Peripécias escrita por machadorisos


Capítulo 6
Extra: sequestro


Notas iniciais do capítulo

apenas uma pequena despedida desse dengo de história



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Era véspera de Natal. Sakumi e Keiko precisaram viajar às pressas, pois a mãe de Sakumi caiu e se machucou. Eijirou estava na casa da família Bakugou, obviamente, passando o dia brincando com Katsuki. O garotinho era muito apegado a suas mães, estar longe delas era triste para o menino; Katsuki como seu melhor amigo, inventava todo tipo de brincadeira para distraí-lo.

Perto da hora de dormir, Kastuki teve uma ideia brilhante, mas precisava da ajuda de seu fiel escudeiro para execução do plano.

— Eiji! — Katsuki o chamou de sua cama — acorda! temos uma missão.

 — Missão? — o menino coçou os olhos espantando o sono.

 — Sim! — Katsuki sentou-se animado. — Você sabe que dia é hoje, né?

 — Sei...

— Sabe quem vai vir aqui em casa hoje?

— Não... — Eijirou ainda estava confuso.

— Eiji... você é muito esquecido! — murmurou — o Papai Noel vai vir aqui! Ele vai descer na chaminé!

— Nossa! — despertou-se de imediato. — Será que ele vem mesmo?

— Claro! Eu fui um bom menino! Você também foi, né?

 — Fui sim! — Eijirou apontou para seus dedinhos contando — Eu arrumei meus brinquedos, ajudei a mamãe no jardim e me comportei na escola!

 — Nossa, Eiji! Você se comportou muito bem mesmo! — Katsuki o elogiou admirado — Mas eu fui muito melhor! Eu até ajudei o Deku a subir na árvore! — disse convencido.

 — Uau! — Eijirou se surpreendia com o altruísmo do amigo.

— Eiji, nós vamos sequestrar o Papai Noel! — contou sua ideia.

 — Tá doido, 'Suki? — o moreno alarmou-se — Pra que vamos fazer isso?

 — Porque quero que ele leve a gente lá na fábrica dele!

 — Mas você acha que ele faria isso?

 — Podemos dizer que se ele não fizer a gente vai soltar as renas dele! — comentou animado.

 — Oh! Eu ficaria com medo também — o outro garotinho confessou.

Para variar, Katsuki não teve dificuldade de convencer o amiguinho a segui-lo. Os dois estavam de pijama de moletom, já que era inverno. O pijama do primogênito Bakugou era verde musgo, com um grande urso pardo comendo mel estampado em sua barriga; seu amigo por sua vez usava um pijama vermelho fogo, com um grande caranguejo, que segundo Eijirou, era muito másculo. Katsuki ainda teve a paciência de aguardar o amigo encontrar o outro pé de sua crocs azul, porque ele insistia em não andar descalço. Ambos desceram as escadas de forma silenciosa, tentando não esbarrar em nada. Chegando à sala, Eijirou levantou um sério questionamento.

— 'Suki, como vamos sequestrar o Papai Noel?

 — Temos que fazer uma armadilha... O que podemos usar?

 — Vamos colocar uns biscoitos perto da árvore! Ele gosta de biscoitos!

— Como você sabe que ele gosta de biscoitos? — indagou o loiro desconfiado.

— Todo mundo gosta de biscoitos, né 'Suki. — Eijirou disse como uma verdade universal que jamais poderia ser refutada.

 — Vamos pegar lá na cozinha então!

Como eles conseguiram pegar a lata de biscoitos e o leite sem derramar tudo e ainda colocar na tampa do pote - o prato de vidro era pesado demais para os meninos - era um mistério. A árvore ficava no lado direito da sala, perto do sofá. Era grande e bem decorada, com uma estrela dourada na ponta e pisca-pisca adornando-a de cima à baixo.

Em frente a ela ficava a pequena lareira, que tinha fotos da família espalhadas na parte de cima. Um grande tapete cinza felpudo estendia-se no chão, dando um toque acolhedor ao ambiente.

Katsuki colocou os biscoitos e o leite perto da lareira, correram para perto do sofá para aguardarem o bondoso velhinho que lhes traria os presentes. Os minutos passavam e nada dele aparecer, Katsuki já impaciente reclamava com Eijirou.

— É por isso que ele só vem uma vez no ano! Olha como ele demora!

— Mas ele mora longe, 'Suki — pontuou — lá no polo Norte!

 — Mas ele vem voando! Se fosse eu seria bem mais rápido! — era notável que Katsuki em seus 6 anos já era metido.

 — Você ia ter um barrigão! — Eijrirou riu cutucando o estômago do amigo — e uma barbona também!

 — Não fala alto, Eiji! Se ele te escuta falando mal dele pode não dar seu presente!

— Nossa, é mesmo! 'Suki você acha que ele vai demorar? Eu tô ficando com frio — murmurou amuado.

 — Vem cá — Katsuki aproximou-se o abraçando — por que você não pegou uma coberta?

 — Não deu tempo! Você vai lá comigo pegar?

— Mas se o Papai Noel vem enquanto isso?

 — Podemos usar a coberta para jogar na cabeça dele, aí ele não vai enxergar nada! — apelou.

 — Você tá certo, vamos rápido.

Eijirou segurou na mão de Katsuki que o guiou na penumbra até o quarto. O cobertor do loiro era do All Might, bem quentinho e colorido. Depois de pegarem o apetrecho, foram em direção as escadas até escutarem um barulho vindo do térreo.

