Internamente Evans escrita por psc07


Capítulo 23
Capítulo Vinte e Dois


Notas iniciais do capítulo

Eu mal acredito que chegamos aqui. O último capítulo de nossa história, que eu comecei há tanto tempo porque não tinha nenhuma que me satisfizesse. Eu fico extremamente feliz de poder finalizar mais uma longfic, e mais ainda de ter tido a recepção maravilhosa que tive de todos vocês. Não foi fácil escrever nos últimos períodos da faculdade e ainda depois de formar, mas foi extremamente prazeroso.

Preciso agradecer a cada pessoa que tirou um tempinho para deixar qualquer comentário: esse é o alimento e o incentivo da fanfiqueira.

Tenho alguns extras planejados, mas não sei quando vou postar. Se quiserem, deixem a história favoritada para receber atualizações quando eu finalmente sentar e conseguir escrever!

Obrigada por lerem, obrigada por comentarem e obrigada por estarem presentes! Curtam o capítulo final de Internamente Evans e obrigada!!!



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De certo modo, Lily estivera certa.

Dra. McGonagall lhe chamara para falar sobre ela e James – a conversa só tinha sido diferente do que ela tinha esperado.

Se ela tinha entendido bem, a preceptora praticamente lhe dera carta branca para continuar com James. Mais do que isso, Lily sentira quase como se ela estivesse… incentivando.

O que era uma completa loucura.

Não existia nenhum motivo lógico para Dra. McGonagall fazer qualquer tipo de comentário que não fosse repreender.

Mas ela fizera (Lily sabia que não estava ficando louca), e… ela tinha que ouvir a preceptora, certo? No mínimo pensar a respeito, porque tudo que fora dito ia muito além de um possível relacionamento com James.

Então Lily decidiu manter para si o conteúdo da conversa. Não contou nem mesmo para as amigas quando chegou em casa. Era algo que ela tinha que refletir mais antes de compartilhar, mas em seu tempo livre. Nada de deixar interferir em sua vida acadêmica.

E foi isso que ela fez – como chegara mais tarde em casa, Tonks e Mary já tinham comido. Lily tomou banho e depois fez um miojo rapidamente, se enfiando na cama para dormir logo após escovar os dentes.

Quando Remus perguntou no dia seguinte como tinha sido a conversa, Lily disse que a preceptora só queria dar umas dicas – o que não era mentira de jeito algum, já que de certo modo ela recebera dicas de cunho pessoal e não profissional.

Ela se manteve quieta na enfermaria, como vinha fazendo, mas tentou participar mais das visitas – e foi bom. Ela gostava de entrar nas discussões, responder as perguntas dos preceptores, fazer ela mesma perguntas. Era o lugar dela.

Outro lado positivo foi um inesperado mal humor dos residentes que ela costumava tirar dúvidas alguns dias depois da conversa com Dra. McGonagall.

James ela sabia (imaginava) que tinha um bom motivo para não estar exatamente feliz – ela era, em parte, culpada por aquilo. Talvez as coisas não tivessem se resolvido muito bem com Dra. Jorkins também, Lily não fazia a menor ideia.

Enfim, James tinha motivos.

Sirius, ela aprendeu, simplesmente tinha dias de humor negro. James havia lhe dito isso quando estavam juntos. Era o jeito de Sirius, e Lily não achou estranho.

Mas o que lhe alertou foi Remus.

Remus não estava exatamente de mal humor, o que seria algo realmente chamativo. Ele estava… irritado e sério. Mais do que o comum. Ele parecia preocupado com alguma coisa, até quando Lily ia passar paciente.

E o que realmente fez Lily ter certeza de que havia algo errado eram os três juntos. Geralmente James e Sirius faziam piadas e Remus aturava com um sorriso exasperado. Mas eles estavam cochichando furiosamente entre si, discutindo algo seriamente.

Lily pensava nisso e comparava com a imagem de sua memória da primeira vez que viu o trio – e daí veio a certeza de que tinha alguma coisa a mais acontecendo.

Ela sabia que James seria quem falaria o problema mais facilmente enquanto pedia uma ajuda sobre o que fazer, mas naquele momento, ele não era uma opção muito viável.

Em seguida ela iria para Sirius, que ela sabia que precisaria cutucar algumas vezes mas depois ele iria falar bastante enquanto fazia seu drama habitual. Sirius nunca perderia uma oportunidade de fazer drama.

Por fim, ela iria para Remus; ele seria o último porque Lily sabia que ele era mais reservado. Apenas por isso. Além de que ele com certeza iria se culpar por alguma coisa, que era o charme dele.

Mas o único dos três que Lily viu sozinho por dois dias inteiros foi James. Sirius e Remus estavam sempre juntos, e ela não queria se aproximar enquanto eles conversavam – ela queria saber como amiga, para ajudar, mas não queria bisbilhotar.

Já não bastava o que ela já havia entreouvido vindo de um desses três e tudo que veio daí.

Ela esperou esses dois dias até a solução vir à sua mente: Remus podia não estar sozinho no hospital, mas ele tinha uma extensão que Lily sabia que poderia ajudar.

