Filha da Tormenta. escrita por Khaleesi


Capítulo 5
Profecias.




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Aquela estava sendo uma noite agitada. Dany estava junto com seus companheiros analisando a grande mesa esculpida e pintada com o mapa de Westeros. Lá fora uma tempestade caía feroz, o que deixava o mar tão agitado quanto ela jamais vira. Com raios que rasgavam o céu e iluminavam tudo.

— Dizem que foi em uma noite parecida como essa em que eu vim ao mundo — ela lembrou das histórias de seu irmão. — Gostaria de me recordar, mas receio que será uma coisa impossível.

— Se me lembro bem, aquela noite deixou a todos apavorados. Quase não consegui dormir com os cães agitados e os trovões.— disse Tyrion a ela.

— Há poucos leões aqui. — ela disse apontando para a grande mesa, mudando de assunto. Não queria lembrar da família que nunca teve e de histórias que nunca vivera com eles naquele momento.

— Cersei possui menos da metade dos Lordes de Westeros a seu favor. Todo o resto a despreza, o que com certeza nos deixa com certa vantagem sobre ela. Podemos usar isso e fazer novas alianças. — respondeu Varys.

— Bom, certamente eles não estão brindando nesse exato momento, no segredo de suas casas, em meu nome. Nem clamam pela Rainha Dragão. É uma manobra arriscada. Eu ainda sou uma estranha, uma estrangeira. A filha do Rei Louco.

— Conquistá-los realmente não será uma tarefa fácil, mas...

— Se meu irmão estivesse aqui, e tivesse os dragões e o exército, ele já teria tomado Porto Real. — ela se recordou dos planos absurdos do irmão de tomar o Trono daqueles que dizimaram a família Targaryen.

— Ainda bem que não é ele quem está aqui, então. — dessa vez foi a vez de Tyrion de se pronunciar.— Conquistar Westeros será bem mais fácil com você, principalmente porque sei que não está aqui para ser a rainha das cinzas.

— Não.— Respondeu ela.

— Bem... De qualquer forma, temos uma aliança com os Tyrell e com Dorne. Uma aliança poderosa.— Varys retomou sua fala.

— Eu nunca agradeci você por isso. Muito obrigada — ela disse a ele, com um leve sorriso. Mas, a desconfiança ainda pairava sobre seu coração e depois de um longo tempo em silêncio, ela falou:— Lorde Varys, serviu ao meu pai, certo?— ele a olhou intrigado, mas confirmou.— E ao homem que o derrubou, posteriormente. 

— Certamente, minha Rainha. Era isso ou eu seria decapitado. E de todos os reis que servi, seu pai fora o mais cruel. Robert não era cruel ou louco. Bêbado e incapaz de governar, talvez devido a sua falta de vontade em fazer isso, mas não louco e cruel.

— E por isso você se voltou contra ele.— ela afirmou.

— Majestade, se me permite dizer... Eu bebi muito enquanto estava em um caixote, mas quando eu ouvi sobre uma mulher...

— E decidiu encontrar um rei melhor, e por isso foi atrás de meu irmão. Mas receio que você não conhecia o gênio dele, como era cruel e burro. Mas ele era. Mas você o preferia antes de eu estar no poder.

— Até o seu casamento com Khal Drogo eu só sabia que você era dona de uma beleza indescritível.

— Você e seus homens me venderam. E receio que ao mesmo tempo você contratou assassinos para irem atrás de mim, em nome do Rei Robert.

— Majestade, eu tive de fazer o que devia ser feito...

— Para continuar vivo.

— Lorde Varys se mostrou um servo leal, vossa Graça.— Tyrion se intrometera na conversa, com medo de onde aquilo poderia terminar.

— Leal? Receio que não. Se ele não gosta de um monarca, conspira contra ele para coroar outro. Que tipo de servo é esse? — perguntou Dany.

— O tipo que o povo precisa. Lealdade cega não deve ser um motivo para não ver a incompetência de um Rei. Enquanto tiver meus olhos, irei usá-lo. Enquanto achar que um Rei ou uma Rainha não servirá para cuidar do povo, daqueles que necessitam, eu irei conspirar até achar um que o faça e seja bom nisso. Eu não nasci em uma grande Casa, vim do nada. Fui vendido, escravizado e mutilado como oferenda. Vivi em becos, casas abandonadas. Vendi o que sobrara de meu corpo para sobreviver. Então quer saber a quem eu sou realmente leal? Ao povo. Não a reis ou rainha. Ao povo que sofre com a tirania de soberanos que só enriquecem enquanto o povo definha. O povo cujo o coração você quer conquistar.

' Se é lealdade cega que você quer, você talvez terá. Mande seus homens me matarem, seus dragões me devorarem. Mas enquanto eu viver e ver que o povo pode ter uma vida boa durante o seu reinado, eu lhe serei um servo fiel. Me dedicarei e dedico a ajudar a colocá-la no trono de ferro, pois eu acredito em você. Porque eu acredito que você é a melhor opção para eles.

