Monarquia Serpente - Bughead escrita por Fortunato


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Música do Capítulo: Amber Run - I Found



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Jughead Jones

— Bom dia. – alguém disse abaixo de mim.

Busquei a dona da voz e me deparei com Verônica Lodge à minha esquerda. Assim de perto ela era menor do que parecia. Nós nunca havíamos trocado uma palavra nessa vida e a diferença entre nossas classes sociais justificava muito isso.

— Bom dia. – respondi voltando a atenção ao meu armário.

Ela permaneceu ali em silêncio esperando. Assim que fechei a porta de metal ela me encarou com seus olhos de coruja que piscaram três vezes. Sua boca inclinou-se em um sorriso comprimido.

— Desculpa, posso te ajudar? – minha fala soou grossa mesmo que não tenha sido minha intenção.

— Na verdade sim. – ela ergueu as sobrancelhas.

Em um movimento rápido ela enlaçou seu braço ao meu me puxando corredor a fora. Em virtude a sua estatura minha coluna se curvou para baixo.

— Eu sei que você vai ao baile com a Betty e queria me certificar de que nada ocorra mal. – continuou me arrastando corredor a fora até chegar a uma mesa forrada em branco com uma ruiva sentada atrás, Toni estava ao seu lado e fez uma careta ao me ver.

— Como você sabe disso? – perguntei confuso quando ela finalmente me soltou estendendo uma nota para Toni.

— Eu sou a melhor amiga dela. Hellooo? – arregalou os olhos como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. E na verdade era – Quatro entradas para o baile. – sorriu.

Toni entregou quatro bilhetes dourados e ela empurrou dois sob meu peitoral.

— Eu sei que você não ia lembrar disso. – ela disse.

Os peguei confuso.

— Com certeza ele não ia. – Toni riu atrás dela.

— Ora, ora. Nunca imaginei que veria esse grande momento: a realeza e a ralé juntos. – Cheryl gesticulou para nós com desdém.

Verônica girou os olhos e mais uma vez me puxou pelo braço corredor a fora.

— Ignora isso. – ela disse e por fim me soltou. Seu salto fazia cliques sob o piso.

— Eu não preciso que você me faça nenhum favor. – disse arrogante, mas mesmo assim guardei os bilhetes no bolso da jaqueta.

Eu não precisava de nenhum favor, mas se já havia sido feito era um trabalho a menos. Principalmente para um fudido como eu.

— Não é um favor pra você Jughead. – ela esclareceu séria – É evidente que Betty gosta de você, e ela tá muito abalada ultimamente. Por isso, quero garantir que ela não tenha mais decepções.

Me prendi na primeira parte.

— Ela disse isso?

— O que?

— Que gosta de mim?

— Ah, por favor, você parece um garoto do maternal. Até parece que é a primeira garota da sua vida.

Dei de ombros.

— É a primeira que eu realmente me importo.

— Bom saber, - deu leves tapas em meu ombro e depois o apertou me segurando no lugar – porque se você magoar ela eu juro que te caço nos confins do mundo e te faço se arrepender amargamente.

Suas sobrancelhas se juntaram e apesar de ser uma garota pequena Verônica era muito incisiva. Um calafrio me percorreu.

Ajeitei minha jaqueta puxando-a para baixo.

— Magoar ela é o que eu menos quero no momento. – disse no mesmo tom.

Ela concordou com a cabeça.

— O baile tem que ser uma noite maravilhosa para ela. Você vai fazer tudo o que eu mandar. Entendeu?

Comprimi os lábios.

— Entendi.

Verônica voltou sua atenção para uma direção especifica e eu fiz o mesmo vendo Elizabeth abrindo seu armário empolgada com alguma coisa que Archie estivesse falando. Meu coração se apertou temendo que ele contasse meu segredo. Ela deveria saber por mim, eu não imaginava como falar agora, mas no momento certo eu tinha certeza que as palavras viriam. Os olhos de coruja me cercaram de novo, Verônica fez um movimento com a cabeça indicando para irmos até lá.

— Ele não vai me dizer nada. Tudo o que faz é me deixar confusa. – ouvir sua voz depois do sonho aterrorizante que tive era como música para os meus ouvidos.

