Monarquia Serpente - Bughead escrita por Fortunato


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: Awonation - Sail
Não deixem de ouvir a música que estará disponível, vai fazer uma enorme diferença na leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777152/chapter/5

 Jughead Jones

Entrei no galpão escuro com o canivete na mão, trêmulo, sem saber o que esperar. Fangs havia insistido comigo para vir junto, mesmo recusando mil vezes para sua própria segurança. Não queria envolver ninguém nisso, apenas salvar meu pai. Uma brisa gelada soprou me causando calafrios, alguém havia aberto uma porta lateral revelando uma sala ao final do galpão.

Como ninguém havia dado sinal de vida eu caminhei devagar até lá, quando ouvi a familiar voz do Xerife Jones corri. Assim que cheguei a sala o vi de pé discutindo com Tall Boy, Bruce e outros cinco serpentes mais velhos. Parei na porta incrédulo tentando entender o que estava acontecendo. O sequestro do meu pai era uma farsa? pensei, quando Tall Boy passou a mão sobre o rosto sério parecendo estar estressado.

— Eu te digo FP, apenas dê mais tempo a ele! – o careca de cavanhaque dizia apontando para meu pai.

— O que está acontecendo aqui? – perguntei ainda anestesiado ao perceber que ninguém me reparava ou me dava atenção ao entrar pela porta.

Meu pai se virou para mim com uma expressão em dor, me reparou por alguns minutos suspirando. Deu dois passos até mim enquanto todos observavam com os braços cruzados. Segurou meus dois ombros com as mãos antes de se explicar me olhando profundamente nos olhos.

— Isso foi um teste Jughead, tudo o que você precisava fazer era tomar a decisão certa, planejar e agir. Eu... – seus olhos brilhavam, até que Bruce o interrompeu se aproximando também.

— Jughead, veja bem, você é um ótimo líder, até melhor do que seu pai. É estrategista, inteligente e... – se virou para os outros que concordavam com a cabeça – Hoje percebemos o quanto é corajoso. Mas você é jovem, inexperiente, impulsivo...

— Nós tivemos a ideia de usar seu pai para saber como você agiria. – Tall Boy continuou se encostando na parede – Nenhum serpente fica sozinho, lembra? É nossa lei... Olha garoto, por mais que você quisesse poupar sua gangue, você deve confiar nela. – ele enfatizou a palavra gesticulando com as mãos.

— Suponhamos que Malachai realmente tivesse me sequestrado. – meu pai tinha uma expressão de decepção e eu absorvia as informações como golpes no estomago – Você acha que vindo sozinho ele pouparia nós dois?

— E-eu não sei pai – abaixei a cabeça.

— Jughead! Ele nos mataria e os serpentes não teriam um líder ou sucessor, mas sim um duplo enterro! – ele gritou erguendo rosto para que eu o encarasse – Eu devo tirar esse posto de rei de você por enquanto, sinto muito filho. Uma torre precisa de uma base forte, você entende? – colocou a mão em meu ombro suavemente.

— Pai... – meus olhos umedeceram, o havia decepcionado e isso me fazia um filho fracassado e um rei inútil.

— Prove que é capaz garoto. – Tall Boy tombou a cabeça olhando para mim – Você tem tudo o que precisa para ser um bom líder dentro de você, só deve nos provar que vai saber usar isso.

— Eu garanto que vou! – disse resignado com o rosto em fúria.

— Até lá... – meu pai disse se virando para Nick – Você está no comando, se certifique de que os jovens não farão besteira, eles o respeitam muito. – Nick concordou prontamente e meu pai se virou para mim – Conquiste respeito também filho.

Todos saiam da sala aos poucos e eu percebi que segurava o canivete com tanta força que minha mão havia ficado dolorida. Meu rosto estava quente, meu sangue fervia em raiva. Eu estava desapontado, principalmente pelo fato de que todos ali tinham razão. Caso tudo aquilo não passasse de um teste, eu e meu pai estaríamos mortos e os Serpentes do Sul ficariam à deriva, seria o momento ideal para uma vingança.

Caminhei até minha moto quanto vi os outros atravessando a estrada já em alta velocidade. Meu pai parou a viatura próximo a mim.

