Império do Dragão escrita por Holanda


Capítulo 2
Capítulo 2: Ávida Justiça




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Laboratório Secreto, algum lugar ao norte do Vale.

 

— Frank! Ativar Defesa nível 10! Agora! — O doutor Arthur Watts gritou ao entrar correndo em seu posto de comando principal e se debruçar sobre um painel cheio de botões.

— Subindo nível de proteção para 10. — A voz computadorizada da inteligência artificial apelidada de Frank reverberou pelas paredes cavernosas e escuras. 

— Me mantenha informado! — Ele levantou os olhos para a tela, estava preta, todas as suas câmeras de segurança estavam dando defeito, tudo graças a…

— Ameaça se aproximando rapidamente pelo corredor delta. — Frank informou.

— Realoque todos os VG7 para lá! Defender o laboratório é prioridade número um! — Watts esperava que seu novo modelo de androide mais avançado pudesse lhe dá algum tempo, ele não era idiota de achar que podia vencer ela. — Frank, iniciar protocolo de fuga!

— Iniciando protocolo de fuga, preparação completa em dois minutos.

— Droga! — Ele socou o painel, só lhe restava rezar para que fosse tempo o bastante.

— Os VG7 não respondem.

— Merda! 

— Ameaça se encontra na porta de entrada.

— O que? Mas já? — Watts se virou ficando de frente para a porta de aço do laboratório, uma forte batida ecoou como se uma bola de demolição gigante tivesse acertado o metal o deformando, mas a porta não abriu. — Ha! Gostou dessa? São 30 centímetros de aço carbyne revestido com 5 centímetros de malha de grafeno! Quero ver você passar por isso! — Ele provocou confiante, mas então um brilho foi visto na fenda da porta e novos golpes ecoaram pela caverna. — Não, não é possível…

A junção começou a deformar conforme o aço ficou amarelo devido ao calor o deixando mais maleável, um rangido feio feriu seus ouvidos conforme o metal ia sendo aberto a força, a abertura ficou grande o bastante para uma pessoa passar, a figura a sua frente estava brilhando de tão quente. Watts trincou os dentes quando ela entrou com passos ridiculamente lentos, o cabelo loiro brilhava como o sol e seus olhos estava vermelho como brasa.

— O que você quer? — Watts gritou para ela. 

Yang deu alguns passos a frente, mas então parou quando seus olhos caíram na capsula de aproximadamente dois metros que estava atrás do cientista.

— O que… o que é isso? O que você estava fazendo? — Ela perguntou e Watts riu.

— Só um projetinho inocente, eu juro. — Ele zombou de sua cara.

Dentro do tubo cheio de um líquido estranho e transparente, se via uma versão meio robótica de Ruby, a parte de baixo de seu corpo ainda não estava feita, de sua cintura saiam vários cabos e tubos, a parte de cima dava para reconhecê-la, apesar de metade de seu rosto ser robótico com o metal exposto.

— Está fazendo um outro cyberclone da Caçadora Vermelha. — Não foi realmente uma pergunta, afinal, estava bem claro o que era aquilo. Yang fechou o punho enojada. — Não basta essas suas malditas máquinas de guerra horríveis ou ficar criando armas para outros criminosos, você tem de fazer uma abominação assim, não é?

— Não fale assim dela, é praticamente minha filha. — Yang trincou os dentes e a temperatura aumentou ainda mais. 

— Protocolo de fuga finalizado com sucesso. — Frank informou e o tubo onde a versão monstruosa de Ruby estava se inclinou para trás e se acoplou em uma pequena nave que surgiu de um alçapão no chão.

— Você não vai fugir. — Yang afirmou.

— Acho que você precisa esfriar um pouco sua cabeça! — Watts falou quando apertou o botão no painel e uma espuma caiu sobre Yang cobrindo seu corpo. — Considere como um presente de despedida, nitrogênio estabilizado, menos 300 graus, tudo só para você. — Watts pulou por cima do painel e correu na direção da cápsula de fuga.

Antes que ele sequer pudesse entrar, uma explosão sacudiu a cavernas, as cápsulas com outros experimentos dele se partiram fazendo o líquido estranho cair pelo chão como uma enxurrada, a nave de Watts virou com a força da água sintética caindo por cima dele e prendendo suas pernas.

— Aaaah! — Ele gritou de dor tentando se libertar, mas a parte inferior do seu corpo estava sendo esmagada pelo peso da sua própria nave de fuga. 

Yang flutuou para perto dele, sua expressão era de uma fúria contida, seus olhos ainda vermelhos e sua aura de fogo ativada cobrindo seu corpo a fazia parecer assustadoramente poderosa. Ela o olhou friamente.

— Eu me rendo, me ajude! — Watts implorou.

— Você dá uma chance, e ele volta a errar, você dá outra chance, e ele volta a cometer o mesmo erro, e de novo, e de novo, e de novo. — Yang disse com uma voz controlada que fez o sangue de Watts gelar. — Tem uma hora que as chances acabam.

— Hã? O que está dizendo? Você é o herói da história, não é?

— Sim, sou, e como tal, devo impedir que o mal cresça. — Yang olhou para repugnante cópia de Ruby semiacabada. — Eliminando os maus. 

— Ei! Espere! Não! Não! Nãaaaao!

A boca de Yang se encheu de chamas e ela cuspiu seu hálito de dragão sobre ele, as labaredas infernais caíram no cientista, seu grito ecoou enquanto seu corpo era queimado e depois de apenas cinco segundos de agonia, ele se silenciou para sempre, seu corpo carbonizado ficou estático no chão, enegrecido pelo fogo e ainda preso sob a pesada cápsula.

— Considere isso, como um presente de despedida.

Yang olhou em volta sentindo náusea pelo que via.

— Eu vou destruir todo esse lugar, não sobrará nada, nem suas máquinas, nem suas experiências perversas.

Um grande tremor foi sentido a quilômetros e alguns fazendeiros viram aturdido quando um dragão dourado subiu para o céu noturno, tão claro que fez a noite parecer dia por alguns instantes. No dia seguinte, alguns lenhadores encontraram uma enorme cratera na montanha, eles juram que aquilo nunca esteve ali antes, dentro não havia nada ao não ser cinzas e pedaços de metal retorcido. 

 

Ferro-velho abandonado, em algum lugar ao leste do Vacuo. 

 

Mercury estava na frente da TV assistindo a um jogo de futebol, ele vivia atualmente em um trailer no meio de um ferro-velho abandonado, tinha uma TV antiga, um sofá furado e várias peças de carro para improvisar. Não era muito diferente de como ele viveu sua infância. 

Ele levou a garrafa de cerveja barata até sua boca, mas de repente algo bateu no teto do seu trailer e o fez estremecer, a cerveja caiu para fora molhando suas roupas sujas. 

— Mas que porra é essa? — Ele olhou para cima e dava para perceber claramente alguém andando no teto. 

Mercury observou com cautela o estranho ir na direção da porta, o barulho foi claro quando alguém pulou do teto para o chão ficando de frente para a entrada, ele foi até lá e abriu a porta com cuidado. 

— Hey! É você! Que susto me deu. — Ele quase sorriu, Mercury voltou para dentro deixando a porta aberta para sua visitante entrar. 

Yang se abaixou para passar pela porta estreita do trailer e entrou sendo recebida por um cheiro forte que era formado por uma mistura de cigarro, suor, álcool, maconha, e óleo de motor. 

Ela o viu se sentar no sofá pegando de volta sua cerveja, ele estava com o cabelo mais curto, as roupas sujas e fedidas, Mercury também exibia uma barriga mais protuberante, não lembra muito o jovem que já foi um dia, mas Yang não o subestimava, ele certamente ainda tinha os mesmos poderes que antes. 

