Amazing Grace escrita por Val Rodrigues


Capítulo 7
Capitulo Sete


Notas iniciais do capítulo

Olá...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784622/chapter/7

Pov Manoela

A voz da mãe do Nathan encheu meus ouvidos, e eu ergui os olhos, encontrando sua expressão séria a nos observar.

— Dona Kristin, não percebi que a senhora estava ai.

Helen falou, mudando totalmente a postura.

— Escuta Helen. _ Dona Kristin falou se aproximando de nós duas. _ Eu gosto muito de você e dos seus pais, mas não posso permitir que haja com falta de respeito com minha nora.

— Sua nora? Dona Kristin....

— Sim. Minha nora. Então, por favor, não dê vexame. É melhor voltar para sua mesa, sim? A olhei impressionada com a firmeza em sua voz.

— Tem razão, é melhor eu ir. Ela disse saindo do banheiro, a porta batendo atrás dela.

— Você esta bem?  Ela perguntou me olhando.

— Sim. Respondi.

— Não dê ouvidos a nada do que ela disse. 

Pediu me olhando e eu acenei segurando a vontade de perguntar sobre ela. Nathan me contaria depois. 

— Obrigada Dona Kristin. Agradeci surpresa por sua ajuda. 

— Na família Vargas, nós cuidamos uns dos outros. _ Sorri e ela também. _ Manoela, sobre aquele dia, o que você ouviu na casa da Giselia, me desculpe. Eu não sabia de nada e julguei você precipitadamente.

— A dona Giselia falou?

— Sim. Ela ficou um pouco brava quando insisti no assunto. _ Comentou pensativa. _ Ela gosta muito de você. 

— Eu também gosto muito dela. _ Sorrimos.

— Vamos, eles vão pedir um café. Ela ofereceu o braço e eu aceitei.

Foi assim que chegamos a mesa e Nathan sorriu ao nos ver.

— Vocês demoraram. O café já chegou. Megan falou.

— Encontramos a Helen no banheiro. Não sabia que ela também estava aqui.  Dona Kristin comentou sentando-se de volta e Nathan me olhou.

— Eu explico depois. Disse para o olhar interrogativo que ele me lançou.

..............................................

Eu estava entrando no oitavo mês de gestação.

Minhas poucas roupas praticamente não me serviam mais. Os pés inchavam com frequência e fazer a limpeza da casa estava mais difícil do que nunca. Dona Giselia já havia me proibido de fazer a faxina pesada e eu, relutante aceitei. Mas tentava manter tudo em dia. Também estava concluindo meu curso de auxiliar administrativo online e esperava não demorar para conseguir um emprego quando fosse liberada. 

— Nathan, esta me ouvindo? Perguntei percebendo sua distração.

Nós estávamos em sua casa jantando, já que ir ao restaurante havia se tornado desconfortável.

— Estou ouvindo. O que foi? Perguntou me olhando.

— Eu estava dizendo que a Megan teve a ideia de fazer um chá de fraldas. _ Repeti e ele acenou. _ Aconteceu alguma coisa? Você parece distraído.

— Eu queria te perguntar uma coisa. Ele me olhou parecendo ansioso.

— Pergunte. Falei voltando minha atenção a ele. 

— Amor, você confia em mim?  

— Pensei que soubesse que sim. Ele sorriu me estendendo a mão.

— Vem comigo. Tenho algo para te mostrar.

 _ Esta bem. Concordei o seguindo.

Começamos a caminhar em direção aos quartos. Eu já havia dormido ali antes, mas nunca passamos da fase de alguns beijos e dormir abraçados. Passamos pela a porta do seu quarto e eu estranhei, quando ele parou na porta ao lado.

Nathan me olhou antes de abrir a porta e fez um gesto para que eu entrasse. Levei as mãos à boca, ao notar o quarto de bebê todo decorado em azul.  Um berço, um guarda roupa e uma cômoda também estavam montados ornamentando a decoração do quarto.

— Mas como? Quando? Perguntei emocionada.  

Ele tirou as mãos do bolso e caminhou em minha direção. Um sorriso emocionado e ansioso brincava em seu rosto quando ele segurou minhas mãos. Os olhos firmes nos meus.

