De volta para você escrita por Bhabie


Capítulo 9
Capítulo 8 - Queda Livre


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está maravilhoso e exatamente do jeito que planejei.

Preparados para um dos capítulos mais importantes da história?



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PDV Bella

25 de Dezembro de 2011

 

A primeira coisa que senti quando acordei foram os dedos de Edward passando por meus cabelos e fazendo desenhos invisíveis por minhas costas nuas.

— Bom dia - Murmurei sonolenta ainda de olhos fechados.

— Bom dia, amor – Ele passou a afagar minha bochecha esquerda.

Me remexi na cama, finalmente abrindo os olhos ainda sensíveis pela claridade que entrava pela janela do quarto de Edward, e o encontrei deitado ao meu lado apoiado em um braço enquanto o outro estava estendido em minha direção. Edward tinha um sorriso tranquilo no rosto.

Tranquilo.

Essa era a palavra que definia minha vida nos últimos meses, diferente do que era há um pouco mais de um ano. Muito diferente.

Mesmo com a faculdade me cansando fisicamente e mentalmente, - com um curso que eu detestava - nunca tinha sentido tanta paz.

Quando Charlie ainda era vivo, eu sentia falta da minha mãe - claro que sempre tive Dolly para me apoiar e dar amor, mas nunca foi a mesma coisa; e quando Charlie morreu, eu sentia que estava sozinha no mundo.

Emmett já estava quase para entrar na faculdade e Alice tinha apenas doze anos. Eu sempre quis chamar a atenção para mim mesma por ser a filha do meio e me considerar deixada de lado. Emmett recebia a responsabilidade de tudo, mesmo não fazendo ideia do que estava acontecendo a maior parte do tempo, Alice recebia parabéns pelo simples fato de ir para a escola, e eu...recebia castigos por continuar me comportando como uma rebelde sem causa cada vez pior.

Mas tudo mudou.

Aqui estava eu: Controlada, me dedicando ao máximo para me formar, com novos amigos maravilhosos, deitada com um cara incrível e sem pichar nada.

Dei uma risadinha com aquele último pensamento.

— O que foi? – Edward perguntou curioso enquanto enrolava uma mecha do meu cabelo em seu dedo.

— Eu estava lembrando de uma vez em que pichei a fachada da casa de um garoto que eu não gostava.

Ele parou de brincar com minha mecha e me encarou assustado.

— Você fez o quê? Por quê?

— Ah, ele falou sobre minha mãe, disse que ela fugiu porque sabia que eu me tornaria uma drogadinha de merda.

— Isso é muito maldoso.

Dei de ombros.

— Ele não estava errado quanto à última parte.

Ele hesitou.

— Bella...você era viciada?

— Na verdade eu só fumava maconha escondido de vez em quando, mas nunca fui verdadeiramente viciada. Inclusive ele me disse isso porque um dia me pegou fumando embaixo na arquibancada da quadra com um pessoal que eu andava, me pediu um pouco e eu neguei.

— Menos mal, mas ele foi super hipócrita. O que você pichou?

— “Drogadinho de merda é seu pai” – Sorri ao recordar do doce sabor da vingança.

— O quê? O pai dele deve ter ficado uma fera.

— Ele não tinha pai, Edward. Foi embora assim como a minha mãe, por isso escrevi aquilo.

— Ah.

Edward agora estava olhando para frente com o cenho franzido, eu estava começando a ficar preocupada com sua reação à minha história, quando ele expirou ar por suas narinas e começou uma risada.

— Que horror, Isabella! Você era o demônio – Comentou ainda rindo.

— Agora sou um demônio contido, mas ele ainda habita em mim.

— Se você disser algo assim na frente dos meus pais, eles vão te levar até a igreja deles e exorcizá-la!

Me sentei na cama e levei o lençol junto.

— Eu pesquisei sobre eles – Admiti – Sabe, para eu saber o que dizer hoje.

Eu tinha encontrado matérias em jornais e revistas sobre a família de Edward, eles eram muito famosos no Alabama e em outros estados mais conservadores por suas opiniões radicais – mais conhecidas como preconceitos - e aparentemente, tinham muitos seguidores.

