Venha Comigo. vol 4: Presente escrita por Cassiano Souza


Capítulo 3
A história em sua frente


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo no mesmo dia, como o combinado. BOA LEITURA!



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— Maldição! - Disse um homem de corte de cabelo castanho escuro, rosto expressivo, e na faixa etária do que seria entre os 40 a 50 anos de idade, trajado em típicos uniformes militares soviéticas, e entrando na sala cheia de mesas, gráficos  e papeladas.

— Algum problema, general Vassili? - Perguntou um homem com a aparente faixa etária do outro, cabelos extremamente verdes, mesmo que improváveis, e em trajes também iguais.

— Os alemães.

— Continuam a avançar?

— E cada vez mais terríveis. Parece que nunca irão desistir!

— Mas o motivo da sua inconformidade, tem certeza de ser apenas isto, senhor?

Vassili olha sério para o outro:

— Marchavam em direção ao Cáucaso, necessitam de combustível, se ainda quiserem se mantar em pé nesta guerra, além do território, bens, e da minha gente para escravizar. Mas, se dividiram, uma parte está vindo em nossa direção.

— Muitos?

— Vários. Mas temos muitas trincheiras pela frente, os nossos homens farão de tudo para detê-los, porém, um grupo ao norte continua a arruinar Leningrado. E Moscou... Se salvou apenas pelas chuvas, e o espião em Tóquio.

— Mas e se... Houvesse uma forma de pega-los, senhor?

— Pega-los?! Milagre? Conte mais.

— Recuando com os homens dos campos de batalha, direto para cá, e assim, atraindo o inimigo até a cidade. Stalingrado logo será uma jaula.

— Mas isso é loucura! Sabe quantos milhares poderão morrer?!

— Muitos. Mas veja bem, senhor, os alemães ficarão confinados, e em um local desconhecido a eles, onde com o comando do senhor, um homem que entende perfeitamente de conflitos mais fechados, se encaixará perfeitamente. Os alemães só são o que são por parte dos tanques, mas isto, em campo aberto, em cidades grandes como esta... Não terão a mesma sorte.

— Isto é arriscado.

— Mas é o melhor que podemos pensar, e o senhor sabe disso.

— Mas e as pessoas, precisaremos evacua-las, e dará muito trabalho mandar em bora tanta gente.

— Sim, dará, mas não precisamos mandar todos em bora.

Vassili recuou com os ombros. O outro prossegue: 

— A cidade precisa continuar funcionando, senhor, e até a população poderá ser utilizada como apoio, e um motivo presente e vivo para a luta dos soldados. E ao redor da cidade, de toda a cidade, as pessoas cavarão trincheiras, o que nos servirá muito bem. 

— Verum-2, você é meu conselheiro ou um general? - Perguntou o general, em um tom assustado, não imaginava tal mente estratégica.

— Conselheiro, e entre outras coisas, senhor. - Deu ênfase no “entre outras coisas”. – Mas, principalmente, seu amigo. Já lhe contei a minha história, saí de uma guerra centenas de vezes mais traiçoeira do que esta, e estive na frente da batalha, eu sei o que pensa e passa em sua mente.

— Sou grato a isso. Que bom que o-salvamos daquele campo de extermínio. Porém, ainda assim, nunca entenderei o que você é de verdade! Você fala coisas tão estranhas sobre a sua origem.

— Falo, mas não minto, nunca minto. Apenas acredite, senhor, eu vi o final do meu povo, mas nunca deixarei que veja o final do seu.

— Não pode me prometer isto.

— Não, mas a promessa se quebrar, quem irá reclamar. - Sorriram os dois.

— Certo, ou defendemos a cidade, ou morremos tentando.

— Assim que se fala, meu senhor. - Bateu continências.

— Sim. Agora, com licença, Verum, informarei o novo plano ao senhor Stalin.

— Sim, senhor.

Vassili, então se retira, e o leve sorriso na face do conselheiro, logo se desmancha tristonho, ao encarar o próprio reflexo no espelho.

***

A ameaça estava declarada, ali, no vestiário feminino do hospital, onde Grace, possuía a “missão” de salvar Paulus, porém, onde o próprio guarda costas dela se mostrou completamente contrário.

— Adam, eu preciso ajudar o Paulus. - Insistiu a ruiva.

— Não, não pode, não é isto que o mestre quer. - Insistiu Adam.

