Invisible Play escrita por Douglastks52


Capítulo 5
Consequências




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Kurokawa abriu seus olhos lentamente enquanto tentava lembrar-se de sua última memória. Ao perceber que tinha desmaiado numa situação extremamente perigosa, ele levantou-se de imediato e começou a analisar o cenário a sua volta. Ao perceber que estava em seu quarto, ele também sentiu uma dor dilacerante em seu braço. 

Ele viu seu braço repleto de ataduras manchadas de sangue e ficou confuso: 

—Como eu vim parar na minha casa? Quem tratou do meu braço...? 

Com algumas dificuldades, ele desceu as escadas e encontrou Lizzy dormindo em seu sofá. Ele caminhou sorrateiramente até sua cozinha, abriu uma das gavetas, retirou uma faca e aproximou-se com cuidado de Lizzy. Ela abriu seus olhos apenas por acaso e viu uma faca aproximando-se de sua cabeça. 

Ela esquivou-se do ataque enquanto gritava desesperada: 

—O QUE FOI ISSO? 

—Você invade a minha casa e dorme no meu sofá, você esperava o que? -Respondeu Kurokawa friamente. 

—Mas eu te salvei! Se não fosse por mim, você teria morrido naquele lugar ontem! 

—Não, você me arrastou para os teus problemas e me fez te salvar. E ainda me impediu de matá-los no final, mesmo depois de tudo o que eles fizeram. 

—Desculpa, mas era a minha única opção naquele momento! E eles eram más pessoas, mas eles não mereciam morrer. -Tentou argumentar Lizzy. -Além do mais, você disse que tinha percebido que era uma armadilha, porque não fugiu? Será que você estava disposto a arriscar a tua vida para me sal- 

—Não, não seja ridícula. -Interrompeu-a Kurokawa. -Eu fui porque achei que fosse divertido, mas independente das minhas motivações, o resultado não muda, eu te salvei. Não quero que você me agradeça, mas também não vou te agradecer por ter tratado o meu braço, vamos apenas considerar que estamos quites. 

—Eu até agora não acredito que você é realmente nível 1. -Disse Lizzy. -Me deixa ver as tuas características. 

—Minhas características? -Perguntou Kurokawa confuso. 

—Você não aprendeu nada no tutorial?  

—Eu escolhi não fazer aquilo, parecia chato. -Respondeu Kurokawa dirigindo-se para a cozinha. 

—Como assim? Você não sabe nada sobre a tua situação atual então? -Perguntou Lizzy perplexa. 

Ele abriu o armário, pegou um saco de caramelos e respondeu enquanto comia: 

—Claro que sei. Tem magias, espadas e talvez espadas mágicas. É tipo um jogo.  

—Para ser tão forte sem entender nada você é muito talentoso...ou muito retardado... 

—Se você me chamar de retardado mais uma vez, eu vou te expulsar da minha casa. -Reclamou Kurokawa. -Maldito parasita, dorme no meu sofá...come a minha comida... 

—Eu nem sei como você consegue chamar isso de comida, só existe miojo e caramelos nessa casa! 

—É o que eu preciso para sobreviver. -Disse ele sentando-se no sofá e ligando a televisão. 

—De qualquer forma, eu vou te explicar o básico desse jogo então. -Disse Lizzy. 

—Parece chato, eu passo. 

—Mas é realmente importante! 

—Eu sobrevivi até agora, eu vou sobreviver até o fim. 

—Você quase morreu ontem! 

—Eu vou dar um jeito, não se preocupe. -Insistiu Kurokawa enquanto mastigava caramelos. 

Lizzy estava visivelmente frustrada, mas sentia ela que ainda não tinha retribuído completamente o favor que Kurokawa lhe fez ao salvá-la. Ele também não parecia ser uma pessoa horrível e permanecer ali definitivamente aumentava suas chances de sobreviver: 

—O que você quer realmente fazer? -Perguntou Lizzy. 

—Descer a porrada em pessoas fortes. 

Ok, então se você não aprender o básico sobre o sistema, você não vai conseguir passar de nível e não vai encontrar pessoas mais fortes.  

—Sério? -Perguntou Kurokawa surpreso. -Calma...você está mentindo para mim? 

Lizzy suou frio: 

—Não...claro que não... 

Ele pensou durante alguns segundos: 

—Tá. Me ensine apenas o necessário e de forma reduzida. E se você estiver tentando me enganar de alguma forma, eu vou ter que te machucar. -Disse Kurokawa apontando um caramelo na direção de Lizzy. 

—Eu acabei de ser ameaçada com um caramelo? -Pensou Lizzy. -Isso é sério? 

Ela aproximou-se de Kurokawa e disse: 

—Para abrir a interface simplesmente levante a mão, depois desça–a com o dedo indicador apontado para frente como se estivesse tentando puxar alguma coisa. 

Ele fez como foi dito e uma interface surgiu: 

—Funcionou? -Perguntou ela. 

 -Você não consegue ver? Está bem na tua frente... 

—Não, para eu poder ver nós temos que pertencer ao mesmo grupo, esse tipo de coisa impede que qualquer um veja as tuas informações pessoais. -Respondeu ela. -Vamos começar por isso então. 

