CAPÍTULO 4 — TOCO

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Edward sabia que usar Claire para convidar Bella para jantar, foi o golpe mais baixo que ele já praticou. Enquanto fazia seus exercícios, depois que Esme veio buscar a neta, Jacob o avisou que Bella não era tão idiota assim, que só havia aceitado o jantar por causa da menina e que, mesmo assim, não seria um caminho fácil para ele conquistar a médica.

Ele não ligou, preferindo passar o resto do dia nas nuvens, idealizando tudo o que poderia fazer para que o jantar fosse inesquecível e, principalmente, o que faria para que Bella cedesse aos seus avanços.

Na sexta-feira, ele tentou agir de maneira tranquila durante o tratamento, mas a ansiedade o consumia. Mesmo executando as séries de exercícios, ele fazia mentalmente a lista do que deveria comprar no mercado para preparar o jantar. Edward tinha plena consciência que a médica só aceitou o convite, porque foi Claire que o fez, por isso a presença da pequena era essencial para a consumação de todo o plano. Ele já havia até mesmo combinado com Rosalie e Emmett que pegaria a sobrinha na casa da mãe, e que a pequena ficaria com ele aquela noite - o que, claramente, não foi sacrifício algum para o casal.

Jasper, que era a verdadeira velha fofoqueira da família, apareceu no dia anterior em seu apartamento para saber se o plano havia dado certo, e mesmo sabendo o que aconteceria, mandava mensagens a Edward, entre um paciente e outro, para saber como ele agiria com Bella aquela noite.

Sim. Todos os Cullen's estavam ansiosos para descobrir se Edward conquistaria Isabella Swan. Na realidade, não era só os Cullen's, Jacob também  estava animado com a perspectiva do jogador ter um "encontro" com sua amiga de infância.

— Não vá com muita sede ao pote. Bella gosta de ser conquistada. — alertou o fisioterapeuta. — Sempre frise que foi você quem fez o jantar, especialmente para ela. Ofereça vinho, Edward! Pelo amor de Deus, não esqueça do vinho, Bella ama um bom vinho rosé.

— Tá, o que mais devo fazer? — ele perguntou acima de um sussurro. — Não quero parecer óbvio, mas quero mostrar que sou um bom partido.

Jacob gargalhou.

— Um conselho: vá na Flour Bakery e pegue uma tartelete de merengue de limão ou o bolo de chocolate do diabo, Bella ama qualquer um dos dois. — ele murmurou. — Sério! Com qualquer um dos dois você vai fazê-la gemer. Pergunte para James, os sons que ela faz comendo o bolo? Até eu que não gosto de mulher fico de pau duro!

Edward arqueou as sobrancelhas.

— Porra, Jake! Se eu ver essa mulher com uma colher na boca e gemendo, não sei se vou conseguir resistir. — ponderou.

— Você tem que resistir, Edward. Se você quiser dormir com ela em algum momento da sua vida, você precisa ser um príncipe! — advertiu Jacob.

— Eu sou um príncipe! — protestou o ruivo.

Jacob o olhou descrente.

— Você não é. — respondeu Jacob. — Você é um mulherengo que já saiu com 90% das modelos da Victoria Secrets, Bella não é assim. Você vai ter que se comportar, você vai ter que ser tudo, menos o Don Juan que um dia já foi. Cantada barata não cola com ela. Você precisa ser inteligente.

— Ei! Eu sou inteligente. — protestou com um bico.

— Quem é inteligente? — perguntou Bella, aproximando de onde o atleta e o fisioterapeuta faziam os exercícios. Edward sentiu suas bochechas enrubescerem e Jake por sua vez, rolou os olhos.

— Nada de mais Dra. Swan. Edward estava me contando sobre um livro que estava lendo: "O idiota inteligente". — Bella franziu o cenho.

— Nunca ouvi falar sobre esse. — ela disse confusa. — De qualquer forma, vim interromper a sessão de vocês para dizer que você está progredindo muito bem Edward, e por isso, vou antecipar os medicamentos da próxima fase.

— Vinte dias antes do previsto? — surpreendeu-se o atleta.

— Sim, sim. Seus gráficos mostram um avanço surreal! Em todos esses anos da minha pesquisa, nunca vi um avanço como esse. — explicou com um sorriso. — Se você continuar com esse progresso, provavelmente anteciparemos sua alta em um mês ou mais.

— Uau! Dra. Swan, isso é incrível! — exclamou Edward, totalmente surpreendido com o fato que em breve poderia estar fazendo aquilo que mais gostava: jogar basquete.

— Sim, porém devo alertá-lo que os medicamentos dessa fase do tratamento não são tão simpáticos como os anteriores. — disse com um meio sorriso.

Edward franziu o cenho confuso.

— Esses medicamentos causam algumas náuseas e até mesmo desmaios. — explicou. Edward arregalou os olhos atordoado. — Mas fique tranquilo, essas drogas não causam qualquer tipo de dependência e você só as tomará por um mês, fazendo com que toda e qualquer substância já tenha saído do seu sangue quando voltar a jogar.