— Certo. — ela disse. — Mas jure-me uma coisa, Lorde Varys. Eu entendo o seu lado, mas se um dia você achar que eu estou decepcionando o povo, você não irá conspirar contra mim. Você vai olhar nos meus olhos e dizer onde e porque estou decepcionando. Para que assim eu seja uma boa rainha, com bons aliados e juntos criarmos um bom reinado em que o povo sai tanto quanto nós, beneficiados.

E então Lorde Varys percebeu que ele finalmente encontrara uma rainha boa. A rainha que o povo precisava. E Tyrion estava orgulhoso.

— Eu juro, minha rainha.— ele respondeu.

— E eu juro, que se você me trair, eu irei queimá-lo. Pois eu não suporto traidores.

E essa foi a sua palavra final antes de sair dali para ir se deitar. Fora um dia cansativo, e no outro dia iria conhecer finalmente suas duas novas aliadas nessa nova guerra que estava chegando.

***

No outro dia, ela recebera uma visita inusitada. Verme Cinzento veio até seus aposentos durante seu desejum para lhe dizer.

— Desculpe interromper seu café, Minha Rainha. Mas uma sacerdotisa chegou e deseja falar com a senhora.

E então, ela o acompanhou até a tal sacerdotisa. Ao seu encalço, estavam Varys, Tyrion e Missandei.

— Rainha Daenerys. Já fui escrava, comprada e vendida, humilhada e marcada. É uma honra ser recebida e conhecer a Quebradora de Correntes.— A mulher falava em Alto Valiriano.

— Os Sacerdotes Vermelhos ajudaram a restaurar a paz em Meeren. Você é bem vinda aqui.— Ela lhe respondeu com um breve sorriso.— Como se chama, minha senhora?

— Me chamo Melisandre. 

— Ela servia a Stannis Baratheon, outro aspirante ao Trono. E se me recordo bem, as coisas não terminaram bem para ele, não é mesmo? — Perguntou Varys, em toda a sua desconfiança com a presença repentina daquela mulher.

— Não, não terminou.— ela respondeu na língua comum, se sentindo fraca novamente.

— Bem, é uma dia interessante para se chegar em Pedra do Dragão. Decidimos perdoar aqueles que serviram o rei errado, creio que podemos perdoar você também.— O Senhor da Luz não tem muitos aliados em Westeros, tem?

— Não, mas até mesmo aqueles que não o servem estão sujeitos a servir a sua causa, minha Rainha.

— E o que o seu Senhor da Luz espera de mim?

— A Longa Noite se aproxima, Khaleesi. E somente o príncipe prometido trará de volta o alvorecer.

— O príncipe — Dany frisou.— Desconfio que não seja um. 

— Perdoe a intromissão, Khaleesi. Mas acho que sua tradução não esteja exata. Esse substantivo não possui gênero em Alto Valiriano, portanto a tradução mais adequada seria "o príncipe ou a princesa que foram prometidos trarão o alvorecer de volta". — Missandei falou.

— E você acha que essa profecia se refere a mim?— Dany questionou a mulher a sua frente.

— Profecias são perigosas. Mas acho que você tem um papel a desempenhar. Assim como outra pessoa. O Rei do Norte, Jon Snow.

E dessa vez, foi Tyrion quem foi pego de surpresa. Jon Snow, o Rei do Norte?

— Jon Snow, o bastardo de Ned Stark?— Ele perguntou, incrédulo.

— Você o conhece? — perguntou Daenerys.

— Eu fui com ele até a Muralha, quando ele se juntou à Patrulha da Noite.

— E por que você acha que o senhor da luz possa ter escolhido esse Jon Snow?

— Como Lorde Comandante ele deixou que selvagens atravessassem a Muralha para salvar eles do perigo. E como Rei do Norte, juntou selvagens e as grandes Casas do Norte para que se juntassem a sua causa e lutassem juntos contra o perigo que nos assola.

— Ele parece um homem bom então. Um possível aliado? — perguntou Dany.

— Convoque-o. Deixe que ele lhe conte a sua história. Para contar o que viu com seus próprios olhos. 

— Não entendo de profecias ou visões, seja lá o que for, mas Jon Snow é uma boa pessoa, e eu gosto dele. Eu confiei nele e avalio bem as pessoas. Se ele está no poder do Norte agora, será um valioso aliado agora. — Dany encarou Tyrion, e ele continuou.— Seu pai foi executado por Lannisters, e tramaram para assassinar o irmão. Ele tem com certeza mais motivos para odiar Cersei. Use isso a seu favor.

— Muito bem. — disse por fim ela. — Mande um corvo ao Norte. Diga a Jon Snow para que venha se encontrar com a Rainha Dragão, para que possamos juntos formar uma aliança. 

E dito isso, se retirou do local. Era hora de esperar suas outras visitas. Tinha muito o que planejar para tirar de Cersei o Trono de sua família.


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