Lizzy abriu sua interface, fez alguns movimentos e Kurokawa viu aparecer uma pequena notificação que o convidava para fazer parte do grupo de Lizzy. Ele apenas aceitou: 

—Ok, já consigo ver, agora selecione a opção inventário. -Ordenou Lizzy. -Vão aparecer todos os teus itens, habilidades, feitiços e características.  

Kurokawa fez como ordenado e Lizzy imediatamente se surpreendeu: 

—Isso não faz sentido absolutamente nenhum, a maioria das tuas características são maiores que as minhas... 

Ela continuou lendo as informações de Kurokawa a procura de uma explicação para aquilo: 

—Você tem uma habilidade passiva chamada marca do novato promissor, onde você conseguiu isso? 

—Não sei, nem sei o que é uma habilidade. -Respondeu Kurokawa. 

—Eu já te explico, mas primeiro seleciona essa habilidade, eu quero ver a descrição dela. 

Kurokawa apenas fez como Lizzy sugeriu: 

—Uma marca concedida a um novato capaz de terminar o treinamento básico em sua primeira tentativa. Aumenta consideravelmente as características básicas. -Informou o sistema. 

—Eu nem sabia que existia uma recompensa para quem terminasse o treinamento básico na primeira tentativa. -Disse Lizzy. -Mas isso só explica parcialmente as tuas características surreais. 

Kurokawa apenas suspirou entediado enquanto Lizzy procurava por respostas: 

—Kurokawa, neste mundo, a tua classe é uma reflexão da tua própria personalidade e ambições. Todos os jogadores possuem uma classe diferente que afeta as suas características, todos os teus feitiços e habilidades são dependentes da tua classe.  

—Qual é a minha classe? 

—Essa é a parte mais estranha de tudo. -Respondeu Lizzy. -Os feitiços que a tua classe te dá são representações dos teus desejos. A tua classe chama-se Descendente Negro e por algum motivo, você não tem feitiços. Nenhum.  

—E quais sãos os benefícios que essa classe me dá? 

—Aqui diz que você tem as tuas características iniciais bem mais elevadas que as outras classes. 

—Tá, e como eu faço para ficar mais forte? 

—Tuas características podem ser aumentadas através de treino físico e os teus feitiços podem ser melhorados. Mas é impossível ganhar novos feitiços ou passar de nível sem ter experiências de combate real. Ah, e por último, a energia que você usa para conjurar feitiços tem várias outras aplicações, mas elas são bastante complexas então vamos deixá-las para depois. 

Kurokawa bocejou: 

—Acabou? Bom, eu vou voltar a assistir televisão então. 

Lizzy apoiou suas mãos em sua cabeça para controlar sua ira: 

—Ele é um ser humano tão irritante e difícil de se lidar... -Pensava ela. 

Kurokawa moveu-se e deixou o controle da televisão cair, por instinto ele moveu seu braço rapidamente antes que o controle atingisse o chão: 

—Essa foi por pouco... 

Antes mesmo de terminar sua frase, ele sentiu uma dor aguda em seu braço e as ataduras começaram a escorrer sangue: 

—Ah... -Grunhiu ele com dor. 

—As tuas feridas... 

Kurokawa simplesmente apertou seu braço com força enquanto tentava ignorar a dor: 

—Eu consigo me regenerar bem, isso vai estar melhor amanhã. 

—Não, não vai. -Respondeu Lizzy. -Você realmente tem uma ótima regeneração, mas o ferimento foi profundo demais e está provavelmente infeccionado. O máximo que a tua recuperação pode fazer nesse momento é diminuir o ritmo ao que a tua ferida se deteriora.  

—Na pior das hipóteses, é só irmos a um médico. -Disse Kurokawa calmo apesar da dor. -O maior problema vai ser explicar como eu fiz essa ferida.  

—Não, você não está entendendo. Essa ferida foi causada dentro do jogo, ela não existe para as pessoas normais fora dele. Tínhamos que achar alguém com habilidades curativas, porque eu não tenho certeza se uma poção de cura básica seria capaz de curar isso. 

—E como fazemos isso? 

—Eu não sei... -Respondeu Lizzy sem saber o que fazer. -Conseguir poções de curas intermédias ou superiores não é fácil e você nem consegue lutar direito nessa situação... 

Kurokawa começou a ver o desespero lentamente consumir Lizzy: 

—Eu não queria ter que fazer isso, mas podemos... 

Antes mesmo de ela ter tempo de terminar sua frase, Kurokawa interferiu: 

—Não é preciso, sinto que você estava prestes a sugerir algo do qual iria se arrepender. -Disse ele. -Não quero a tua ajuda. 

Lizzy pensou por alguns segundos e disse envergonhada: 

—Eu proponho uma troca então. 

—Sim... -Respondeu Kurokawa suspeitando de algo. 

—Você me deixa morar aqui e eu te ajudo da forma que posso. Vale a pena lembrar que só quero ficar aqui por causa da boa posição estratégica dessa casa... 

—Você não tem para onde ir, né? -Interrompeu Kurokawa. 

Ela simplesmente virou seu rosto envergonhada e ele nem sequer precisou de palavras para saber que tinha certeza: 

—Mas sim, eu aceito a tua proposta. 

 Kurokawa apenas continuou comendo caramelos e assistindo televisão: 

—Mas os seus pais não vão se importar? -Perguntou Lizzy. 

—Não...eles não se importariam... 


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