Invisible Play escrita por Douglastks52


Capítulo 6
Reencontro




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Kurokawa abriu seus olhos ao som do despertador em seu celular e levantou-se sem vida em seus olhos. Ir à escola era extremamente tedioso, mas a parte racional de seu cérebro forçava-o a seguir essa rotina. Ele tomou um banho na esperança de sentir-se mais acordado, mas nada neste mundo poderia mudar o seu estado atual. 

Com algumas roupas pretas escolhidas ao acaso, ele desceu as escadas com sua mochila nas costas e viu Lizzy deitada no sofá: 

—Para onde você está indo a essa hora? -Perguntou ela sonolenta. 

—Para escola? -Respondeu Kurokawa confuso. -Hoje é segunda.  

—Ah...Eu sempre quis ir para escola... -Suspirou Lizzy. -Meus pais sempre foram muito protetores, por isso eu sempre tive aulas em casa. 

—Eu já estou indo senão vou me atrasar. Você devia dormir, pelos teus olhos dá para ver que você não dormiu nada até agora. 

—Espera aí, quero te dar uma coisa primeiro. -Disse ela se levantando. -Aqui, tome uma agora e outra ao meio dia. 

Kurokawa abriu sua mão e viu pequenas poções vermelhas: 

—Isso são aquelas poções de cura que você falou antes? 

—Sim, mas elas só vão ajudar com a dor e impedir a tua ferida de piorar. -Bocejou Lizzy. -É basicamente uma forma de nos ganhar tempo até acharmos uma solução de verdade: 

—Isso parece meio raro, como conseguiu? 

—Estive fazendo algumas missões. Tenho que cumprir a minha parte do acordo. 

Kurokawa não soube como reagir, ele apenas se despediu mais uma vez sem ao menos agradecer e se dirigiu para a escola. Mesmo que parecesse calmo na frente de Lizzy, ele verdadeiramente não estava acostumado a ter interações tão frequentes com outro ser humano, muito menos, um ser humano do sexo oposto. Às vezes, ele sentia como se estivesse agindo de forma diferente do seu normal. 

Ele ingeriu a poção como Lizzy sugeriu enquanto caminhava até o ponto de ónibus: 

—Gosto de maçã...-Reclamou ele. -Seria melhor se fosse de caramelo... 

Com sua cabeça perdida em pensamentos, sua percepção de tempo foi distorcida. Antes mesmo que percebesse o dia escolar já tinha chegado ao fim, e ele caminhava para o ponto de ónibus: 

—É como a Lizzy disse...ninguém consegue ver o meu ferimento. -Pensou ele enquanto esperava. -E a poção de cura realmente aliviou bastante a dor, mas ainda acho que é cedo demais para confiar nela. 

Kurokawa manteve-se à espera quando algo chamou sua atenção: 

—Eu conheço esse carro que acabou de passar... -Pensou ele. -Não deve ser... 

Ele conferiu o horário em seu celular e cedeu à sua curiosidade: 

—Ainda tenho trinta minutos até o ónibus passar e não tenho nada melhor para fazer. Se for rápido deve dar tempo de ir lá... 

Kurokawa começou a correr com um objetivo em mente. Passados alguns minutos, ele parou de correr um pouco ofegante e observou a casa à sua direita. Ela era quase grande o suficiente para ser considerada uma mansão: 

—Consigo ver algumas luzes acessas... -Reparou ele. -Mas nada me garante que ele realmente esteja aí e mesmo se ele estivesse, eu faria o que? Invadiria a casa para descer a porrada naquele rosto irritante e hipócrita dele? Para ser sincero...isso não era uma ideia tão má assim... 

Kurokawa lembrou-se que caso perdesse o ónibus, o próximo só viria uma hora mais tarde. Ele rapidamente conferiu o horário em seu celular: 

—Merda...faltam cinco minutos... 

Ele correu com todas as suas forças até o ponto de ónibus e conseguiu alcançá–lo segundos antes de este partir. Sentado num dos bancos já dentro do ónibus, Kurokawa, ainda ofegante, pensava no que faria assim que chegasse à casa. Ele fez o caminho que já havia feito várias vezes e começou a ver sua casa surgindo no horizonte. 

Ele caminhou até à porta e preparou-se para destrancá-la, assim como fez todos os outros dias. Mas ele lembrou-se que havia deixado a porta destrancada, pois Lizzy estava em casa. Era definitivamente uma sensação estranha, não morar mais sozinho depois de todos esses anos. Kurokawa não queria se acostumar com essa situação para não sofrer quando ela acabasse. 

Por algum motivo, sua casa parecia mais quente do que antes. Kurokawa apenas entrou sem fazer muito barulho e encontrou Lizzy cozinhando alguma coisa: 

—Espero que isso não seja venenoso... -Comentou ele. 

—Se eu quisesse te envenenar, eu usaria os teus caramelos. -Respondeu ela. 

—Eu vou começar a trancar o armário dos caramelos de agora em diante... 

—Você não vai dizer para o teu amigo entrar? -Perguntou Lizzy. 

—Qual amigo? 

A expressão no rosto de Lizzy mudou imediatamente enquanto ela se afastava do fogão e se dirigia para a porta: 

—Onde você está indo? -Perguntou Kurokawa. 

Ela abriu seu inventário e fez duas adagas se materializarem em suas mãos: 

—Isso foi um erro meu, mesmo que você seja forte, você ainda não tem experiência nenhuma nesse mundo. Isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde se você ficasse andando por aí sozinho. -Disse Lizzy saindo pela porta. 

