Modus Operandi: Dias Negros de Ocultgard escrita por Nemo, WSU


Capítulo 11
O Rio


Notas iniciais do capítulo

Muito grato ao Kass e a Fátima por comentarem ♥



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Pode chegar o dia em que o despreparo e a ignorância serão nossa ruína” — Hadyle Selat.

 

Estamos condenados. Pensou Kay descendo do cavalo.

— Qual de vocês é a alquimista? — questionou o líder com perversão no olhar, os homens dele se aproximavam de forma contundente.

No instante que ela falar ou retirarem seu capuz, vão matar a nós dois. Calculou Gadamer olhando de canto em Kay.

— Retirem os capuzes, ou matamos vocês! — exigiu ele. Os três os encararam relutantes. Em seu íntimo Hadyle, pediu ajuda a Alayhin.

Uma bola de fogo caiu sobre o grupo que estava na frente do trio, o pânico logo se instaurou e o inimigo se apresentou, atingindo três flechadas no crânio dos inimigos.

O Draghard surgiu apático a frente dos arqueiros, estes imediatamente miraram e dispararam, as brechas surgiram absolvendo as frechas e outras atrás deles, devolveram seus singelos presentes.

Temos que sair daqui, ganhar tempo e terreno, enquanto ele enfrenta os escravistas. Pensou Hadyle fugindo com Kay e Gadamer para a floresta, sem cavalos ou mantimentos apenas com as coisas dela.

— Não ataquem a distância, para matar ele, precisamos chegar perto! — O líder ordenou.

Draghard desapareceu por uma brecha surgindo no galho de uma árvore, com o arco em punho, esticou e apontou no escravista aterrorizado que correu para o mato, junto com seus companheiros, mas foi alvejado na perna direita.

Ele saltou no chão, indo com calma para a floresta, mas enquanto caminhava, percebia o problema de usar a aura em excesso; o corpo começava a dar sinais de abalo, mas pouco se importou. A missão se mantinha de pé e se livrar daqueles homens era uma prioridade.

 

 

 

Mentalmente

 

Pare! Você não precisa fazer isso… é cruel e desalmado… tenha piedade, mostre misericórdia! Eu te imploro.

Uma corrente negra envolveu o pescoço do rapaz dando duas voltas em seu entorno, impedindo qualquer fala. Duas lágrimas percorreram seu rosto alvo, até sua voz tinha lhe sido tirada, seu único consolo até então. Até quando continuaria fraco?

 

 

 

*******

 

— Olha, aquilo foi sinistro — comentou Kay, enquanto corriam os três pela mata.

— Não estamos longe do rio, se conseguirmos um bote ou barco, podemos deixar ele para trás, — falou Gadamer, já conseguindo ouvir o barulho da água. — Não foi à toa que nos abordaram justo agora, com um barco poderiam levar ela para longe dos olhos das ordens rapidamente. Tem um barqueiro por perto aqui, se lembra Kay?

Eu gostaria de não me lembrar. Pensou o rapaz, balançou a cabeça, foi então em que o trio ouviu os gritos de desespero dos homens na floresta:

— ELE É UM DEMÔNIO! — Os Escravistas não durariam muito.

Ao saírem da mata vislumbraram um barco não muito grande, mas ainda sim robusto, seu condutor já estava fazendo os preparativos para a saída, por conta dos gritos. Apesar de atarefado permitiu a entrada de Gadamer e seus dois companheiros.

— Em que tipo de encrenca você se meteu agora Gadamer? — indagou o ele enquanto os quatro remavam, para saírem da margem e adentrarem no ponto onde o rio era mais profundo e a correnteza mais forte.

— Do tipo mortal. — disse Gadamer com dificuldade, empenhando toda a força que podia em deixar aquele maldito lugar. — Você pretende ir para onde?

— No vilarejo de Lyon, tenho uma casa lá. — respondeu o condutor.

— Pode nos levar até lá? — questionou Gadamer impaciente — Não é no lugar que pretendíamos ir, mas isso é bom, suspeito que a informação da missão vazou.

— Caso complicado. — O barqueiro suspira — De zero a dez, quão encrencado você está?

— Onze.

— Dessa vila até nosso destino são quantos dias? — questionou a impetuosa alquimista.

— Semanas quem sabe. — piscou Gadamer para Hadyle, em seguida levantando dois dedos e indicando o céu. Dois dias.

Não confia no barqueiro. Espere, isso também quer dizer que… você sabia que existia a possibilidade de a informação vazar e omitiu nosso destino. Constatou Hadyle.

Kay, maneou a cabeça concordante. Ele também sabia.

— Como anda o vilarejo? — questionou Gadamer.

— Já viu dias melhores. — respondeu o apático barqueiro — Agora é um lugar decadente, assim como essa nação.

— Jarnyan, já conheceu dias piores meu amigo. — replicou o caminhante, tentando consolar.