— Não quer? E por que não quer? São seres tão parecidos, de onde vem a rivalidade?

— Pessoas morreram. Já morreram várias, e continuarão a morrer, se não determos aquele homem. As consequências da operação Barbarossa continuam a progredir por toda a união soviética, e Paulus está à frente do próximo grande golpe, ele deve ser eliminado, pelo bem de todo o futuro do mundo.

— E quem te disse isso? O Mestre?! O Mestre é um estrategista, um jogador. Se ele lhe ajudou de alguma forma, ou quer ajudar o mundo de alguma forma, é apenas um plano, um plano grande e perverso. E ele pode ser importante para você, mas você não é nada mais para ele do que uma ferramenta, Adam, apenas uma ferramenta.

— Cale-se! - Sacou uma pistola, Luger 08, e apontou-a para Grace.

Grace, engoliu em seco, mas logo, ergue o queixo, confiante:

— E sinto muito se não quer que mais pessoas morram, mas é a história, Adam, apenas a história. Ela é suja e sombria, mas foi assim que aconteceu, e ninguém poderá muda-la.

— Quem disse?

— Pontos fixos. - Sorriu. – Coisas chatas e malucas do espaço tempo, mas necessárias. Momentos dolorosos ou não, mas completamente necessários e importantes. Sei que a Europa está um caos lá fora, mas é uma dor necessária, e que nunca será apagada, e nem esquecida. Ou pelo menos espero!

— Você disse “necessário”? “Pontos fixos”? Do que está falado? Quer dizer que devemos deixar todo o mal continuar?! Que não podemos mudar o futuro?!

— Infelizmente, mas essencialmente, sim.

— Não seja estupida! É claro que podemos!

— Não, não podemos, e já chega disso. - Se encararam sérios. – Sou do futuro, 58 anos à frente. Queria saber quem eu sou, pois bem, não sou Catherine, sou alguém que sabe das dores do passado de meu povo, e sabe o valor de cada consequência e escolha tomada. Paulus não morre aqui, morre na Alemanha Oriental, em 1957.

— Está blefando.

— É? É o que eu também acho que o Mestre esteja fazendo.

— Por que fala do mestre como se o-conhecesse? - Perguntou, tremendo as mãos, e de olhos vidrados.

— E por que ficou tão estranho?

— Não estou estranho.

— Está, parece estar agindo contra a própria vontade, ou como se... Soubesse que estou falando a verdade, ou como se... Tivesse certeza.

— “Certeza”? A única que tenho é de que preciso eliminar você. - Mas parecia não conseguir, tentava puxar o gatilho, mas, algo o-impedia. – Por que eu não consigo?!

— Porque com certeza este não é você.

O cabo Adam, se mostra curioso. Grace explica: 

— O Mestre é hipnótico, e sei disso, porque foi isso que ele já fez comigo. Me convenceu a fazer coisas que eu não queria, me fez ser quem eu não era, mas com você... Foi diferente, ele precisava de sua consciência, porém a sua consciência... Sabe que Paulus não pode morrer.

— Você não sabe de nada!

— Ok, eu não sei de nada, certo. Mas e você, por acaso sabe o porquê de tanta obediência ao “Mestre”?

E Adam permaneceu sem respostas, parecia realmente não saber. Mas, disse: 

— Ele me ajudou com...

— Com?

— Com... Ah, não importa! Isto não é problema seu. - Fitou cheio de ódio à médica. – Eu sinto muito, mas chegou a sua hora.

Grace, apenas respirou fundo, afastando-se apreensiva, para trás. Adam apontava sua arma para ela, e logo, o estridente som de um disparo fez fechar os olhos da doutora.

— Estava a sua procura. - Disse, o Coronel Joseph, adentrando ao vestiário. – Escutei tudo, logo logo exijo explicações. - Avisou ríspido.

E Adam, cai de joelhos no chão, com a boca escorrendo sangue, e logo, termina de cair, já estirado.

— Você matou o cabo Adam! - Exclama Grace, assustada.

— Ele não desejava fazer diferente a você.

— Mas disse que estava me procurando?

— O senhor Paulus está cada vez pior, é urgente, vá opera-lo, se realmente for médica.

— Sou, esta parte é verdade, cardiologista, mas já fiz alguns outros tipos de cirurgia fora deste embasamento.

— Certo. Porém, depois... Dirá quem é, se não Catherine.