Ela se condenou por ter demorado tanto em pensar nisso – essa extensão não tinha apenas o dedo dela, tinha a mão inteira, e ela definitivamente iria explorar a possibilidade.

Assim que possível.

—Tonks! – Lily exclamou assim que chegou em casa. Era um dos raros dias de semana em que todas almoçavam no apartamento.

—Na cozinha! Terminando o almoço!

Lily sorriu. Quando a garota fora morar com elas, essa frase seria motivo de preocupação. Hoje, o cheiro que invadia a casa lhe garantia que Tonks ir para a casa delas tinha sido positivo para a caloura.

Ela e Marlene foram tomar banho enquanto a comida não ficava pronta. Quando terminaram, a mesa estava posta e Mary e Tonks esperavam por elas.

—Queria falar algo, Lily? – Tonks perguntou enquanto colocava suco em seu copo.

—Ah, sim. Se não puder falar, tudo bem. É só que os meninos estão agindo bem… eles estão meio estranhos. Calados. Tem dois dias que Sirius não faz nenhuma piada sequer – Lily contou. Tonks fez uma careta – Não precisa falar, sério. Eu só fiquei preocupada e não quis perguntar diretamente.

Tonks mordeu o lábio inferior.

—Eu também percebi isso – Marlene comentou – Até James, que é feliz de modo geral, estava com um humor bem pra baixo.

Tonks grunhiu.

—Eu odeio vocês, mas eu vou falar. Peter não está mais morando na casa dos meninos – Ela revelou.

As outras três olharam imediatamente para Tonks, boquiabertas e o choque evidente.

—O que houve? – Lily perguntou imediatamente. Peter não tinha namorada para ir morar junto, nem outro grupo de amigos que ela conhecesse. Ele não pagava quase nada pelo apartamento de James. Ela não conseguia achar um motivo plausível.

—Peter e James brigaram feio – Tonks revelou. As garotas arfaram, ainda levemente descrentes – Do tipo, muito feio, como eles nunca tinham brigado antes. Nenhum deles, na verdade.

—Mas por que eles brigaram? – Marlene tinha comida no garfo, mas a história não lhe deixava comer. Tonks fez mais uma careta, e olhou de relance para Lily antes de suspirar.

—Bem, tudo começou aparentemente num plantão? – Tonks contou – Vocês duas sabem melhor do que eu que existe uma rixa entre a cirurgia geral e a ortopedia, certo? Então, aparentemente teve um plantão que a cirurgia geral encheu a ortopedia de pacientes ou algo assim? Daí os residentes da ortopedia foram reclamar com os da cirurgia, teve uma briga, e Peter se absteve, porque eram os colegas dele contra os amigos dele, o que é totalmente normal.

—Eu estava nesse dia! A gente estava nesse dia! – Lily exclamou – Os residentes da ortopedia estavam muito irritados para o que estava acontecendo.

—Bem, eles acharam que estavam corretos, e pressionaram Peter por posicionamento depois, e ficaram enchendo o saco dele, querendo saber alguma coisa do pessoal da cirurgia até que Peter não conseguiu mais segurar e bem… ele contou sobre você e James, Lily.

Lily não viu a reação das amigas, porque estava muito chocada para prestar atenção no resto; ela sequer percebeu sua boca se abrindo.

—Peter? Ele fez o quê?! – Lily balbuciou.

—Ele contou para os colegas, e os colegas espalharam para o hospital, e foi assim que todo mundo ficou sabendo. Eles provocaram Snape e falaram isso, e foi por isso que Snape sabia tudo para falar o que falou pra você. E todo o hospital na verdade.

Lily estava sem palavras. Ela nunca imaginou que Peter teria sido a pessoa a falar sobre o relacionamento dela com James.

—E como James descobriu? – Mary instigou.

—Aí é que tá. Bertha Jorkins – Tonks disse. Lily não conseguia acompanhar tudo – Segundo Rem, depois que você saiu do banheiro naquela conversa entreouvida, ela falou que tinha sido Peter a espalhar. James não acreditou e nem ligou, mas ela continuou tentando voltar com ele. E James mencionou para Sirius que ela estava tentando jogar James contra os amigos de novo, que tinha dito isso para ele e tudo.

"Sirius disse que era o tipo de coisa que ela fazia e que Peter nunca faria isso. Mas Peter aparentemente ouviu essa parte da conversa, e ficou nervoso e perguntou como James tinha descoberto, e James percebeu que era verdade e eles começaram a brigar. Peter falou que estava decepcionado que James estava deixando uma garota que nem queria ficar com ele atrapalhar a amizade dos dois desse jeito, e James… bem, ele surtou e a briga ficou feia, e Remus disse que ficou com medo de virar físico ou algo assim."

A cabeça de Lily estava girando. Isso não podia ser sério. Eles quatro eram os melhores amigos que podiam existir, e agora brigando por causa dela. Isso não… isso era terrível.

—Eles foram dormir – Tonks continuou – Todos de cabeça quente, claro. Sirius ficou tão ofendido quanto James, e Remus também ficou extremamente decepcionado, mas ele é mais calmo que os outros dois. Saíram pro hospital sem falar com Peter, e quando chegaram em casa, ele tinha se mudado. O quarto estava vazio. Sem nada mais de Peter. Só o rastro de gesso.