Ah! Eles também tinham muito dinheiro graças à empresa de telemarketing que Carlisle Cullen, pai de Edward montou; dizem as más línguas, que com o dinheiro dos próprios fiéis. Eu sabia que Edward cursava economia justamente para que um dia, pudesse assumir os negócios da família, já que seus irmãos tinham conseguido convencer os pais de que Educação Física e Biologia fariam o nome da família crescer e lhes render muito mais dinheiro.

Aquilo me assustava, e muito. Fui criada de um modo totalmente diferente e tinha certeza de que Esme e Carlisle Cullen não gostariam de mim, mas eu tentaria, por Edward.

Edward suspirou.

— Então já sabe sobre a bagunça conservadora que meus pais são. Eu tentei te dizer apenas o básico para que não se assustasse e desistisse do jantar hoje.

— Tudo bem, eu estou animada para conhecê-los – Menti sorrindo falso.

Ficamos em silêncio por alguns minutos enquanto Edward tinha um olhar perdido na direção da parede e eu passava a pontas dos meus dedos por todo seu braço e palma da mão.

— Sabe, eu acho que eles nunca me amaram de verdade – Expirou alto, deixando seus ombros caírem – Sempre tive esperança de que eram apenas pais rígidos que prezavam pela boa educação dos filhos, mas aí eu fui crescendo e percebendo. Vi e ouvi coisas que pais normais não diriam aos filhos – Ele virou a cabeça para olhar em meus olhos – Seu pai já te disse que você não faz nada direito e que por isso tem vergonha de te apresentar aos amigos mais influentes?

— Não – Sussurrei. Meu coração se apertou ao imaginar um Edward criança tendo que conviver com aquilo.

Muito pelo contrário, mesmo com meus problemas, Charlie sempre foi muito paciente e amoroso comigo.

— É – Foi a única coisa que saiu dele.

— Edward, eu...

— Então, o que vai fazer de sobremesa para hoje? – Ele me interrompeu mudando de assunto, sua expressão mudou em um segundo, agora ele exibia um sorriso imenso no rosto.

— Você está tentando mudar de assunto? Pode conversar comigo sobre isso – Afaguei seu braço.

— Não quero te assustar.

Levantei uma sobrancelha.

— Edward, eu sou a garota que aos catorze anos brincou com os amigos de jogar fogos de artifício uns nos outros.

— É, eu que tenho que ficar assustado aqui.

Suspirou pesadamente antes de voltar a falar.

— Eu andava engravatado dentro de casa, não podia ver televisão ou ouvir músicas que pessoas da minha idade ouviam; Rose e Jasper sempre estavam lá para mim, mas eu também era muito descartado porque Carlisle dizia que eles faziam tudo melhor do que eu. E minha mãe, bom, ela sempre deixou Carlisle controlar tudo, afinal, é o que ele prega por aí, submissão da mulher no casamento – Fiz uma careta com aquilo – Eu e Jasper achávamos que eles cobravam menos da Rosalie, mas a verdade é que enquanto estudávamos matemática avançada, ela estava aprendendo a costurar e tendo aulas de etiqueta – Ele soltou uma risada sem humor – Isso é patético. Me sentia sozinho no mundo até te encontrar. Porque de alguma forma somos muito parecidos e conseguimos nos entender muito bem, você ri das minhas piadas idiotas e gosta das mesmas músicas que eu e também tem irmãos doidos, estamos no mesmo ritmo. Sinto que finalmente posso ser eu mesmo.

— Você pode – Concordei – Eu amo o seu jeito.

Ele deu um pequeno sorriso, mas ainda parecia distante.

— Obrigado por me ouvir, eu te amo.

— Eu também te amo, por isso estou aqui agora – Me estiquei até conseguir beijar sua bochecha.

— Agora chega de assuntos deprimentes, é hora do seu presente de natal! – O sorriso enorme voltou ao seu rosto e ele saltou da cama apenas de cueca.

