Internamente Evans escrita por psc07


Capítulo 15
Capítulo Catorze


Notas iniciais do capítulo

Promessa é dívida, bebê, e cá estou eu cumprindo a minha! Prometi que, caso o tema "E Se...?" fosse o ganhador na votação do twitter do jilytober 2020, hoje teríamos dois capítulos e bem.... segundo capítulo!

E posso falar? Esse aqui é um capítulo bastante especial pra mim.........

Espero que seja para vocês também!

Digam o que estão achando, o que pode melhorar, o que estão gostando!

Também estou no twitter (@psc_07_) e super aberta a conversar lá.

E antes que eu esqueça..... para vocês, qual o melhor dia para postagem semanal dessa história, quando assim for possível?

Um beijo e até a próxima!



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Algumas pessoas acordavam de ressaca extremamente desorientadas. Lily, como uma jovem adulta universitária, era familiar com esse estado. Não era uma ocorrência tão incomum naquele apartamento.

Não naquele dia.

Naquele sábado, desde o momento que a consciência lhe invadiu, Lily sabia que tinha basicamente três missões:

Um: descobrir se alguém tinha visto alguma coisa.

Dois: não falar absolutamente nada sobre o que acontecera.

Três: lidar com… tudo... sem estragar sua amizade com James.

A Segunda Missão definitivamente seria a mais fácil. Ela conseguiu esconder quando começou a ficar com Benjy, antes mesmo deles namorarem. Seria possível não contar para suas amigas que ela a) quase beijara James Potter e; b) nutria uma paixonite por ele.

A Missão Um tinha sua execução… duvidosa. Mary e Tonks definitivamente falariam imediatamente, e em tons altos. Remus provavelmente lhe mandaria uma mensagem. A dúvida recaía em Marlene e Sirius: ambos tinham potencial de guardar a informação e soltar da melhor maneira (no caso, a pior para Lily).

A última… bem, essa ela não tinha a menor ideia de como iria ter sucesso.

Ela conseguia admitir que sim, sentia uma grande atração por James. Não tinha como se enganar – ele era bonito e engraçado, inteligente, fazia seu coração bater mais rapidamente e seu estômago revirar de um jeito… bom?

Sim. Sem chance para ela não querer esquecer de tudo e ter certeza de que o cabelo era tão macio quanto parecia (ela podia apostar que era).

Mas ela não esquecia de tudo, e tinha que encarar aquilo do jeito certo.

James era residente de cirurgia, ela era interna, e ele estava numa situação hierarquicamente acima dela. Então não podia acontecer nada. 

A vida não era Grey’s Anatomy, como ela tinha de lembrar Mary constantemente. 

E mesmo que isso não a impedisse, ainda tinha a questão que ela nem sabia se James queria alguma coisa com ela.

Claro, parecia que ele estava tão afim quanto ela na noite anterior, mas talvez fosse efeito do álcool, da dança, da música, das luzes…

Mas não importava o que ele achava sobre o assunto. Nada iria acontecer, e ninguém ficaria sabendo do quase.

Lily suspirou. Era complicado ser racional de ressaca.

Com um grunhido, ela se levantou e foi tomar um banho: Lily-Bêbada resolvera que a roupa da noite anterior era confortável e que dormir com ela seria maravilhoso.

Lily-Bêbada estava completamente errada, ela notava naquela manhã.

No banheiro Lily pegou um analgésico e um remédio para enjoo, e engoliu mesmo sem água. Levou quase meia hora para tomar banho e tirar a maquiagem, mas ao terminar já se sentia menos pior.

O próximo passo da ressaca era hidratação, então ela foi imediatamente para a cozinha, e quase deu um grito ao ver uma forma masculina no fogão. Depois suspirou.

—Remy, bom dia – Ela desejou com a voz rouca. Remus se virou e sorriu.

—Hey, Lily. Acho que Tonks não avisou que eu iria dormir aqui, por sua expressão – Ele comentou divertidamente. 

—Nope. Mas tudo bem, não incomoda – Ela disse, bebendo o copo todo de vez.

—Bebeu um pouco demais ontem? – Ele perguntou, voltando para o fogão.

Ela grunhiu apenas, fazendo o residente rir.

—Certeza que não fez algo que não devia? 

Lily se segurou para manter a calma. Ele estava apenas brincando. Remus não brincaria com algo sério.

—Eu acho que não. Quero dizer, não saí de perto de nenhum de vocês – Ela justificou dando de ombros.

—Eu gostaria de dizer que estaria tudo bem, mas eu tenho amigos que não permitem que essa frase seja completamente verdadeira – Remus disse rindo. Lily demorou um segundo a mais, mas ele tinha entendido que ela estava de ressaca e achou que o delay foi efeito retardado do álcool – Quer café?

Ela assentiu vigorosamente sem uma palavra, e Remus soltou uma risadinha enquanto colocava uma caneca (como ele sabia que aquela era sua caneca?) cheia de café em sua frente.

—Você é sempre caseiro assim? – Lily perguntou depois de alguns goles. Café sempre ajudava em sua ressaca, caso ela tomasse os remédios antes.

—Eu vivo com James, Sirius e Peter. Alguém tem que ser caseiro – Ele justificou, depois sacudiu a cabeça – James até cozinha, quando ele está afim. Sirius e Peter só conseguem ajudar a arrumar a casa.