—Ele não falou que estava saindo? Ele só… saiu? – Marlene perguntou.

—Sim! Os outros três estão sem ter certeza do que fazer, porque estão extremamente chateados com Peter por motivos óbvios, mas… eles nem sabem onde Peter está morando – Tonks disse – Bem, James não está assim sem ter certeza do que fazer. Ele está puto da vida.

—E quem vai dizer que está errado? – Mary perguntou, voltando a comer.

—Ninguém – Tonks concordou – Mesmo que estivesse errado, ninguém falaria nada. Rem disse que nunca viu James tão mal-humorado.

As outras três continuaram a comentar o assunto durante o almoço, mas Lily ficou completamente calada, pensando no que tinha Tonks relatara.

A ideia dessa briga tão séria por causa dela deixava a garota se sentindo… desconfortável, no mínimo. Mas ela sentia um aperto no peito, que não precisava ser muito inteligente para identificar como culpa.

E sim, ela estava lidando com sentimentos reprimidos, mas esse ela tinha como no mínimo aliviar. Porque essa situação toda por causa dela era insustentável.

Mesmo que ela tivesse que falar com James direta e separadamente, ela iria tentar resolver.

Isso estava na cabeça da garota no dia seguinte no hospital. Ela terminou de passar seus pacientes como sempre, observando James de soslaio, disfarçando o melhor possível (as fofocas ainda circulando).

O melhor seria, claro, não falar com ele no hospital, mas Lily definitivamente não queria ligar para James para marcar um lugar ou algo do tipo. Então ela tinha um outro plano, e para esse plano funcionar, ela precisaria ficar de olho em James.

Especialmente na hora que ele estivesse saindo, como era aquele momento. Discretamente, Lily pegou suas coisas e o seguiu de longe. Remus e Sirius ficariam no hospital, assim como Marlene, o que era melhor ainda para o que ela queria fazer.

Enquanto James esperava o elevador chegar, Lily fingia olhar alguma coisa no celular. Quando ele entrou no elevador, ela correu pelas escadas, para garantir que estaria no térreo quando James chegasse. Ela pegou o telefone para usar com distração enquanto andava vagarosamente.

Mas ela sabia reconhecer James passando ao seu lado, e quando o reconheceu, apressou a caminhada para acompanhá-lo.

—Hey, James – Ela cumprimentou. James olhou para o lado, e lhe ofereceu um pequeno sorriso.

—Lily – Ele replicou. A garota imediatamente discordou de uma parte da história de Tonks; James não estava apenas puto, ele estava triste.

E Lily absolutamente odiava vê-lo assim.

—Hum, se importa de… trocarmos uma ideia?

Trocar uma ideia? Que coisa mais estúpida de se dizer!

James parecia concordar um pouco, porque seu sorrisinho de canto aumentou um pouco enquanto o sangue invadia o rosto de Lily.

—Você sabe que não me importo – James falou – Alguma dúvida de algum paciente?

Lily não respondeu de imediato; eles passaram pela portaria, ambos acenando com a cabeça.

—Não exatamente – Ela finalmente disse, hesitando de leve. James ergueu as sobrancelhas e olhou para ela.

—Agora estou curioso – Ele brincou, diminuindo o passo.

—Uh… então. Um passarinho me contou umas coisas – Ela começou, mordendo o lábio inferior. James parou de andar já dentro do estacionamento dos residentes, então ela fez o mesmo.

—Um passarinho? De penugem rosa, talvez? – Ele questionou, cruzando os braços.

—Ah, talvez? Não fica chateado com Tonks. Eu só perguntei porque fiquei preocupada com vocês – Lily pediu.

—Por que preocupada?

—Você tá brincando, né? Eu nunca te vi sem sorrir por tanto tempo, e Sirius manteve todos os sons abaixo de 50 decibeis. Obviamente tinha acontecido alguma coisa. E eu perguntei, como amiga.

James suspirou e bagunçou o cabelo cansadamente.

—Lily, eu não te falei porque…

—Não importa o motivo – Lily cortou, sacudindo a cabeça – Você não tinha que me contar nada, James.

Os olhos dele diziam que não era questão de obrigação, mas Lily ignorou a expressividade por detrás das lentes redondas.

—Então…?

—Eu fico… olha nem sei direito qual é a palavra – Ela admitiu com um riso fraco – Honrada? Não sei, mas vamos dizer que seja a palavra certa. Eu fico honrada por você ter me… defendido, defendido minha honra, ou algo assim. Mas por tudo que é mais sagrado, você já brigou demais com Snape por minha causa. Não brigue com seus amigos também.

James franziu a testa, e sorriu levemente.

—Eu não briguei com Peter por sua causa. A coisa foi mais profunda.

—Não precisa fazer isso, James, sério.

—Eu não sei do que você está falando. Eu estou dizendo a verdade – James supirou mais uma vez – Eu pedi para os três pra não falar pra absolutamente ninguém sobre nosso relacionamento, Lily. Eu explicitamente disse que era de extrema importância que ninguém no hospital ficasse sabendo. E Peter simplesmente falou para pessoas do hospital. Ele quebrou minha confiança absurdamente, e honestamente… eu me senti traído por Rabicho.