Grace, confirma com a cabeça, e assim, parte depressa com Joseph dali.

***

O som da máquina do tempo rugiu, e logo, estava ela materializada ao centro de uma típica vila de interior europeu, porém, completamente solitária e silenciosa, sem aparentes indivíduos viventes.

— Poderíamos ganhar dinheiro com esta caixa, sabia? Taxi. - Comenta Gordon, saindo para fora, e observando cauteloso ao ambiente, assim, apontando a sua arma envolta.

— Trabalhar?! Por que eu faria isso? - Corresponde o Senhor do Tempo, se retirando da cabine azul. - Simplesmente não faz sentido. 

— Onde é, senhor Doutor? - Se referia ao ambiente. 

— Vila de Wizna, Polônia. 

— Os alemães conquistaram esta vila, em setembro de 1939. Aqui é o passado?

— Infelizmente não, este é o futuro. Se esqueceu? Estamos impossibilitados de acessar o passado. - Pôs e depois retirou um dos indicadores na boca. – 24 de Julho, 1942.

— Então estamos mais longe de sua amiga? - Encarou tristonho ao Doutor, que mirava também tristonho, para o enorme hospital em sua frente.

— Acho que não, Gordon. Acho que estamos muito, muito perto.

— O que ela era?

— Médica.

— Então por isso um hospital. - Concluiu.

— Provavelmente talvez, mas o nome dele...

— “Terra Prometida”. - Leu Gordon, a uma placa num muro. – O que isso tem de importante à você?! 

— Gordon Conall Lethbridge-Stewart, nunca ignore uma coincidência. A menos que você tenha feito, aí ignore. Há coincidências demais aqui, não acha?

Fitou sério ao hospital, carregado por seu tom frio e sombrio, tipicamente pertencente a qualquer instituição abandonada.

***

O vento frio da noite, sacudia os seus cabelos verdes, e o brilho das moradias amedrontadas pela guerra, lhe traziam esperança. Verum-2, admirava de cima de uma enorme torre de sinais por de trás do riu Volga, a distante e confiante vista de Stalingrado, a “cidade de Stalin”, que perdidamente cercada por suas trincheiras e blindados opositores, estava. Sendo os blindados, carregados de inimigos, trajados em ódio e fúria, porém, em pacifica calma em manter apenas um enorme cerco.

— Se vocês morrerem, eu sinto muito. - Retirou Verum-2 pesaroso, a um binóculos de seu casaco, e fitou para os céus. – Mas se vocês morrerem... Eu estarei em paz.

E dos céus, o farpante e agudo som de aviões Heinkel He 111 rosnou sobre o silêncio, despejando toneladas e mais toneladas de bombas incendiarias, que tragicamente trariam milhares de mortes, e tragicamente, um doce sorriso na face do homem de cabelos verdes.

 

 


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Notas finais do capítulo

Vamos à aula de história. Stalin foi um revolucionário comunista da União Soviética, e primeiro ministro e secretário geral do partido comunista. Ele tem uma história enorme, e muitos o caracterizam como uma má influência histórica por ter sido um ditador.
Já o Vassili Chuikov, ou Vassili Ivanovitch Chuikov, foi um homem de origem humilde, sendo os seus pais camponeses, e o seu envolvimento com o mundo militar se deveu durante a participação na revolução Russa. Aí mais tarde investe nessa carreira de soldado, se matriculando numa academia militar chamada Frunze, e daí pra frente então ele participa de diversos conflitos, e u deles o de Stalingrado, mas aqui já como general/marechal.
Esse momento final do capitulo foi já com a batalha de Stalingrado ocorrendo, e o momento inicial do capítulo foi dias antes. Se tratou nessa última cena do bombardeio que durou tristes 5 dias, iniciado dia 23 de outubro de 1942, e onde aproximadamente 40 mil civis morreram.
O nome do avião dado no trecho final também o nome real dos aviões nazistas da batalha, o da pistola também.
Aquilo explicado sobre a invasão e batalha a Stalingrado dentro do capítulo foi exatamente daquele jeito. Mas os exemplos de Leningrado e moscou aconteceram em 1941, já o caso de Stalingrado de 1942 até 1943, e Leningrado 1941 até 1944.
E o plano Barbarossa se inicia em 22 de junho 1941, com chegada ao alvo em 05 de dezembro.
Mas sobre a história, o que estão achando? Seja Sincero!
OBRIGADO PELA LEITURA!



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