Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola
Notas iniciais do capítulo
Boa Leitura ♥
Arthur Narrando
Assim que Kevin saiu fiquei olhando para Murilo. Esse tempo dos dois não daria certo, só traria mais sofrimento, o melhor já que meu pai conseguiu interferir tanto era que terminassem de vez, mesmo que fosse o mais triste. E eu como ninguém sabia que era. Alice puxou o irmão e o fez se sentar com ela.
— Impressão minha ou tem algo errado? – ela perguntou baixo, mas como eu estava praticamente ao lado acabei ouvindo.
— Como você está? – ele não respondeu.
— Indo. Mas estou bem. Ocupando a mente. O assunto aqui é você.
— Ah Alice... É difícil com Caleb o tempo todo em cima fazendo de tudo para que a gente se separe. Estou exausto.
— Está sendo fraco e pensando em ceder e dar a ele o que ele quer? Isso não é você Murilo! – era incrível como ela o conhecia como ninguém e como os dois falavam o que o outro precisa escutar.
— Você não entende a pressão que é!
— Isso é verdade. Mas eu entendo de sentimento e sei o quanto é forte o que você sente por Kevin... Isso não conta? – ele respirou fundo e passou a mão no rosto impacientemente. – Não estou tentando te convencer de nada. Só quero que não se arrependa no futuro, porque sua atitude vai ter um preço alto.
— O que quer dizer? – ele a olhou com atenção.
— Ele é especialista em fazer merda, tenho certeza que ele vai fazer.
— É. Você o conhece bem.
— Não precisa conhece-lo bem para saber disso. E não tenha ciúme de mim, isso me machuca.
— Desculpa. Tenho ciúme de tudo que ele já viveu.
— Mas não fica com ele.
— Não terminei. Só quero pensar. – ele a olhou bem sério. – O que você acha que ele vai fazer?
— Não sei Murilo, do Kevin eu espero tudo. Por mais que ele tenha mudado, alguma coisa daquela essência dele continua ali.
— Isso me assusta muito. – ele a respondeu e me olhou. – Você realmente está bem?
— Agora preocupada com você, mas sim. Por que pergunta tanto? Não estou mais me isolando de todos.
— Você disse que não é a mesma sem ele. - sabia que ele se referia a mim.
— Por isso que estou preocupada com você. Você viu o que tê-lo fez comigo. – eles ficaram se olhando por um tempo. Pensei em sair dali ou focar a atenção em outra coisa. Rafael conversava com Fabiana e Alícia, acho que sobre como devia estar as coisas na Universidade, não sei. – É confortante pra você porque ele ainda está ali, te esperando, mas quando tudo acabar... Talvez até você encare de outra forma e supere mais rápido que eu, mas tenho medo.
— Não tenha, foque nessa sua superação que está indo muito bem. – ele sorriu para ela e depois me olhou. Se eu já estava me mantendo longe de Alice, agora era melhor eu me afastar mais ainda.
Kevin Narrando
Vinte e quatro horas se passaram desde que Murilo me pediu um tempo. Já estava enlouquecendo sem saber para onde ir e o que fazer.
— Então foi isso? – meu pai perguntou me encarando. – Você parou com a venda porque estava apaixonado e ele achava melhor assim?
— Parei porque queria ficar com ele e não teria tempo pra pensar nisso.
— Eu tenho uma pergunta melhor. – ele me olhou de perto. – Não vai me corrigir por me referir ao seu sentimento no passado?
— Fale como quiser, eu não ligo.
— Você tá sem vida de novo. – ele sorriu grande, inacreditável. – Achei que iria ficar igual seu irmão choramingando pelos cantos, mas você preferiu usar o ódio. Nunca me decepciona.
— Só vim falar o que você precisava saber. – levantei. – Ah, Gustavo não vai vender o Hotel de Alela, ele não está com problemas, você viu?
— Vi. Mas eu sei que ele vai vender algum dos hotéis.
— Ele vai fazer isso sem consultar todos os sócios?