— O quê? Você não precisava ter comprado nada para mim! – Me ajeitei melhor enquanto o observava revirar suas gavetas, de costas para mim.

— Eu não comprei nada – Ele parou pareceu encontrar algo e andou de volta até a cama, se sentando à minha frente e me estendendo um envelope.

Peguei o pequeno embrulho de suas mãos e o abri.

Expirei ao encontrar ali um foto Polaroid de nós dois com roupas muito parecidas. Na foto eu encarava Edward que gargalhava de olhos fechados. Eu me lembrava perfeitamente daquele dia, tínhamos saído com Kate e Garrett pelas ruas de Hanover durante o Halloween e como decidimos isso de última hora, Edward sugeriu que usássemos roupas iguais ao do Exterminador do Futuro, o que se resumia a uma jaqueta de couro, óculos de sol – que não conseguimos usar por muito tempo porque eram mais escuros do que o normal - e luvas pretas, e eu como a boba apaixonada que sou, topei na hora – Pelo menos não estávamos vestidos com macacões de unicórnio como Kate e Garrett.

Acima da foto, na parte em branco, a data 31 de Outubro de 2011.

— Leia atrás.

Virei a foto e encontrei um texto ali.

“Obrigado por se vestir de Exterminador do Futuro comigo em meu primeiro Halloween, mesmo que tenham batido as portas na nossa cara e não conseguido nenhum doce.

Essa foto é para você olhar todos os dias e ver como somos lindos juntos.

Eu te amo mais agora do que há um minuto atrás e sei que esse amor só vai aumentar no futuro (E espero que ninguém venha do futuro para atrapalhar isso!)

Sorri com a referência ao filme

Feliz natal, meu amor.

PS: Esse não é um presente de verdade porque não fazia ideia do que comprar para você, mas prometo que ano que vem vou te dar algo inesquecível!”

— É perfeito – Sussurrei ainda admirando a fotografia.

— Esse dia foi incrível! Eu lembro que fui pedir as roupas do Jasper emprestadas e disse “Eu preciso de suas roupas, suas botas e sua motocicleta” – Edward tentou imitar uma voz grossa e sexy, o que me fez rir.

— Essa voz, não faça essa voz, eu tenho vontade de rir quando a escuto, e não consigo te beijar rindo!

— Foi essa voz que fez você rir depois da foto, antes de ficar com essa cara. Aliás, Garrett é um excelente fotógrafo!

— É claro que fiquei com essa cara, Edward, você estava me beijando e parou no meio do ato para dizer “Hasta La vista, baby” nessa voz!

— Mas depois você riu! – Ele se defendeu.

— É, eu ri seu bobão – Não pude mais disfarçar meu  imenso sorriso– Agora é a vez do seu presente.

— Sério? O que é? – Perguntou animado, seus olhos brilhavam.

— Você verá.

Andei até a minha calça jogada no chão no quarto perto da porta e retirei um saquinho preto do bolso.

— Aqui – Estendi o presente para Edward que desfez o laço com a animação de uma criança em noite de natal.

— Uau – Murmurou admirando o anel prateado que tinha um desenho de uma rosa com traços finos em seu centro; ainda que possuísse o desenho de uma flor, a largura do anel o deixava com um aspecto masculino. Não tinha sido algo caro como gostaria de comprar, mas foi a coisa que mais combinava com ele que encontrei, por ser bonito, imponente e ao mesmo tempo não se importar em ser delicado e expressar sentimentos quando necessário.

— Gostou?

— Eu amei, vai fazer eu me lembrar de você sempre. Quer dizer, não que eu me esqueça de você, mas vou me lembrar duas vezes mais – Ele colocou o anel em seu dedo médio – E coube perfeitamente.

Soltei o ar que prendia.

— Que bom que gostou, eu estava preocupada – Admiti – E, hãn, isso não é nenhuma indireta, para deixar claro – Completei nervosa.

Ele levantou o olhar do anel e me encarou confuso.

