Faltavam exatos dois dias para o aniversário de Jacob e eu ainda estava em duvidas sobre qual presente eu daria a ele, embora Jacob dissesse o tempo todo que o maior presente que ele poderia ganhar eu já havia dado a ele, o nosso bebê, mas assim eu pensava em um presente especial mas nada me vinha a mente.

Segundo minha ultima consulta eu estava com três meses de gravidez, minha barriga tinha um pequeno volume que ainda podia ser escondido por um vestido mais soltinho, não que eu quisesse esconder, muito pelo contrário eu não via a hora da minha barriga crescer mais ainda.

Tudo estava calmo.

Nos últimos três meses Afonso vinha me visitar toda a semana, no inicio eu fiquei bastante desconfiada com suas atitudes mas ele tem se comportado bem, decidi dar um voto de confiança a ele, principalmente após eu falar a ele sobre minha gravidez, apesar da surpresa inicial Afonso me abraçou e se sentiu feliz em saber que de certo modo ele seria “avô”,  Charlie também começou a trata-lo de forma mais cordial, eu não me sentia desconfortável na presença dele, ele começava a provar que estava sendo honesto quando falou que queria minha amizade.

Como combinado Jake e eu nos casaríamos depois que do aniversário dele,  por isso eu começava a organizar alguns detalhes da nossa pequena festa, nós nos casaríamos na mesma capela onde Sam e Emily se casaram, e faríamos uma pequena festa na reserva, isso quase criou um grande debate entre Afonso e Charlie, era quase uma disputa de quem pagaria o que na minha festa, no final das contas tudo não passava de uma grande jogada de Charlie e Billy Black, Afonso acabou pagando as despesas da festa toda sozinho, Jake não gostou muito da ideia mas no final acabou aceitando.

Eu finalmente estava tendo uma vida normal.

— Hey Nessie, presta atenção!

Olhei para o lado ao ouvir o sussurro de Bruce, Josh riu do outro lado, a exatas duas cadeiras de nós dois, Bruce pegou uma pequena bola de papel e a atirou, foi um tiro certeiro na nuca de Marie que falava as amigas sobre seus planos de viagem durante as festas de fim de ano.

Marie gritou como sempre chamando a atenção, Josh e eu baixamos a cabeça segurando o riso enquanto Bruce se manteve na mesma posição a qual estava como se não tivesse feito nada

— Toda essa provocação é inadmissível!

Maria reclamou batendo o pé, era aula de filosofia e o professor Howard ergueu olhar da mesa onde estava sentado fazendo uma avaliação silenciosa sobre a situação.

Eu não consegui segurar a vontade de rir, e a minha atitude se tornou suspeita aos olhos do professor.

— Senhorita Swan espero que esteja prestando atenção na leitura de hoje, das quatorze aulas que tivemos nos últimos três meses você não participou nem de sessenta por cento – O professor falou levantando-se tranquilamente.

O olhar de todos se voltou para mim e eu fiquei um pouco constrangida.

— Eu estou! Respondi, Marie virou o corpo olhando para trás em minha direção e dessa vez o risinho foi dado por ela.

— Excelente, então isso prova que não está atirando bolinhas de papel na colega! Howard abaixou-se pegando a bolinha jogada por Bruce que se moveu na cadeira me olhando, Bruce moveu os lábios na tentativa de confessar, mas o professor o impedia – Vejamos! Ele caminhou entre as carteiras em minha direção e parou diante da minha mesa – que tal narrar um longo paragrafo sobre a Essência do Cristianismo de  Ludwig Feuerbach? Em seguira ele pegava meu livro e o som do fechar do mesmo me assustou.

Eu olhei para frente e Maria sorriu falando baixinho – Se ferrou! Mas calou-se assim que Howard virou-se retornando a frente de todos.

— Vamos lá senhorita Swan, não seja tímida.

Eu respirei fundo e então levantei e comecei a declamar o trecho do livro pedido por ele:

“ - Meu primeiro pensamento foi Deus, meu segundo pensamento foi a razão, meu terceiro e último pensamento foi o homem...

Verdade é o homem e não a razão abstrata, verdade é a vida e não o pensamento que fica no papel e encontra no papel a existência que se lhe atribui a consciência que o homem tem de Deus é a consciência que o homem tem de si...Deus é o espelho do homem...assim como o homem pensa e quais sejam os seus princípios, tal é o seu Deus: quanto o homem vale, tanto e não mais vale o seu Deus... Tu conheces o homem pelo seu Deus e, reciprocamente, Deus pelo homem: um e outro se identificam... Deus é o íntimo revelado, a essência do homem expressa: a religião é a revelação solene dos tesouros ocultos do homem, a revelação pública dos seus segredos de amor.

...o núcleo secreto da teologia é a antropologia.

Deus é uma lágrima de amor derramada no mais profundo segredo sobre a miséria humana.”

Howard me olhou em silêncio por alguns segundos com uma cara de desapontado, Josh e Bruce sorriram e como se não fosse o suficiente ambos começaram a aplaudir e em questão de segundos toda a turma aplaudia com eles.

— Muito bem, parece que tem estudando em casa apesar das ausências! Howard finalmente falava, nos últimos meses eu sentia muitos enjoos e sempre que passava mal Charlie e Jake não me deixavam sair de casa.

— Obrigada professor! Eu respondi o observando caminhar novamente até mim me entregando meu livro.

