Vozes dos Ancestrais escrita por Fanny Tanlakian


Capítulo 8
Magia na floresta


Notas iniciais do capítulo

Olá
Fiquei muuuuito tempo sem escrever mas estou de volta! Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/779375/chapter/8

Lucy soltou a caixa das mãos gritando sentou na cama murmurando sobre não estar louca, o celular toca fazendo ela tomar um susto. Vai atender correndo mas ninguém fala nada do outro lado da linha, esperou alguns minutos até que uns sons inaudíveis começaram ficaram tão altos a ponto doer seu ouvido. Arrepiada veste rapidamente as roupas e coloca todos os livros na mochila saindo da casa sem olhar para trás.

No carro ouvia uma música tentando relaxar, o dedo batendo nervoso no volante, via os outros automóveis buzinarem. Chegando na faculdade repousa em sua mesa, as conversas ao longe a irritava ia levantar para conseguir silêncio quando sua amiga toca no ombro dela. Vira bruscamente enxergando Lena na sua frente sorrindo, esta carregava cadernos a fim de terminar o trabalho. Mesmo aflita ajudava com pesquisas, dizia frases alheia ainda pensando no brinquedo piscando, aqueles círculos plásticos se movendo tão mórbidos. Beatrice chega acompanhada novamente pela enfermeira comentava sobre o gravador ter algum problema pois reproduzia um som ruim. Ela desconhecia porque experimentava uma sensação estranha toda vez que via aquela mulher. Apesar do desconforto talvez pelo ciúmes, pois ainda havia sentimentos reprimidos em relação a Bea.

Tiveram um curto namoro nas férias porém foi bem intenso, decidiram não prosseguir por causa das mudanças de comportamento entre as duas. Ambas se tornaram possessivas, não querendo estragar a amizade resolveram terminar. Apesar de no fundo nutrir esperanças de uma retomada no relacionamento.

Era bem evidente que srta. Death gostava de ficar perto da outra, os sinais corporais também mostravam uma possível atração.

Após ficarem algum tempo ali interrogando a morena, se encaminharam para biblioteca com propósito de emprestarem alguns livros e complementarem com referências. Elas escutavam e anotavam tudo, dessa vez o áudio não ficou estranho.

Inquieta Lucy sentia sua mão arder na marca e tentava esconder com a blusa, desentendia o motivo mas desde então ficou com uma sensação que alguém a observava. Estava distraída nos pensamentos quando aquela enfermeira chega por trás dando um susto leve.

— Você está séria hoje aconteceu algo?

— Nada - responde automática.

— Ei as duas querem sair? - indagou Lena – Faz muito tempo que não nos divertimos.

— Ah eu adoro festas!

— Estou cansada vou para aula e depois.... – paralisou quando recordou da boneca na sua casa.

— Hey você preferindo ir na aula em vez de beber algo. Tá com febre? – perguntou a amiga colocando sua mão na testa dela.

— Não precisa se envergonhar por minha causa.

Ela fechou a cara, até parece que vou ficar assim perto de pessoas conhecidas por estarmos na sua companhia! pensou nervosa.

— Ok, depois de eu me entediar com a sra. Kaslers iremos.

— Ah eu gosto dela.

— Só você tira nota também né.

Na fila esperavam ser atendidas, Lucy estava com dor de cabeça, sentia tudo girar, escutava as vozes dos estudantes longes, queria desesperadamente se encostar. Olhou o ambiente para sua distração, notou a enorme cruz de madeira na parede, suava sufocada pelo cachecol.

— Ei – disse alguém seguido de uma risada.

— L-lena..... estamos indo embora já?

As pálpebras dela pesavam o ar parecia rarefeito, percebe rangidos atrás de si. Vira lentamente em direção ao corredor que estavam, uma sombra surge mesmo não tendo ninguém ali. Conforme aquela forma escura se aproxima seu coração acelerava.

— Ei – pronunciou novamente.

Encara o outro lado por algum motivo tinha uma luz ao redor das pessoas na biblioteca, a maioria era de cor azulada exceto três indivíduos srta. Death, Bea e ela, se assustou quando percebeu aquele brilho vermelho a cercando. Uma respiração cansada dava baforadas no seu pescoço, o pânico percorreu ela.

As outras entregaram o livro para a atendente então a morena vira bem na direção dela mas seu rosto não estava normal, metade era uma caveira, os dentes pontiagudos davam um ar sinistro. Se encontrava apavorada ainda mais pelo sorriso doentio e macabro como se tivesse prazer em ver os outros naquela situação. A cruz enorme na parede muda de posição até ficar invertida, juntamente com isso os livros nas prateleiras tremeram e gritos de socorro invadiram a biblioteca pareciam estar sendo torturados, o objeto de madeira cai num estrondoso barulho.

Tudo volta ao normal, um homem esbarra nela reclamando fazendo esta sair do transe.

— Finalmente conseguimos puxa achei que nunca nós iriamos sair daquela espera – exprimiu Lena aliviada.

— Que tal irmos naquele lago perto do parque eu e Beatrice fomos lá uma vez foi bom não é?

— Aonde teve as cobras mortas? Eca.

