— Então senhor Rafael, oque me diz sobre oque fez?- Questionou a mulher dona dos cabelos caramelos, enquanto ajeitava os óculos no rosto.
Aquilo realmente não era necessário, não entendia porque tinha estar ali naquela sala apertada, esquecida pelo o resto da escola . Aquele interrogatório não era necessário.
A mulher ja estava ficando impaciente.
— E então?....

Não olhava para ela , seu ponto fixo era para parade bege, não entendia o porque da sala ser a única do colégio inteiro ser daquela cor, talvez para o intuito de mostrar tranquilidade e aconchego, ridículo! Isso era a última coisa que sentia neste momento.
Mas o batucar dos tornozelos que vinham da cadeira a seu lado, o fez recordar do e evento que o fez ficar naquele ambiente sufocante.

                     Flashback On....

Havia se passado um mês desde que tudo aconteceu, os rapazes se recuperaram rapidamente fisicamente , mas o psicológico ainda estava afetado, de maneiras diferentes para os dois.
A convivência estava suportável, os dois entendiam oque sentiam, as vezes formavam sua bolha de sofrimento e medo, mas era algo individual, cada um envolto da sua própria, depois da apresentação nunca mais falaram sobre oque houve com o mexicanos.
Caio começou a medir suas palavras, não gostava de ir sozinho para o trabalho , e as vezes respondia as pessoas com palavras ríspidas e secas.

Rafael piorou seu comportamento agressivo, quem sofria mais era Victoria, a pobre garota que antes sofria com as palavras secas do namorado, agora nem isso recebia. Era deixada de lado, mas em momentos de fragilidade o ruivo corria para seus braços calorosos. Com o comportamento mais difícil, impedia as pessoas de chegarem perto, e se metida em muitas confusões.
Como aquela que ocorreu pela manhã.
O dia havia começado normal para ambos, Caio pegou carona com Cel em sua bike possante, Rafael chegou em maior estilo e arrogância, cada um para seu lado.
Mas a manhã desandou quando em um momento da aula de trigonometria, Caio foi alvo de chacota. O mesmo não se importou, não queira gastar seu tempo com pessoas inúteis. Seguiu este pensamento até o refeitório, onde novamente o Pablo fez chacota do rapaz. O mesmo não aguentou e derrubou a bandeja do indivíduo.
— VÊ SE CRESCE PABLO! VOCÊ FALA ESSAS COISAS PORQUE TA PRESO DENTRO DO ARMÁRIO!- acusou apontando o dedo para Pablo.
O rapaz não iria deixar aquele afronto na frente da escola inteira passar em branco. Pegou Caio pela camisa e lhe ameaçou.
— Oque foi bichinha ? Apanhou e agora acha que é machão!
Oque recebeu em resposta foi uma bela cuspida na cara, a ação não deixou o humor do agressor melhor, que ja estava com a mão levantada para bater no loiro.
Foi nesse momento que Rafael entra no meio para defender Caio, ele empurra Pablo , que parte para cima, os dois ficam se empurrando até a chegada do diretor Molina.
— Na minha sala os três. AGORA!
Pablo pegou detenção, saindo da sala do diretor, deixando para trás Rafa e Caio em uma situação horrível.
O diretor Molina sabia do ocorrido com os dois rapazes no mês passado, mas para ele não justificava o mal comportamento desde então, vindo de ambos. Não tinha outra escolha a não ser a visitar a senhorita Poliana.
— Oque! Você quer que eu vá para a psicóloga por eu ter me defendido?- questiona Caio.
— Essa não é a questão senhor Caio....
— A questão diretor Molina é que não tem o porque disso ! Pode nos dar uma detenção!- interrompeu Rafa.
— Sem discussões!
Os dois então se viram sem outra opção, a não ser enfrentar a salinha apertada e sufocante.
                    Flashback Off....

O ruivo olha diretamente para a senhorita Poliana, que ainda esperava uma resposta.
— Bom eu só o denfendi de brincadeiras de mal gosto.
Ela agora anotava tudo oque ele disse, abaixou a caneta e o olhou novamente.
— E acha que o defendeu da maneira correta?
— Sim...
— O senhor está ciente que agiu da mesma maneira , que seus agressores do mês passado não é?- argumentou levantado uma sobrancelha.
A verdade era que aquilo estava fora de contexto, primeiro que os dois não foram agredidos por conta de suas sexualidades, segunda que oque tinha feito no refeitório não chegava nem perto do que passaram e por último, suas agressões não foram por um engano e sim planejado.
A doutora sabendo que não ia conseguir mais respostas do rapaz, dirigi seu olhar para Caio, que está sentado ao seu lado.
— Então senhor Caio....
— olha senhorita Poliana eu realmente acho o trabalho de psicóloga algo relaxante, mas isso tudo é um engano! Eu e o meu colega aqui- apontou o dedo para os dois- Não fizemos nada demais.