—Oh – Lily disse simplesmente e depois soltou outra risada forçada – Bem, me sinto uma perfeita idiota arrogante agora.

—Claro, também foi sobre você – James continuou – Porque a traição dele me fez perder o melhor relacionamento da minha vida, e isso definitivamente é muito difícil de engolir. E ele sabe que o que ele fez foi baixo, tanto que se mudou.

Lily tentou sorrir, mas sabia que seu rosto estava mais parecido com uma careta do que qualquer outra coisa.

—Não deixe Sirius ouvir você falar isso ou vai ficar com ciúme. Ele tem certeza que o melhor relacionamento de sua vida é com ele – Ela brincou, tentando clarear o ar. James sorriu.

—Nosso segredo – Ele disse. Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, se olhando, até James limpar a garganta – Então… uh… tudo certo com você?

Dessa vez o sorriso de Lily foi mais verdadeiro.

—Quando um interno vai admitir que está tudo bem, James? – Ela rebateu, fazendo ele rir – Na medida do possível, sim. Você? Ah. Espera. Pergunta idiota – James riu de novo enquanto Lily corava.

—Na medida do possível, sim.

Eles se olharam por mais alguns segundos e o sorriso de James aumentou.

—Ahh, Lily. Eu não acredito que você veio defender o cara que contou seu segredo pro hospital – Ele comentou. Lily mordeu o lábio inferior.

—Não foi exatamente isso. Eu também estou chateada com Peter. Mas eu sei o quanto seus amigos são importantes para você, e não queria me meter nisso.

James riu de novo.

—Você vai me matar, Evans. Honestamente.

—Uh? Desculpe?

Ele sacudiu a cabeça em negação.

—Não é culpa sua, Lil. Você não pode evitar ser exatamente quem você é. O problema é que quem você é… – Ele riu – Eu não vou falar nada mais em respeito ao nosso acordo de amizade.

Lily mordeu o lábio inferior.

—Então eu deveria ir… certo?

James assentiu e Lily acenou, virando de costas e saindo do estacionamento do hospital em direção à rua lateral onde estava estacionado seu carro.

Ela desconfiava levemente o que James estava prestes a falar, então… sim, era melhor, pelo bem da amizade deles que James não tivesse dito.

Mas a realidade é que Lily sentia que dificilmente eles teriam uma amizade normal depois de tudo. E ela comentou isso com Marlene quando a amiga chegou em casa. Elas estavam deitadas na cama de Lily.

—Eu estraguei tudo quando fiquei com James, Lene. Antes de tudo o clima era tão bom! E agora Peter saiu de casa!

—Primeiro de tudo: você não estragou nada ao ficar com James, Lily. Uns beijinhos não mudam nada, acredite em mim – Marlene disse, e tinha alguma coisa no tom dela… – O problema de vocês forem ter se apaixonado, e isso sim complica tudo.

Marlene continuou falando, mas Lily ainda estava travada no que tinha de estranho na voz da amiga.

—E pelo amor de Deus, Peter foi o culpado por ele ter saído de casa, porque ele simplesmente contou algo que James explicitamente tinha pedido para não falar. Então desencana.

—Marlene, o que exatamente você quis com "acredite em mim"? – Foi a resposta de Lily.

—Isso que lhe chamou a atenção? – Marlene questionou, cruzando os braços.

—No momento, sim.

A morena suspirou.

—Ugh, tá. Eu posso ou não ter beijado Sirius depois que você e James admitiram que estavam juntos.

Lily arregalou os olhos e sentou na cama rapidamente.

—Marlene!

—O quê?! Você também não me contou quando ficou com James! – Marlene replicou – Eu descobri usando minha inteligência!

—Tá, que seja! E… fala!

Marlene suspirou.

—O infeliz beija muito bem. É injusto ser tão bonito e ainda beijar daquele jeito. Eu vou ter que assumir que ele transa mal.

Lily ergueu as sobrancelhas.

—Estou surpresa que ainda não descobriu. Mas não deve demorar, certo?

Marlene fez uma careta.

—Do que você está falando?

—Não é com ele que você tem saído escondido? – Lily perguntou, agora confusa.

—Hum, na verdade, não. A gente só se beijou uma vez.

—Então quem é?

—Você tem que prometer não falar pra ninguém, Lily.

—Claro, Lene.

—Nem mesmo pra Mary ainda – Marlene disse e Lily assentiu – Estou saindo com Emme.

—Emme… Emmeline Vance? Nossa colega Emme?

Marlene confirmou e Lily ergueu as sobrancelhas.

—Eu não sabia que Emme gostava de garotas – Lily falou por fim.

—Nem ela, na verdade – Marlene disse, sorrindo levemente – Por isso que não falei pra ninguém. Ela ainda está meio insegura? Não quer falar diretamente por enquanto. Por isso, não fofoca, Evans.

—Não vou falar, juro.

Marlene sorriu um pouco mais e Lily imitou a amiga.