—O que está acontecendo? 

—Você foi seguido. Tem um outro jogador escondido aqui. 

No mesmo instante em que Lizzy terminou sua frase, alguns barulhos foram emitidos de um arbusto próximo à casa: 

—Se vocês sabem que eu estou aqui não há motivos para me esconder. -Disse aquele ser se aproximando. -Mas mesmo assim, acreditem, eu estou muito mais confuso que vocês. 

Com curtos cabelos loiros bagunçados e olhos castanhos, aquele jovem um pouco mais alto que Kurokawa e de aparentemente a mesma idade se mostrou. Kurokawa ao ver aquele rosto reconheceu-o imediatamente: 

—Sasu? 

—Vocês são amigos? -Perguntou Lizzy 

—Não! -Responderam os dois em conjunto. 

—Eu estou confusa. Alguém poderia me explicar o que está acontecendo? 

—Eu que gostaria que vocês me explicassem. -Interveio o jovem. -Alguém segue o meu carro até a minha casa e depois foge, mas quando eu decido seguir essa pessoa, eu descubro que é o Kurokawa. Eu nem sequer imaginava que você também era um jogador.  

—Porque você seguiu ele, Kurokawa? -Perguntou Lizzy. 

—Eu queria descer a porrada nele. -Respondeu Kurokawa. 

—Os anos passam, mas você continua o mesmo, infantil e simplório. -Provocou aquele homem. 

—Vamos deixar essa conversa para o dia em que você tiver uma opinião própria e não for o cachorrinho dos teus pais, Sasu. -Retrucou Kurokawa. 

Os dois começaram a caminhar na mesma direção enquanto trocavam olhares intimidadores: 

—Calma! -Interferiu Lizzy. -Alguém me explica o que está acontecendo primeiro? 

—Meu nome é Sasesu Aika, eu e o teu namorado estudávamos juntos na mesma escola há alguns anos atrás. -Respondeu ele. -Ele era um delinquente irresponsável e incorrigível, mas mesmo assim, eu tentei diversas vezes fazê-lo parar de cometer atrocidades. 

—Nós não namoramos e não use palavras muito difíceis, o cérebro dela vai ficar confuso. -Respondeu Kurokawa. 

—Você é a última pessoa do mundo que eu quero ver questionando minha inteligência... -Pensou Lizzy enquanto olhava para Kurokawa com desprezo. 

—Estou perdendo meu tempo... -Resmungou Sasesu se afastando. -Eu vou para casa, tenho coisas melhores para fazer. 

—Ei, Sasu, vai fugir assim? -Provocou Kurokawa. 

—Kurokawa, ele provavelmente é mais forte do que nós dois juntos, é melhor não arrumar briga. -Aconselhou Lizzy. 

Sasesu que estava indo embora apenas parou no lugar onde estava: 

—Meu nome é Sasesu. 

—Ei, Sasu, você parece irritado. -Continuou Kurokawa 

—Kurokawa...isso é perigoso...para... -Disse Lizzy recuando. 

Sasesu virou com ódio em seus olhos: 

—Kurokawa, seus blefes não vão funcionar, você pode ter sido forte no mundo real, mas eu sei que você é nível 1 aqui! Para mim, apagar a tua existência insignificante seria como pisar num inseto. 

—Lizzy, se afaste. -Pediu Kurokawa. 

—Não, eu vou te ajudar a lutar! -Respondeu ela. 

—Não, isso é um duelo, apenas sente-se e assista. 

Sasesu abriu um sorriso violento em seu rosto enquanto materializava um grande martelo em suas mãos: 

—Então é assim que vai ser... -Disse ele se aproximando de Kurokawa. 

Lizzy sabia que Kurokawa não tinha chance alguma sem uma arma, mas ele não podia usar suas adagas por não ter o nível necessário. Com isso em mente, ela traçou o melhor plano que pôde. Sabendo que Kurokawa era orgulhoso demais para aceitar qualquer tipo de ajuda, ela agiu: 

—Kurokawa, feche os olhos, rápido!  

—Se você fizer algo estranho...você vai se arrepender... -Advertiu ele sendo cauteloso. 

Enquanto Kurokawa estava de olhos fechados, Lizzy conjurou nele um feitiço chamado Manto do Assassino. Esse feitiço aumenta ligeiramente a velocidade de Kurokawa e o transformava numa aparente cópia de Lizzy. Este era um feitiço usado para enganar oponentes, mas neste caso, o feitiço fazia apenas parecer que as características e nível de Kurokawa fossem iguais a de Lizzy, o que permitia a ele usar as adagas sem se preocupar com a restrição: 

—Pode abrir os olhos. Pegue essas adagas, você precisa de uma arma para participar num duelo nesse mundo. -Mentiu Lizzy. -Mas lembre-se, você só vai conseguir usá-las por quinze minutos. 

Kurokawa sentia que seu corpo estava estranhamente leve, mas ele não tinha tempo para se preocupar com isso naquele momento. Ele pegou as adagas de Lizzy ainda meio cético em relação ao que ela disse e virou-se para Sasesu. 

—Vou te dar uma vantagem para deixar as coisas mais divertidas, Sasu. -Disse ele segurando uma das adagas e colocando a outra em sua boca. -Eu não vou usar um dos meus braços. 

Sasesu deu o primeiro passo: 

—Você vai se arrepender amargamente disso, Kurokawa... 


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