— Desde que você entrou em minha vida, eu não fui mais o mesmo. Manu, eu me apaixonei por você sem ao menos perceber, e de repente, me vi querendo fazer parte da sua vida. Não preciso olhar para o futuro e sonhar com o que pode vir. Por que você é o meu presente. E o Kaio também. Se você me aceitar, eu quero ter o privilegio de ser seu marido e o pai do nosso filho. Por que é exatamente assim que eu o vejo, nosso filho.

— Nathan... Murmurei emocionada. O coração aos saltos no peito, e, algumas lagrimas já caiam em meu rosto.

— Manoela Florença, você quer se casar comigo? Ele perguntou e eu o abracei amassando minha barriga no nosso meio.

Gargalhando, nos separamos, sentindo o pequeno Kaio protestar.

— Acho que o Kaio disse sim. _ Brinquei. _ E eu também. Nathan Vargas, eu aceito me casar com você. Nosso filho será muito abençoado por você ser o pai dele.

Nathan me beijou, calmo e apaixonadamente, me fazendo derreter em seus braços. O coração palpitante no peito. Eu amava aquele homem com todo o meu ser. 

— Eu te amo. Murmurou entre os beijos e eu me dei conta de que nunca havia dito estas três palavrinhas para ele, por mais que estivesse certa disso há tempos.

— Nathan. _ Chamei e ele me soltou. Segurando seu olhar no meu, respirei fundo antes de dizer: _ Eu amo você. Ele sorriu ainda mais.

— Eu já sabia disso. _ Brincou convencido voltando a me beijar. _ Tem mais uma coisa. Ele disse me soltando.

— Mais? _ Perguntei surpresa.

Em meu ponto de vista, tudo estava absolutamente perfeito. 

Assisti-o mover-se pelo quarto, abrindo uma das gavetas da cômoda, revelando uma placa de madeira em forma de avião com o nome do nosso bebê esculpida nela.

— Como ficou? Perguntou pendurando a plaquinha na porta.

— Lindo. Este quarto esta perfeito, Nathan. Como conseguiu pensar em tudo isso sozinho?

— Não fiz tudo sozinho. Megan e minha mãe me ajudaram bastante com a decoração.

Sorri emocionada, sentindo meus olhos marejarem com o gesto não dele, mas de sua família também. 

— Obrigada amor.

 

 

Pov Nathan

— Nossa, isso é tão bom. _ Ela murmurou suspirando sobre a cama.  Continuei a massagear seus pés inchados e ela sorriu apoiando as costas sobre os travesseiros. _ Sabe que você esta me deixando mal acostumada, não é? Sorri de volta apenas e continuei a massagem.

Vi quando uma sombra de tristeza surgiu em seu olhar e o sorriso animado foi apagado de seus lábios.

— O que foi? _ Ela balançou a cabeça, em negativa. _ Se arrependeu?

— Claro que não. É só que acabei de me lembrar que não vou ter ninguém para entrar na Igreja comigo no dia do nosso casamento. Mesmo acontecendo tanta coisa em minha vida, sinto falta do meu pai, da minha família. É bobagem, eu sei.

— Não é bobagem. _ Assegurei. _ Você já pensou em procura-lo e explicar as coisas?

— Não sei se eu teria coragem para isso.

Finalizei a massagem, me concentrando em seu olhar.

— Você não tem motivos para se envergonhar de nada. Disse firme.

— Você acha que seria uma boa ideia? Perguntou incerta, mas eu podia notar uma centelha de esperança em seus olhos. 

— Só vamos saber se tentar. Falei notando um brilho diferente em seu olhar.

............................

 Dois dias depois...

Estacionei o carro, buscando sua mão em um aperto leve. 

— Tudo bem? Ela parecia nervosa, ansiosa e até um pouco assustada.  Tomou uma respiração profunda antes de me olhar.

— Eu estou com medo. _ Confessou.  Suas palavras reverberando pelo carro como um eco. _ E se ele eu não quiser me ver? Se me expulsar como da última vez? A puxei para os meus braços.