— 'Suki, deve ser ele! — Eijirou sussurrou.

— Sim! Vamos sem fazer barulho! Você segura uma ponta da coberta e eu pego a outra, aí jogamos na cabeça dele!

— Tá!

Já no fim da escada os garotos assentiram um para o outro no acordo mudo de se ajudarem. Antes do plano ser executado tiveram uma grande surpresa: Masaru estava próximo à árvore e colocava presentes embaixo dela. Os meninos encaravam a cena surpresos, sem esboçar nenhuma reação. Viram também o adulto comer os biscoitos e tomar o leite, deixando o copo em cima do tapete. Masaru não os tinha visto, permanecendo alheio a tudo, indo até a porta da sala para certificar-se que estava trancada. Nesse intervalo, Katsuki puxou o amigo para o segundo andar, os dois correram e se deitaram na cama, com os corações descompassados. O silêncio permaneceu até Eijirou quebrá-lo.

— 'Suki... era seu pai lá embaixo...

 — Sim... isso quer dizer que...

 — Seu pai é o Papai Noel! — Eijirou aumentou o tom de voz finalmente entendendo.

 — Nossa, Eiji! - Katsuki gargalhou extasiado — Espera só eu contar pro bobão do Deku! — riu mais uma vez.

 — Você não pode contar, 'Suki! E se alguém vir aqui roubar seu pai?

 — Eu explodo quem vier! — disse o loiro em desafio — Eiji, você vai me ajudar a proteger meu pai?

 — Claro, 'Suki!

Selaram seu juramento com os dedos mindinhos enroscados. Conversaram por mais alguns minutos, sobre banalidades infantis, como por exemplo, que somente Katsuki poderia chamar o amigo por seu apelido - no dia anterior Deku tentou usar o apelido e Katsuki remoeu-se em ciúme. Vencidos pelo cansaço, dormiram felizes à espera da manhã de Natal.

Com o amanhecer, as mães de Eijirou chegaram para buscá-lo. O garotinho as abraçou, recebendo muitos mimos e afagos, ele era o garotinho das mamães e adorava isso. Agora imaginem a surpresa delas e, dos pais de Katsuki, quando o menino informou que não queria mais ir embora.

— Eijirou, nós precisamos ir para casa — Keiko lhe disse de forma gentil.

 — Eu não posso, mãe!

— E por que não?

 — Porque vou morar aqui com o 'Suki! — estufou o peito em coragem.

 — Morar aqui? — Mitsuki questionou rindo.

— Ele vai morar ali na cabana, mãe — Katsuki apontou para a cabaninha de lençol — Eu vou dividir minhas bananas e iogurte com ele.

 — As pessoas normalmente trabalham para morarem em algum lugar — Mitsuki dava realmente trela para as loucuras do filho.

 — Você não pode morar aqui, Eijirou — Sakumi tentava manter-se séria.

 — Eu vou pagar o aluguel, mamãe! - o garotinho confessou — o 'Suki e eu vamos trabalhar duro e eu vou morar aqui.

 — Vai pagar como? — Masaru não aguentava e ria dos meninos.

 — Vou catar as folhas do chão do quintal! Eu sou muito bom nisso, tio! — Sakumi não aguentou e começou a rir da fofura do filho.

 — Eijirou — Keiko por sua vez mantinha-se firme — Você não pode morar aqui, filho. Tem que voltar para casa conosco.

 — Mas, mãe! — queixou-se com a voz embargando — Se eu for embora como vou ajudar o 'Suki a proteger o tio?

 — Proteger o Masaru? — Mitsuki indagou.

 — Eiji! — Katsuki o advertiu — É segredo!

 — Proteger de quê, amor? — Sakumi alisou suas bochechas limpando as lágrimas. Katsuki dizia que Izuku era chorão, mas Eijirou era uma criança muito sensível.

 — Desculpa, 'Suki... — sussurrou para o amigo. O loiro já vendo o estado do garotinho, aproximou-se em resposta abraçando-o. Como Katsuki era tão amável com Eijirou, principalmente quando o menino chorava, era um caso a ser estudado. — Eu não posso mentir 'pra mamãe...

 — Tá bom, Eiji... Se for só pra elas não tem problema contar...

Os adultos assistiam a cena divididos entre morrer de amor e fofura e a preocupação pelo o que tinha acontecido entre eles para estarem daquela forma. Mitsuki tentava a todo custo imaginar do que os meninos queriam proteger seu esposo.

— A gente quer proteger meu pai das pessoas que querem roubar ele! — Katsuki contou depois de alguns minutos.

 — Me roubar? — Masaru lhe direcionou o olhar.

 — É, pai.... A gente sabe que você — diminuiu o tom de voz para um sussurro — é o Papai Noel.

O silêncio que se seguiu era palpável, quebrado apenas pelas risadas ruidosas de Mitsuki. Keiko decidiu que não iria perguntar o motivo pelo qual as crianças achavam que, seu vizinho era o doce velhinho que entregava presentes no fim de ano. Crianças tem a mente fértil, se adultos forem acompanhar, facilmente enlouquecem.

— Não se preocupe, Eijirou. Ninguém vai roubar o Masaru, prometo. — Mitsuki afirmou bagunçando os cabelos do menino.

Levou mais algum tempo para Sakumi convencer o filho a ir embora, por mais legal que Katsuki fosse, ele não conseguia fazer chocolates quentes com marshmallows como a mamãe. Mas Eijirou se foi com a promessa de estar ali no dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

that's all folks! ♥



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