— Os policiais pegaram tudo.

— Espera vocês falaram em beber então quero um bar no mínimo.

— Lucy conheço um ótimo lugar – assegurou a enfermeira.

Ela assentiu e foi para o banheiro, molhou seu rosto querendo acordar do pesadelo que estava sendo hoje. Através do espelho nota Bea entrar.

— Você está mesmo bem? 

— S-sim.

A psicóloga observa um comportamento constante da outra em ficar puxando sua manga, intrigada pega na mão dela e olha a figura de boneco.

— Surgiu essa manhã.

— Também tenho uma - disse mais para ela mesma.

— O que?!

— Preciso te mostrar muita coisa é depois me fala sobre os acontecimentos da manhã.

               ............

Ela sai do carro vendo a outra contemplar tudo admirada, o lugar era grande tinha árvores enormes por toda parte. Na vizinhança poucas moradias perto somente havia um chalé pequeno, nunca entendia mas arrepios passavam pelo corpo dela quando encarava aquele espaço. Por sugestão da própria acabou trazendo a amiga para conversarem melhor.

Adentraram recebendo sorrisos da governante que ficou contente ao ver uma visita, foi logo buscando café para servi-las.

— Onde estão todos? – questionou a mulher.

— Sua avó está lendo no quarto teve crises feias durante a tarde.

— Sério? Como está agora?

— Calma, bom pelo menos não grita e nem relata ver coisas.

— E o que ela vê? – indagou Lucy curiosa.

— Ah já disse ter várias experiências diferentes. Sempre descreve que podem nos ouvir e ver onde estamos.

— Tem mais moradores aqui? A casa escuta nossos diálogos?

— A cidade inteira.

As duas chocadas e paralisadas tremiam, não tinham dito para Beatrice sobre aquela parte. Não compreendia porque srta. Death escreveu para nunca confiar na avó, mas depois de tudo que viu e conversou com a senhora era impossível ser apenas uma pessoa doente. Madame sabia de algo, estava relacionado ao passado e iria descobrir.

— Vamos no meu quarto depois descemos assim tomaremos café todos juntos.

Subiram as escadas andando pelo corredor frio, como regra o quarto 413 permanecia fechado. Jogaram as mochilas na cama, ela ligou seu notebook depois deu os livros de história para Lucy examinar por si própria.

— Século XVII intensa caça às bruxas, mortes na fogueira, maldições, culto a terra. Muitas coisas aqui acha que isso tem haver?

— Minha avó disse para não confiar nos livros de história.

— Se tem uma coisa que gosto de refutar são os fatos do passado.

— Pesquisei inúmeras notícias desde a construção do casarão somente árvores dessa espécie - expõe apontando na direção da rua - Aguentavam esse solo. As pessoas do bairro ouvem gritos, sussurros, conversas e risadas mesmo de noite quando todos deveriam estar dormindo. Além disso, insistem em afirmar sobre uma sombra escura perambulando por aqui. Ao passarem veem pessoas observando pela janela encarando tudo. Os animais enlouquecem e morrem de medo daqui.

— Minha mãe já contou algumas vezes sobre estranhas desse município – disse Lucy.

— No começo as famílias fundadoras juntamente com outros colonos residiam nesse local, contavam os mais velhos que na floresta figuras monstruosas andavam e nunca desbravavam por lá ao anoitecer. Os bichos de estimação sumiam ou amanheciam mortos. Tudo piorou quando iniciou a caçada, desde então plantações  morrem como está ocorrendo agora, crianças desaparecem,assassinatos. Essa residência, o carvalho do parque e a floresta estão interligados.

— Talvez as bruxas estão se vingando.

— Cogitei mas elas morreram há séculos atrás.

— Bom é magia tem muitas possibilidades.

— Eu perguntei algumas coisas para srta. Death já que morei aqui apenas após os quinze anos não sei tudo sobre o contexto histórico.

— Olha Bea não sei porque não confio nela.

— Ah...... ela é meio estranha, porém tem bom coração.

— Acha mesmo?

— Ajudou-me em algumas situações.

— Já deve ter visto muitas coisas aqui.

— Ah sim. É até bom ter alguém para contar - comentou sorrindo.

As mulheres sentadas próximas na cama, o lugar era agradável sons de pássaros do lado de fora cantando, crianças brincando na rua, vizinhos fazendo caminhada. Apesar de todos os relatos a comunidade se acostumou com os acontecimentos, sabiam exatamente o que evitar talvez teria regras para eles também.

Lucy ouvia a psicóloga contar sobre as aparições, corpo enforcado, a avó rindo friamente se divertindo em ver sua neta apavorada. Ficou tão traumatizada que a outra procurou uma companhia para dormir, srta. Death ofereceu o quarto e adormeceram juntas. Após isso contou sobre a primeira vez dela ali, passearam pelo parque, se divertiram muito.

A amiga percebeu as bochechas coradas, sorrisos de canto desenhado nos lábios da mulher em vez enquando. Então arregalou seus olhos levantando depressa.

— Você transou com ela!

— Ah...... uma vez.

— Sabia! Quando iria me contar?!