—Hum. Tonks não sabe cozinhar – Lily compartilhou, enquanto expulsava a informação que James cozinhava de sua mente.

—É, eu percebi lá em casa – Remus concordou, servindo um prato de bacon e panquecas para Lily – Uh, você teria, hum, uma bandeja? – Ele perguntou coçando a parte de trás da cabeça. Lily sorriu.

—Na despensa – Ela respondeu, observando o residente preparar a bandeja com dois pratos, duas xícaras de café, dois copos de suco e um morango – Muito bom, Lupin.

Ele abriu um sorriso.

—James, o emocionado, ficaria orgulhoso de eu seguir os passos dele – Remus respondeu, e saiu da cozinha.

Lily inspirou profundamente e fechou os olhos.

Isso não iria afetá-la. Café na cama era superestimado e clichê. Bem, provavelmente. Lily nunca tinha tido a oportunidade de experimentar (talvez devesse perguntar a Tonks depois?). 

Ela sacudiu a cabeça. Nada indicava que ele iria querer fazer um café na cama para ela. Isso tinha que estar em sua mente constantemente.

Mary e Marlene chegaram pouco tempo depois. Nenhuma das duas estava de ressaca, e se divertiram imensamente com o estado de Lily. Remus devia ter alertado Tonks, pois a garota entrou na cozinha falando baixo e com cuidado, seguida do namorado que levava a bandeja.

Tonks clamou a louça, e Lily deitou a cabeça na mesa, fazendo os outros rirem.

—Eu faço o almoço – Mary se ofereceu. Lily agradeceu com as mãos.

—Eu vou pro meu quarto. Onde vocês estavam ontem pra me parar? – Ela se queixou.

—Você que desapareceu um momento – Marlene disse. Lily manteve a cabeça abaixada.

—Você me abandonou para achar Mary e Bertram, e eu gostei da banda – Ela justificou – Inclusive, cadê ele?

—Na casa dele, onde ele deveria estar – Mary contou – Resolvi dar um gelo nele ontem.

—Deu certo? 

Mary sorriu, dando de ombros.

—Por enquanto sim.

Lily riu e saiu da cozinha. Seus assuntos estavam em dia, então ela ia se presentear com mais algumas horas de descanso. Uma soneca nunca faz mal numa ressaca.

Infelizmente, ela foi acordada algum tempo depois (para ela, parecia que tinha sido alguns minutos apenas) com uma gargalhada estrondosa na sala.

Por que diabos Marlene estava rindo tão alto?!

Com um suspiro, ela viu no relógio do celular que já passavam de uma da tarde (mais que alguns minutos de soneca, então) – e que havia recebido algumas mensagens. Com o celular em mãos, foi para a fonte do barulho que a acordava.

Várias mensagens de grupos da faculdade, algumas do grupo de família (ela não tinha tanta paciência para os dramas de Petúnia), duas de Marlene ainda da noite anterior e…

Ele tinha mandado mensagem?!

—Finalmente a Bela Adormecida apareceu!

Lily ergueu a cabeça assustada.

Pelo amor de Deus…!

—O que vocês estão fazendo aqui? – Ela cuspiu.

Por que, honestamente, ela tinha mesmo que esperar Peter, Sirius e James sentados no sofá de sua casa esperando por ela?

—Eu esperava mais cordialidade de sua parte, Evans – Sirius falou pela segunda vez.

—Hum… bem vindos. Mi casa, su casa. O que vocês estão fazendo aqui?

—Eu chamei os três para almoçar aqui – Marlene explicou – Já que Remus estava e os outros são imprestáveis em se manterem vivos…

—Hey! – Peter exclamou – James sabe cozinhar!

Lily sorriu e finalmente olhou para James. Ele estava olhando para ela fixamente, um meio sorriso surgindo quando os olhares se encontraram.

—Sim, eu sei, mas me parece que a comida de Mary é melhor que a minha – James disse, dando de ombros.

—Isso não é muito difícil – Sirius murmurou. James fitou o amigo intensamente e suspirou.

—Estou realmente ficando velho. Há alguns anos atrás eu teria levantado para lhe mostrar exatamente o que eu acho desse comentário.

Sirius sorriu e olhou para Lily de novo.

—Você está com uma cara péssima – Ele disse alegremente. Lily revirou os olhos e guardou o celular depois de limpar as notificações.

—E você está na minha casa, no meu sofá, e como uma pessoa de ressaca, eu não tenho vergonha de lhe empurrar para o chão.

Ele riu e abriu um lugar para a ruiva.

O problema era que ela ficaria esmagada entre Sirius… e James.

Ela tinha que agir normalmente, pelo bem da Missão 2. E da 3. 

Então ela sentou ao lado dos dois, e se deixou ser abraçada por Sirius.

—Não acredito que vou ter que te ensinar a beber – Ele disse. 

—Eu sei beber – Lily retrucou.

—Não acredito que vou ter que te ensinar a parar— James consertou com um sorriso.

Uma vez que eu tenho ressaca e viro motivo de piada – Lily retrucou, fazendo os outros dois rirem.

—Tá com dor de cabeça agora? – James perguntou quando Sirius se virou para encher Peter com alguma coisa irrelevante – Ou enjoada?

Lily sorriu levemente.

