta gritando do interior do aposento.

—S-s-sim senhora...

Olho para os lados do corredor do castelo para me certificar que ninguem vai me ver, abro a porta do quarto e entro sorrateiramente.

Qiyana está deitada na cama, com seus muitos travesseiros de seda rechedos de penas, cobertores e usando sua mascara de dormir. 

Deuses... como ela é linda...

Ainda finge dormir por que gosta de ser acordada de uma maneira especial.

—Excelentissima senhora Qiyana, imperatriz de Ixaocan e lider suprema de Yun Tal, é hora de acordar. - Digo com o rosto extremamente corado pela vergonha, mas sem gaguejar por já ter falado isso tantas vezes.

Vejo o pequeno sorriso em seus belos labios. Ela retira preguisoçamente a mascara dos olhos e, bocejando, exclama:

—Bom dia, servo.

—Meu nome é Dawa, Senhora.

—Não perguntei.

Eu não sei por que ainda tento.

Qiyana olha para as cobertas com raiva e depois para mim.

—Por que as cobertas ainda estão em cima de mim?

Prontamente, retiro todas as cobertas de cima dela.

—Idiota... - Ela fica em pé e levanta os braços.

Retiro sua camisola e vejo sua pele negra nua. As primeiras vezes foram complicadas, mas agora só sinto uma leve tristeza... Agora ela coloca os braços para trás e visto-a com um roupão.

—Meu banho já está pronto?

—Sim senhora, imperatriz.

—Fala baixo, idiota. Se meu pai escuta vou estar encrencada,

—Sim senhora.

Ela escolheu justo a mim para a bajular desta forma, pois sou o mais novo dos criados. E com medo de dizer não acatei. Agora que tenho a chance de passar tanto tempo com ela, não vou desfazer tão cedo.

Abro as portas da suite e a deixo passar na frente, onde posso ver seu grande quadril desfilando. Essa garota é tão jovem e já tem os atributos férteis de uma mulher. Toda a família real tem certo vigor fisico, por isso a mãe teve tantas filhas sem problemas.

Eu não devia estar pensando tais coisas.

—Servo? Está escutando?

—Senhora? - Devo ter me distraido demais.

—Meu roupão!

—Ah sim. Sim senhora, imperatriz.

Retiro o roupão de Qiyana e o dobro colocando em uma pequena mesa, cheia de produtos de higiene e cuidados. Qiyana estica sua mão para o lado. A seguro na mão e nas costas para ela subir os degraus e entrar na banheira de água quente. 

—Delicia. - Ela exclama ao emergir até o pescoço e apoiar a cabeça na beirada acochoada da  banheira de olhos fechados em deleite.

Pego o sabonete liquido, despejo na esponja e começo a esfregar em seu corpo submerso. Nossos movimentos já são naturais, não tenho mais vergonha em fazer isso e ela já ergue seus braços conforme vou a esfregando. Costas, pescoço, seios, pernas, pés, tudo é lavado de forma profissional. Nunca tentei nada contra ela e ela nunca reclamou.

Quando ela se satisfez, deu um sinal de mão:

—Já é o suficiente.

—Sim senhora, imperatriz.

A ajudo a subir os degraus do interior da banheira até a borda, onde a seco com varias toalhas. Desço-a os degraus restantes e a visto novamente com seu roupão.

Novamente no quarto, a visto com suas roupas e enquanto ela se admira no espelho, pego seu ohmtatl que fica ostentado na parede do quarto e aguardo em pé ao lado dela.

—Servo.

—Sim senhora. - Digo ficando com postura ereta e atento a suas palavras.

—Penteie meu cabelo.

—S-sim senhora.

Pego a escova de sua penteadeira e começo a deslizar por seus cabelos brancos. Quando se está acostumado a ver o corpo de uma mulher todo dia, quando se ama ouvir sua voz a cada frase, quando você nunca está satisfeito de passar um tempo com ela, cada momento se torna especial. Cada nova descoberta, novo toque e novo cheiro. Sei que não posso pensar essas coisas sobre ela, mas quando se está nesse momento onde nada mais importa além de acariciar seus cabelos, você quer que isso nunca mais acabe.

—Sabe fazer trança?

—S-sim senhora... - Me lembro de quando mexia nos cabelos de minha irmã mais nova antes de sair de minha cidade natal.

—Otimo.

Fico parado com a escova na mão até que ela grita.

—Faz a trança, idiota!

—Ah sim. Minhas desculpas, senhora.

Começo a separar as mechas de cabelo e cruzar uma sobre a outra, até que na ponta prendo com um pequeno clipe de metal ornamentado com uma esmeralda.

Qiyana começa a se olhar no espelho de todos os angulos possiveis, jogando a trança para frente e para trás.

—Gostei.

Ela gostou. 

Foi a primeira vez que ouço ela gostar de algo que fiz.


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