— Essa nova fase, significa que…

— Vamos iniciar alguns exercícios de resistência. Você vai começar a praticar a sua lembrança muscular, os movimentos mais comuns da sua prática esportiva. Primeiro em um ambiente controlado, o laboratório, depois no ambiente real, quadras de basquete. — explicou.

— Eu vou entrar numa quadra? — perguntou surpreso. Bella assentiu.

— Sim, Edward, mas como disse, os exercícios combinados com os medicamentos, podem causar náusea, vertigem e até mesmo desmaios. — frisou.

— E quantas vezes isso aconteceu? — perguntou desafiante. — Canaan teve algum desses sintomas? — a médica negou com a cabeça, Edward sorriu enviesado. — Então dificilmente eu os terei. — falou convencido.

A médica encarou o fisioterapeuta que sorria divertido e depois o atleta.

— Cada organismo reage de uma forma. — falou cautelosa.

Edward deu de ombros, não se importando com a recomendação da médica.

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Depois de sair do centro ortopédico, Edward passou na farmácia para pegar os novos medicamentos e depois seguiu para o mercado, para comprar os ingredientes do jantar — que felizmente Bella confirmou, afirmando que estaria por volta das oito na casa do atleta —, passou em uma loja de vinhos e pegou um rosé, indicado pelo vendedor. Como tinha a intenção de deixar Bella o mais relaxada possível, para que ela respondesse positivamente às suas investidas, passou na confeitaria indicada por Jacob para pegar a sobremesa antes de pegar Claire na casa da mãe.

Infelizmente, a tartelete de merengue de limão não estava disponível, entretanto o tal bolo de chocolate do diabo estava disponível. A vendedora o olhou com uma cara do tipo: "eu sei que você está comprando isso para entrar nas calças de uma mulher", quando ele pediu três fatias. Com tudo em mãos, Edward passou na casa dos pais para pegar a sobrinha, que estava tão ansiosa quanto o jogador para ver a Dra. Isabella Swan.

Enquanto Edward preparava o Mac and Cheese, Claire pintava uns desenhos na mesinha de centro da sala, enquanto Frozen passava na televisão e ela cantava a plenos pulmões as músicas da animação. Ele cortava os vegetais para a salada, quando o interfone tocou, tirando Claire de seu lugar na sala e vindo correndo para a cozinha.

— É a Bella? — perguntou animada.

Edward sorriu para a sobrinha.

— Sim, Claire, ela chegou. — disse, mas antes que ele terminasse a frase a menina já corria para a porta de entrada para esperar a médica.

— Bella! — gritou a menina, assim que a médica saiu do elevador, correndo até onde ela estava. A mulher sorriu para a menina.

— Oi Claire Bear, eu também estou feliz em vê-la. — disse rindo, abraçando a garota.

— Achei que você não viesse mais. — confessou. Bella instantâneamente encarou Edward, que limitou-se a dar de ombros.

— Ela estava empolgada demais.

— Eu não seria capaz de perder esse Mac and Cheese tão famoso por nada nesse mundo! — disse para a menina com um sorriso. — Olá Edward. Você está se sentindo bem? O novo medicamento não te deu tontura ou ânsia? — perguntou preocupada.

— Dra. Swan, relaxa. Não vai me dar nada. — disse, fazendo um gesto de descaso com as mãos.

A médica fechou seus olhos em fenda, desconfiada.

— Qualquer mal estar você deve imediatamente deitar Edward, ou então, falar comigo. — pediu.

Ele assentiu com a cabeça desatento.

— O jantar está quase pronto, aceita uma taça de vinho? Tenho um rosé. — ofereceu. A médica, que tinha sua atenção voltada para Claire, assentiu agradecida.

O jantar realmente foi muito bom. Bella não sabia o que Edward colocava em seu macarrão, mas sem dúvida o Mac and Cheese do atleta era um dos melhores que já provara. O vinho gelado e a companhia, também eram fatores que deixavam a médica relaxada, pela primeira vez em muito tempo.

Após o jantar, quando Edward voltou à mesa com as fatias do melhor bolo de chocolate do mundo, pelo menos para Bella, ela praticamente estava pulando na cadeira. A cada garfada que ela dava, um gemido suave saia de seus lábios e Edward se via mais e mais hipnotizado. Claire, que também comia sua fatia, dizia que aquele sem dúvidas era o seu bolo favorito de todo o mundo.

Eventualmente, após o jantar tardio, Claire acabou adormecendo sobre o desenho que fazia para Bella, arrancando risadinhas dos adultos. Com um pedido de desculpas, o basqueteiro levou a sobrinha ao quarto de hóspedes, deixando a médica sozinha admirando seus inúmeros prêmios.

— Ela é uma bola de energia. — ele disse, voltando à sala.

— Ela é adorável, Edward. — sorriu, virando-se para ele. — Você será um pai incrível, um dia.

Ele sorriu enviesado.

— Claire é fácil de conviver, até mesmo porque não passo muito tempo com ela, não sei se isso irá se aplicar bem quando viver com uma criança 24 por 7. — riu e Bella o acompanhou.