— Claro. Só importa o sócio do hotel da cidade que ele irá vender. Só tenho poderes no hotel daqui.
— Se contente com isso. Eles são os filhos e herdeiros principais, você vai entrar em uma briga perdida.
— Senta aqui agora que eu vou te explicar uma coisa de uma vez por todas. – respirei bem fundo e me sentei. Ele pegou um papel e rasgou fazendo pequenas bolinhas. – Esse é o Eduardo – ele posicionou a bolinha na mesa. – Essa é a Luiza. – ele a colocou ao lado. – Os dois tiveram um filho chamado Hugo. – fiz um semblante de tédio, eu conhecia a arvore genealógica da família. – Hugo e Bianca tiveram Mark. Já com Liah ele teve Lívia e Ítalo, o MEU pai. – ele continuava com as bolinhas. – Mark teve o Vinicius, mas eu sou igual e ele. Nossos pais são irmãos. Qual parte ainda não tá clara?
— Pra você. A parte que Vinicius é filho de Mark e Isadora e você de Ítalo e outra mulher que não vejo na história.
— Você se refere a sua vó falecida como “outra mulher”?
— Você tá fazendo graça já né? – comecei a ficar irritado.
— Kevin, eu tenho direito aos hotéis. Eles não podem esconder de mim cada passo que eles dão.
— Põe uma arma na cabeça deles e os ameace, mostre sua verdadeira face.
— Você veio mesmo de mim.
— Ou então tenha uma reunião com advogados e resolva isso da forma mais normal e honesta possível.
— Como se você não soubesse que eu não posso sonhar em fazer isso.
— Ah... Esqueci. – fingi estar pensativo. – Você tem muito que eles podem usar contra você né? – dei uma risada e fiz sinal negativo com a cabeça. – Então aceite as migalhas que sua posição familiar te permite ter.
— Você sabe que é inútil tentar me enganar quanto ao fim dessa coisa né?
— O que é coisa? – perguntei apenas para me divertir.
— Não se faz de idiota Kevin. – o encarei com a mesma maldade que ele tinha.
— Podem ser várias coisas...
— Isso entre você e o seu primo!
— Ah... O namoro? – segurei a vontade de rir da expressão enfurecida dele. – Você tanto fez que conseguiu. Pode comemorar e ficar tranquilo.
— Mas se ele te quiser de volta você vai correndo.
— Você realmente acha isso?
— Odeio quando você me desafia.
— Só te fiz uma pergunta.
— Em tom de desafio. E sim, eu realmente acho isso.
— Então tem que parar com as drogas ou o que for que esteja usando. – respirei fundo. – “Tem que se valorizar” dizia minha mãe. Acho que aprendi direito.
— Não nasci ontem. Ele não terminou porque quis. E vocês certamente ainda sentem algo um pelo outro.
— Pai. – olhei em seus olhos. – Não importa se ele quis ou não. Ele fez. E o que tá feito, tá feito. – ele riu contente.
— Você é a pessoa mais orgulhosa que eu conheço. Vai ser difícil ele te ter de volta. Mas caso você fique tentado a voltar, lembre-se que Vinicius ainda não sabe... E acho que ele acabaria com você se soubesse, por isso não contei e não deixei que Murilo contasse. Não quero perder um filho tão novo. Se ele entrar no ringue ele não vai parar de bater.
— Você acha que ele me agrediria?
— Lógico. Olha a sua fama Kevin. Para ele entender que não passa de um plano para acabar com a vida deles, pouco custa. Ele vai perder a razão.
— Por que eu tenho essa fama de terrorista?
— Hoje você tá impossível. Mas se te faz continuar longe dele, pode ser sarcástico o quanto quiser.
— Vou ir dormir. – assim que sai de sua sala encontrei Arthur vindo com Rafael e Murilo. Os três estavam sérios.
— Sabia que você estaria aqui. Por que sumiu o dia inteiro?
— Acho que a gente deve satisfações para os pais e não para irmão.