—Já tomei remédios, James. Obrigada.

—Qualquer coisa é só falar.

Honestamente. Ele estava tentando fazer ela ficar caída por ele?!

Porque se sim… estava funcionando.

O sorriso que ele abriu prendeu o olhar de Lily por um momento, e James tocou levemente em seu joelho num gesto de apoio ao estado patético dela.

Ela sentia o cabelo bagunçado da soneca, mas ficou extremamente grata por ter tomado banho assim que levantou.

—Eu não gostei dessa história dele dormindo aqui com você! – Sirius exclamou, roubando a atenção de Lily para os outros ocupantes da sala.

—Que pena. Eu gostei – Tonks respondeu revirando os olhos.

—Eu também – Marlene acrescentou – As panquecas estavam incríveis.

—Eu ainda estou de olho! – Sirius disse, ignorando Marlene.

—Maravilha. Quer o vídeo quando eu acabar de editar também? – Tonks perguntou, prendendo o cabelo num coque. James e Peter riram, enquanto Marlene e Mary ficavam boquiabertas e Lily escondia a risada.

—Dora! – Remus exclamou, claramente embaraçado.

—O quê? Ele tá se intrometendo em minha vida, vai ouvir o que não quer – Tonks retrucou.

—O mais interessante – Lily disse – é que Remus não desmentiu.

Mais risadas, enquanto Remus sacudia a cabeça e Tonks sorria para o namorado. Sirius cutucou Lily com o cotovelo.

—Já vi que terei de tomar cuidado quando Aluado me mostrar uma foto – James acrescentou.

—Você acha que eu seria idiota a ponto de deixar um vídeo assim ao alcance de Sirius? – Tonks perguntou.

—Você não deveria fazer nada que tivesse medo que eu visse – Black comentou. Tonks fez uma careta.

—O medo seria de você apagar.

—Eu não vou apagar – Marlene interrompeu – Eu posso ver?

—Você sabe a senha do meu celular… – Tonks respondeu sorrindo.

—Sabe – James sussurrou para Lily – Agora eu estou em dúvida se esse vídeo realmente existe.

Lily ignorou a proximidade e sorriu.

—Remus não me parece ser do tipo que faria um vídeo assim – Ela respondeu.

—No nosso grupo de amigos, ele era o último na minha lista de apostas de quem ficaria com alguém da família do outro – James replicou – Então nada mais me surpreende. 

Lily olhou para o casal em questão: Tonks ria abertamente, provocando Remus, cujo sorriso tímido não escondia a alegria de seu olhar.

—Tenho para mim que ela conseguiria convencer Aluado a fazer quase qualquer coisa – James continuou, imitando Lily.

—Até mesmo um vídeo pornográfico? – Ela questionou, erguendo uma sobrancelha. James fez uma careta de surpresa.

—Vídeo pornográfico?! Evans, eu estava falando sobre um vídeo com a reação dela ao café da manhã na cama!

Lily revirou os olhos enquanto James ria. 

Ela ficou levemente agradecida quando Marlene anunciou que o almoço estava pronto – James e seu charme ridículo tornavam a Missão 3 mais difícil.

Então ela fez questão de sentar entre Peter e Marlene para almoçar, e depois se juntou a Remus para ouvir Mary falando sobre os detalhes finais de seu TCC.

Se James percebeu que Lily estava tentando ignorá-lo, ele não comentou. Os quatro garotos saíram no meio da tarde, mas não antes de lavarem toda a louça e oferecerem para retribuir o almoço (com Remus prometendo ser o responsável pela cozinha).

Marlene e Tonks foram estudar, e Mary resolveu tirar Bertram do “castigo” e ligar para o garoto. Lily se jogou no sofá com um suspiro.

Eu esqueci minha carteira, esperem aí que já volto!

Lily olhou ao redor, mas não viu nenhuma carteira. Ela considerou correr para o quarto e fingir que não ouvira, mas conseguia ouvir a voz de Mary, o que significaria passar correndo pela porta aberta do quarto de Mary, e isso definitivamente iria de encontro com o sucesso da Missão 2.

Então ela suspirou novamente e foi abrir a porta para James quando ouviu as batidas.

—Sua carteira não está aqui – Ela disse, se encostando na parede. James sorriu.

—Eu sei. Eu, hum, queria falar com você, na verdade.

Lily olhou para baixo e saiu do apartamento, pegando a chave e fechando a porta.

—Diga – Ela falou.

—Eu, uh, queria saber se está tudo bem, na verdade. Eu lhe perguntei por mensagem, mas você não respondeu…

—Eu só percebi que tinha recebido mensagens quando entrei na sala e vi vocês – Ela justificou.

—Eu imaginei, por isso voltei para perguntar pessoalmente. Tudo bem?

—Sim, claro. Por que não estaria?

Não está exatamente bem. Sabe o que faria melhor? Terminar o que começamos ontem.

—Bem… você teve amnésia ou algo assim com a ressaca? Porque nós, hum… – James era simplesmente adorável quando não conseguia se expressar direito.

—Nós quase nos beijamos – Ela completou num sussurro. Ele assentiu.

—Isso.

—Sim, estamos bem – Ela confirmou – Você é meu residente, e nosso relacionamento continua exatamente no limite do que pode ser: uma boa amizade.