— Quem te deixa confusa? – pensei que se trataria de Hal.

Ela não respondeu e fez uma expressão de terror ao me ver. Seus olhos foram até Verônica e depois ao seu armário novamente. Nem um bom dia...

Praguejei internamente. Talvez ela tenha se arrependido de ter aceitado meu convite de ontem, ou talvez deva ser as minhas olheiras por não ter dormido. Verônica puxou Archie pelo braço dando uma piscadela para mim

Fitei a serpente nas costas de Elizabeth quando ela jogou a mochila por cima do ombro. O que eu diria? Pela primeira vez não sabia conversar com uma garota. O pânico surgiu. Agora teríamos aula de química, eu poderia convidá-la a se sentar comigo. Era isso.

— Química né? – minha voz saiu trêmula e verifiquei seu rosto tentando entender o que se passava.

— O que? – ela deve estar pensando “que papo é esse”.

— Agora nós temos aula de química. – expliquei.

Um idiota. Jughead você é um idiota e meio. Em dias como hoje você é dois idiotas inteiros.

Ela continuou parada como se não acreditasse na minha capacidade de ser um imbecil que não sabe falar. Prendi o ar desesperado.

— Então vamos?

Elizabeth concordou em silêncio e fomos para a sala. Eu não arriscaria dizer mais nada agora, não até conseguir formular frases novamente. Ao entrar na sala Fangs me olhava com um sorrisão bobo acenando para mim. O maldito não estudava para uma misera prova e se não fosse pela nossa amizade eu o deixaria afundar na matéria. Ao fundo da sala Sweet Pea se contorcia com um ciúme evidente e estampado em seu rosto. Deixei um sorriso escapar o provocando.

— Até mais. – ela disse e me lembrei que na verdade era ele quem passaria os próximos minutos com ela, e não eu.

O título de maldito agora é seu Pea.

◙ ○ ◙ ○ ◙

Adrenalina.

De acordo com as aulas de química a adrenalina é um hormônio neurotransmissor responsável por preparar o organismo para a realização de grandes feitos. Tentei amenizar a ansiedade pelo controle da respiração em vão, já que a adrenalina pulsava nele mais do que qualquer coisa. Meu corpo estava tão quente que apenas minha respiração se vaporizava em contato com o ar gelado.

Vi quatro figuras esguias descerem de um carro preto que arrancou logo em seguida. As meninas estavam praticamente irreconhecíveis pelas roupas e cabelos, a não ser uma delas que apertava os dedos contra a palma com força. Seu olhar passeava disfarçadamente por todos os cantos possíveis da rua até vagar por onde estávamos. Desejei que ela me visse e soubesse que eu estava ali esperando o momento certo para correr até ela, mas sua atenção se voltou a quem imaginei ser Toni. Possivelmente a noite escura não tivesse dado oportunidade de que ela visse nenhum de nós.

Fitei suas costas cobertas por um sobretudo preto, frestas da nuca exposta e em seguida a vi entrando no bar. Meu coração se apertou. Nada poderia dar errado. Nada.

— Jughead... – Fangs chamou apreensivo.

O encarei desperto. Ele fez um movimento com a cabeça para que eu fosse até lá.

— Sweet Pea quer falar com você. – ele disse apenas quando cheguei perto o suficiente.

Contorci o rosto.

— Ele disse mais cedo que não participaria.

— E não vai. – Fangs estalou a língua no céu da boca levando a mão aos olhos os apertando – Melhor você falar com ele.

Concordei com a cabeça quando vi sua moto parada atrás de alguns carros. Ele estava encostado sobre um muro de tijolos com os braços cruzados encarando a entrada do bar. Fui até lá com passos pesados, provavelmente ainda tinha raiva por mais cedo. Ciúmes não era algo fácil de lidar.

— O que você quer? – questionei arrogante ao me aproximar.

No início ele não disse nada e nem sequer me olhou. Tirou um bastão de basebol da sua lateral girando-o na mão e me entregando.

— É a única vez que vou precisar de você. – o ofereceu para mim finalmente me olhando.