— E desde quando tenho que te falar minhas intimidades?!

— Caralho Bea está aqui faz uns dias e já......

— Eu não te devo explicações!

— Você queria um tempo e te dei isso entretanto achei que o usaria para pensar!

— Lucy tudo entre nós acabou – sentenciou dura.

Ela sentia as lágrimas querendo escorrer, deu um suspiro profundo e tentou desviar o assunto.

— Continue falando da sobre o negócio da casa.

— Desculpe ser tão rude eu......

A morena entra de repente no quarto sempre alegre trazendo uma bandeija com xícaras de café e alguns biscoitos.

— Já pesquisei onde poderemos ir à noite.

— Não vamos a lugar algum. Bea amanhã terminamos esse assunto – falou indo embora.

— Espere!

Corre atrás da psicóloga que descia os degraus porém num instante parou e ficou encarando a sua frente parecia assustada. Reparou por cima do ombro dela, uma garota sem olhos estava estática, pálida, desta vez segurava um livro de capa branca.

— Achei sobre a planta dessa casa talvez seja do seu interesse.

— V-você p-ode..... – ela gaguejava muito – pronunciar palavras...... n-não sente d-dor?

— Quem é a estranha Beatrice?

— Uma amiga.

— Descobri um lugar onde pode ter várias respostas.

— Leve-nos até lá.

— Vem também?–pergunta apontando para Lucy.

— Sim, temos que voltar antes da sete vamos encontrar outra pessoa depois.

As três caminharam para aos fundos, nunca tinha ido naquela direção. Havia um portão que levava até uma trilha cercada pelas árvores da floresta, andaram em silêncio pisando nas folhas secas caídas no solo. Ventos frios mexia nos fios castanhos dela, nos troncos marcas grandes como se a garra afiada de alguma animal provocasse aquilo. Todo caminho a sensação de serem observadas faziam esta tremer, pararam na frente de madeiras enormes empilhadas numa tocha gigante. Sons de passos vindo lentamente eram escutados, com medo pegaram na mão uma da outra automaticamente, encostado na base da grande fogueira tinha bonecos de vodu feitos com palha. Agacha para analisar melhor, um pedaço de tecido amarrado no pescoço daquilo aparentou ser familiar.

Não sabiam mas a quilômetros dali uma figura encapuzada jogavam as ervas no pote depois colocou os ossos posicionados dentro do círculo desenhado em vermelho como sangue. Entoava cânticos fervorosamente, conforme amassava as plantas mais alto cantava, posteriormente pegou o fio de cabelo escuro sorrindo.

Adolebitque.

Na floresta a chama ascendeu repentinamente, as duas recuam surpresas.

Sunt serpentes qui egressus est de corpore tuo et te sentire saporem mortem.

Lucy passa a mão no estomago uma dor esquisita dominava sua barriga, desconfortável senta numa pedra ali perto. Vertigens e enjoos acometem ela, vira para o chão com náuseas então vomita violentamente um liquido verde escuro pegajoso, enojada pensando que aquilo saiu de si acha melhor retornarem mas algo sobe pela garganta demonstrava ter vida própria. Abriu a boca e uma cobra marrom se arrasta para fora, surpresa Beatrice pede ajuda para Tabitha.

— Os céus vão chorar perante vocês – dizia a voz escondida naquele lugar sujo e frio – O reino de Calalunh está vindo.

— É um feitiço tem uma bruxa por perto – afirma a menina.

— O que faremos?

— Deve usar magia de bloqueio.

— Olha não sou bruxa.

— Está no seu sangue.

— Como assim?

— Uma O´ Neil e desconhece seus poderes?

— Pare de enrolação e diga o que posso fazer!

— Precisa ativar as forças sobrenaturais adormecidas em você. Repita: respice ad me et filia ejus, sanguinem ejus. Você tem uma família nobre nunca esqueca disso.

Mesmo não compreendendo ela repete com dificuldade aquelas palavras em latim depois é instruída a cortar sua mão, faz vendo o sangue escarlate cair no chão e ferver na terra igual numa frigideira. Um ar frio percorre o local sente o local do ferimento arder por algum motivo tinha sensação de ter vendido sua alma a uma entidade poderosa.

Sua amiga respirava cansada, os óculos dela caíram acompanhado pelo ofídio que sai da boca e corre entre o mato. Após uns minutos iniciou a expelir outra serpente dessa vez negra.

— Pare agora! – gritou ela - Vai embora criatura maléfica!

Repugno hoc malum— sussurrou Tabitha posteriormente o réptil vira gelatina.

Um filete de sangue escorre no nariz dela, teve certeza que havia algo diferente nas suas veias. Teriam muito para desbravar entre aquelas árvores.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tradução das palavras em latim, como usei o tradutor do Google pode ter muitos erros:
Adolebitque - queime
Sunt serpentes qui egressus est de corpore tuo et te sentire saporem mortem - serpentes saíam do seu corpo e façam sentir o gosto da morte
respice ad me et filia ejus, sanguinem ejus - repare na sua filha, seu sangue
Repugno hoc malum - expulso o mal



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vozes dos Ancestrais" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.