Ela se agarrou a mim escondendo o rosto em meu pescoço. Queria ser capaz de arrancar toda a dor do seu peito. Se eu pudesse me colocaria em seu lugar, para não vê lá ter que passar por isso, mas infelizmente, este era o tipo de coisa que só ela podia enfrentar. Tudo o que eu poderia fazer era permanecer ao seu lado e apoia-la.

— Amor esta tudo bem. Eu vou ficar com você o tempo todo, só vou sair do seu lado se você me pedir. Ela sorriu um pouco levantando o rosto. 

— Eu não sei o que fiz para merecer você. Mas que bom que está aqui. A beijei de leve. 

— Está mais calma? Você não pode ficar se alterando. _ Lembrei fazendo um carinho suave em sua barriga que já caminhava para o fim do período gestacional. _ Se não se sentir pronta, podemos ir embora e voltar em outro momento. Ofereci, não querendo pressiona-la. 

— Não. Eu quero resolver isso o mais rápido possível. Quero começar nossa vida juntos sem nenhuma pendência. Ela disse decidida.

— Então vamos. Desci dando a volta ajudei a descer.

Sua antiga casa, não era tão longe, apenas um pouco mais a região serrana da Cidade. Manoela apertou fortemente minha mão assim que tocamos a campainha e nos olhamos. Tentei sorrir para ela, para passar coragem.

A situação tensa demais para qualquer palavra.

Uma senhora de meia idade abriu a porta. Ao nos ver, seus olhos arregalaram-se em surpresa.

— Manu. É você mesmo? Perguntou surpresa.

— Oi dona Valentina. Claro que sou eu.

— Meu Deus. Há quanto tempo menina?  _ E a abraçou. Manoela soltou minha mão para retribuir o abraço e as duas começaram a chorar ainda abraçadas. _ Eu não acredito que você voltou. Como você está? Meu Deus, olha está barriga, tão linda. Para quando é? 

— Nas próximas semanas. Ela respondeu.

— Quem é Valentina? Uma voz grave surgiu e percebi Manoela ficar tensa novamente.

— Oi pai. Manoela falou e o homem a nossa frente ficou mudo. 

...............................

 

 Pov Manoela

Meu pai, o homem a quem eu amava e me espelhava, o mesmo homem que me expulsou de casa achando que eu havia me envolvido com alguém comprometido e engravidado dele, o mesmo homem que agora, permanecia mudo, a me encarar, pálido, como se o sangue tivesse parado de correr por suas veias. 

Seu olhar enevado, me fazia temer uma nova rejeição. Por um momento, era como voltar a meses atrás.

 Senti o braço de Nathan passar por minhas costas e um leve aperto me lembrar do motivo que me trouxera até ali. A presença de Nathan ao meu lado era minha bussola, eu não estava mais sozinha, eu não tinha culpa, eu não tinha motivos para me envergonhar. Fiquei a repetir estas palavras em minha mente.

— Parece que você o encontrou. Meu pai se pronunciou encarando Nathan em desagrado, e só então eu me dei conta de que precisava esclarecer as coisas, o mais rápido possível.

Engoli em seco me preparando para falar.

— Sou Nathan Vargas, noivo de sua filha. Nathan ergueu a mão para cumprimenta-lo enquanto meu pai o encarava ameaçadoramente.

— Um pouco tarde para isso, não acha? Meu pai respondeu ríspido, ignorando o cumprimento.

 _ Pai, precisamos conversar. _ Ele finalmente me olhou e um misto de emoções surgiu em seu olhar. As lagrimas já se formando em meus olhos mais uma vez. _ Podemos entrar? Perguntei percebendo que ainda estávamos parados junto a porta.

— Entrem. _ Dona Valentina convidou. _ Eu vou preparar um chá e trazer alguns biscoitos também. E se retirou para a cozinha, enquanto nós três, nos sentávamos desconfortavelmente no sofá da sala.

Olhei Nathan ainda parado ao meu lado e ele fez um gesto discreto com a cabeça me incentivado a falar. E foi o que eu fiz. Pelos minutos seguintes, contei como minha partida me devastou, como encontrei Nathan e ele me ajudou, não uma, mas duas vezes e por fim, contei o que queria tanto esconder.  