Engoli em seco em pegá-lo.

— Você sabe porque tive que fazer o que fiz e mesmo assim não se importa. – completou quando não peguei o bastão ou respondi – De qualquer forma eu continuo te defendendo com todas as forças. – ele baixou um lado da jaqueta mostrando um corte extenso e com pontos no braço.

Tentei me lembrar da noite da briga. O único homem que eu havia visto com um canivete lutava com Sweet Pea e agora pensando melhor ele tentava chegar até mim. Peguei o bastão resignado, não gostava de dever favores.

— Quer que eu repita ou vai dizer logo o que você quer? – meu rosto não relaxou.

Ele piscou algumas vezes e fitou o outro lado da rua.

— Eu não vou poder ficar na cidade, mas vou voltar por ela. Espero que esteja protegida até lá. Mesmo que seja por você. – sua voz parecia nervosa e finalmente entendi o que estava acontecendo.

Seguindo a nossa lógica ele também havia participado de todo o esquema transportando drogas, seria denunciado e preso a não ser que estivesse bem longe daqui. Fiz um bico arqueando as sobrancelhas. Girei o bastão na mão acomodando-o sob o ombro. A outra mão foi até o bolso da jaqueta.

— Não vou fazer por você. Vou fazer por ela. – dei as costas para voltar ao meu posto – E talvez você não precise voltar por ela já que estarei aqui.

Ouvi seu suspiro em seguida o ronco de sua moto dando partida.

— Acho que vale a pena correr o risco. – ele disse e eu me virei.

Sweet Pea e eu não costumávamos nos dar bem na maioria das vezes. Agora reconheço que isso acontecia por sermos parecidos demais. Pelo visto até no gosto por garotas.

 - Sweet Pea, – disse me virando – sinto muito pelo seu avô. Boa sorte aonde quer que você vá.

Ele não disse nada e nem me olhou, mas entendi que ele tinha ouvido. Logo em seguida arrancou com a moto pela rua afora. Eu faria o que ele pediu, porém, meus motivos eram claros. Proteger Elizabeth significava mais para mim do que para ele e isso era tão certo quanto minha paixão por ela.

Quando a música começou meu pai deu o sinal liderando os serpentes. Isso significava que os reforços policiais já tinham sido comunicados e estavam a caminho, nenhum corrupto conseguiria comunicar os Ghoulies a tempo da nossa batida. Demos a volta por trás do quarteirão chegando até a garagem onde três homens carregavam um caminhão com caixas de papelão. Dois deles eram completamente reconhecíveis já que haviam seguido a mim e à Elizabeth noites atrás.

— Parem o que estão fazendo, se afastem do caminhão e coloquem as mãos na cabeça! – meu pai gritou com a arma em punho e uma lanterna abaixo dela iluminando os homens.

Eles obedeceram a ordem imediatamente levando as mãos para cima. Seus olhares foram para uma outra direção onde surgiram outros Ghoulies, provavelmente estariam montando guarda. Inicialmente acreditei serem cinco, depois oito e por fim se revelaram para a luz doze deles, de direções distintas. Uma luta corporal cruel se iniciou, estávamos em desvantagem agora.

— O Xerife! Pega o Xerife! – ouvi um gritar correndo até meu pai que ainda mantinha a arma em punho. Percebi que ele relutava em atirar, pensando bem ele nunca havia usado arma contra ninguém.

Levei um soco no olho esquerdo pela distração, depois uma rasteira me derrubou ao chão. Um chute na barriga me tirou o ar. Três figuras estavam ao meu redor. Cobri o rosto por puro reflexo e um outro chute acertou meu antebraço. Uma sirene policial ressoou o som de socos e chutes. Os vultos se viraram para as luzes azuis e vermelhas que piscavam sob a neblina.

Em seguida ouvi um tiro, aproveitei a distração dos outros para tentar me erguer. Usei a força da adrenalina depositando-a no bastão, com um impulso ela voou até a cabeça de um deles que caiu no chão desacordado. Imediatamente os outros me deram atenção novamente. Passei a língua sob o lábio inferior. O gosto metalizado me energizou.