— Eu não me lembro dos melhores. — disse o homem controlando a direção do barco. — Só sei que tudo anda tão caro, os negócios estão parando, a espada tem perdido o seu valor.

— E acho que é melhor assim, sem guerras ou grandes conflitos, sem sangue derramado. — Gadamer, olhou de volta para a floresta.

 

 

 

*******

 

A tarde se arrastava vagarosa enquanto o barco navegava pelas águas turvas do rio Jahnd, um dos poucos da nação Jarnyana. O próprio bioma em que se encontravam, era raro em comparação aos dois grandes desertos do sul.

Gadamer estava sentado em posição de Lótus, perto da proa, já Hadyle contemplava o rio e toda a natureza, afinal tinha ficado por anos presa num deserto de rocha, a sensação de estar naquele lugar era algo inteiramente novo para ela.

— O rio está calmo. — observou ela, perto da borda sendo bruscamente retirada dali por Kay:

— É perigoso aí.

— Está com medo de eu cair? Eu não sou uma…

— Não, estou mais preocupado com o que tem lá dentro. — replicou ele, apontando para uma mancha turva na água, parecia seguir o barco.

— O que é isso? — questionou ela surpresa.

— Nokken, um ser aquático. — respondeu o barqueiro realocando o chapéu no rosto — Geralmente viram botes e barcos de pequeno porte, devorando suas vítimas, vivas ou afogadas. Alguns podem mudar de forma, ora um homem ou mulher ou um tronco podre boiando, tudo para enganar suas vítimas.

Hadyle prontamente saiu de onde estava e se encolheu em um canto questionando:

— Por que o exército ou os Inter-Reinos não dão um jeito neles?

— Eles tentaram mais vezes do que pode imaginar. — disse Gadamer lembrando de ao menos sete investidas — Mas caçar seres assim é difícil, até para especialistas o saldo é amargo.

— Por que ele não nos ataca? — questionou Kay.

— Porque preparei uma mistura de ervas que afasta os Nokken, a madeira do barco absolveu essa mistura. Logo, a simples presença dele aqui é odiosa para eles, se por ventura encostarem na madeira ou vierem a bordo, vão morrer. — explicou o condutor tranquilizando os dois — Mas eles ainda estão famintos, e vão abraçar a primeira oportunidade que vocês derem. Nunca tentem passar esse rio a nado, e se afastem das redondezas dele a noite.

— A noite, o sol que tanto os irrita desaparece aí podem sair d’água e vagarem por uma área limitada. — completou o líder do grupo, agora em pé e observando o sol poente. — Por isso não temos como retroceder sem a embarcação.

Hadyle se levantou e contemplou a água, desta vez podia ver um pouco da criatura, somente sua cabeça era visível, o cabelo se confundia com o musgo e folhas dos rios. A pele da criatura era escamosa, e de um tom azul-escuro, grotesca irregular em muitos pontos, seus olhos eram reptilianos tais quais os crocodilos, a coloração era amarela.

Por um tempo o ser apenas a observou, e então mergulhou na água, a noite não estava tão distante.

 

 

 

Ao mesmo tempo

 

— Aparentemente, eles foram massacrados meu irmão. — observou Anazak, fitando os cadáveres de seus escravistas pela estrada — Algo descomunal fez isso a eles.

— O caminhante mentiu para nós, disse que a escolta não seria rigorosa, eles só podem ter levado um Inter-Reinos com eles. — disse a voz grave e ecoante de seu irmão.

— Acho que não, um caminhante teria matado eles usando técnicas elementais, o modo de operação é o contrário, mas de fato é de só uma pessoa, pelo visto prefere usar de ataques corporais. — disse Anazak se agachando, observando os ferimentos fatais. — Embora ele tenha usado uma bola de fogo ali no chão, talvez para distrair? Só por necessidade… não o culpo, usar magia é cansativo e desgastante.

— E o combate não parou aqui — O homem na armadura apontou para a floresta. — O que faremos? Devemos ir atrás dos nossos homens?

— Iremos até onde nos foi prometido, Lyon. — comentou Anazak — O barqueiro foi muito bem pago, além de devidamente ameaçado.

— Vamos destruir o lugar do mesmo jeito não, é? — O irmão questionou.

— Depende dos resultados, não se esqueça que eles são nosso povo. — Ambos subiram na carroça se juntando aos seus homens no comboio. — Este assassino misterioso é um sério problema, se puder cuidar dele, eu seria muito grato.

— E quando foi que eu não cuidei? Quanto ao nosso povo, você tem razão, mas ainda penso que eles são fracos e ignorantes…

O rapaz moreno concordou com a cabeça e então expôs sua visão:

— São ovelhas sem um pastor, mas oferecerei uma luz.


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Notas finais do capítulo

Mals a demora galera, tive um final de semana agitado espero que gostem.



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