Os cantos dos lábios de James se curvaram levemente para cima.

—Certo. Eu não queria… atravessar uma linha ou algo assim.

Uma pena.

—Claro, eu imaginei. Eu só, ah, estou tentando manter isso em segredo? Marlene iria me destruir se soubesse.

James sorriu e apertou a mão de Lily levemente.

—O que quiser. Se tiver algum plano ou algo do tipo, você tem meu número.

Que tal três?

—Claro. Tchau. Até segunda.

Ele deu um leve sorriso e se virou, descendo as escadas dois degraus por vez.

***

James Potter 10:30

Bom dia, Lily

Não nos falamos depois de ontem… só queria saber se está tudo ok com a gente, se você quer conversar sobre o assunto ou algo assim…

 

Lily Evans 18:40

Oi, James

Já discutimos isso né

Tudo tranquilo

Até segunda!

 

Bom, era isso. Agora ela só precisava se atentar para alguma indireta de Marlene no final de semana – que não veio.

Marlene, na verdade, estava muito entretida com um novo artigo que saíra numa revista de neurologia e discutindo sobre o mesmo com os colegas da liga acadêmica. Mary estava estudando para uma prova, e Lily tinha certeza que não era sobre ela e James que a amiga se referia quando usava aquele bendito programa no computador (o que exatamente era “prosódia” a cabeça de ciências naturais de Lily nunca iria entender).

Tonks, por sua vez, fora para a casa de Remus na tarde de sábado, e só retornara na noite seguinte, com uma sacola de comida chinesa para dividirem.

Lily ainda estava meio tensa com o dia seguinte, e não conseguiu esconder muito bem. Inventou que estava preocupada com alguma coisa da faculdade e as amigas aceitaram, mas continuou recebendo olhares estranhos das meninas.

Tentou esconder melhor a apreensão no hospital, mas a julgar pela cara de Remus, não conseguiu.

—Hey, Lily – Ele cumprimentou – Tudo bem?

—Bom dia, Remy. Tudo tranquilo, e você? Devolveu Tonks tarde ontem.

—Mas com comida! – Ele apontou, sorrindo. Lily sorriu também, mas logo voltou para a expressão de assustada quando ouviu a voz de Sirius – Sério, tá tudo bem?

—Tá, sim, relaxa. Só preocupada com… bem, é besteira.

Remus ergueu as sobrancelhas.

—Bem… se quiser conversar, você sabe que pode falar comigo, certo?

Lily sorriu. Que sorte ela tivera nesse estágio. Ela sabia que Remus seria um amigo para sempre.

—Claro. Hum, talvez depois. Mas, uh, nada importante. Ok, vou ver os pacientes.

Lily se virou e rapidamente saiu da sala, dando um tchauzinho para Sirius e James que entravam na sala – os dois franziram a testa para a saída da ruiva, que geralmente pararia para conversar.

Não que ela estivesse evitando James (apesar de ela totalmente estar evitando James), mas ela tinha medo de Sirius ter visto e fazer alguma piadinha.

Então sim, ela procurou ficar o máximo de tempo possível sem falar com os dois. E ninguém poderia julgá-la.

Dava para ver que os garotos perceberam, mas não questionaram e era isso que importava. Sirius estava completamente confuso, mas James parecia ter uma ideia do que estava ocorrendo (o que, sendo honesta, já era esperado).

No terceiro dia desse distanciamento, ela percebeu que James mandara uma mensagem assim que chegara em casa.

 

James Potter 12:30

Pensei que estivesse tudo ok.

 

Lily respirou fundo. 

 

Lily Evans 13:40

E está

Por que diz isso?

 

James Potter 13:41

Lily. 

 

Ela preferiu ignorar, assim como manteve sua estratégia de afastamento ao longo da semana. James apenas revirava os olhos, mas Sirius, Marlene e Remus estavam realmente confusos.

O que, Lily ponderou, era ótimo, pois indicava que nenhum deles sabia de nada.

Mas na sexta-feira ela não teve como fugir. 

Era a vez de Lily fazer o mercado. Ela deixara Marlene em casa, comera um sanduíche (todo mundo sabe que não se deve fazer compras com fome) e foi para o mercado. 

Ela sempre gostava ouvir música enquanto rodava as prateleiras: distraía de uma tarefa que seria maçante. O lado negativo da prática era que ela se isolava do mundo.

Não era incomum cutucarem seu ombro para indicar alguma coisa (da última vez, que o tênis estava desamarrado). Então quando ela sentiu o contato, se virou com um sorriso já tirando o fone.

—Oh.

—Oh para você também, Evans – James falou com um meio sorriso.

—Hey – Ela respondeu, se virando novamente para o carrinho – Fazendo compras?

—É. Mas não achei que finalmente fosse achar um lugar que você não pudesse fugir de mim – Ele disse, empurrando o próprio carrinho (consideravelmente mais cheio que o dela).

—Eu não estava fugindo – Lily replicou rapidamente, sem olhar para ele.

—Ah, não? – James parecia estar se divertindo com a negativa.

—Eu estava apenas… me concentrando em outras tarefas – Ela justificou.

—Mesmo? Que outras tarefas, se não se importa com a intromissão?

Tentando me convencer que é uma má ideia te puxar pelo jaleco e te beijar.