— Quando for a hora, você vai ver que é instintivo. — disse suavemente. — De qualquer maneira o jantar estava delicioso. O melhor Mac and Cheese que já comi. — elogiou.

Edward sorriu.

— Você é sempre bem vinda, Bella. — falou suavemente.

A médica assentiu, bebendo o seu último gole de vinho.

— Eu devo ir, está ficando tarde. — murmurou Bella, levantando-se do sofá.

Edward com sua agilidade impressionante por causa de sua profissão, pegou a mão da morena, impedindo-a de se levantar. Bella arregalou os olhos surpresa, tanto com a atitude do atleta e quanto pelo choque que parecia correr por seu corpo.

— Bella… — ele sussurrou, aproximando-se da médica. Instintivamente, ela também se curvou para perto dele.

Edward sorriu, aquilo já era meio caminho andado.

— Edward? — perguntou incerta a morena, vendo os olhos verdes do atleta ligeiramente desfocados. Ele sorriu torto, balançando a cabeça.

— Bella — ele começou. —, eu sei que algo além de nossa relação profissional está acontecendo. Eu vejo a forma como você me encara, como se estivesse perdida em seu próprio mundo, e por mais bizarro que seja eu também me sinto assim. — ele sorriu torto, colocando uma mão no rosto da mulher com uma delicadeza ímpar.

“Desde que a vi pela primeira vez, algo em mim pareceu despertar… não sei bem dizer a sensação, mas era como se eu te conhecesse a vida toda. Naquele momento eu só tinha uma certeza: eu queria te conhecer pessoalmente, mais afundo. Não só por causa da sua beleza, porque Bella, você é linda, mas é mais do que isso… Você é inteligente, engraçada, consegue, de uma maneira que só minha família consegue, me fazer sentir normal.” — ele dizia aquele discurso com intensidade, mas seu olhar desfocado e sua fala lenta, apesar de estranhos, não preocuparam a médica, pelo menos não de início.

— Edward, eu-... — ela começou, mas foi interrompida pelo basqueteiro.

— Eu sei que meu histórico depõe contra mim. Eu sei que por anos eu vendi a figura do mulherengo, mas Bella, eu quero te conhecer melhor, eu quero estar com alguém como você! — e com isso, ele se curvou para tentar beijar a médica, que agilmente virou o rosto, fazendo os lábios do atleta tocarem sua bochecha. Com uma gentileza absurda, Bella afastou ligeiramente Edward com um sorriso.

— Olha Edward, eu me sinto lisonjeada por… hum… seus sentimentos. Mas eu sou sua médica, por mais que esteja rolando algo entre nós, nada pode acontecer enquanto você for meu paciente. É antiético, eu poderia ser punida pelo conselho de medicina, sem contar que poderia perder investimentos e até mesmo minha pesquisa poderia ser encerrada. — ela disse suavemente.

— Mas eu não serei seu paciente para sempre. — interveio ele com a voz embolada. Bella, apesar de surpresa com as palavras do basquetebolista, assim que viu sua feição, colocou sua postura de médica em jogo.

As pupilas de Edward estavam dilatadas, gotículas de suor juntavam-se em suas têmporas, ele passava a língua pelos lábios provando que estes estavam secos, seu olhar estava desfocado, e sua postura estava amolecida, como se estivesse se esforçando para se manter em pé.

— Edward, você está bem? — ela perguntou preocupada.

— Sim. — disse grogue. — Mas você não me respondeu... eu não serei seu paciente para sempre, será que eu tenho uma chance? — questionou, mas dessa vez seu corpo se curvou para frente e seus lábios se conectaram com os de Bella, pegando-a de surpresa. Ela rapidamente se afastou, levando-se do sofá. Seus olhos castanhos estavam arregalados de surpresa.

— Edward, eu sou sua médica. E mesmo depois que acabar o tratamento, por pelo menos por um ano, vou ter que acompanhar sua evolução. Não tem como a gente ter um relacionamento. — explicou com uma gentileza estrangeira.

O ruivo olhou decepcionado para a morena.

— Desculpe, se passei a impressão errada. — ela disse, pegando o casaco e a bolsa. — É melhor eu ir…

— Bella, você não precisa… — disse o atleta, levantando-se meio cambaleante do sofá. A médica o encarou confusa.

— Edward, você está bem? — tornou a perguntar.

— Não, Bella. Você acabou de me dar um toco. — disse com a voz arrastada. A médica, deixou suas coisas novamente sobre uma poltrona e aproximou-se do atleta.

— O que você está sentindo? — perguntou, assumindo a faceta profissional.

— Eu estou… — ele começou, mas inesperadamente caiu molemente e desacordado sobre o sofá.

— Merda! — exclamou Bella, pegando seu telefone e ligando para a emergência.

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*toco: Quando o jogador já acabou de subir na tentativa de arremesso, quer a bola ainda esteja nas mãos dele ou já esteja no ar, um adversário pode interceptar essa bola e terá um toco contabilizado.

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