—Você gosta dela. Tipo, um bocado – Lily falou. Marlene deu de ombros.

—Talvez. Vamos ver no que dá. Não quero pressionar a garota nem nada disso.

Algumas imagens de Marlene e Emmeline conversando e rindo na enfermaria nos últimos dias invadiram a mente de Lily, e a ruiva sorriu mais ainda, voltando a deitar ao lado da amiga e segurando a mão dela firmemente.

—Fico feliz que você está feliz, Lene. Quando ela estiver ok em falar me avisa pra eu dar um super abraço nas duas – Lily pediu e Marlene assentiu rindo.

Amizade para elas era estar presente nos momentos difíceis, sim. Mas os momentos felizes ficavam ainda melhores com a companhia certa.

***

A sugestão de Marlene ficou na cabeça de Lily o resto da noite, e durante a manhã seguinte também. Ela tentou não ficar olhando para Marlene e Emmeline, para não levantar nenhum tipo de suspeita.

Lily ficaria na enfermaria pela tarde, dessa vez com Caradoc (Emmeline daria uma carona para Marlene). Dra. McGonagall direcionou três perguntas para Lily durante a visita, lhe oferecendo um raro sorriso quando ela respondeu corretamente.

James parecia menos… irritado do que no dia anterior, assim como Remus e Sirius. Ela gostava de pensar que a conversa do dia anterior tinha ajudado, mas não tinha como ter certeza – e ela tampouco queria perguntar.

Mas o sorriso que ela deu ao cumprimentá-los foi maior.

Ela foi almoçar sozinha, como tinha feito nos últimos dias, mas percebeu Alice numa mesa e foi sentar ao lado dela.

—Lily! – Alice cumprimentou animadamente.

—Hey, Alice.

—Quanto tempo, ein?

—Nossas escalas não cruzaram mais – Lily replicou – Mas me conte sobre o noivado!

Os olhos de Alice brilharam, e ela falou sobre tudo que acontecera desde o churrasco dos residentes quando Frank pedira Alice em casamento: agradeceu pelas fotos que Lily tirara, a preparação deles para contar para a mãe de Frank, que foi muito pior que contar para os pais dela.

—Ainda não estamos escolhendo datas, porque nós dois já tiramos férias no R2, e ele vai fazer a especialização depois e não sabe quando vai ser as férias – Alice disse – Mas estamos procurando lugares.

—Isso é ótimo, Alice! Aquele pedido foi tão bonito!

—E você não sabe – Alice disse revirando os olhos – Ele tinha planejado uma coisa completamente diferente. A gente ia sair de noite depois do churrasco, e ele tinha tudo planejado. Tinha um caminho de luzes e flores e tudo, e ele ia pedir lá. Mas ele simplesmente…

Lily sorriu de volta para Alice.

—Ele simplesmente teve que pedir lá porque não aguentou mais esperar – Alice completou.

Era claro no rosto de Alice o quanto ela e Frank se amavam, e quanto esse casamento seria cheio de alegria.

Então Lily percebeu que tinha alguém que talvez entendesse um pouco da situação que ela se metera.

—Alice, posso conversar com você? – Lily perguntou, hesitantemente – Tipo, em algum lugar mais… calmo?

Alice sorriu de leve e assentiu.

—Não tem ninguém no conforto da pediatria. Podemos ir lá enquanto não dá a hora de você ir pra sua enfermaria.

Elas foram para o andar da pediatria e Alice abriu a porta do conforto para as duas, indicando uma das camas para Lily. A ruiva suspirou.

—Então você provavelmente já sabe que… hum… eu e James…

—Sim – Alice confirmou – Ouvi rumores, depois Frank confirmou quando aparentemente vocês terminaram?

Lily suspirou.

—Ok, eu consigo ver vocês dois juntos – Alice disse – Qualquer pessoa que ficou com vocês por mais de dois minutos consegue ver isso. Ainda mais a gente que conhece James há mais tempo. O que eu não entendo direito, porque isso ele não falou, é porque vocês não estão mais juntos.

Lily contou o que aconteceu na fatídica sexta-feira, e todos os receios que ela tinha com esse tipo de relacionamento.

—E eu queria conversar com você porque você e Frank trabalham juntos e vão casar e tudo mais.

Alice sorriu.

—As situações são diferentes, Lily. Os comentários de Snape foram incrivelmente ridículos, e eu fico impressionada em como James não deu um soco nele.

—Eu não falei pra James – Lily confessou com uma careta – Não queria que James tivesse essa reação que sabemos que ele teria.

—Esperta – Alice disse rindo – Mas sim, situações diferentes, porque eu e Frank entramos na residência já namorando, e não temos essa relação de hierarquia. Mas nós evitamos pegar casos juntos quando ele rodou na cirurgia pediátrica.

Alice deitou a cabeça de lado.

—Sabe Caradoc? O R1?

—Sei, ele é ótimo.

—Ele é – Alice concordou – Ele está namorando com um outro residente. Eles se conheceram aqui no hospital, então foi muito falatório. Você sabe como esse ambiente médico é homofóbico, principalmente o cirúrgico porque tem tudo aquilo de "homem forte" e blá blá blá. E pra piorar, o namorado dele é da clínica médica.