—Concentrando nos meus pacientes e nas provas de residência. Estão cada vez mais próximas – Lily preferiu dizer. Ela arriscou um olhar para James, que continuava com o mesmo sorriso – Tá, eu estava te ignorando.

Ele riu.

—Eu não lido muito bem com esse tipo de situações – Ela explicou.

—Que tipo de situações? Quase beijar um amigo?

Lily assentiu ao invés de responder, e pegou três pacotes de macarrão.

—Bem, se te faz sentir melhor, eu também não – James confessou – Mas eu me recuso a deixar isso interferir. E eu sei que você estava preocupada com os outros terem visto ou algo assim… relaxa, ninguém viu nada.

—Como você pode ter certeza? – Ela desafiou.

—Remus já teria falado sobre como você sendo interna seria errado – James levantou um dedo – Peter teria lamentado eternamente – Ele levantou o segundo dedo – E Sirius não aguentaria fazer segredo por tanto tempo – Ele terminou, também pegando macarrão e colocando no carrinho.

—E Marlene?

—Bem, considerando o pouco tempo que eu a conheço, imagino que ela teria tentado em deixar desconfortável, o que ainda não ocorreu. E se Tonks soubesse, Remus saberia. E Mary… ela não parece ser do tipo que guarda segredo.

Lily ergueu as sobrancelhas.

—Excelente leitura – Ela admitiu.

—Obrigado.

Eles continuaram lado a lado sem se falar por alguns segundos.

—Por que Peter lamentaria eternamente? – Lily perguntou. James sorriu e se virou para a ruiva.

—Porque você é absurdamente linda, e qualquer cara teria sorte se te beijasse – Ele disse, e logo em seguida (como se não tivesse feito o coração de Lily parar e depois voltar a bater com toda a força) apontou para uma marca de molho de tomate – Esse é o melhor molho para qualquer massa, você tem que levar!

***

Lily voltou a responder as mensagens de James no final de semana, e não mais ignorou Sirius – era mais uma vez o final de semana dela e de Marlene na enfermaria.

—Ah, de volta ao normal, eh, Evans? – Sirius disse quando Lily sorriu e o cumprimentou sem fugir.

—É, bem. Eu estava com coisas na cabeça – O que não era mentira – Mas já consegui resolver. Desculpe.

—Nah, não precisa pedir desculpas. Todo mundo tem seus problemas – Ele replicou – E estou acostumado com a rejeição.

A mente de Lily imediatamente voou para a história que Tonks relatara, e isso deve ter ficado estampado no rosto da ruiva.

—Ah. Então alguém já lhe disse do meu passado – Ele perguntou.

—Não tudo – Lily respondeu rapidamente – Só algumas partes. 

—Não quer saber o resto? – Sirius questionou.

—Se você quiser contar, quando estiver pronto – Ela disse, dando de ombros – Eu gosto de conhecer mais meus amigos.

Sirius ergueu as sobrancelhas enquanto Lily sorria.

—Ah, então somos amigos!

—Não deveria ser novidade, Dr. Black – Lily afirmou brincando.

—Então eu conto da minha história, quando você me contar o que estava lhe incomodando – Ele ofereceu. Lily fez uma careta, o que levou Sirius a rir. – Vamos ver. Termina aí para irmos para casa. Remus disse que ia levar a pirralha pra comer o risoto de aspargos que ele faz. Hey, você e Marlene e Mary deveriam ir também!

Lily sorriu com o convite. Era uma boa ideia – James selecionara aspargos ótimos no dia anterior.

—Claro, vou falar com elas – Lily afirmou – Quer que levemos vinho, cerveja?

—Nah, não precisa. Vou só avisar a Remus para botar mais arroz na panela.

Lily falou com Marlene, que mandou mensagem para Mary. As duas iriam para casa trocar de roupa, e iriam junto com Remus, que iria pegar Tonks no apartamento.

Mary e Tonks já estavam arrumadas (com uma sobremesa, apesar dos meninos terem dito que não precisava levar nada), então Lily e Marlene tiveram que acelerar.

—Então nós realmente juntamos nosso grupinho de amizade, huh? – Mary falou.

—Eles são legais – Marlene disse, terminando de calçar o sapato – E esse relacionamento de Lupin e Tonks ajuda. Acha que estamos nos encontrando demais?

—De jeito nenhum – Mary se apressou em certificar – Só para saber que posso invadir o apartamento deles quando quiser. Eles moram bem mais perto do meu estágio que a gente.

O apartamento deles ficava afastado do local que a maioria dos universitários ficava. Na verdade, era um prédio chique: tinha piscina, quadra, área de churrasco e academia.

—Caralho – Marlene exclamou, olhando para a estrutura do prédio quando saltaram. Remus sorriu – Qual de vocês é podre de rico?

—James – Remus respondeu com simplicidade, pegando a mão de Tonks e as levando para o elevador.

—Eu não consigo acreditar que Tonks saiu daqui pra ir pra nossa espelunca – Mary comentou.

—Bem, ter um lugar para colocar minhas roupas que não fosse numa mala é um bom chamariz – Tonks disse.

—Bom… acho que agora alguém lhe cederia espaço no guarda roupa… – Marlene disse, sorrindo e erguendo as sobrancelhas sugestivamente. Remus riu, assim como Tonks.

—Com certeza – Remus concordou – Mas achamos que está muito cedo para isso.