— Então, o que veio fazer aqui? — Ele perguntou limpando a boca suja com as costas da mão. — Duvido que tenha sido para ver meu rostinho lindo. — zombou. 

Yang olhou em volta com uma expressão que beirava ao tédio. 

— É assim que você anda vivendo? No meio do lixo e sendo sustentado pelo governo com seguro desemprego?

— O governo me paga uma ninharia!  — Ele cuspiu. — Tô vendendo umas coisas ai.

Yang olhou para baixo, havia seringas, ampolas e pequenos sacos na mesa de centro com um pó branco dividindo espaço com bitucas de cigarro e garrafas vazias.

— Drogas?

— Talvez, mas isso não é da sua conta. — Ele tomou outro gole. — Me diz logo o que você quer, ou vai ficar ai me vendo coçar meu saco a noite toda?

Yang ficou o olhando em silêncio por alguns instantes, ela estava parada ao lado da velha TV que fazia um barulho irritante com o narrador do jogo gritando, a luz jogando sombras meio sinistras em sua roupa a deixando com uma aparência mais sombria do que nunca, o dragão de ouro que fiava no seu cinto de cintura alta, estava assustadoramente brilhante enquanto a heroína se mantinha rígida com os punhos juntos na altura do peito.

— Tem um velho ditado que diz. — Yang disse com uma voz inflexível. — Se um homem bom é capaz de impedir que o mal aconteça e não o faz, é porque ele não é um homem bom.

— É o que? — Mercury levantou uma sobrancelha e naquele instante, Yang virou o rosto para ele com os olhos vermelhos brilhando. — Oh, porra! 

Ela voou em sua direção acertando seu joelho no rosto dele, Mercury foi jogado contra a parede do trailer que era tão frágil e fina que se abriu como uma folha de papel e ele voou para o lado de fora caindo sobre uma pilha de pneus velhos. Ele desapareceu no meio da pilha e Yang flutuou pela abertura para fora, os pneus começaram a tremer e de repente, milhares deles saíram voando em círculo dentro de um redemoinho de vento, no centro dele estava um Mercury enfurecido. 

— Veio atrás de briga, loirona? Vou fazer você se arrepender! — Ele gritou controlando o vento fazendo os pneus serem jogados como projéteis na direção da heroína.

Yang voou mais alto saindo do alcance, mas Mercury gritou fazendo um esforço a mais para desviar o vento e jogar na direção dela, alguns atingiram, Yang os desviou com movimentos de seus braços, quando um pneu de caminhão veio em sua direção, ela deu uma cambalhota no ar e o chutou de volta com grande força. O vilão viu aquilo voando em sua direção e se jogou no chão usando a força de suas pernas mecânicas para parar o pneu, tomando impulso, ele atirou de volta, mas quando o fez, perdeu Yang de vista.

— Para onde ela foi? — Ele arfou.

— Aqui, cabeça de vento. — Yang surgiu voando na frente dele, não deu tempo de Mercury sequer ficar surpreso, a heroína acertou as duas mãos em seus ombros, imediatamente ele sentiu os ossos de suas duas clavículas quebrando.

Mercury gritou e caiu de joelhos, Yang se aproveitou do momento e acertou seu cotovelo no queixo dele, depois um soco e por fim, seu joelho atingiu o meio no rosto dele. Ele bateu as costas no chão e devido a força do impacto, saiu arrastando as costas no chão por alguns metrô. Yang observou ele se erguendo pateticamente machucado, seu nariz estava torto e vertia sangue em sua roupa.

— Parece que você está enferrujado. — Yang provocou o vendo lutar para se levantar.

— Cale a boca sua vadia! — Ele gritou e tentou invocar novamente o vento e fez seu tradicional movimento de pernas jogando chutes no ar e as rajadas de energia foram na direção de Yang que atingiu em cheio e subiu uma nuvem de poeira no ar. — Quem está enferrujado aqui? 

— Você. — Yang saiu voando em alta velocidade de dentro da nuvem, sua aura de fogo ativada cobrindo seu corpo com um brilho dourado, seu cabelo em uma labareda quente e seus olhos vermelhos intensos. 

O seu ex rival levantou os braços para se proteger e Yang acertou um soco no meio da barriga dele. Ele arfou quando pareceu que todo o ar havia escapado de seus pulmões, ela continuou o golpeado, soco atrás de soco, suas costelas de partindo e o sangue sendo cuspido para fora de sua boca. Yang saltou e atingiu a cabeça com um chute, ele foi atirado longe e atingiu uma pilha de carros velhos. 

Ela mais uma vez observou a movimentação, Yang sabia que ainda não tinha acabado. 

— Maldita! — Ele gritou quando uma carcaça de carro voou longe. — Pra quê isso tudo? 

— Não é óbvio? 

— Veio aqui para me matar! Não vou deixar! — Ele agarrou outra carcaça de carro e jogou na direção de Yang que desviou do ataque facilmente com um chute. 

— Desista, e eu faço isso ser menos doloroso para você. 

— Sua vadia! Eu nem fiz nada! Tô limpo! — Ele gritou atirando novamente energia com seus chutes, mas eram tão fracas que nenhuma chegou perto do alvo. 

— Depois de tudo que você fez, nunca estará limpo! — Yang juntou suas mãos no seu abdômen, a cabeça de dragão em seu cinto abriu a boca e começou a brilhar. 

— Oh, merda! Merda! Merda! — Ele se virou tentando correr para longe. 

— É tarde para fugas! É tarde para arrependimentos! — Yang disse e atirou com suas mãos a intensa rajada de energia amarela que saiu de deu núcleo, o raio conhecido como “Resplendor do Dragão” rasgou o ar atingindo Mercury que ergueu suas pernas para se proteger. 

A energia o atravessou com tudo rasgando e queimando suas roupas, suas pernas que era mecânicas com próteses super tecnológicas quebraram na altura dos joelhos o deixando no chão sem as pernas e com várias queimaduras pelo corpo. 

— Ah… Ah… — Mercury tentou respirar, mas seus pulmões pareciam em chamas, ele arregalou os olhos quando percebeu que Yang estava caminhando em sua direção.

O vilão se virou e tentou se arrastar para longe em uma última tentativa desesperada para salvar sua vida, Yang chegou até ele e se inclinou segurando sua cabeça com as duas mãos. 

— Antes que eu te mande para o inferno, quero que saiba que não é pessoal, na verdade, eu sinto até certa simpatia por você depois de todos esses anos como rivais. 

— Vai a merda… — Ele murmurou tão forte quando seu corpo moribundo podia. 

Com um único movimento preciso e rápido, Yang girou sua cabeça quebrando seu pescoço com um estalo audível. Ela o largou e ainda gastou alguns segundos o olhando. 

— O mundo ficou um pouco melhor, sem você por aqui, só não sei dizer se é infelizmente ou felizmente. 

Ela invocou seu avatar de dragão e voou para o céu girando entre as estrelas e partindo rapidamente para o leste. 

 

Sala de reuniões do concelho da Atlas. 

 

A mesa redonda de vidro tinha exatamente dez cadeiras, todas elas estavam ocupadas. 

— Deve saber por que desta reunião, senhora Schnee. — Cordovin disse, ela estava sentada em uma cadeira flutuante de alta tecnologia, a mulher baixinha era dependente daquela coisa para se locomover. 

— Seria por causa de minha campanha de incentivo a cena musical de Mantle? — Ela ironizou. 