—Eu não fazia a menor ideia – Lily disse.

—Eles se esforçam para se manterem discretos – Alice explicou – Por causa de tudo envolvido. Eles sofreram muito no início, mas acharam que valia a pena.

Lily fez uma careta.

—Não estou dizendo que porque você decidiu que era melhor não ficarem juntos por um motivo que honestamente é um bom motivo, você não se importa com James. Pelo que eu lhe conheci nessas últimas semanas, avaliando a situação, você se importa demais.

—Que tipo de conselho é esse, Alice? – Lily gemeu – Eu já sei o quanto eu me importo com ele!

Alice riu.

—Você pediu para conversar, não para lhe dar um conselho! – Ela exclamou e Lily riu.

—Obrigada de qualquer modo, Alice. Eu tenho que voltar.

Alice abraçou Lily firmemente, e Lily saiu do conforto. Curiosamente, ela esticou o pescoço para o espaço de brinquedoteca para ver as crianças ali e tentar entender um pouco do amor absurdo de Alice.

E, maldito seja esse tal de destino, James estava lá.

Lily não tinha outra escolha a não ser parar e observar enquanto James, sem jaleco, sentava no sofá com duas crianças ao seu lado, e uma em frente. Ele estava com um livro na mão, e contava uma história animadamente enquanto os pequenos riam alegremente.

Um deles tirou os óculos de James, que fingiu dor extrema enquanto as crianças gargalhavam ainda mais.

Então Lily saiu antes que não conseguisse mais sair. Como ela dissera para Alice, ela sabia exatamente o quanto ela se importava com James, e não precisava de mais momentos para fortalecer o sentimento.

Ela precisava da tarde cheia de avaliações com Caradoc para tirar a mente dela de tudo – e ela ficou se perguntando se o namorado dele era um dos residentes de Clínica Médica que eles viram durante algumas das avaliações.

Era, claro, só uma distração, porque depois de falar com tantas pessoas sobre o assunto (Marlene, Mary, Tonks, Alice e até Dra. McGonagall!) ela finalmente sabia quem com certeza lhe daria um bom conselho.

Mas ela precisava chegar em casa antes. E tomar um bom banho. E comer era bom também.

Quando eram oito e meia ela achou seguro ligar.

Lily, filha! Que saudade!

—Oi, mãe – Ela respondeu, já sorrindo – Também estou.

Seu pai está jogando tênis, querida.

—Eu sei, mãe, eu queria falar com você mesmo.

Oh – Sua mãe disse – Claro. Pode falar.

—Se estar com papai fosse arriscar o futuro de sua carreira dos sonhos, você teria ficado com ele do mesmo jeito?

Lily sentia as voltas que seu estômago estava dando piorarem com o silêncio de sua mãe.

Aconteceu alguma coisa, Lily?

—Uh. Eu fiquei curiosa?

Se eu lhe responder, você vai me contar o que está acontecendo?

—Sim, sim.

Sua mãe suspirou.

Se fosse seu pai, sim. Eu ainda assim teria ficado com ele.

Lily prendeu o ar. Ela sabia que sua mãe amava sua profissão, então ouvir aquilo significava alguma coisa.

Vai me contar agora?

—Eu posso ou não ter me envolvido com um residente da cirurgia – Lily disse numa só lufada de ar – E isso já vazou no hospital, mas eu tenho muito receio que isso vá me prejudicar no futuro, mãe. Porque você sabe que é mais complicado, e quando vazou duvidaram da minha capacidade, e fico pensando se isso continuar a acontecer, pode me prejudicar.

Sua mãe fez silêncio de novo.

—Bom, é um excelente motivo pra não ter esse relacionamento, filha – Ela disse, hesitando – Mas eu não pude deixar de notar que você perguntou especificamente se fosse seu pai. O que me faz pensar que talvez você… goste bastante desse residente.

Foi a vez de Lily fazer silêncio.

—Talvez eu goste demais. Mas a incerteza, mãe…

Ah, Lily. Você tem certeza, sem se envolver com ele, que vai ser levada a sério e tudo mais? Certeza absoluta? Não confiança. Certeza?

—Não.

É aquele que tava no dia que você se machucou? Ele é muito bonito!

Lily revirou os olhos. Claro que sua mãe ia se lembrar da beleza de James.

—Então você está me dizendo pra seguir meu coração e esse tipo de coisa? – Lily perguntou, franzindo o cenho. Sua mãe riu.

Uma vez sua amiga Marlene disse algo que me marcou muito. Ela disse que ficava chateada quando relacionavam coração com emoções, porque as emoções são neurotransmissores ou algo do tipo, então o órgão responsável é o cérebro. Eu gostei dessa noção, principalmente pra você, filha. Não é o cérebro versus o coração. É o cérebro sempre no controle. Ele que sente, ele que pensa. Ele que decide. Então, não, Lily. Não siga seu coração. Siga seu cérebro.

***

Lily passara a noite quase inteira lendo depois de ter desligado o telefone com sua mãe. Considerando o que ela estava planejando, talvez três horas de sono não fosse o ideal.