—Pessoas sensatas – Mary disse, enquanto Remus abria a porta da sala.

Sim, era um apartamento chique e muito bem decorado. Tinha mais de uma sala, uma mesa ampla com lugar para oito pessoas, uma televisão de no mínimo 50 polegadas em frente ao sofá em que Sirius estava espalhado, um de seus pés balançando perto demais do rosto de Peter (propositalmente, a julgar pelo sorriso de Sirius).

—Wow – Marlene exclamou mais uma vez – Vocês alugam ou…?

—Ei, vocês chegaram! – Sirius cumprimentou, levantando do sofá e dando um tapa em Peter – O apartamento é de James. Fleamont e Euphemia compraram quando ele passou na faculdade, e todos viemos morar aqui. Insistimos em pagar aluguel, mas eles não deixaram até a gente formar. Agora a gente contribui.

—Minha nossa. James é herdeiro e não aproveita. Prefere a humilhação da residência! – Marlene disse, claramente estupefata.

—Eu não sou herdeiro, e para de dar ouvidos a Sirius – James disse, entrando na sala – Bem-vindas à nossa casa, meninas.

—O que seu pai fez para você ser herdeiro? – Mary perguntou, se acomodando numa poltrona ao lado do sofá.

—Ele trabalha com pesquisa – James respondeu, as orelhas ficando vermelhas.

—Velho Fleamont é o atual CEO da Sleekeazy’s Pharma. É empresa de família – Sirius explicou.

Marlene e Lily se viraram boquiabertas para encarar James.

—Você é tipo… bilionário – Lily constatou.

—Ah, não, não sou – James discordou rapidamente – Meu pai é que tem o dinheiro, e não somos bilionários.

—Verdade – Remus confirmou – Fleamont distribuiu metade da riqueza da família para programas contra fome, e outra parte para financiar educação básica em países subdesenvolvidos. Eles só são milionários agora.

—A parte de educação básica foi ideia de James quando ele ficou sabendo quantas pessoas ainda não tinha ensino fundamental – Peter acrescentou.

Lily ficou agradecida que todos olharam para James no momento, porque ela não conseguiu disfarçar sua expressão que misturava surpresa e apreciação. 

Sério, financiando educação básica em países subdesenvolvidos?!

James foi para a cozinha ajudar Remus e Tonks, deixando os outros discutindo a história da Sleekeazy’s Pharma.

Lily não teve um pensamento consciente de segui-lo, mas de repente estava lá, observando James e Remus no fogão enquanto Tonks sentava na mesa de granito da cozinha.

—Hey, precisam de ajuda? – Ela ofereceu.

—Lily, sim! – Remus disse – Eu preciso fazer uma ligação. Você poderia terminar esse molho para tiragosto?

—Claro que sim!

Remus sorriu e saiu rapidamente da cozinha.

—Foi sobre algum paciente – Tonks explicou – Ele esqueceu o caderninho com as anotações!

Tonks saiu da mesa rapidamente, se esbarrando na porta enquanto ia para o quarto de Remus olhando para o papel.

—Bom lhe ver aqui, Evans – James disse depois de alguns segundos.

—Fui prometida comida e bebida de graça – Ela respondeu dando de ombros – Ei, muito legal o que você e seus pais fazem – Lily comentou. James sorriu e se virou para olhá-la.

—Obrigado. Era o mínimo que podíamos fazer.

—Ainda assim, muita gente com a quantidade de dinheiro que vocês têm não faria isso. Então aceite o elogio.

James sorriu e assentiu com a cabeça.

—É um apartamento muito bonito.

—Minha mãe adora decoração. Eu falei pra ela que não precisava de tudo isso, mas ela não me ouviu. Depois eu mostro o resto.

Era bom, Lily tinha de admitir, conversar com James como antes. Enquanto eles terminavam o tiragosto juntos, Sirius entrou para preparar as bebidas, e depois Peter para saber porque estava demorando tanto.

Remus e Tonks já estavam na sala quando James e Lily terminaram. Dessa vez, a discussão era sobre os méritos de ter um relacionamento com algum colega.

James e Lily se olharam rapidamente, e desviaram imediatamente.

—Meu ponto é que precisa de muita maturidade para se ter um relacionamento desse tipo – Remus  estava falando – Das duas partes.

—Alice e Frank dão certo juntos – Peter comentou.

—Ambos são extremamente maduros, e começaram antes de entrarem no hospital – Remus apontou.

—Eles são uma exceção, eu acho – Sirius disse, sacudindo a cabeça – Na minha experiência, não dá certa.

—Que experiência, você nunca teve um relacionamento – Peter bufou. Sirius revirou os olhos.

—Quando eu digo minha, quero dizer James. A minha experiência externa.

Como todas as garotas olharam para James fazendo uma careta, Lily não se sentiu culpada por também se virar.

—O problema não foi sermos colegas, Sirius – James considerou.

—Sim, foi você deixar ela fazer tudo o que queria com você, e ainda levar flores pra ela no final do dia, como o grande emocionado que é. Mas que você foge das interconsultas dela, ah se foge… e esse é o ponto ruim.

—Ok, concordo que isso pode dificultar – Marlene falou – Mas veja bem, Lily e Benjy lidaram extremamente bem, e até hoje são amigos.

