Há séculos atrás a humanidade era melhor, mais bondosa.

Onde as entidades não eram divididas entre o bem e o mal, mas sim em quem tem uma vida merecedora para receber a paz, e todos se preocupavam e percebiam que ela era única, que não se pode roubar uma alma pura, tem que merecê-la.

Infelizmente esse tempo passou, e isso por causa de uma pessoa, ele se chamava Daemon, ele era um arcanjo da Redoma, nunca o conheci foi antes do meu tempo, mas para aqueles que o conheceram dizem que brilhante, genioso e extremamente perverso.

Ele achava que a humanidade não merecia nossa proteção que eles tinham que nos servir não ao contrario e assim renegou o paraíso e junto com seus seguidos disseram a terra sem a proteção da Redoma, os deixando de ser invisíveis aos humanos.

Eles se auto intitularam a tabula do veneno e assim colocaram pânico em toda a humanidade, adquirindo cada vez mais e mais seguidores, criaram a nossa perdição;

Os pensamentos das pessoas, seus sentimentos, tudo se tornou pior, por que eles estavam na terra, enquanto nós... quem deveria proteger estava escondido com medo em seu próprio território. Ninguém mais se importava com nada, as pessoas entraram em guerras gigantescas contra eles mesmo, amigos de infância se matavam a cada baixa de guarda, verdades já não eram contadas.

Foi uma época das trevas.

Os arcanjos entraram em desespero, A Redoma não sabia o que fazer, tentaram de tudo para destruir a Tabula, mas já estava enraizado na humanidade, então um anjo do bem chamado Raziel pediu a Redoma para que enviassem um anjo para cada pessoa do mundo para protegê-lo da tentação, funcionou, por um tempo, até as consequências de viver na terra caírem novamente para o nosso povo.

Depois da nova Ordem, Raziel nunca mais foi visto novamente.

E tudo mudou novamente.

Para os humanos a alma se tornou algo sem importância, pelo simples fato que perderam o direito de vê-la, e assim ela virou uma historia de criança.

Mas, bem isso é apenas uma lenda, passa de tempos em tempos, por gerações em gerações, quase uma lenda, pois todos acreditam nela plenamente pelo menos no meu mundo eles acreditam.

Mas eu nunca os achei melhores por isso, na verdade sempre os achei mais vazios por esse motivo.

Por que para os seres humanos sempre foi é diferente até os mais perversos tem alma, até os mais egoístas tem alma, podem acreditar em mim: eles tem. Mas suas almas são obscuras e negras, sem nenhuma bondade ou amor, mas o poder de escolher sem ao menos saber das consequências, isso para mim era o mais belo de se ver.

Sei disso por que a minha vida sempre esteve entre a vida e morte, mas de um jeito que poucos conhecem.

De um jeito inteiramente belo, eu amo o que eu faço, mas de um momento para outro se tornou um existência... vaga, não que eu queira mais isso se eu pudesse ter os dois eu teria, mas é impossível e continua a ter uma eternidade solitária, sem ninguém me ver, sem ter ninguém para conversar, sem ninguém para passar ano após ano, dia após dia...

Agora gostaria de ser apenas normal, de ter nascido inteiramente humana, talvez tivesse sido mais fácil, mas a realidade não é tudo que nos queremos.

Teve uma época em que apenas menção de virar uma humana normal era impossível para mim, mas então eu o conheci, vivi com ele a sua eternidade inteira, quando estava solitário, eu estava lá com ele, o confortando.

Quando precisava de ajuda eu estava lá para ajudá-lo, mesmo ele não me vendo eu estava lá, sempre estive lá, invisível aos olhos, invisível a todos.

Dizem que é um privilégio poder ter um anjo para zelar sua vida, mas comigo foi diferente eu tive o privilégio de viver o seu lado por 109 anos, vendo sua família ser construída pouco a pouco, vendo ele se tornar uma pessoa melhor.

Não me arrependo de nem um segundo que observei e que estive em seu lado, e nem poderia, pois todos os momentos mesmo nos tristes eu estava feliz por ter-lo conhecido, mesmo que tudo tenha começado por uma simples promessa.

Uma simples promessa feita inocentemente, mas de coração.

Então manterei minha promessa mesmo que para isso, no final, eu perca tudo o que mais preso.

Pois nesse tempo de promessas quebradas, uma promessa é tudo que temos, e se começarmos a menosprezá-las não sobrará nada de nos mesmos.

E se não sabemos quem nós mesmos somos o que sobra para nós reconhecer?