Mas ela precisava ter lido tanto, para ter certeza do que faria. Absoluta

E agora ela precisava que Sirius respondesse a maldita mensagem. Ela já estava no hospital, na sala de prescrição, e ele não tinha respondido a maldita mensagem.

Não tinha problema. Ela tinha a manhã toda.

Seria bom para acalmar o coração dela que ele respondesse tipo… logo.

Ela foi ver os pacientes, ficou conversando um pouco com eles, e quando ela voltou para fazer a evolução no computador, o celular continuou quieto.

—O que você está aprontando?

Lily se virou para trás com um pequeno sorriso.

—Precisa mesmo que eu lhe explique o que estou aprontando?

—Preciso ter certeza que suas intenções são puras – Sirius corrigiu, de braços cruzados e cenho franzido. Lily ergueu uma sobrancelha – Você entendeu.

—Juro.

—Ok. Sim, sua mensagem está correta. Já falei com Remus.

Lily sorriu.

—Precisa de ajuda? – Sirius ofereceu.

—Nope. Já tenho tudo em mente.

Sirius sorriu de volta, estreitando os olhos antes de procurar o interno que estava com seu paciente novo.

A manhã passou voando para Lily. Ela estava tão ansiosa para que tudo desse certo que mal prestou atenção na visita. Seus olhos desviavam do seu caderninho, sem anotações pela primeira vez desde o início do internato, para James. Ele estava extremamente concentrado no que Moody dizia, e Lily não tinha como impedir o movimento de seus olhos.

Ele tinha cortado o cabelo? Ele era realmente tão bonito assim? Ela estava projetando seus sentimentos na visão?

Marlene percebeu a distração de Lily e comentou no caminho de volta. A ruiva, meio hesitante, contou o que pretendia fazer.

Marlene sorriu e juntou as mãos, fazendo uma prece em agradecimento para o céu.

—Finalmente.

A tarde, por sua vez, passou arrastada. Ela já tinha tudo organizado (que não era muita coisa), e só esperava a hora certa.

Talvez ela tivesse saído de casa cedo demais, mas tinha gente lhe fazendo companhia pelo menos.

Perto das 19h, Sirius foi para o plantão e Remus se encontrar com Tonks, deixando Lily sozinha com uma taça de vinho.

Ela encarava o relógio de minuto em minuto, mas o tempo parecia estar congelado. Ela teve que encher a sua taça mais uma vez.

Finalmente, finalmente, a porta se abriu. Lily suspirou nervosamente, e apoiou a taça na mesa, sentindo seu coração acelerado (o cérebro podia até sentir de verdade, mas eram outros órgãos que manifestavam).

—Remus! Espero que tenha comida porque estou faminto! Não consegui parar pra comer hora nenhuma! Se não tiver, vamos pedir uma piz– oh.

Lily sorriu.

—Oi, James.

O garoto piscou os olhos lentamente. Ele estava na porta da cozinha, a mochila em uma das mãos já tocando uma cadeira da sala mais próxima. Ele parecia estar em um tipo de transe ao ver Lily na cozinha da casa dele.

—Lil, o que… aconteceu alguma coisa? Tá tudo bem? – Ele perguntou, soltando a mochila de vez e se aproximando lentamente.

—Nada aconteceu. De ruim, quero dizer. Eu só queria falar com você. Se você quiser, claro.

—Óbvio que quero – Ele respondeu imediatamente, consertando os óculos e dando mais um passo à frente.

—Uh, não tem comida ainda, mas tem potencial. Você quer comer logo? Você disse que estava faminto… – Lily sugeriu, mas James sacudiu a cabeça imediatamente.

—Podemos conversar antes, Lil.

A garota assentiu e pegou os papéis que estavam escondidos atrás dela, depositando os dois na mesa, no meio do caminho entre eles.

—O que é isso? – Ele questionou, mas não desviou os olhos dela.

—Manuais da sua residência e do meu internato.

James ergueu as sobrancelhas.

—Eu li os dois inteiramente. Duas vezes. Não tem em lugar nenhum nada falando sobre relacionamento entre residentes e internos – Lily falou.

—Eu suspeitava que não.

Lily deu uma risada nervosa, se aproximando de James.

—Eu… desculpe, James – Ela pediu, olhando intensamente para os olhos dele – Eu sinto que só fiz besteira no nosso relacionamento.

James negava com a cabeça, pronto para interromper, mas Lily cobriu a boca dele com as mãos.

—Eu só olhei para meu lado. Sobre como me afetaria, sendo que pegaria super mal pra você também. E isso foi muito egoísta de minha parte.

—Eu não me importava – Ele murmurou – Não me importa se fosse pegar mal pra mim, Lil.

—Eu sei disso. Por isso mesmo que o que eu fiz fica pior. A verdade é que eu surtei. E fiz uma tempestade num copo d'água. E eu conversei com algumas pessoas que me fizeram perceber isso.

—Algumas pessoas? – Ele perguntou, segurando as mãos de Lily e, depois de depositar um beijo em cada, posicionou ambas, ainda nas suas, exatamente acima do coração dele.

—Não sei se vai acreditar, mas McGonagall foi uma delas.

James ergueu as sobrancelhas.