— Como as...-  Ele congelou antes de completar a frase, quase podia ver as engrenagens trabalhando em seu cérebro – Aaaaah, entendi! Eu nem tinha pensado nisso! Não que eu não tivesse pensado em te dar um anel de compromisso, eu pensei, mas já conversamos sobre ir devagar sem pular etapas e como eu vou fazer isso se nem a medida do seu dedo em tenho? Eu nem sei a medida do meu! Isso é muito louco, como calcula a medida de um dedo? Nossa, e eu também não sei nem a sua cor favorita para eu poder comprar um anel para você, eu sou um péssimo namorado! Qual sua cor favorita? – Edward finalmente se voltou para mim depois de terminar seu monólogo.

Eu amava quando Edward fazia isso, toda a sua animação era contagiante e eu me sentia com dez anos de idade descobrindo boa parte do mundo de novo.

— Azul escuro, mas estou seriamente cogitando o verde depois de me apaixonar por seus olhos.

— Prometo que não vou esquecer! Mas para o futuro, você sabe...

— Sim, por favor, sem pular fases! – Me aproximei dele apertando seu rosto com uma mão e lhe dando um beijo rápido.

— Hum, acho legal essa ideia do verde, sabe, vai precisar se acostumar com essa cor quando estiver escrevendo na lousa depois de virar professora – Ele deu um sorriso inocente.

— Ah por favor, isso de novo não! – Me joguei de costas na cama e Edward se deitou ao meu lado.

— Bella, pensa bem, você vai ganhar dinheiro para fazer o que ama! Todos os dias levantando da cama feliz e com um propósito, imagina algum fedelho catarrento se formando porque foi você que o ensinou a ler? – Soltei um risinho com Edward descrevendo as crianças - Isso deve ser o máximo! Fora a quantidade de crianças que você vai ajudar por terem dificuldades ou viverem com pais horríveis. Sabe, professora também salva vidas...

— Eu nunca tinha pensado por esse lado...

Encarei o teto com o cenho franzido enquanto pensava em sua fala.

— Viu? Existem milhões de possibilidades, mas deixar de seguir os seus sonhos não é uma delas. Eu te amo e quero te ver feliz e vou te apoiar sempre, mesmo que eu tenha que sofrer um pouco caso tenha que mudar de faculdade para conseguir seu curso, mas eu vou superar e irei te visitar sempre! Eu posso ir até você e você pode voltar para mim, mas o tempo nunca volta atrás, então é melhor não se privar de nada que queira viver.

Suspirei e tombei minha cabeça para o lado para conseguir olhar em seus olhos.

— Obrigada, ninguém nunca tinha me feito ver as coisas dessa forma, parece ser tão simples com você dizendo assim.

Edward deu de ombros.

— A vida é simples, as pessoas que complicam.

— Gostamos de um drama para fazer de nossas vidas pacatas mais interessantes.

— Eu prefiro a simplicidade, tipo eu e você deitados aqui. É simples, mas perfeito para mim – Ele afagou minha bochecha com seu dedão.

— É perfeito para mim também, meu bobão – Enterrei meu rosto em seu pescoço e inalei seu perfume. Edward tinha cheiro de mar e de lar, coisas que até um tempo atrás, sabia que ele não conhecia.

Ficamos mais algum tempo abraçados até eu reunir coragem para me afastar.

— Eu preciso ir para casa preparar a sobremesa e me arrumar – Disse arrastado, ainda com o rosto colado em sua pele.

— Droga – Ele reclamou, mas deixou eu me levantar e vestir minhas roupas depois e usar o banheiro para ficar no mínimo apresentável e assim, poder sair de seu quarto. Com todo o cuidado do mundo, guardei meu presente no bolso de minha jaqueta.

— Me leva até a porta? Eu tenho medo dos seus irmãos.

— Até eu tenho medo deles.

Abrimos a porta do quarto e estávamos na cozinha, quase chegando até a saída, quando duas figuras loiras com chapéus de festa se levantaram detrás do balcão com sorrisos psicóticos em seus rostos e um pequeno bolo com velas de faíscas em suas mãos.

— Surpresa! – Rosalie e Jasper berraram.