— Você vai para casa? 

— Não pai. – passei a mão pelos cabelos retirando minha touca – Acho que preciso de umas doses de uísque. – meu sorriso era claramente vago.

— Ok garoto, você deixou de ser líder, mas não deixou de ser aluno. Amanhã vou me certificar de que esteja na escola.

Basicamente depois que minha mãe fora embora com Jellybean eu vivia lapsos de melancolia tão intensos que em alguns momentos era obrigado a me auto exilar da sociedade. Pilotava até a margem do rio Sweetwater, um lugar afastado do restante da cidade com uma vista incrível que me permitia colocar a cabeça no lugar. 

Depois do diretor contatar meu pai para relatar minhas ausências, ele descobriu meu refúgio e se certificou de que eu tivesse companhias ou no caso olhos para me vigiar, foi assim que me colocou na gangue. 

— Fica tranquilo pai, eu não vou matar aula.

— Ok. – ele disse com uma expressão preocupada – Eu te amo Jughead, espero que nunca se esqueça disso.

— Também te amo pai. – ele absorveu as palavras e arrancou a viatura.

Minha cabeça latejava, meu corpo ansiava por algumas doses de qualquer coisa que não fosse permitida para mim devido à idade. Subi na moto e deixei que a adrenalina da velocidade se misturasse com a ira de ter fracassado. Provavelmente eu me culparia pelo fracasso durante muito tempo, a não ser que conseguisse uma distração imediata.

◙ ○ ◙ ○ ◙

Parei a moto em frente ao Whyte Wyrm junto das demais. Tall Boy e os outros já haviam chegado. O bar ecoava música alta e pessoas conversando. Provavelmente estava cheio, o que era estranho para uma quinta-feira.

Assim que entrei dei de cara com Kevin Keller, filho do ex-Xerife.

— Kevin? Você por aqui?

— Oi Jughead, estou com Joaquim. – disse olhando para ele que fez um leve aceno com a cabeça para mim.

Joaquim e eu nunca havíamos sido próximos, o julgava muito estranho. Hipócrita da parte de alguém que nunca tirava uma touca esquisita. Ele tinha os cabelos compridos até o pescoço e os olhos azuis como safira, mas não contava com mais de um metro e meio de altura. Sorri para ele olhando de cima.

— Além disso, as meninas estão aí com o Archie. – minha expressão ficou séria.

— Que meninas? – observei ao redor.

— Verônica e Betty. – ele apontou para o fundo do estabelecimento.

— Vem Kevin quero te mostrar nossa exposição de cobras. – Joaquim disse com um sorriso maldoso piscando para mim enquanto empurrava Kevin, revirei os olhos com o duplo sentido da frase.

Adentrei com dificuldade no bar até chegar ao balcão para falar com Toni, quando Tall Boy deu leves batidas em minhas costas segurando o ombro da minha jaqueta.

— Você está bem garoto? – seu hálito exalava álcool vencido, me sentei no banco recuando do cheiro horrível.

— Não sei preocupe Tall Boy, não foi nada. – avistei Betty e Sweet Pea ao lado do palco em frente a uma máquina de músicas conversando enquanto observavam a tela.

Estralei os nós dos dedos sobre o balcão. Ela realmente estava aqui, mas porquê? E quando Sweet Pea havia ficado tão próximo dela fora da escola? Me lembrei de sussurrarem durante a prova de química temendo que alguém ouvisse. Já estavam planejando algo...

Toni passou por mim e desviei o meu olhar para continuar os encarando, tentando entender a situação.

Betty usava um vestido preto de lurex com alças finas terminando pouco antes dos joelhos. Havia botões em toda sua extensão, marcando e realçando suas curvas. Usava uma jaqueta jeans e nada de saltos agora. Ainda parecia um anjo com os cabelos caindo nas costas em leves cachos. Observei ao redor, não era somente eu que a reparava, minha expressão ficou tensa de repente ao perceber os olhares maldosos. Esse não era lugar para ela.

— Jughead? Jughead! – Toni estalou os dedos em frente ao meu rosto me olhando confusa quando me voltei para ela – Você está bem? Parece nervoso.