—É difícil mesmo de imaginar.

Lily sorriu e suspirou.

—James, me desculpe. Eu não deveria ter feito aquilo, não como eu fiz. A verdade é que – Ela suspirou de novo, apertando a mão dele – a verdade é que eu nunca me senti desse jeito por ninguém. Eu nunca amei ninguém como eu te amo. E qualquer risco que eu talvez corra não é o suficiente pra eu não querer fazer isso.

James começou a sorrir.

—Você me ama?

—Absurdamente – Lily confirmou – Não sou tão boa com palavras quanto você, mas o sentimento é o mesmo, prometo.

James riu.

—Você me ama. Então isso… você quer voltar, é isso?

—Se você me aceitar de volta depois de… tudo. Sim. Desesperadamente, James.

Ele sorriu e soltou uma de suas mãos, levando-a ao rosto de Lily; o dorso dos dedos fizeram uma leve carícia na bochecha dela, e em seguida ele a puxou pelo pescoço para beijá-la lentamente.

Um beijo para Lily que gritava saudade, cheio do sentimento que eles compartilhavam agora explicitamente. Mas ela ainda precisava falar mais, então se afastou mesmo sob protestos de James.

—Eu percebi que a vida é mais do que só a carreira dos sonhos. Não adianta nada chegar onde eu quero e não ter ninguém pra celebrar comigo – Ela disse. James ainda não tinha parado de sorrir – E eu quer dividir tudo com você, James. O bom e o ruim.

—Muito sábio para uma interna – Ele brincou – Mas eu sempre soube que minha namorada era acima da média.

—Ah. Não cheguei a essa conclusão sozinha. McGonagall é minha ídola por mais de um motivo – Ela disse, fazendo James rir – E sobre isso de namorada.

Ele ergueu uma sobrancelha.

—Eu quero mais do que tudo voltar com você, James. Mas eu tenho três pedidos muito importantes. E eu sei que deveria ser você a ter pedidos mas…

—Você é o único pedido que eu faria, Lil.

Ela sorriu e corou.

—Primeiro: nada de segurar mãos, favoritismo ou demonstração de afeto no hospital – Ela disse e James assentiu – Segunda-feira nós vamos para Moody para oficializar isso. Eu vou pedir para não pegar casos com você, para nem ter dúvidas sobre nada.

—Mas aí você voltaria a dividir pacientes com Snape – James contrapôs, franzindo o cenho.

—Um pequeno preço a pagar. Snape não me preocupa nenhum pouco no momento. Segundo: se você for fazer alguma declaração sobre a minha pessoa, tem que fazer para mim, não pra sua ex no vestiário feminino.

—Lily, sobre aquele dia–

—Não precisa falar nada. De verdade. Só quero, sabe, minhas declarações pra mim.

James riu e segurou o rosto de Lily com as mãos.

—Lily Evans. Você entrou na minha vida de surpresa. Eu não esperava isso. Não estava procurando por um relacionamento. Mas ainda assim fui agraciado com o amor da minha vida. Você faz todos os meus dias terem um brilho diferente. Você me faz acordar sorrindo e dormir sorrindo só de pensar que eu posso fazer parte da sua vida. E agora que eu sei que você me ama, o sorriso vai ficar em todos os outros momentos do dia. Se você achou que Halsted amava Caroline… se prepare, Lily Evans. Eu posso não revolucionar o mundo médico, mas me contento em lhe amar mais do que qualquer outra pessoa na história.

Lily sorriu abertamente. Ele sabia que ela reconheceria a história das Luvas do Amor, de mais de um século atrás: a recém descoberta fórmula do fenol, usada para esterilizar as mãos e materiais cirúrgicos da época, causava reações fortíssimas na pele de Caroline, enfermeira e auxiliar do famoso e importante cirurgião Halsted. Com isso, ela teria que abandonar a profissão e voltar para sua cidade. Halsted, que já estava apaixonado por Caroline, encomendou um par de luvas plásticas finas, que protegeria as mãos de Caroline e não prejudicaria a cirurgia.

Meses depois, eles se casaram, e as Luvas do Amor originaram as luvas cirúrgicas atuais.

Lily amava essa história – como não acreditar em amor na medicina com esse exemplo?!

E se James prometia amá-la a esse ponto… ela não ia negar, certo?

Foi a vez dela de puxar James para baixo para um beijo rápido.

—Terceiro! – Ela disse, ofegando, quando James parecia mais interessado em puxá-la mais para perto do corpo dele.

—Eu faço que quer que seja – Ele murmurou no ouvido da garota, mordendo o lóbulo da orelha e depois beijando o local carinhosamente.

—Terceiro! Amanhã é sábado, nenhum de nós tem que ir pro hospital – Lily disse e James se afastou para olhá-la melhor – Eu vou fazer jantar para a gente, a gente vai passar a noite no seu quarto. Eu vou fazer xixi depois. A gente vai dormir tão junto que vai ser desconfortável, e ainda assim não vamos nos mexer. E amanhã…

James ergueu uma sobrancelha. Lily sorriu.

—Amanhã, você vai me levar café na cama.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez muito obrigada e até a próxima!



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