— Feliz aniversário, maninho! – Rosalie assoprou uma língua de sogra na cara de Edward, que parecia não entender nada enquanto tapava com as mãos, sua cueca preta.

— Hoje é seu aniversário? – Perguntei surpresa já planejando esganá-lo por ter mentido sobre a data para mim.

— N-não, eu acho.

Jasper revirou os olhos.

— Não é o seu aniversário, idiota, mas aniversário de uma data muito especial...

— Hoje faz três meses  que você perdeu o cabaço, Ed! Parabéns! Bom, na verdade é dia 27, mas aproveitamos que a Bella está aqui para fazer essa surpresa para vocês dois!

— Por anos achei que você nunca seria capaz disso, mas aqui estamos nós. Eu estou orgulhoso de finalmente poder te chamar de IRMÃO – Jasper discursou com uma mão no peito.

— Sempre fui seu irmão, idiota.

— É, mas antes eu não tinha orgulho disso, agora eu tenho.

Tive que segurar meu riso para não magoar Edward.

— Assopra logo as velas que elas estão acabando!

— A Bella tem que assoprar junto, ela que fez isso ser possível!

— Ela não vai fazer iss...

— Eu assopro!

— O quê? – Ed berrou.

— Vamos, anda logo amor, é só uma pequena comemoração – Eu pisquei para Edward que me encarava como se eu o tivesse traído, e me inclinei para assoprar as velas.

— AÊÊÊ! – Os gêmeos gritaram e bateram palma quando as chamas apagaram.

— Agora temos que cortar o bolo. Amor, pra quem será seu primeiro pedaço? – O provoquei, adorando a situação.

— Me diz que isso é um pesadelo, por favor - Edward resmungou, mas pegou a faca que Jasper lhe oferecia e cortou o bolo com uma certa violência - Todos os dias eu me arrependo de ter contado para vocês de quando perdi a virgindade.

— Vai por mim, seria mil vezes pior se a gente achasse que você ainda é virgem – Jasper garantiu.

— Que porra é essa dentro do bolo? – Edward cutucou com a faca uma coisa rosa e molenga.

— É salmão, li em algum lugar que é afrodisíaco.

— Você colocou salmão no bolo!? – Meu namorado levantou a voz, indignado.

— Sim! – Rosalie sorriu convencida.

— Não era mais fácil ter pedido comida japonesa!? – Perguntei exaltada.

O sorriso de Rosalie se desfez.

— Eu não tinha pensado nisso.

— Percebe-se, ninguém vai comer isso – Edward largou a faca em cima do balcão.

— Que seja, agora é hora dos presentes! – Jasper se agachou atrás do balcão e voltou com um pacote vermelho que entregou para Edward.

— Ainda não acabou? Meu Senhor, eu só quero PAZ.

— Anda logo, eu quero ver o que é! – Me aproximei para tentar bisbilhotar.

Meu namorado choramingava alguma coisa sobre eu estar contra ele enquanto abria o presente, mas ignorei.

— Eu não vou nem perguntar o que é isso – O tom de voz e a expressão de Edward eram de desgosto.

— É uma capa peniana cara! – Jasper respondeu quase gritando de felicidade.

Edward negou com a cabeça ao mesmo tempo em que levantava com a ponta dos dedos o cilindro de silicone com vários espinhos do mesmo material espalhados por toda a sua extensão.

Fiz uma careta ao ver aquilo.

— Eu não vou colocar isso dentro de mim! – Exclamei assustada.

— Na verdade é uma sensação ótima, deveriam tentar! – Rose comentou animada.

Edward e Jasper fizeram barulho de vômito.

— Não queremos saber dos seus gostos sexuais Rosalie, nos poupe.

— Jasper, você fala o tempo todo sobre coisas sexuais!

— Sim, no telefone com meus amigos!

— E eu ouço! Moramos na mesma casa, idiota.

Edward bufou.

— Bom, agradecemos o bolo desprezível e o presente igualmente asqueroso de vocês, mas agora, felizmente, a Bella tem que ir embora – Edward se virou para mim – Antes eu não queria que você fosse, mas agora estou lhe implorando. Vá e se salve! – Ele me chacoalhou pelos ombros.