Foi a vez de Lily receber os olhares.

—Sim, não havia nenhum motivo para ressentimentos, e colocamos a relação profissional na frente – Lily explicou, dando de ombros como se seu rosto não estive flamejando.

—Benjy é aquele que passou a noite lá em casa no outro dia? – Tonks perguntou, depositando a bebida na mesa. Marlene e Mary gargalharam, enquanto Lily corava.

—Ah, um remember, Evans? – Sirius perguntou com um sorriso sorrateiro.

—Sim, foi o que passou a noite lá em casa fazendo prova de residência com mais três pessoas— Lily ressaltou.

—Isso, esse mesmo. Ele parece ser simpático. – Tonks complementou.

—Ele é, apesar de ser meio tapado – Sirius concordou – Você poderia ter escolhido um tão inteligente quanto você, Evans. Mas pelo menos ele não é maluco.

—Bertha não é maluca, Sirius – James disse com um suspiro.

—Eu ia viver em celibato se só fosse namorar com quem tem o mesmo nível de inteligência que eu – Lily comentou ao mesmo tempo.

—Boa – Sirius disse para Lily, depois se virou para James – Quem disse que eu estava falando dela?

Como sempre entre eles, o papo fluiu facilmente, com muitas risadas. Mary falou sobre todo o seu rolo com Bertram, enquanto Peter atualizava todos após a aula da choppada.

A conversa não parou nem com o almoço, e James parecia feliz em ver todas as cadeiras ocupadas. A sobremesa de Mary fez sucesso, e o sorvete que Sirius tinha comprado ficou esquecido.

Lily achou impressionante até mesmo o lavabo, que era tão bem decorado quanto o resto do apartamento. Quando estava saindo, James estava passando para a parte dos quartos, e sorriu para ela.

—Quer ver o resto? – Ele ofereceu, colocando as mãos nos bolsos.

—Claro – Lily aceitou, sorrindo de volta.

—Essa bagunça é o quarto de Peter – James apresentou, abrindo a primeira porta – E sim, aquilo é um gesso. Ele e Sirius brigaram pelo quarto por ser o mais próximo da cozinha, mesmo que nenhum dos dois faça comida de fato.

Lily riu.

—E como Peter ganhou?

—Eles apostaram quem conseguia comer mais cachorros-quentes em 10 minutos, e Pete devorou catorze.

—Catorze?! – Lily perguntou impressionada.

—Pois é. Sirius estava no sexto. Pete ganhou o quarto e nosso respeito. Sirius ficou aqui – Ele disse, abrindo a outra porta – Você consegue perceber que aquele gesso e o capacete são basicamente as únicas diferenças dos quartos, porque em ambos todas as roupas estão no chão.

—Estou com altas expectativas de limpeza para o seu – Lily provocou. James sorriu.

—Então eu não deveria mostrar o de Remus – Ele disse, abrindo a porta para um quarto extremamente organizado.

—Eu sempre desconfiei disso – Ela comentou – Por isso ele é meu favorito.

James ergueu as sobrancelhas e sorriu em desafio.

—Então ele você teria beijado? – Ele perguntou. Lily corou e revirou os olhos.

—Eu não sou talarica, James.

Ele riu e balançou a cabeça, abrindo a porta do último quarto.

Era definitivamente o maior. Ela conseguia ver claramente James recusando pegar esse quarto, mas os outros insistindo, considerando que ele era o dono do apartamento. Tinha uma imensa cama de casal encostada na parede, e uma televisão tão grande quanto à da sala na parede da frente. De um lado, uma estante com diversos livros, variando entre os de medicina e os de literatura comum.

Tinha também uma escrivaninha que estava cheia de papéis cobrindo um notebook, e algumas roupas jogadas na cadeira. Ao lado da cama tinha uma mesa de cabeceira, com um porta-retrato que mostrava James, Sirius e um casal que Lily supôs ser os pais dele. Ao lado, uma outra foto mostrava os garotos no que parecia ser um Intermed antigo.

—Mais arrumado do que eu esperava – Lily comentou.

—Feliz em impressionar.

—Ai meu Deus, você tem a versão física de O Século dos Cirurgiões! – Ela exclamou, quando enxergou na outra parede um livro guardado numa moldura de vidro e se adiantou para examinar. Do lado, a bandeira do time que James torcia, e do outro a camisa que ele usava quando jogava pela faculdade.

—Sim. Na verdade, eu tenho duas. A que se pode pegar e essa aí – James respondeu.

—Parece ser antigo – Lily notou.

—Uh, é antigo. Na verdade é uma primeira edição – Ele revelou, fazendo Lily se virar para ele – Meu pai acha fundamental guardar e respeitar nossa história, saber de onde viemos e como chegamos onde estamos.

—Seu pai parece ser um homem sábio – Lily comentou, olhando para o livro emoldurado novamente.

—Ele é.

Os dois ficaram em silêncio por alguns momentos.

—Então, você e Fenwick, huh? – James falou. Lily sorriu de leve.

—Você e Dra. Jorkins, huh? – Ela devolveu. James riu.

—Você a conhece? – Ele perguntou.

—Não muito, na verdade. Ela pediu uma interconsulta da cirurgia e eu fui responder com Sirius.