— Muito engraçado, isso é sério, Senhora Schnee. — disse uma das conselheiras. — Sua amiga super poderosa anda promovendo uma chacina! Nos últimos 4 dias, foram 7 ataques, o Doutor Watts, morto carbonizado no norte do Vale, Mercury Black morto no Vacuo com o pescoço quebrado, ele estava em liberdade provisória, sabia? — Ela informou. — Teve os membros da gangue dos Street Knights, os quatro foram achados empilhados dentro do uma lata de lixo no centro da cidade de Shade. Família Xiong massacrada em Mistral. A dupla Dee e Dudley e o Tenente White morto no Vale, e ontem foi a vez da Gatuna, achada morta bem no coração da nossa cidade. Da nossa cidade! — Ela enfatizou. 

— Isso foi uma afronta! — falou outro conselheiro. — Ela não respeita nossas leis e autoridade! 

— Isso sem mencionar o Scorpius! — lembrou outro membro do concelho. — Foi há alguns meses, mas foi a Yellow Dragon que o matou, vai para a lista. 

— O que tem a nos dizer, Senhora Schnee? — perguntou a presidente Cordovin.

— Eu não respondo pelas ações de Yang, se quiserem, convoquem ela e peçam explicações. 

— Como é? Ela tem de ser detida! — Outro conselheiro bateu o punho da mesa. 

— Espere só um pouco. — Outro interveio. — Por que devemos detê-la? Até onde vejo, ela só atacou criminosos já reconhecidos.

— Ela está cometendo um crime, se um policial mata no serviço, ele vai responder pelo seu ato, só porque Yellow Dragon é super poderosa ela não deve responder pelos crimes? 

— Eu só estou dizendo que até agora, suas ações não trouxeram nenhum malefício para inocentes ou cidadãos de nenhum dos 4 reinos. Nossa missão é preservar a paz e a ordem, não fiscalizar a moral, nesse sentido, eu vejo a Yellow Dragon como uma aliada. 

— Talvez seja por enquanto, mas o que acontece se ela consideram o senhor como uma ameaça? 

— Senhores e senhoras do concelho. — Weiss chamou e o grupo todo se virou para ela. — É fato, que Yellow Dragon está tomando medidas drásticas, mas como bem apontou o conselheiro Thomas, até ao presente momento apenas criminosos conhecidos foram lesados, peço que aguardem um pouco e deem um voto de confiança. 

— Tem que me perdoar, Senhora Schnee. — Cordovin chamou, Weiss olhou para a presidente do concelho, o rosto puxado e rígido pelas cirurgias plásticas que fazia para disfarçar a idade. — Você pode realmente nos garantir que isso não é uma ameaça? 

Weiss disfarçou o nó que prendia sua garganta e respondeu o mais firme que pôde: 

— Sim! E caso seja, eu estarei do lado da Atlas, isso eu posso garantir.

— Mesmo que isso signifique… — A presidente começou em um tom sombrio. — Matar a Yellow Dragon?

— Sim.

— Nós podemos fazer isso? — Alguém perguntou parecendo temeroso. — Quer dizer, é a Yellow Dragon, ela é invencível.

— Não, não é! Posso garantir isso, conselheira Minerva! — Weiss afirmou categórica. — Enquanto eu estiver aqui, Atlas não estará desprotegida, nem o mundo.

— Corajosa, mas isso eu sempre soube que você era. — Cordovin disse parecendo orgulhosa, mas era difícil de ver devido a seu rosto quase paralisado. — Só não sei se está blefando.

— Não estou, confiem em mim.

— Vamos confiar, você nunca nos falhou antes. —  encerrou a presidente.

Blake estava a esperando dentro do carro.

— Como foi? — Blake perguntou com cuidado. 

— Terrível! Yang tem de parar, e tem que parar com isso imediatamente. 

Blake fez uma expressão abatida e olho pela janela para o céu azul de Solita. 

— Ela não vai parar, a não ser que seja detida. 

— Eu preciso de duas coisas. — Weiss falou determinada. — Da lâmpada e um copo bem grande de café preto! 

 

Algum lugar no submundo de Mistral.

 

Em um bar cheio de algazarra e fumaça de cigarros com as paredes impregnadas permanentemente com o cheiro de álcool, uma mulher voluptuosa estava sentada em uma mesa toda pomposa com um leque em sua mão no andar de cima. Todos ali eram capangas daquela mulher, todos serviam a Miss Malachite, conhecida senhora de transações ilegais e envolvida indiretamente em várias atividades criminosas.

A noite lhe parecia tranquila, tudo normal quanto ela bebericava uma taça de vinho junto com seu cigarro em sua câmara reservada, um prato com sua comida favorita a sua frente, mouse de frutas vermelhas, mas então, algo passou tão rápido pela janela que derrubou sua sobremesa no chão, quando Miss Malachite olhou para cima, havia uma figura bem conhecida flutuando com uma postura reta e os punhos juntos logo acima de sua mesa.

— Estava me perguntando quando viria até mim. — Ela disse. 

— Então sabe o que vim fazer aqui? — perguntou Yang sem mostrar nenhuma flexão em sua voz. 

— Você está caçando uns caras bem malvados por aí. — Ela sorriu depois que tragou o cigarro. — Você quer informações, todos vem a mim em busca de informações. 

— Então é isso que você pensa? Está enganada, pois não preciso de nada vindo de uma ex prostituta que quando ficou velha demais, passou a explorar os outros. — Yang tinha um olhar duro. 

— Explorar? Eu tirei eles da rua! Teriam morrido de fome, ou entrado do mundo das drogas sem mim! — Miss Malachite ralhou. 

— Tirou das ruas direto para o crime organizado, você só os quer para fazerem seu trabalho sujo, mas ao contrário de você, eu nunca deixaria ninguém fazer um trabalho que é meu. — A voz de Yang se projetou só um pouco mais alta, mas ainda era severa e altiva. 

— O que quer dizer com isso? 

— Onde está sua esperteza, Miss Malachite? Seria a velhice lhe alcançando? Infelizmente envelhecer e morrer é uma sina dos humanos. 

— Espere, quer dizer que… — De repente o entendimento caiu sobre Miss Malachite. — Entendo. Deixe os rapazes vivos, você quer a  mim. 

— Errado, quero todos vocês, e não importa se fujam, eu os acharei, nem que tenha de matar uma por uma, cada pequena semente do mal nesse mundo. 

— Entendo… — A mulher a olhou espremendo suavemente os olhos, suas rugas se contraindo em sua face. — Então é isso que você se tornou? Uma ditadora da benevolência? Você realmente acredita que está fazendo isso por uma causa superior, mas, no fundo, só está fazendo por si mesma. 

— Silêncio com suas palavras enganadoras! Eu estou desse mundo com uma nobre missão, expurgar o mal! 

Miss Malachite abriu um sorriso divertido. 

— Me pergunto o que você fará quando perceber que você mesma se tornou o mal desse mundo? Se matará? — Ela disse em um tom quase zombador. 

— O que alguém como você sabe sobre o bem e o mal? Suas atividades criminosas infectam essa cidade a décadas, mas isso vai acabar! Vai acabar aqui e agora! Eu livrarei essa cidade, a minha cidade, de bandidos como você! 

— Sim, você vai, não duvido, você é o que? Um deus entre nós, meros mortais. Você pode fazer tudo que quer, tem um poder que jamais sonharíamos possuir, mas Remnant é a prova que todos os ídolos caem, e você tem um defeito fatal que será sua derrocada. 

— Está jogando sua última carta? Isso não te salvará. 

— Não espero salvação, mas é uma pena que não estarei aqui para ver quando você cair. 

— Isso não acontecerá, porque só descansarei quando tiver acabando com todo o mal. Vou te dá a oportunidade de dizer suas últimas palavras, um privilégio que não dei a outros. 

— Ah, devo agradecer tal honraria, grande deusa? — Ela deu um último trago no cigarro. — Minhas últimas palavras são… Te vejo no inferno. 