— Não posso te deixar sozinho com esses loucos, meu amor, não suportaria viver sem você! – Entrei no teatro fazendo uma voz de choro e agarrando seu rosto com as mãos.

— Ainda bem que o Ed finalmente achou alguém com quem pode ser doido né – Ouvi Jasper murmurar, mas estava empenhada demais em meu papel para me importar.

— Venha, minha rainha, eu te levarei até a saída desta masmorra! – Edward me puxou até a porta.

— Adeus, estranhos! – Acenei dramaticamente para os gêmeos que agora estavam ocupados tentando vestir a capa peniana no punho de Jasper – Eu hein.

Edward abriu a porta e eu me virei para lhe dar um beijo na bochecha de despedida.

— Já sabe que tem que ignorar meus irmãos, né?

— Eu acho tão fofa a forma como eles te tratam como se tivesse dez anos!

— Eu acho exagerado e vergonhoso.

— Eles só querem o seu bem, até te deram um brinquedo sexual! – Não consegui mais segurar e gargalhei alto – Agora você tem uma capa peniana!

— É, oba, eu tenho uma capa peniana – Ele resmungou cruzando os braços.

— Se você a vestir, terá um SUPER PÊNIS! – Ri ainda mais, dobrando meus joelhos e me apoiando em seu ombro.

— Acabou?

— Não, calma calma, escuta essa. A Edna Modas ficaria muito decepcionada com você, como diria ela: SEM CAPAS! – Gritei a última parte e soltei um ronco junto com a risada.

— Eu não sei quem é essa, mas não deve ser algo bom. Mas não importa, nunca usarei aquilo mesmo!

Limpei minha garganta tentando me recuperar.

— Mas você não perguntou se eu quero – Aproximei nossos rostos.

— E você quer? – Ele levantou uma sobrancelha.

— É claro que não, aquilo pode furar meu útero!

Edward riu e envolveu minha cintura com seus braços.

— Você vai vir mesmo para o jantar, não é? Começa às sete –Mudou de assunto

— Mas é claro, não perderia a oportunidade de conhecer o Senhor e a Senhora Cullen! – Fingi animação.

Ele deu um sorrisinho triste.

— Eles provavelmente serão bem chatos com você, mas não desista. Quero te apresentar como minha namorada.

— Não vou – O puxei para um beijo lento antes de me virar para sair de seu apartamento – Te vejo às sete.

— Te vejo às sete – Edward repetiu antes de eu ir embora.

 

Cheguei exausta no apartamento, retirando toda a minha roupa e as jogando no caminho até minha cama.

Minha cabeça doía de tanto que pensei no caminho de volta sobre a conversa que tive com Edward mais cedo.

Me lembrando do meu presente, corri até minha jaqueta no chão e retirei a foto de seu bolso, a colocando na minha cômoda.

Me joguei de costas na cama, já sem minhas roupas e fechei os olhos.

Eu poderia largar a faculdade agora? Já tinha começado, teria apenas...mais uns cinco anos pela frente.

Engoli em seco com o pensamento.

Mas por outro lado, eu estaria realizando o sonho do meu pai...ao mesmo tempo que desistia do meu.

“Deixa de ser egoísta!”, outra parte de mim dizia, “Você pode fazer pedagogia depois, quando já estiver velha e formada em medicina! Agora tem que pensar no que faria seu pai feliz!”

Suspirei e fechei os olhos.

Nesses momentos eu sentia vontade de ligar chorando para a minha mãe, mas não fazia nem ideia de onde ela estaria agora. Poderia tentar a Dolly, mas ela racional demais, me daria mil e uma formas de resolver o problema quando tudo o que eu queria era um colo.

Ainda tinha outra coisa enchendo minha cabeça: Os pais de Edward.