— Bom não é oque eu acho Caio...- começou a folhear sua agenda.- O senhor cuspiu no seu colega. Pode me dizer o porquê?
O mesmo riu em deboche.
— ele estava sujo ! Eu só queria limpar!- desafiou.
Caio encarava a psicóloga minimamente, ela era bonita, mas usava roupas apertadas demais,será que era por conta de ninguém vir a sua sala, seria uma maneira de chamar a atenção para si?
Ficou tão envolto em sua bolha de perguntas que não ouvia nenhum questionamento vindo da mulher. Só percebeu que seu tempo acabou , quando Rafael se levantou.
Se perguntava o do porque tinham que fazer isso juntos! Mas já imaginava a resposta, o grande e sábio diretor Molina, acreditava que por ter passado por aquilo juntos , seria uma boa se " concertarem " juntos. Mas ele estava enganado, como sempre.

                       [...]

Os ensaios da banda que antes eram quase todos os dias, agora era apenas uma vez por semana. Isso resumia ao fato de Vic ter entrado para as líderes, e não tendo tempo para ensaiar. André e seu trabalho como babá, também estava o distanciando. Este era um dos motivos de tanto irritação vindo do ruivo.

Sentado no guidão da possante de Cel, Caio e cantava a sua diva Madonna. Indo em direção ao ensaio.
— LIKE A VIRGIN!!!
—TOUCHED FOR THE VERY FIRST TIME!!
Os dois cantavam a todos os pulmões, como nos velhos tempos. Recebiam olhares das pessoas pelo caminho, alguns de reprovação outros achando graça. O loiro mandava beijinhos e fazia caretas.
Assim que Cel o deixou em frente a garagem,respirou fundo e entrou.
— Oi gente!
Mas foi recebido por rostos nada animadores, apenas por Boris Roberto, o porquinho de quem André estava cuidando, sim ele estava tão desesperado por dinheiro que cuidava até de porquinhos. O novo integrante temporário, como o loiro o chamava, correu em direção a suas pernas, fazendo um barulhinho engraçado.
— Ronc ronc pra você também Boris!- pegou o porco no colo e olhou para o grupo. - Gente depois de tantos ensaios inúteis! Tive uma ideia para nos tirar dessa maré de falta de querer!

Realmente, a banda não conseguia uma musica nova, estavam sem inspiração sem um querer maior.
— Bom já que ninguém perguntou!Boris vai me ajudar!- disse olhando pro porco.
— Eh como é roinc, que vai funcionar isso roinc- chacoalhava o mesmo fazendo uma voz engraçada, fingindo ser o porco.
—A que bom que perguntou Boris! Nós vamos um por um, tocar nossas músicas preferidas! Sendo elas autorais ou não!
Agora sim ele tinha conseguido a atenção de todos.
— Bom como eu dei a ideia eu começo, se preparem para tocar MADONNA- fazendo ênfase com as mãos no nome da artista.
—LIKE A VIRGIN Vic!
A morena riu e começou tocar a introdução. O loiro pegou o microfone e começou sua performance, ele fez uma nova versão para sua musica favorita.

— I made it through the wilderness
Somehow I made it through
Didn't know how lost I was
Until I found you!

Com isso ele fazia caretas e dançava por todo o espaço.

—Like a virgin
Touched for the very first time
Like a virgin
When your heart beats (after first time, "With your heartbeat")

Vic fazia a segunda voz, enquanto o amigo passava as mãos pelo corpo e balançava os quadris de forma engraçada no refrão.
                                 [...]
No fim todos adoraram a ideia, sendo Paulo o próximo candidato.Aquela com certeza tinha sido uma boa ideia.
Parado em frente a garagem esperando Cel. Conversava com Vic, ela o perguntou de onde tirou a ideia .
— Ah eu assisto muito Glee!
— Tá brincando?
— De onde você acha que eu tiro minhas performances!
Riram até Cel chegar.o loiro o olhou com desagrado em tom de brincadeira.
— Bom morena o papo ta Bom, mas eu tenho ir ralar!
— Como se você ralasse com o Ângelo lá!- brincou Marcela.
— Oh garota abusada! Tchau mer cherrie!!
Acenou para a amiga e foi com direção ao Milk's.
                         [Continua...]

** Pra quem tiver o interesse de ouvir Like a Virgin na  versão do Vince kidd:

https://youtu.be/PhoLkqlpmoI