Os olhos de Yang ficaram vermelhos e em um instante o dragão de fogo surgiu engolindo o bar inteiro em chamas infernais. O calor foi tão intenso que os matou em um segundo, Yang voou ao céu ainda dentro de seu avatar dragão. 

— Hoje será uma noite para nunca esquecer, hoje, limparei essa cidade. 

 

Concelho de Mistral. 

 

— Eu exijo uma retaliação, presidente! — Um dos conselheiro gritou exaltado. 

— Se acalme, Senhor Hajime! Estamos falando da nossa heroína, ela salvou nosso reino e o mundo mais vezes do que o Senhor tem dedos nas mãos!

— De que importa, ela passou de todos os limites aceitáveis! Casas foram destruídas, o número de mortos passou de 300 em uma única noite! Não podemos ficar de braços cruzados! 

— Ora, cale a boca, seu egoísta! Yang limpou essa cidade de todas as organizações criminosas em uma noite, coisa que ninguém foi capaz de fazer em 30 anos! Deveríamos lhe dá um prêmio! 

— Um prêmio por uma chacina? 

— Senhor Hajime, o senhor está sozinho, ninguém aqui concorda em fazer qualquer represália a Yang. 

— A senhora Pixer concorda comigo? — Ele se virou para a mulher. 

— Até concordo, mas Yang é muito popular, se fizermos qualquer coisa contra ela, será um tiro contra o nosso próprio pé. 

— Ela é muito poderosa, não podemos fazer nada. — Presidente Leonardo falou. 

— Covarde! — Ele gritou exaltado. 

— Eu… 

— Há algum tempo atrás eu concordaria com tal afirmação. — A voz veio de trás e todo o grupo de conselheiros se virou para ver Yang flutuando na janela da sala de reuniões. 

— Yang! Que honra sua presença! — Um dos homens bajulou. 

— Sim, mas não vim apenas para vocês terem o prazer de minha presença, soube que alguns dos senhores e senhoras estão achando ruim minhas ações. — Ela flutuou para dentro da sala. — O Senhor Lionheart não é um covarde, ele é prudente e como um bom homem prudente, sabe seu lugar. 

— Desculpe incomodá-la, estamos do seu lado. — O presidente disse. 

— Está com medo de mim? — Yang se virou para ele. — Se não fez nada de errado, então não precisa me temer, pois agora, minha gentileza é apenas para os bons. — Yang disse. — Mas vocês têm um compromisso com o povo, e estou aqui para lembrar o senhores e senhoras disso. 

— Veio aqui nos ameaçar? — Conselheiro Hajime gritou. 

— É um lembrete, eu farei o que for necessário para o bem do reino, do mundo, e isso significa que vocês que fazem parte dos concelhos têm de fazerem um bom trabalho. Colocarem o bem-estar do povo em primeiro lugar, não os interesses pessoais, como alguns do senhores e senhoras fazem. 

— Veio aqui para nos ameaçar! — Ele afirmou segurando o olhar na heroína. 

— Pelo amor dos deuses, se contenha, conselheiro Hajime! — Alguém implorou. 

Yang se aproximou dele e sua aura irradiava poder, o homem caiu na cadeira e afundou nela se encolhendo como se toda sua força tivesse sumido. 

— Se quer pensar nisso como uma ameaça, que assim seja, não me importo, o senhor vai trabalhar em prol do povo e do nosso reino. Todos vocês irão! — Ela se virou para os outros. — Eu estarei aqui de olho em cada um, façam sua parte e eu farei a minha, não vamos atrapalhar uns os outros e tudo ficará bem. Eu me livrarei dos maus elementos em nosso mundo, e quanto vocês irão dá educação, trabalho, saúde e lazer ao povo. Entendido? 

Os conselheiros se olharam, alguns estavam apreensivos, mas outros pareciam fascinados pela sua heroína. 

 

Deserto do interior de Menagerie. 

 

— Socorro! Por favor, alguém me ajude! — Um homem gritava, seu jipe havia capotado no meio da estrada que cortava o continente de Menagerie pelo meio da imensidão séptica de areia e pedras. 

Ele estava preso debaixo da carenagem do carro. Depois de gritar, ele simplesmente desistiu, o lugar era nada além de quilômetros e mais quilômetros de nada e solidão desértica. Ele morreria logo, isso ele estava certo, ainda mais quando viu os pequenos escorpiões que tinham cerca de meio metro saindo do meio da areia, eles tinham uma carapaça branca e pinças ósseas e um ferrão amarelo. 

— Filhotes de Deathe Stalker! — Ele se arrependeu de ter saindo de casa naquela manhã, parecia que sua morte seria muito mais horrível do que desidratação. 

Ele fechou os olhos esperando a dor chegar quando os monstrinhos começaram a subir no veículo capotado. Mas então, nada veio, ele ouviu barulhos do lado de fora, mas de sua posição de ponta cabeça não podia ver nada. Ele viu quando a porta do carro foi arrancada violentamente e atirada longe com um baque surdo na areia, ele olhou a silhueta se inclinando em sua direção. 

— Não tenha medo, eu o tirarei daí. — Yang disse. 

— Obrigado. — Ela abriu com facilidade os ferros retorcido o deixando livre, Yang o pegou em seus braços. 

— Vou te levar para a cidade mais próxima que é… 

— Kuo Kuana. — Ele respondeu por ela. 

— Hum… Você viverá. 

Yang voou com ele em seus braços tomando cuidando para não machucá-lo ainda mais. O homem era da raça dos faunos, uma raça que sempre sofreu com preconceito e discriminação em Remnant. Os faunos era quase tudo semelhante aos humanos comuns, com exceção que eles tinham alguma parte de corpo animal, alguns tinham orelhas de gato, como Blake, outros tinham caudas de lobo, escamas de lagarto, existia todo o tipo de combinações possíveis. O homem em seus braços tinha pequenos chifres em sua cabeça. Mas Yang não ligava, ela nunca fez nenhuma distinção entre raças, afinal, em sua opinião, humanos e faunos eram igualmente falhos e frágeis. 

Ao chegar na cidade litorânea que era capital de Menagerie, a heroína deixou o homem em um hospital, não sem antes ouvir vários agradecimentos dele. 

Ela subiu ao céu para ir embora, mas percebeu que havia uma grande multidão de pessoas concentradas em uma avenida ali perto, bem de frente a praia. Ao reparar, Yang viu que era um protesto, um protesto contra ela. 

Ela flutuou para perto do aglomerado enquanto eles empunhavam placas e cartazes contra a Yellow Dragon. 

— O que significa isso? — indagou Yang sem esconder sua revolta.

— Vejam! É ela! — Alguém gritou no meio deles.

— Vai embora! Ninguém quer você aqui! — Outro disse. 

— Por que dizem isso? Depois de tudo que eu fiz por vocês? Ingratos! Vocês são um bando de ingratos! Eu deveria… 

Yang parou quando algo enrolou em seu tornozelo, ela olhou para baixo e um tipo de corda de aço estava a aprendendo, antes que visse quem a atacou, ela foi puxada com força e girou no ar até ser arremessada na direção da orla. Seu corpo caiu sobre várias barracas que ficavam ao longo do calçadão quebrando o telhado e caindo dentro de um restaurante. 

Yang se levantou com as pessoas correndo e gritando à sua volta. 

— Quem fez isso? — Ela perguntou, assim que fechou a boca, novamente sentiu a corda de aço prender seu tornozelo e ela foi arremessada novamente na direção da praia e Yang caiu na areia fofa e branca tão típicas das belas praias de Menagerie. 

Ela levantou já irritada, estava sendo atacada por um oponente invisível. 

Um oponente invisível? 

A ponta do chicote voou em sua direção novamente, Yang se antecipou e o agarrou no seu braço, ela segurou firme. 