Eu já havia namorado uma vez quando ainda era pré-adolescente e conhecido os pais dele, o que não era difícil pois éramos vizinhos, mas tudo era diferente agora. Depois de todas as histórias que ouvi sobre os pais de Edward, não poderia achar que eu fosse ser bem vinda na família perfeita que eles construíram. Tudo o eu que pesquisei sobre Carlisle e Esme Cullen fazia meu estômago revirar.

Repassei mentalmente tudo o que eu sabia que não deveria falar durante o jantar, como filmes, músicas populares, artistas, livros considerados fúteis, homossexuais, qualquer coisa ligada a outra religião que não fosse a protestante, em quem minha família tinha voltado para presidente, meu sonho de lecionar, minha mãe ter ido embora, a infelicidade que eles levaram para as vidas dos filhos...

Respirando fundo e querendo me livrar desses pensamentos, alcancei meu celular e coloquei os fones de ouvido.

Me permitindo relaxar um pouco antes de começar a preparar a sobremesa que levaria para o jantar de natal, coloquei Mine, da Taylor Swift para escutar e então, deixei o sono me dominar.

 

Eu estava acordada fazia duas horas.

Duas horas encarando a parede do meu quarto com o corpo abraçando meus joelhos enquanto segurava a foto que Edward havia me dado.

Por quê decidir meu futuro era tão difícil?

Por quê nada poderia ser tão fácil quanto os filmes de romance que Kate assistia?

Não tinha nem feito a sobremesa, não sabia mais o que fazer com a minha vida.

Outra lágrima rolou por minha bochecha e nem fiz questão de limpá-la, não me importava mais com isso.

Ponderei aquela ideia de fazer duas faculdades, mas só de me imaginar cuidando de uma vida que não era a minha, ficava enjoada.

Tentando ser positiva, imaginei como seria minha vida no futuro se eu seguisse com isso, mas tudo parecia tão errado, tão pesado. Não me sentia bem com isso.

Meu coração acelerou com a possibilidade de eu cometer algum erro. “Ossos do ofício”, pensei, mas não queria ter que lidar com isso. Apertei a foto com ainda mais força.

Eu não posso fazer isso! Não vou mais conseguir ficar aqui. Charlie se orgulharia de mim mesmo se não me formasse em medicina, eu sabia disso, mas queria uma forma de me redimir com meu pai.

— Desculpa, pai – Mais lágrimas caíam enquanto eu falava com o nada – Eu não posso continuar com isso.

Um soluço saiu do fundo de minha garganta e meu peito doeu.

Agora eu sabia o que fazer, tinha certeza do que queria.

Minha cena deprimente foi atrapalhada por um grito agudo vindo do corredor.

Preocupada e sem pensar duas vezes, saltei da cama destrancando a porta.

Kate estava sentada no chão no fim do corretor, ao lado da porta aberta do banheiro com as duas mãos no rosto, seu corpo todo tremia.

— Kate? Você está bem? O que aconteceu? – Me agachei ao seu lado enquanto analisava se minha amiga possuía algum machucado. Afastando meus próprios demônios para a socorrer.

Ela retirou as mãos do rosto que estava banhado em lágrimas e vermelho.

— Bella...- Kate pegou algo que estava no chão do seu outro lado e me mostrou. Era um teste de gravidez – Eu estou grávida!

Encarei o teste e depois ela de novo, boquiaberta.

— Kate isso...

— Isso é maravilhoso! É claro que eu queria casar com Garrett primeiro, mas não poderia ser mais perfeito! Eu estou tão feliz!

Kate sorriu e levou uma mão até sua barriga ainda imperceptível.

— Sabe, isso é um sonho se realizando, o Garrett vai ficar tão contente quando souber! – Ela fungou mas continuou a sorrir – Eu já tenho as listas de nomes prontas.

— Kate eu...- Não sabia o que dizer, mas isso não pareceu preocupá-la, pois continuou com seu monólogo.

— Quero que ele ou ela tenha os olhos do Garrett! São tão lindos! E Bella... – Finalmente se virou para mim – Quero que você seja a madrinha.

Meu coração perdeu uma batida com aquela última frase. Minha melhor amiga me fitava com os olhos brilhando enquanto aguardava uma resposta.