—Ah. Bem, não acredite em tudo que ele fala. Ele tem muito… muitas coisas não resolvidas com Bertha, mesmo que eu não ligue mais – James falou – Mas você e Fenwick, eu nunca diria. Vocês parecem realmente serem bons amigos.

—Nós éramos amigos antes – Lily explicou – E continuamos depois. Foi natural começarmos, e natural terminarmos, então nenhuma mágoa ficou.

James assentiu, olhando para ela.

—Então você acha que é possível um relacionamento dentro do mesmo hospital? – Ele perguntou, limpando a garganta e se virando de vez para Lily.

—Possível? Claro que sim – Ela respondeu, também ficando de frente para James – Mas concordo com Remus, é preciso muita maturidade. 

—Só maturidade? – Ele perguntou. Mais uma vez, os dois inconscientemente se aproximavam um do outro, verdes e castanhos fixos, lábios umedecidos e corações disparados.

—Ausência de relação de poder também é relevante – Lily sussurrou, mordendo o lábio inferior. James passou uma mão em sua cintura, e a outra foi colocar uma mecha de cabelo (que insistia em tentar esconder o olho direito dela) atrás da orelha, ficando por ali por perto no pescoço da garota.

Lily fechou os olhos e inspirou profundamente, aquele cheiro agora já conhecido invadindo sua narina.

—Lily! Você tem que me apoiar aqui!

O grito de Marlene serviu para abrir os olhos dos dois (não apenas literalmente), e derrubar as mãos de James.

—O que vocês estão fazendo? – Marlene perguntou, entrando no quarto.

—Olha isso, Lene! – Lily disse, apontando para o livro na parede – Primeira edição!

—Ai meu Deus – Marlene murmurou – Se eu fosse você teria cuidado, James, ou ela vai te roubar.

James riu enquanto Lily revirava os olhos e os três voltavam para a sala. Lily sentiu a mão dele roçar na sua, e de alguma forma sabia que havia sido intencional.

Muito como no outro final de semana, o almoço se estendeu até o final da tarde, em meio a muita conversa e algumas bebidas. Dessa vez, Lily acompanhou.

—Eu posso levar vocês – James ofereceu – Eu acabei não bebendo nada.

Elas agradeceram e foram comentando sobre a animação para o próximo filme do Batman, e as esperanças para ser melhor do que o anterior.

As meninas fizeram Lily sentar na frente com James pelo simples fato de que Tonks estava lendo o mapa astral delas para a semana. Quando chegaram na frente do prédio, as três saíram correndo para não perderem o novo episódio de algum seriado, berrando para Lily trazer a vasilha da sobremesa. 

Lily revirou os olhos, mas não reclamou. Ela se virou para James, que tinha desligado o carro e estava olhando para ela.

—Olha, James, isso tem que parar… – Ela começou. Pensando nesse momento depois, ela não sabia o que terminaria de dizer se James não tivesse interrompido, mas algo nas linhas de “eu não consigo mais me segurar” estava a caminho.

—Eu sei, eu sei, desculpa – Ele respondeu apressadamente, bagunçando o cabelo – Ok, eu vou ser honesto. – Ele suspirou forçadamente – Você sabe pescar?

—Eu… quê? – Confusa era pouco.

—Já viu alguma pescaria?

—Já…

—Então. Naquele primeiro dia, com seus olhos verdes brilhantes, ali foi a fisgada inicial. Você e sua beleza já me chamaram, como a isca mais bela que já vi.

Oh Deus.

—Mas a partir do dia seguinte… ah, Lily. Cada dia que passávamos juntos, cada vez que conversávamos, parecia que você estava me apenas me dando linha. Eu lutei, não podia gostar de uma interna. Eu sabia que isso não seria muito bem visto, mas foi inútil. Fui pescado.

Lily soltou uma pequena risada.

—Foi pescado? – Ela perguntou, tentando segurar o riso, mas quando ele fez uma careta, ela gargalhou.

—É, foi uma péssima analogia. Eu sei. Mas o ponto é: eu gosto muito de você, Lil – Ele disse num tom de voz intenso, fazendo o riso desaparecer de Lily – e já tem algum tempo que eu tento negar e esconder isso, e eu sabia que aquele dia na festa dançar com você poderia ser um erro fatal, mas eu não consegui me segurar. E é cada vez mais difícil fingir que não sinto mais nada além de amizade, então escolhi ser honesto.

Lily piscou algumas vezes. Se ela pensava que a Missão 3 estava difícil antes… 

—Eu… James… – Ela limpou a garganta, mas ele sacudiu a cabeça.

—Eu não quero que você responda nada. Eu só precisava que você soubesse.

Lily assentiu e ele sorriu.

—Ótimo. E eu sei que isso vai um pouco de encontro com o “vamos continuar amigos e esquecer o quase beijo”, mas… bem, eu acho que daremos nosso jeito – Ele concluiu, pegando a vasilha no banco de trás e entregando para ela.

Lily sorriu e se adiantou para abraçar James, que a envolveu da melhor forma possível num carro.

—Nós vamos conversar sobre isso depois, ok? – Ela sussurrou no ouvido dele.

—Ok. Me avise para eu tomar alguma coisa antes e não falar sobre pescaria.

Lily riu, e eles se separaram. James esperou até Lily entrar no prédio antes de arrancar com um carro e um aceno.

Oh meu santo Deus.


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