— Próxima aula teste surpresa, leiam os três livros vou usar todos eles! Howard falou retornando ao seu lugar, suas palavras causaram um pequeno alvoroço na sala mas ele simplesmente ignorou pegando suas coisas e saiu.

— Satisfeito? Eu murmurei olhando para Bruce que fez uma cara de dor arrumando sua mochila.

—Eu estou ferrado! Ele reclamou.

—Estamos! Amy falou se aproximando – Bruce eu vou matar você!

Balancei a cabeça rindo enquanto Amy batia em Bruce que se jogava no chão da sala, arrumei calmamente minhas coisas e Josh se aproximou sorrindo.

— Howard está mesmo pegando no seu pé!

— Sério? Eu franzi as sobrancelhas – Não prestei atenção nisso.

Voltamos a rir enquanto eu pegava minha mochila para por nas costas, mas Josh foi mais rápido – Deixa que eu levo!

—Josh! Eu reclamei – São apenas dois livros e um caderno!

—E acha pouco? Ele falou caminhando enquanto eu o seguia -Estou fazendo meu trabalho!

— Que trabalho, de melhor amigo chato? Perguntei rindo enquanto o seguia saindo da sala de aula, Amy e Bruce vieram todo atrás conversando sobre os planos do grupo de estudos para o final de semana.

— Podemos acampar? O que vocês acham? Vou jogar essa ideia no grupo do watsapp – Bruce sugeriu.

— Não vai dar pra mim! Falei sorrindo, se estava difícil vir a escola sozinha acampar era algo que Jacob, Charlie e Afonso jamais aprovariam.

— Também acho que não é uma boa ideia, lembra que a um tempo atrás tinha um animal atacando pessoas na floresta – Amy falou em um tom preocupado – Além disso precisamos da Nessie, e ela não pode passar a noite na floresta por causa do bebê.

—Podemos fazer um pique nique! Josh sugeriu enquanto seguíamos na direção do estacionamento.

— Eu poderei ir se for no domingo, sábado é aniversário do Jake e daremos uma festa para ele – Respondi.

Os três concordaram – Mande isso no grupo! Amy falou para Bruce que imediatamente pegou o celular, enquanto isso eu puxava minha mochila confiscada do ombro de Josh.

— Você veio dirigindo hoje? Josh perguntou rindo

—O que tem demais em eu dirigir?

Amy e Bruce trocaram olhares rindo.

—Parem vocês três! Reclamei pegando minhas chaves.

— O Jacob deixou você vir sozinha? Achei que ele era um namorado superprotetor extremo! Amy brincou.

Eu suspirei – Ele começou a trabalhar! Já estou com saudade dele.

— Amy você errou, Nessie e Jacob são um casal chiclete! Bruce falou rindo e eu revirei os olhos.

—Eu preciso ir! Falei me despedindo e abrindo a porta da caminhonete.

Charlie com certeza não almoçaria em casa pois sempre ia visitar Lizzie antes de ir trabalhar e com Jacob ocupado eu passaria o dia sozinha, decidi ir para a reserva falar com Emily e acertar os últimos detalhes da festa surpresa do Jake. Liguei o som do carro enquanto dirigia pegando a estrada para La Push, porém na metade do caminho o carro parou.

— Mas o que? Perguntei voltando a ligar a caminhonete, o motor fez um ruído estranho – Não isso não! Reclamei encostando a testa no volante.

Peguei o celular e resolvi ligar para Charlie, mas eu estava sem sinal – Isso só pode ser sacanagem! Sussurrei saindo com o celular na mão andando de um lado para o outro pela estrada – Vai celular pega, anda! Mas desisti ao perceber que não ia voltar

De acordo com a última placa eu estava na metade do caminho, eu tinha duas opções, esperava alguém aparecer, turistas talvez ou seguia pela trilha a pé, o tempo estava fechado e sem sol e o frio anunciava que logo teríamos neve. Achei melhor seguir alguma trilha e ir caminhando, eu poderia ter a sorte de cruzar com algum lobo pelo caminho

Peguei minha mochila na caminhonete tirando os livros de dentro e vestir meu agasalho, após colocar a mochila na costa eu liguei o alarme da caminhonete e segui para dentro da floresta tinha certeza que se eu seguisse ao norte encontraria alguma trilha que daria até a reserva.

Olhei para o celular e eu estava caminhando a mais de trinta minutos, quando senti que alguma coisa se móvel próximo a mim, eu parei olhando para os lados com o canto dos olhos, depois voltei a caminhar apressando meus passos, o som das arvores balançando denunciaram que eu não estava sozinha.

— Paul? Eu falei em voz alta dando alguns passos, de todos os lobos Paul era sempre quem gostava de me pregar peças, mesmo a matilha de Sam tendo se dividido e Jake tendo sua matilha minha amizade com os lobos de ambas as matilhas continuava.

Eu parei de caminhar girando meu corpo – Paul eu vou me vingar de você seu vira-lata! Gritei dando um sorriso.

Mas o silêncio continuou e de repente alguns pássaros correram na mesma direção como se fugissem de alguma coisa.

Ouvi o som do quebrar de um galho nas minhas costas então lentamente eu virei prendendo a respiração.

Era uma mulher.

Seus lindos traços faciais denunciavam de quem se tratava, a pele marmorizada e seus cabelos eram longos e cacheados na cor dourado.

— Ora o que temos aqui! Ela sussurrou enquanto seus olhos mudavam de cor.