Respirei fundo e tomei coragem.

— Kate, eu preciso que você faça algo por mim.

 

PDV Edward

Encarava meu reflexo no espelho esperando meu corpo se acalmar. Estava a um passo de surtar com meus pais.

Eles haviam chegado começo da tarde e já estavam fazendo da vida de todos um inferno.

Fiz um exercício de respiração que tinha aprendido com Jasper; ele era bem útil pois me relaxava e me fazia esquecer a ideia de dar um soco na cara do meu pai.

Ajustei a gravata que usava, conferi meu cabelo e toquei no anel que Bella havia me dado.

— Está bem melhor assim, aquela gravata amarela fazia você parecer um pobre mal-educado! – Esme soltou seu veneno assim que saí do meu quarto.

Assenti e de cabeça baixa, fui ajudar meus irmãos a colocarem a mesa.

Jasper não usava mais sua camiseta floral e sua calça de estampa de pele de zebra, assim com eu, estava em um terno completo.

Rosalie havia substituído suas leggings de ginástica por um vestido delicado que se abria levemente na cintura e ia até o joelho. Em circunstâncias normais eu faria alguma piada sobre parecer que ela está nos anos 50, mas aquela não era uma circunstância normal ou descontraída – não quando nossos pais estavam sentados eretos na sala esperando que cometêssemos algum deslize para poderem nos diminuir.

— O que é isso em seu dedo, Edward? – A voz grossa de Carlisle me fez parar de distribuir os pratos na mesa.

Engoli em seco.

— Um anel.

— Tire, é ridículo um homem usando um anel sendo que não é casado. Não quero que ninguém pense que meu filho é um desses garotos perdidos no mundo. Sabe que eu nunca admitiria isso em minha casa.

Apertei meus punhos com força.

— Senhor, um anel não define minha sexualidade. Eu o ganhei de uma pessoa muito especial que quero lhes apresentar hoje.

— Mas isso é inadmissível! A nossa Ação de Graças foi adiada por conta das suas provas, já não basta ter que comemorar nessa data...desagradável. Não quero ninguém atrapalhando nosso jantar! – Esme se revoltou.

Por serem protestantes, meu pais não comemoravam o natal, mas esse ano foram forçados à adiar a data porque comentei que teria uma prova, então decidiram que eu estudaria durante o mês todo. Preferiram isto à passarem o feriado com os filhos. Ironicamente, esse ano, a única data em que não trabalhavam ou tinham compromissos na igreja para poderem vir nos vigiar de perto, era no natal. Meu primeiro natal.

— Eu garanto que não irá atrapalhar, senhora. Essa pessoa fará parte da família agora – Consegui dizer suavemente. Meu sangue fervia por dentro.

— Não quero nenhum de vocês envolvidos com alguém, ainda mais com uma pessoa que não foi escolhida por mim e por sua mãe.

“Não estamos mais no século 17, babaca”. Era o que eu tinha vontade de dizer.

— Senhor eu...

— Não quero mais saber, Edward – Carlisle me interrompeu - Se for para eu conhecer alguém, quero conhecer uma versão melhorada sua. Por que não é como seus irmãos?

Ainda em silêncio e terminando de colocar a mesa, Rosalie e Jasper me olhavam com um misto de culpa e pena.

— Espero que a comida esteja boa, Rosalie, não quero ter que brigar com você – Esme soltou como se fizesse um comentário normal.

— Claro, senhora.

A campainha tocou e me coração acelerou.

Era ela, não importava o que meus pais achavam, eu iria receber Bella para o nosso jantar de natal/Ação de Graças.

Abri a porta com um sorriso enorme, meu humor totalmente mudado.

— Kate? – Meu sorriso morreu ao ver minha prima parada ali, seu rosto estava vermelho e inchado e estranhamente não estava animada como de costume.

Tinha algo de errado.

— Eu sinto muito, Edward. Ela foi embora.


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Notas finais do capítulo

Bora comentar, favoritar e recomendar porque não só das minhas palavras é feita a fanfic!



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