— Eu sei que é você, Shemeleon! — Yang deu um puxão não muito forte, mas foi o bastante para fazer seu oponente ser arrastado pela areia da praia. 

A mulher se levantou ficando visível, ela usava uma roupa cinza e tinha um longo cabelo castanho. 

— Por que está me atacado? — Yang perguntou.

— Eu sei o que você fez! E não vou deixar que faça o mesmo aqui, sua assassina! — Ela gritou e chicoteou sua arma, a ponta se desligou no braço de Yang. 

— Ai! — Ela uivou quando foi atingida no rosto pela ponta do chicote de aço. — Do que você está falando? Eu estou combatendo o mal! — argumentou Yang. 

— Eu vi o que você fez em Mistral! Tinha faunos entre eles! Você matou meu povo! 

— Eram criminosos! 

Ilia recolheu seu chicote se preparando para um novo golpe. 

— Eles estavam no caminho errado, mas não mereciam ser queimados vivos! — Ela golpeou a sua arma na direção de Yang que caiu para trás bem na água do mar, o aço ainda sobre ele. — Você não passa de uma louca assassina! — Ela ativou o dispositivo que fez uma corrente elétrica sair pela ponta e Yang gritou quando o choque intensificado pela água lhe atingiu. 

Ilia se aproximou andando pela areia, seu rosto retorcido em raiva. 

— Meu povo passou séculos escravizados! Humilhados! Torturados! Mortos! Não lutamos tantos para sermos livres para você vir aqui ditar suas regras! Eu não vou deixar que você nos intimide! 

Ela lançou o chicote, mas Yang o interceptou com o braço. 

 — Não quero lutar contra você, mas se é assim que você quer. Você terá uma amostra do que acontece quando se enfrenta um deus! — Ela puxou fazendo Ilia vir em sua direção, Yang ergueu o punho. 

Quando ela chegou perto, Yang desferiu o soco, ela esperava que isso acabasse rápido, um golpe e pronto, mas seu punho passou direto por ela, como se o corpo de Ilia fosse um tipo de holograma de luz. 

— Você pode até ser uma deusa em Mistral, mas aqui? Você não é nada! — Ilia ficou invisível e atacou Yang com repetidos golpes de seu chicote de aço. 

Poucas coisas faziam Yang sentir dor, mas aquela maldita ponta de aço voando em alta velocidade em seu rosto carregada de eletricidade estava realmente a incomodando. Ela cambaleou para trás, sabia que Ilia tinham alguns poderes bem específicos, mas não era nada pudesse sobreviver a força e ao poder brutal de Yang. 

— Pare! Eu estou ordenando que você pare! — Yang gritou, ela não poderia ver, nem tocar em Ilia, mas conseguiu ver a água do mar se movendo de forma diferente no local onde ela estava. 

— Você não manda em mim! Vai embora de Menagerie, e não volte nunca mais! 

Yang flutuou para sair da água, como esperado, o chicote enrolou em seu pé novamente, mas daquela vez Yang não ia pegar leve com a fauna de camaleão, ela puxou sua perna e com sua superforça ergueu Ilia da água, com um movimento em forma de chute a heroína a jogou na direção da areia. Quando Ilia caiu, sua invisibilidade falhou e Yang pode vê-la. 

— Eu não quero matá-la, você não é como esses crápulas perversos, entendo sua revolta, mas ela é irracional. — Yang flutuou calmamente para perto dela. 

Ilia se levantou e tentou acertar Yang quando estava perto o bastante, mas seu golpe foi facilmente bloqueado. 

— Pare de lutar contra mim! Não vê que estou em um nível completamente diferente do seu? — Yang chutou ela tomando cuidado para não aplicar muita força, mas Ilia usou sua intangibilidade e seu chute passou direto por seu corpo. 

O cenho de Yang se franziu, ela usou sua velocidade assombrosa e conseguiu acertar uma série de cinco golpes rápidos em Ilia, ela caiu na areia com o sangue descendo por seu nariz. 

— Não seja tola! Pare de lutar! 

— Nunca! — Ilia tentou acertar um soco em Yang que foi tão fraco e lento que até uma pessoa comum teria desviado. 

Yang segurou o braço dela. 

— Se é assim que você quer. 

— Sim, me mate! Mostre sua verdadeira face! 

— Eu não vou matá-la, seu pecado é insolência, sou benevolente para não condená-la, mas vou te incapacitar, para aprender seu lugar. 

Yang atingiu o braço dela com um movimento de guilhotina na altura do cotovelo cortando fora seu membro. Ilia gritou de dor e Yang a olhou indiferente. 

— Eu sei que você tem a capacidade de regenerar membros perdidos, mas vai demorar alguns meses para você regenerar um braço inteiro. — Yang espremeu os olhos para ela. — Não se atreva a me desafiar de novo, caso contrário, vamos descobrir se você consegue regenerar se eu cortar fora sua cabeça. 

— Desgraçada… — Ilia arfou. — Você virou um monstro… Eu sei… porque eu já fui assim… acreditava em fazer justiça com as próprias mãos. 

— Ainda insiste em me ofender? E ainda se comparar a mim? Cuidado com seu atrevimento. Eu livrarei o mundo do mal! — Sua voz cresceu em altura. — Eu deveria ser venerada! Mas gente como você, parecem cegos! Não vêm que sacrifícios deve ser feitos! Mas humanos sempre são tão egoístas que não entendem isso! 

Yang parou de repente quando algo atingiu suas costas, ela olhou para trás e viu uma latinha de refrigerante que caiu no chão inofensiva.

— Deixa ela em paz! — Um gritou, era um dos que estavam no protesto. 

Yang ficou o olhando sem acreditar. 

— Não ouviu o que eu disse? Deixa ela em paz! — Ele atirou outra lata que bateu nela inofensiva novamente. 

— Larga ela! 

— Vai embora! 

— Nos deixe em paz! 

Outros dos protestantes chegaram na praia, todos pegaram o que podia para jogar em Yang, pratos, copos, garrafas, até cocos. 

— Não ouviu? — Ilia disse imprimindo alguma arrogância em sua voz apesar da dor. — O povo está clamando; vai embora! 

Yang a olhou séria, depois a largou no chão. 

— Vocês… são um bando de ingratos, tão tolos e ignorantes. Mas acima de tudo, são hereges que ouçam agir contra a justiça! Vocês não são merecedores de mim. 

 

Sala de Reuniões do Concelho do Vale.

 

— Isso realmente está começando a sair do controle. — Glynda disse ajeitando os óculos redondo no rosto, ela via pela janela de vidro a rua da frente do prédio, havia uma grande multidão protestando.

— Viemos o mais rápido possível, o que está acontecendo? — Oobleck e Port entraram pela sala e diante do silêncio da presidente do concelho, os dois homens foram até a janela ver o que a mulher estava olhando.

— Ah, mais um desses protestos, eles estão ficando bem frequentes. — mencionou Port.

— Sim, e eles estão vindo com conflitos. — Oobleck disse. — Eu vi pesquisas de opinião indicando que a maioria da população no Vale estão apoiando as recentes ações de… vocês sabe, da Yang.

— É uma margem pequena.  48% de apoio contra 38% de rejeição, 14% não quiserem ou não souberam opinar. — Glynda se virou. — Foi eu que encomendei a pesquisa. — Ela explicou.

— Algum motivo para isso? — perguntou Port.

— A situação é delicada.

— Correção, Yellow Dragon nos colocou em uma situação complicada. — corrigiu Oobleck. — O problema dos protestos não é exclusivo do Vale, eles estão surgindo em todos os reinos. E as opiniões estão divididas no mundo todo.

 — É triste ver que as pessoas estão apoiando essa barbárie. — falou Port.