Em algum momento da historia, pela primeira vez, vi meu pai chorar. No momento seguinte, eu o estava abraçando. Independente de tudo o que tinha acontecido, eu o queria presente em minha vida.

— Por que não me contou antes Manoela? Por que deixou que eu imaginasse o pior? Ele perguntou quando nos separamos.

— Eu não queria que ninguém soubesse, especialmente o senhor pai. Sentia vergonha e culpa por ter permitido que aquilo ocorresse comigo, simplesmente não conseguia contar.

— Filha, será que um dia, você pode perdoar o seu pai por te julgar tão miseravelmente? Pediu.

— Eu já o perdoei pai. É por isso que estou aqui. Quero recomeçar uma vida nova e deixar tudo isso para trás.

Falei me sentindo bem mais leve que antes, como se um peso enorme saísse dos meus ombros e do meu coração. 

— Então você a ajudou? _ Ele perguntou encarando Nathan que apenas acenou concordando. _ Obrigado por cuidar dela.

— O senhor tem uma filha incrível, Sr. Camilo.

— Sim, eu tenho. Meu pai concordou e eu o abracei mais uma vez.

Olhei para Nathan sibilando um “obrigada”. Se ele não tivesse me apoiado tão firmemente, com certeza, não conseguiria encarar meu pai de novo. 

...............................

— Não tem mesmo problema para você dormir aqui? Perguntei novamente.

Devido ao horário avançado, meu pai nos convenceu a dormir aqui alegando que precisávamos descansar, antes de voltar a Cidade.

— Já disse que não amor. Ele respondeu apertando o travesseiro e colocando no encosto do sofá.

— Isso não faz o menor sentindo. Olha o meu estado, não é como se fossemos fazer alguma coisa. Falei emburrada e ele riu me puxando para os seus braços.

— Não vamos contrariar o seu pai, esta bem? _ Pediu me beijando levemente. _ Agora você precisa ir descansar. Foi um dia cheio, deve estar exausta. Suspirei. Aquilo era verdade. 

Caminhei devagar para o meu antigo quarto com uma sensação de nostalgia em meu peito. Encarei a cama de solteiro e todos os meus objetos que ficavam ali. Eu era apenas uma garota quando sai desta casa, estou voltando agora, como mulher.

Aconteceram tantas coisas que pareciam ter passado anos, e não meses.

Girei novamente na cama, tentando encontrar uma posição confortável, falhando no processo. O bebê não parava de mexer o que dificultava ainda mais.  

Levantei-me, com certo esforço e caminhei devagar de volta para sala. Nathan estava deitado no sofá, mãos abaixo da cabeça, olhos fechados e a respiração suave.

— Nathan, esta dormindo? Perguntei em tom de voz baixo.

— Ainda não. _ Ele murmurou e abriu os olhos, sentando-se. _ E você? Não conseguiu dormir? 

— Não. Respondi somente. Ele levantou-se me estendendo a mão.

— Que tal uma massagem? Perguntou e eu sorri.

— Você me conhece tão bem. E eu amo isso, seu cuidado, seu amor. _ O abracei pela cintura, minha barriga imensa nos separando.  _ Obrigada. Você podia estar em casa, em sua cama confortável, mas esta aqui, tentando dormir neste sofá pequeno, tudo isso por mim. Obrigada Nathan. Eu prometo que vou dar o meu melhor para te fazer feliz.

Ele sorriu beijando a ponta do meu nariz.

— Ter você já me faz feliz. Não se preocupe com o resto, tudo vai se ajeitar. _ Sorri concordando. _ A única coisa que precisa fazer agora é tentar descansar. Vocês dois. Pousou a mão sobre minha barriga entre nós.

— Ele esta agitado hoje. Suspirei.

— Foi um dia agitado não é filho, mas esta na hora de dormir. Vamos deixar a mamãe descansar um pouco, sim?

Murmurou se abaixando a minha frente. A cena me derretendo, me fazendo ama-lo um pouco mais, se ainda era possível. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esta cena também derrete meu coração. Amo ver a interação de Nathan com o bebê.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amazing Grace" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.