A Desdente escrita por Angel Carol Platt Cullen
Capítulo 10: Despedida
01 de fevereiro de 2006
Hoje é o aniversário de Carlisle. O dia em que ele escolheu para comemorar todos os anos, ele não sabe exatamente em que dia nasceu, se lembra apenas que era inverno quando seu pai lembrava a morte de sua mãe quando lhe deu à luz.
Carlisle sempre se sentiu culpado por ter matado a mãe, mas agora percebe que não foi sua culpa totalmente. Mesmo que nunca tenha admitido seu pai foi quem provocou a morte da esposa. E se ela pudesse ver e dizer algo não iria gostar nada da forma como seu marido tratava o filho deles pelo qual ela deu a própria vida. Carlisle faz com que tenha valido a pena o sacrifício de sua mãe. Ele nunca viu nenhuma foto dela, mas sabe que deve ser muito mais parecido com ela do que com o pastor Cullen.
Esse dia não será mais de tristeza desde que conheceu a esposa.
— Feliz aniversário, querido! – Esme diz ainda na cama envolta pelos braços do marido.
— Obrigado, meu amor.
— De nada, você sabe que farei de tudo para ser sempre esse dia motivo de alegria.
— Sempre terá a recordação de minha mãe. Minha mãe morreu quando nasci. Seu filho morreu poucos dias depois de nascer. Ambos conhecemos essa dor de perder alguém muito próximo e que não esperávamos.
— Mas você nem sequer pode conhecer sua mãe. eu adoraria ter conhecido minha sogra.
— Ela parecia comigo. Nossa filha até sonhou com ela. Antes de saber que parecia mais com ela do que com meu pai.
— Ela se chamava Caroline também?
— Sim, esse será o nome dela a partir de agora. Se era ou não, assim que vou me referir a ela. Minha mãe.
— Vamos por a roupa, pois logo nossa filha vai voltar da caçada. VVocê não pretende que ela nos encontre nus, pretende?
— Desde que fiquemos embaixo da coberta. Além do mais, não creio que ela iria entrar em nosso quarto.
Esme levanta e veste as roupas.
— Você não conhece nossa filha, ela parece que mudou muito depois que você a transformou.
— Mas não acho que tenha mudado tanto que perdeu o pudor ou o respeito – mesmo assim Carlisle levanta e coloca as roupas.
Minutos depois ouvem batidas na porta:
— Pode entrar filha! – Carlisle convida.
— Tem certeza? Não quero incomodar – uma vida de repreensão inunda sua voz.
— Pode vir querida! – diz Esme. – Estamos vestidos.
— Ah, me desculpe interromper... – estende um ramalhete de flores alaranjadas que colheu para o pai. – Feliz aniversário papai! Sei que é um presente simples, mas é com todo meu amor por você.
— Você conseguiu! – diz admirado.
— Parabéns, filha – diz Esme transbordante de orgulho.
— Eu me concentrei muito para não esmagar as flores e só cortar o talo – sorri orgulhosa de si mesmo.
— Obrigado criança! – Carlisle ergue a filha do chão e abraça.
...XXX...
Algumas semanas depois Esme e Carlisle precisam retornar aos EUA:
— Tem certeza que você vai ficar, querida? – pede Esme pela centésima vez.
— Sim mamãe, não quero correr o risco de machucar alguém, ou pior. Vou ficar aqui até passar o primeiro ano que é o mais complicado, como vocês me explicaram.
Carlisle fica aliviado ao saber que foi ela mesma quem preferiu se isolar, não foi ele quem impôs isso para a filha.
— Não queria ter que deixá-la sozinha – lamenta Esme.
— Eu vou ficar bem, mãe. Não se preocupe.
— Virei visitá-la todos os sábados.
— Nós dois – diz Carlisle.
— É claro, querido. Não pretendia deixá-lo sem ver nossa filha. Carol tem certeza que você vai ficar bem?
— Podem ficar tranquilos, vou caçar macacos e baleias; e me entreter com filmes e livros o dia todo.
— Fico preocupada se passar um barco aqui perto...
— Não se preocupe, mãe. nenhuma embarcação passou por aqui durante esse tempo todo até hoje, não vai passar agora. Essa ilha é tão afastada do continente que ninguém sabe que existe. E muito menos que é habitada.
— Se cuide sweetie! – diz Esme entrando na lancha.
— Pode deixar mãe, nada ruim vai acontecer.
— Eu penso sempre no que pode – Esme pensa que os Volturi podem atacá-la, ela é tão indefesa quanto qualquer vampiro e seria facilmente assassinada.
— Eles não sabem sobre ela – intervem Carlisle como se pudesse ler a mente da esposa. Depois de tantos anos casados eles sabem tudo um do outro. – Não há motivo.
— Desde quando eles precisam de motivo?
— Os Volturi não saem por aí matando quem querem, querida. Eles governam com mão de ferro, mas não são temerários e agem dessa forma.
— Não seria difícil eles fazerem isso. E depois nós nos voltaríamos contra eles? É isso o que eles gostariam, querem nos provocar para eliminar todos. Eles nos vêem como concorrência.
— Jamais pretendi me opor a eles.
— Mas somos uma alternativa ao estilo de vida deles, violento e cruel. Apenas a nossa mera existência já é um desafio para eles.
— Eles não são assim querida, eu estive com eles e pude ir embora.
— Porque eles não puderam prender você lá e você não tem nada especial para eles. Só para mim e nossa família. foi até bom que você veio embora porque você ainda era alguém que eles não conseguiram recrutar para o lado deles.
— Esme, eu sempre tive meu ideal.
— E nós estamos com você, querido.
— Não obriguei ninguém, vocês poderiam ter partido se quisessem.
— Mas ninguém quis porque somos a sua família, você nos criou.
— Mãe eu vou ficar bem, não se preocupe – interfere Carol. – Não fui uma garota que precisava sempre estar junto com alguém. Na verdade eu fico bem sozinha, sei me virar.
— Não pense que a estamos abandonando.
— Eu sei que não. Fui eu quem escolhi ficar, por enquanto é melhor assim. Não quero me arriscar a cometer um deslize pelo qual me arrependerei para sempre.
— Nós poderíamos ajudá-la , não é Carlisle? – vira para o marido.
— Com certeza.
— Eu sei que poderiam, não duvido. Mas eu não quero ser um inconveniente...
— Você jamais seria um inconveniente querida!
— Eu não quero dar trabalho... é melhor evitar a tentação o quanto possível.
— Até breve filha – Esme beija o rosto da jovem.
— Até breve, mamãe!
— Até logo criança! – diz Carlisle ligando o barco.
— Até logo papai!
Carol fica na praia acenando até a lancha se afastar no horizonte e não conseguir mais enxergar os pais, o que demora mais de uma hora. Esme parece que manda um beijo antes de desaparecer e a filha pega e coloca a mão sobre o lado esquerdo do peito, onde está seu coração, mesmo que mudo porque não bate mais.
...XXX…
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