— Estou te perguntando numa boa Kevin.
— Não vem me perguntar onde eu estava como se eu tivesse cinco anos de idade e corresse algum perigo. A desconfiança em sua voz está fazendo surgir uma vontade de te dar um soco e eu não quero isso. Já superamos essa fase. – tentei passar por eles, mas ele continuou falando.
— Por que você o procura?
— Por que ele é o meu pai?
— Pai esse que vai te tirar a pessoa que você ama.
— E daí? Eu tirei a que você ama de você. A vida é isso. É um ciclo. Nada que eu não tenha vivido antes. – sabia que aquilo iria machucar Murilo, mas eu não conseguia ser de outro jeito.
— Deixa de ser ridículo Kevin! Tá querendo magoa-lo porque está extremamente ferido. Ele não pediu um tempo para te fazer sofrer. Seja um pouquinho maduro.
— Sejam maduros também e me deixem em paz.
— Essa toxicidade toda vem dele. – ele ia dizer mais alguma coisa, mas não deixei.
— Vou falar de um jeito meigo para vê se você entende. Estando ao lado dele eu posso minimizar os efeitos de suas ações. Não virei a chavinha do foda-se, só estou sem paciência no momento. Posso ir agora?
— Sabe que são dois lados e você não se esforça né?
— Eu não me esforço? – encarei meu irmão com raiva. – Ele me pediu um tempo e eu estou dando a porra do tempo que ele quer. Isso não é esforço pra você?
— Não quando você está ao lado do motivo de estarem separados.
— Essa era a vida que eu tinha antes dele. Esse é o jeito que eu sei lidar com isso.
— Você fala como se tivesse dado como certo o fim. – Murilo disse e o olhei e desviei o olhar. Pensei se responderia com sinceridade ou não.
— Eu dei. Quem pede um tempo está a um passo do fim.
— Você não entendeu mesmo a minha intenção.
— Muda em que? Como você disse sempre vai ser assim. Não é mesmo?
— Vou nessa. – ele falou olhando para os dois e saiu andando.
— Você sabe que ele te ama e que ele tá morrendo de saudade de você? – Arthur perguntou bastante inconformado.
— Sei. Eu estou infinitamente mais. É por isso que estou “sedando” o meu pai. – sorri. – É tão fácil enganar vocês.
— Eu falo que ele tem pacto com capeta. Ele muda totalmente o jeito de um segundo para o outro. – olhei para Rafael após sua fala. Fiquei sério e voltei a postura anterior. – PARA COM ISSO! É aterrorizante.
— Quero saber como vocês vão ficar juntos.
— Assim... Um problema de cada vez. Estou focado no problema principal.
— Ele está acreditando em você?
— E eu menti? Estou sozinho. – dei uma risadinha irônica. – Só estou manipulando a forma como as coisas vão se desenrolar daqui pra frente.
— Como você sabe que Murilo vai continuar contigo? Ainda mais agora. Ele deve tá inseguro pra caralho.
— Ele sempre teve certeza da gente e sempre me surpreendeu demonstrando isso. E eu sinto. Ele realmente só pediu esse tempo por causa do stress que o meu pai causa. E eu juro que eu o entendo.
— Mas você o fez se sentir culpado. – Rafael comentou me olhando.
— Faz parte do meu plano. Se eu fosse sincero com ele agora acabaria me abrindo totalmente e poderia colocar tudo a perder.
— Por que?
— Porque não deu tempo ainda do meu pai ter total confiança no fim desse namoro.
— Quantos dias você acha que vocês dois vão conseguir ficar longe um do outro?
— Não sei. Mas estou contando com a sorte que os dois tempos sejam semelhantes.
— Você não vai mesmo ficar com a gente?
— Não. Preciso meditar muito para recuperar toda a energia que o meu pai me suga. Boa noite pra vocês. – sorri e sai andando. Agora era esperar o amanhã e continuar o meu trabalho duro de convencimento ao Caleb.
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