— Maldito, eu tenho um baile para ir amanhã. – bati o bastão com força na barriga de um que levou as mãos a barriga sem ar.

No mesmo instante o terceiro desferiu um soco vago o qual foi fácil desviar. Mais um tiro cortou o ar, esperei que ele se distraísse com o som e mais uma vez o bastão fez o seu trabalho, dessa vez quebrando o nariz de alguém. O girei na mão como Sweet Pea havia feito mais cedo, o sangue escorreu por ele até a metade.

— Um bastão de sorte! – disse orgulhoso.

Algo explodiu e agora as pessoas dentro do lugar davam gritos agudos em pânico. O ar antes tomado pela neblina fria agora estava quente e pesado.

— Jughead! – Tall Boy gritou me empurrando ao chão em consonância com um som familiar, era o terceiro.

Tall Boy caiu ao meu lado e o dono do disparo também caiu ao chão com um disparo na barriga. Ele levou a mão até o ferimento que se pintou em vermelho imediatamente.

— Tall Boy! – me girei para ele procurando vestígios de sangue.

Ele levou a mão ao ombro e puxei sua jaqueta para baixo verificando. Não era tão grave e provavelmente iria doer um bocado.

— Tá tudo bem garoto, acho que não vou morrer. – ele disse entre dentes.

— Vaso ruim não quebra fácil. – sorri e o ajudei a se levantar.

— Merda. – ele olhou assustado para a garagem que brilhava.

O céu denunciava um incêndio catastrófico. Nós estávamos na parte de trás do bar, as pessoas provavelmente estariam saindo pelas portas da frente ou laterais. Olhei amedrontado para todos, meu pai estava agachado sob alguém com as mãos cheias de sangue. Ele apontou para Fangs gritando para ser rápido. Fangs por sua vez estava com uma das mãos na cabeça e o celular no ouvido, seu nariz escorria sangue até os lábios comprimidos. Outros policiais algemavam algumas pessoas e outras vinham correndo de dentro da garagem.

Quatro para ser exato, uma delas parecia desacordada e estava sendo arrastada com um esforço enorme. Corri até lá quando reconheci o rosto de Toni, olhei para cada uma até constatar que Elizabeth não estava com elas.

— Cadê a Elizabeth??! – gritei desesperado.

Verônica me olhou com pavor.

— Ela não tá com você? Ela disse que vinha encontrar você! – ela gritou de volta olhando ao redor levando a mão ao rosto.

Corri para dentro.

— Jughead não tem como passar! – Toni gritou tarde demais.

Quando dei por mim eu já estava enfrentando as chamas e a fumaça densa. Dentro da garagem apenas uma porta dava para um corredor estreio e extremamente quente. Puxei a camisa para tampar o rosto.

— Liz! – puxei o pouco ar que tinha.

Ao contrário de sua voz ouvi um grito grave. Um homem.

— Fica quieta merda! – estava perto.

Corri pelo corredor afora até sair em uma sequência de salas que já conhecia. Uma madeira triscou caindo no final dele. Uma perna apareceu em uma das portas e eu fui até lá girando o bastão na mão. Quando cheguei perto o suficiente vi a tatuagem de uma caveira no braço, os cabelos encaracolados, a expressão perversa em seu rosto e, por fim a arma em sua mão. Ele a engatilhou pronto para disparar e por puro reflexo o golpeei na cabeça. Seu corpo caiu oco no chão como o primeiro que eu havia acertado. Olhei dentro da sala buscando sua vítima.

Elizabeth se encolhia no chão com os olhos fechados, por pior que fosse a cena, vê-la novamente me causava alivio. Joguei o bastão no chão para liberar as mãos, não precisaria mais dele. Mais uma explosão estrondou e eu lhe dei a mão.

— Vamos, o incêndio vai chegar aqui. – disse a erguendo.

Agora sim. Poderíamos vazar dali antes que o lugar desmoronasse.

— Não podemos deixar ele aqui! – ela relutou assim que pulamos seu corpo desacordado no chão.

Olhei para o rosto de Malachai com desprezo e depois para ela impressionado.

— Sério? – desacreditei, a poucos segundos atrás ele estava lhe apontado uma arma.