— Essa é a questão, se suas ações têm o apoio do povo, então esse é o interesse do povo, como representantes, devemos sempre visar o interesse do povo. — comentou Glynda.

— O que está sugerindo? Que devemos mostrar apoio a isso? — Port pareceu revoltado.

— Vamos olhar para nós mesmo, nossas falhas, se o povo acredita que o caminho que Yang está lhes dando é o melhor, é porque o nosso falhou com eles. — Glynda se sentou em sua mesa. — Vamos fazer o nosso trabalho melhor, porque é tudo que podemos realmente fazer.

— Deve ser verdade, ela tem poder para se impor através da força, não devemos nos curvar. — disse Port.

— Não estamos, abracem suas convicções, caso contrário, podem se entregar ao caminho da Yellow Dragon, e será como os alienados que a veneram. — Ela disse. — Mas como concelho, vamos fazer nosso trabalho o melhor possível.

— Desculpe, Glynda. — chamou Oobleck. — Eu estou pensando nisso a um  tempo, e se lhe conheço, sei que está pensando no mesmo; Yang está enveredando por uma direção que muitos poderosos fizeram antes, uma direção que termina mal, a da tirania. Ficaremos de braços cruzados vendo isso?

— Você sabe qual o grande paradoxo da democracia? — indagou Glynda. — Que ela dá a liberdade para o povo escolher, mas isso não significa que a escolha é a certa, essa liberdade vem com a consequência que o povo usando de seu direito de livre escolha, escolha ser governado por um tirano que pode acabar com a própria liberdade do povo. — Ela suspirou. — Nada podemos fazer, é importante preservar a liberdade, mesmo que eles estejam escolhendo o lado errado. 

 

Cidade de Argus, Norte de Anima. 

 

Os gritos eram ouvidos por todos os lados, a cidade do litoral norte estava em pânico, centenas de monstros quiméricos havia aparecido no céu e estavam atacando a população. Eles tinham um tamanho de um carro, o corpo lembrava o de um leão, mas era negro e havia grandes chifres em suas cabeças cobertas por uma carapaça óssea branca e vermelha. De suas bocas cheias de dentes afiados, saiam bolas de fogo. 

Uma mulher caiu no chão de paralelepípedo com uma criança que não deveria ter mais de 5 anos. Ela gritou enquanto jogava seu corpo sobre o filho na tentativa de protegê-lo. A quimera voou na direção deles com a boca aberta em chamas, mas antes de encostar neles, o monstro foi atingindo se desintegrando no ar. 

Mãe e filho levantaram a cabeça para seu salvador. 

— Não se preocupem, eu estou aqui para protegê-los. — Yang disse estendendo a mão a mulher que aceitou agradecendo. — Se afaste um pouco, junte-se aos outros ali na calçada, eu cuido do resto. 

A mulher assentiu e foi para a calçada onde outras pessoas estavam ali. 

— O que ela vai fazer? — A mulher perguntou vendo Yang apenas parada ali, com os olhos fechados e uma expressão vazia no rosto, seu corpo parecia estranhamente relaxado. 

— Não acredito! — Um garoto adolescente exclamou ao lado. — Ela vai passar para o modo divino! Eu não acredito que vou ver isso pessoalmente! — O menino quase pulava no lugar de tanta excitação. 

— Modo divino? — A mulher murmurou voltando seus olhos para a heroína. 

Yang esvaziou sua mente e concentrou sua aura, seu corpo foi coberto por uma luz tênue dourada, era completamente diferente de sua aura de fogo que era quente, violenta e destrutiva. Sua aura divina era nobre como o ouro, majestoso como o sol, transcendente como uma divindade superior. Quando ela abriu seus olhos, as íris de Yang eram como poças de ouro líquido, um amarelo tão bonito que pareciam o lago da criação. 

Ela estava em seu estado mais poderoso, o modo onde ela estava mais perto de uma divindade completa do que em qualquer outro momento. Ela era mais rápida, mas forte, mais poderosa que nunca. 

Ela voou tão rápido que olhos humanos não podiam ver, no céu ela usou sua hipervelocidade e Yang vaporizou todas as quimeras, centenas de monstros destruídos em um segundo, as cinzas do que sobrou caíram sobre a cidade como uma chuva, para o alívio de toda a população que comemoraram com gritos e uivos contentes. 

Yang desceu vagarosamente até a multidão contente, eles gritaram seu nome e a adoraram por salvá-los. Eles se aglomeram e se acotovelaram conforme iam chegando cada vez mais gente, Yang estendeu os braços permitindo que eles tivessem a honra de tocá-la por um breve minuto. 

— Não temam, enquanto eu estiver aqui, eu os protegerei. — declarou solene ainda envolvida por sua aura divina. 

 

Cidade do Shade, capital do Reino do Vacuo. 

 

— Voltamos com mais notícias sobre a recente onda de ataques na cidade de Shade pela heroína conhecida como Yellow Dragon, cuja o nome verdadeiro é Yang. — A repórter âncora do jornal televisionado disse ao vivo. — Nos últimos dois dias, quatorze prostíbulos foram destruídos, as mulheres, em sua maioria faunas, foram poupadas e salvas pela Yellow Dragon, mas os clientes que estavam nos locais foram assassinados. A polícia estima um número de vítimas em torno de 65. Paralelo a isso, a penitência de Paturhill também foi atacada, os guardas e demais funcionários relataram que Yellow Dragon ordenou que eles fugissem e logo após, uma grande explosão destruiu o local junto com 258 detentos que estavam dentro. — A repórter se virou para um homem ao seu lado. — Isso tudo em um período de dois dias, secretário de segurança, diga que providências o concelho do Vacuo estará tomando? Apesar de criminosos, as famílias das vítimas querem ressarcimento. Ou será que os boatos que circulam pela internet de que Yellow Dragon estaria trabalhando sob ordens dos concelhos seria verdade? 

— Boa noite, Milla e todos os cidadãos do Vacuo que nos acompanham nesse momento. — O secretário cumprimentou. — Antes de mais nada, quero deixar bem claro que todas as ações da Yellow Dragon são de total responsabilidade da própria Yellow Dragon, o governo do Vacuo não tem absolutamente nada a ver com os recentes ocorridos. Ela está ignorando as autoridades de todos os reinos com suas ações justiceiras que fazem cada vez mais vítimas, não podemos mais ficar passivos, é importante que a população e todos os concelhos se unam.

— Senhor Secretário, é inegável que a opinião popular está dividida com relação a Yellow Dragon, por mais que uma grande parcela esteja reprovando suas ações, pesquisas indicam que a maioria, cerca de 71% dos cidadãos do Vacuo, aprovam a postura mais assertiva da heroína de Mistral. Não acha que atrairá impopularidade ao ficar contra Yellow Dragon?

— Se ficar a favor, não atrairá? A verdade, Milla, é que Yellow Dragon pensa que está fazendo justiça, mas não há justiça sem ser ético, e ela não está sendo ética, ela nem sequer está respeitando a liberdade das pessoas.

— Só um minuto, senhor Secretário, acabei de ser informada que Yellow Dragon se encontra aqui nos nossos estúdios e irá nos conceder uma entrevista. — A apresentadora pareceu chocada. — Nossa repórter de campo, Karli está a caminho.

Eles viraram para a tela gigante ao lado onde a repórter foi vista do lado de fora, bem na frente rua, ela segurava um microfone em sua mão e Yang era vista logo atrás dela em sua posição tradicional, com os punhos fechados encostados um no outro na altura do peito, seu rosto parecia tranquilo enquanto a heroína flutuava suavemente apenas alguns poucos centímetros, o suficiente para não encostar no chão.