— É, eu te conto amanhã. – olhei para os dois de novo vendo Archie e Verônica se aproximarem, apontei com um gesto de cabeça – O que eles estão fazendo aqui? Você sabe?

— Ela veio fazer a iniciação...

(música)

A expressão de Toni ficou divertida, como se estivesse empolgada. Vi de relance Betty pegar o copo da mão de Verônica o virando de uma vez. Uma música lenta começou a tocar e Betty subiu ao palco devagar.

— Nossa isso vai ser bom... - Fangs deixou o balcão indo até a frente do palco junto de Toni.

Os segui nervoso sem tirar os olhos dela, me encostei em uma sinuca cruzando os braços frente ao peito. Ela ficou no palco parada de costas com a cabeça abaixada por cerca de seis segundos. Sua respiração estava pesada, seus ombros subiam e desciam rapidamente. Suas mãos estavam fechadas e se apertavam cada vez mais. As pessoas no bar se organizavam no espaço apertado para conseguir assistir e fiquei confuso.

— Toni, a iniciação feminina é diferente? 

— Porra Jughead, é verdade! Você ainda não viu a dança serpente! – Fangs disse sorrindo.

Betty olhou para Sweet Pea de soslaio que fez um sinal positivo com a mão. Ela respirou fundo e se virou lentamente, no ritmo da música. Em seguida, parecia mais tranquila passando a mão pelo pescoço e cabelos em movimentos leves. Caminhou até a frente do palco devagar, deixando a jaqueta cair dos braços até o chão.

Ela suspirou e foi à uma barra de metal que se estendia do palco até o teto, dançando. Pole dance? Me endireitei, cada músculo do meu corpo doía agora, ela parou em frente a barra encostando seu tronco. Tombou a cabeça para o lado com alguns fios loiros caindo sobre o rosto e olhou serena para frente enquanto abria o primeiro botão do vestido, depois o segundo e o terceiro. Me levantei em um ato brusco.

— Não posso deixar ela fazer isso! – Toni colocou a mão em meu peito me impedindo.

— Calma Jughead! Ela não vai tirar tudo! Eu não permitiria se fosse assim. – alternei o olhar entre Betty no palco e Toni em minha frente, furioso.

— O quê? Você disse a ela para fazer isso?

Todos no bar assoviavam e batiam palmas quando seu vestido tocou o chão revelando sua lingerie de renda preta por baixo. Ela voltou à barra de metal tocando o pescoço e num impulso andei até o palco em passos largos, esbarrando em qualquer um que não me desse passagem. Subi retirando minha jaqueta e recolhendo suas roupas pelo chão.

— Tudo bem seus babacas, acabou o show – a cobri com o couro segurando seu braço para retirá-la dali enquanto todos urravam vaiando minha atitude. 

— Deixe a garota! - Penny Peabody gritou ao fundo rindo.

Olhei de relance para ela com uma expressão furiosa, a odiava ainda mais agora. 

◙ ○ ◙ ○ ◙

Saímos pela porta ao lado do palco, entrando em um quarto pequeno de estoque do lado de fora, onde lhe ordenei que se vestisse jogando as roupas para ela.

— Vista suas roupas Elizabeth, vou te levar para casa – ela cambaleou se encostando na parece ao abotoar novamente o vestido.

— Isso foi adrenalina pura... – fechou o ultimo botão sorrindo.

— Não Elizabeth, isso foi idiotice! – disse zangado apontando para fora – O que te deu na cabeça? – gesticulei.

Ela vestiu sua jaqueta jeans me devolvendo a minha.

— Você está zangado, Sr. Jones? – ela disse arrastando um pouco as palavras e percebi suas pupilas dilatadas.

— Você bebeu demais... – constatei segurando seu rosto evitando que ela tombasse para a direita.

— E você tem olhos lindos – de repente ela ficou séria alternando o olhar entre meus olhos e meus lábios, se aproximando.

Por mais que fingisse ser outra pessoa ela ainda cheirava a morango, mesmo bêbada seu hálito era doce, com certeza não foi uísque que a deixou assim.

— Vem, vamos te levar para casa – peguei sua mão fria para sair com ela do estoque.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Monarquia Serpente - Bughead" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.