— Olá, Milla, estamos aqui na porta de entrada do nosso estúdio com a própria Yellow Dragon que finalmente quebrará o sigilo e dará explicações. — Ela se aproximou junto com o câmera. — Yellow Dragon, todos querem saber, por que adotou uma postura tão agressiva? O que tem a dizer sobre as acusações de assassinato ou sobre a teoria que você ficou má? 

Yang sorriu quase divertida para a mulher falando rápido, obviamente ela estava com receio de que simplesmente ela saísse voando dali sem dá tempo dela fazer suas perguntas.

— Vejo que está nervosa, Karli. — Yang começou. — Mas não precisa, eu não fiquei má, e não assassinei ninguém, eu estou fazendo justiça, fazendo uma justiça eficiente, bem ao contrário do que o senhor secretário de segurança faz. A justiça que o governo prega e os heróis de Remnant praticam é ineficaz! Os criminosos são pegos, e depois de um tempo, voltam a fazer os mesmos atos abomináveis de antes, eu estou adotando uma tática mais eficiente, me certificando que os caras maus, jamais tenham novamente a oportunidade de machucar ninguém. Para que pessoas boas possam dormir a noite tranquilas tendo a certeza que esses criminosos nunca mais as ameaçarão!

— E como justifica os recentes ataques a prostíbulos? — Karli perguntou.

As sobrancelhas de Yang se franziram por uma fração de segundos, seu aborrecimento vindo do fato que para ela, a pergunta da repórter era tão incrivelmente óbvia que lhe parecia ridículo ter de responder.

— Essas pessoas estavam praticando atos abomináveis, explorando outras pessoas e ferindo qualquer senso de moral e de decoro que uma pessoa boa deve ter. Existência desses lugares é repugnante e pessoas que usam tais locais igualmente repugnantes. 

— Yellow Dragon, antes você dizia que não se envolvia com assuntos mundanos, que seu trabalho era salvar o mundo, diga-nos, o que mudou? 

— Eu estou salvando o mundo! — Yang respondeu claramente mais impaciente. — Eu estou fazendo o meu trabalho, só descansarei quando todo o mal do mundo for extirpado! 

— O que isso significa? 

— Que todo desvio deve ser punido, porque assim como é importante se certificar que os maus não voltem a cometer o mal, também é igualmente importante não deixar o mal crescer e os bons se corromperem, para isso, basta ser bom e correto. 

— Não está preocupada com as pessoas a temendo? 

Yang sorriu, mas em vez de ser um sorriso tranquilizante, a expressão no rosto da heroína junto com o brilho em seus olhos, só inspirava medo. 

— Se é o medo que fará as pessoas se comportarem, então que assim seja, eu serei juiz e carrasco em nome da justiça. Mas não há nada a temer, basta ser bom e fazer o bem e ninguém precisará se preocupar comigo. — A repórter abaixou o microfone parecendo atordoada, mas então algo balançou a terra como um uma enorme pedra tivesse caído no chão. 

— Olha lá! — O câmera gritou e apontou seu equipamento para o final da rua onde um homem gigante formado por músculos saltados e duros se aproximava. — É o Megarai! 

— Afastem-se, eu cuido disso. — Yang disse ao sair voando em alta velocidade na direção do supervilão.

— Grava isso, não perde nenhuma tomada! — A repórter instruiu e os dois correram para um local onde podiam ver melhor a luta. — Senhoras e Senhores, estamos fazendo uma entrevista na frente dos nossos estúdios com a heroína Yellow Dragon quando de repente fomos atacados pelo supervilão conhecido como Megarai! Agora estamos presenciando uma luta titânica bem no centro da cidade!

— Karli? — Milla chamou no estúdio. — Acabamos de ter confirmação que estamos transmitindo para toda Remnant nesse momento.

 

Mansão Branca, Atlas. 

 

— Mãe! — Walter entrou em seu escritório gritando.

— Walter! Já disse para não me atrapalhar quando eu estiver trabalhando! — Weiss o repreendeu.

— Mas liga a TV, olha o que tá passando! — Ele tomou a frente puxou o controle remoto ligou a tela atrás que estava atrás da mãe.

— Ah, não! Quando isso aconteceu?

— É ao vivo! — Walter respondeu e as sobrancelhas de Weiss se franziram mais preocupada que nunca.

Na tela aparecia as ruas do centro da cidade de Shade no reino no Vacuo, Yang e Megarai estavam lutando e destruindo a rua.

— Eu vi o que você fez com o Mercury! Nunca vou te perdoar! — O vilão gritou.

— Eu nunca pediria perdão por isso. — Yang respondeu ao se levantar de uma pilha de escombros que havia caído sobre ela quando Megarai a jogou na direção de um prédio.

— Sua desgraçada! — O homem de mais de dois metros gritou. — Eu vou quebrar seu pescoço como você fez com ele! — Ele puxou dois cristais e simplesmente enfiou eles em dispositivos que estavam presos em seus braços e seu corpo de modificou, sua pele pareceu se transformar em pedra com rachaduras onde um líquido quente corria. 

— Ele teve o que mereceu. — Vendo que o vilão estava preparando um ataque poderoso, Yang passou para sua forma de combate, o cabelo brilhando, sua aura de fogo ativada e seus olhos com perigosas íris vermelhas.

— Ele era como um filho para mim! — Megarai, cuja o nome verdadeiro era Hazel, enfiou mais cristais aumentando ainda mais seu poder, eletricidade correu por seus braços rochosos e quentes. — E você o matou, o matou sem ele ter feito nada! Que tipo de heroína é você? 

Ele atacou e Yang não soube se era os cristais combinados ou a fúria dele que estava lhe dando tanto poder, mas o soco que ele lhe acertou no estômago doeu como se um míssil nuclear tivesse lhe atingindo em cheio. A eletricidade se espalhou por seu corpo lhe fazendo gritar. Ele se afastou por um segundo depois acertou um gancho em seu queixo, sendo muito mais leve que Megarai, Yang foi arremessada para cima, mas antes de sair voando, Hazel agarrou seu pé.

— Eu vou te matar, mas antes, vou te fazer sofrer! — Yang trincou os dentes já se antecipando para o que viria. 

Hazel a jogou no chão com violência o impacto criou uma cratera no asfalto da rua, o vilão a bateu no chão mais algumas vezes, Megarai era conhecido por ter uma superforça extraordinária, um dos poucos que poderia dizer que era tão forte fisicamente quanto Yang. Impulsionado pelos cristais, o poder dele era espantoso naquela ocasião, e certamente o vilão não estava se contendo como normalmente faria. Ele largou Yang no chão e viu a aura dela sumir e o cabelo voltar a cor amarela normal e começou a socar várias vezes a heroína ainda caída.

— Você não é herói! — Hazel disse se afastando um pouco. — Heróis sempre fazem o que é certo, são justos e bons, eles seguem as regras! Você? Quem você acha que é para criar suas próprias regras? Para fazer sua própria lei? Volte a ser como os outros heróis que vai ser melhor para todos. Cada um sabe o seu lugar. Heróis são os certinhos e vilões os errados, você tá bagunçando as coisas, menina. Daqui a pouco ninguém mais sabe quem são os mocinhos.

— Yellow Dragon acabou de cair e não se move, será o fim? O que será que Megarai fará? — A repórter perguntou se virando para a câmera.

— Não deveríamos ir ajudar? — Walter perguntou olhando para Weiss que estava muito concentrada assistindo.

— Não. Yang está sozinha, e a essa altura, eu não ajudaria de qualquer forma.

— Mas e se…

— Mas observar, ela não está derrotada, não tão fácil. — Ela interrompeu o filho, Walter voltou sua atenção para a TV novamente no exato instante que uma luz amarela muito forte deixou a tela em branco por alguns segundo, quando a luz diminuiu, Walter viu Yang em sua forma divina, uma aura dourada cobrindo seu corpo e seus olhos estavam tão amarelo quando seu cabelo.

— Ela resolveu apelar. — comentou.

— Escute. — Weiss aumentou o volume do som.

— Você tem razão, tem razão em tudo que você disse. — Yang se aproximou lentamente. — Heróis não fazem as leis, eles seguem as leis. Heróis estão sempre fazendo o que é certo, são sempre bons e justos. — Yang se moveu em hipervelocidade e plantou um soco com enorme força no meio do estômago dele, Hazel se curvou cuspindo uma significativa quantidade de sangue após o ataque.

— Heróis não podem ser impiedosos, não é? — Yang acertou o soco no queixo dele fazendo o homem gigante cair para trás de costa no chão. — Ser obediente e seguir as regrinhas estúpidas feitas por governantes corruptos. — Ela juntou as mãos no centro do seu cinto com a cabeça de um dragão. — Heróis têm de serem todos certinhos! Senão, não são heróis, não é mesmo? — Uma esfera de energia se formou na boca aberta do dragão. — Eu já fui assim, mas agora? Eu faço as minhas regras e não haverá mais piedade. 

Yang despejou a energia em cima dele.

— Ela vai matá-lo na frente das câmeras? — Walter exclamou assustado.

— Sim. — respondeu Weiss em tom sombrio. — Isso é um aviso, Yang está mostrando para o mundo como as coisas serão daqui para frente com as regras que ela mesma ditará.

A próxima cena era forte, Yang ergueu o corpo fumegante e parcialmente queimado do Hazel do chão, era conhecimento comum que Megarai tinha uma fantástica capacidade de regeneração celular, com o devido tempo, ele voltaria ao normal, mas Yellow Dragon não permitiria. Se seu ataque mais poderoso não acabou com ele, Yang daria outro jeito de matá-lo. 

A última coisa vista foi a heroína carregando o vilão para o céu e depois, se perderam de vista, o foco voltou para a repórter e Weiss simplesmente desligou a TV.

— É hora de tomar uma atitude.

Walter olhou aflito para sua mãe:

— Não faça nada perigoso.

Weiss sorriu para ele.

— Não prometo.

 

~Uma Semana depois~

 

— Eu estava precisando disso. — Weiss disse para si mesma enquanto se acomodava em sua grande banheira de hidromassagem em seu luxuoso banheiro todo feito em mármore branco. 

Ela deixou o calor da água quente relaxar sua pele, seus olhos estavam quase fechando quando um vento lhe deixou a alerta, Weiss arregalou os olhos e franziu o cenho ao ver a figura pairando de forma despretensiosa na sua frente. 

— Você sabe o que é porta? Sua mal educada! — Ela ralhou irritada. 

— Mas você me chamou com urgência. Vim o mais rápido possível. — Se explicou Ruby. 

— Sim, mas não era para invadir meu banheiro! Ainda mais enquanto estou tomando banho! — Ela brigou. 

— Mas… 

— Saia! 

— Mas… — Ruby tentou de novo. 

— Me espere lá fora! — Weiss gritou ainda mais alto, Ruby estremeceu e correu para fora. 

— O que está acontecendo? — Blake apareceu correndo com sua arma em mãos, mas a fauna de gato parou e relaxou quando viu Ruby. 

— Só a Weiss brigando comigo, nada de novo. — A caçadora vermelha deu de ombros. 

Blake sorriu para ela. 

— Tá sabendo o que Yang está fazendo? 

Ruby ficou confusa. 

— Não, o que ela está fazendo? 

A fauna engoliu em seco, era melhor ela adiantar o trabalho de Weiss informando a Ruby a situação. 

— Não! Não pode ser verdade! Yang não é assim! Eu a conheço, Blake! 

— Eu também, Ruby, mas… eu sei o que eu vi, é justamente porque a conheço que posso dizer que aquela Yang que nos amávamos se foi. 

— Não! Não posso aceitar isso. 

— Mas é a realidade. — Weiss apareceu já entendendo que Blake havia contato tudo a Ruby. — O poder corrompe, e infelizmente, Yang foi corrompida por ele. 

— Eu vou falar com ela, vamos resolver isso. — Ruby disse. 

— Sim, vamos sim. Venha comigo. — Weiss seguiu por um corredor e a caçadora vermelha foi atrás, Blake apenas olhou com certa dor e amargura para aquilo. 

— Weiss, fale a verdade, você não acha que Yang pode está sendo controlada por um vilão ou algo assim? 

— Ruby, o vilão dessa história, é a Yang. 

Ruby cerrou os dentes. 

— Eu sei que isso é mais difícil para você do que qualquer um de nós, mas Yang virou uma tirana perdida em megalomania, eu a vi, sua loucura foi tão longe que ela realmente se considera uma deusa e se ela não for detida… Yang pretende ser a deusa suprema de um novo mundo, uma ditadora divina que eliminará qualquer vestígio de oposição. 

— Não parece a Yang… — Ruby murmurou descrente. — Mas… se for isso mesmo, ela tem de ser parada.

— Ainda bem que você entende, eu tenho um plano. — Weiss parou na frente de uma porta de cofre, as engrenagens rodaram abrindo a porta dando passagem a uma sala pequena onde se tinha uma infinidade de gavetas.

— Qual o seu plano? 

— Atrairei Yang para uma armadilha e você e Nora ficarão responsáveis do resto. 

— Eu e Nora? 

— Não tem outro jeito, vocês duas são as únicas que podem ter alguma chance contra ela, se combinarem suas forças, podemos ter alguma esperança de vitória. Eu estarei no apoio de vocês. — Weiss abriu uma das gavetas, dentro havia uma caixa preta com adornos verdes. 

— É um bom plano, com certeza se eu e Nora juntamos nossas forças, podemos conter Yang e fazer ela voltar a ter juízo. 

Weiss lhe deu um olhar condescendente. 

— O que? O que foi? Seu plano é prender a Yang, não é? 

— Sim, sim, mas caso não seja possível… — Seus olhos caíram na caixa. — Eu tenho um plano de emergência. 

Ruby sentiu um calafrio correr por sua espinha. 

— O que tem dentro dessa caixa? 

— Ren me deu isso a alguns anos, ele temia que um dia Yang pudesse ficar descontrolada, ele disse que caso isso acontecesse, essa seria a arma que deveríamos usar. — Ela abriu a caixa revelando uma adaga de aparência bem sinistra, o cabo era de ferro negro a lâmina era levemente transparente, mas a cor verde escura predominava. 

Ruby se sentiu engasgar. 

— Vidro infernal? Isso vai matá-la, Weiss! 

— Desculpe, Ruby, mas é você que tem de fazer isso, caso seja necessário. — Weiss colocou a mão no ombro dela. — Não confio em mais ninguém. 

— Eu não vou matar a Yang! Você perdeu o juízo se acha que eu vou fazer isso, e não vou deixar ninguém matá-la! Ela é minha irmã! 

Weiss a olhou com relutância e depois soltou um suspiro. 

— Eu entendo que você a veja como sua irmã, mas a Yang que você conheceu pode não existir mais e a questão que fica é, essa nova Yang te ver com irmã também? 

Ruby fez uma expressão que era uma mistura que choque e mágoa. Weiss continuou:

— Eu sei que isso é difícil para você, mas é você que tem de fazer o que tem de ser feito. Eu não irei te julgar ou te culpar caso você não consiga, só espero que você seja capaz de ver com clareza a situação e não cair em enganos sentimentais que lhe impeçam de fazer o que é certo. 

Ruby abaixou a cabeça pensativa. 

— Temos um pouco de tempo até eu organizar tudo, Nora ainda está vindo para Remnant, até lá, pense bem em tudo que lhe disse. Confiamos em você, Ruby. 



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