Ela fez que sim com a cabeça e eu a soltei apontando para o lugar de onde vim.

— Vai na frente então! – gritei, ela fez uma cara de pavor, uma explosão mais alta nos assustou – Vai Liz.

Ela se negou. Voltou para trás puxando Malachai pelas pernas para fora do camarim. Revirei os olhos, como ela conseguia ser mais teimosa que eu? Corri até lá, tínhamos pouco tempo, a fumaça se tornava intensa cada vez mais. Joguei um dos braços de Malachai sob o ombro erguendo seu corpo sob mim. Ela fez o mesmo e buscamos a saída. Ele não era forte ou musculoso. Graças a Deus Malachai era um drogado magro e leve.

Assim que chegamos a calçada da rua despejamos seu corpo no chão. Elizabeth caiu junto, agora tínhamos bombeiros cortando a rua e ambulâncias chegando. Fangs chegou correndo para levantá-la. Meus pulmões arderam e comecei a tossir, sabia que agora Liz estava em boas mãos ou pelo menos queria que estivesse.

◙ ○ ◙ ○ ◙

 

(música)

— Oi julieta. – disse engolindo em seco quando percebi seu rosto pálido – Já que não atende a porta pensei que talvez atendesse a janela. – tentei brincar mas ela se manteve séria. Eu continuava um idiota.

Apesar de estar cabisbaixa vê-la segura me reconfortava. Não demorou muito para sentir sua falta entre as comemorações. Nem tudo deu certo, mas o que importava era que havíamos conseguido cumprir o objetivo final e tudo era graças a Elizabeth. Após um discurso fantástico do Xerife a ausência dela me deixou furioso. A havia deixado sob os cuidados de Fangs que foi enrolado por uma desculpa boba e pior ainda eram suas amigas que acreditaram que ela estava comigo. Como todos poderiam deixar que ela voltasse sozinha para casa depois de tudo?

Agora frente a frente a ela eu entendia tudo. Éramos pertencentes a lados opostos e ao mesmo tempo exageradamente parecidos. Em momentos como esse eu também gostaria de ficar sozinho provavelmente me isolando no campo próximo ao rio Sweetwater. Meus demônios me assombravam constantemente ao longo dos dias e a única certeza era que eu queria alguém como Elizabeth vindo me salvar deles. Foi por isso que convenci a todos que apenas eu deveria ir vê-la. Sem alardes ou escândalos, somente nós dois.

Ela suspirou e deu um sorriso triste.

— Posso entrar? – perguntei me debruçando sobre o beiral da janela.

Ela concordou com um aceno de cabeça recuando dois passos para trás e eu me lancei para dentro do quarto fechando o vidro em seguida. A noite estava fria e agora percebia que seu quarto não estava tão diferente do ambiente externo. Ela levou os braços aos ombros parecendo se abraçar enquanto caminhava pelo quarto. Tentei dizer algo constatando que de repente perto dela eu não sabia mais pensar direito no que falar.

— Acho que meus pais são loucos. – ela se voltou para mim finalmente quebrando o silêncio – Eu acho que a qualquer momento vou enlouquecer também.

Me aproximei.

— De certa forma todos os pais são. – comprimi os lábios – Mas não somos nossos pais. Tenho certeza de que você é melhor que eles. – toquei seu rosto afagando-o.

— Eu sou uma pessoa quebrada por dentro. – apontou para si mesma e seu rosto se contorceu com lágrimas que gotejavam o chão.

Me desesperei. Nunca a vi chorando e nem imaginava o quão devastador era para mim. O mundo parecia desabar e eu só queria recupera-lo mais uma vez. Ela era meu mundo...

— Eu também era uma pessoa quebrada Liz e você juntou meus pedaços, sem nem mesmo saber ou fazer esforço pra isso. – justifiquei, ela não disse nada então apenas continuei – Olha só, não sei se vou ser bom nisso, mas depois de cinco minutos com você eu já havia me tornado uma pessoa melhor.

— Eu não tenho mais família, eu não tenho mais ninguém. – piscou os olhos com força contraindo as sobrancelhas. 

— Ei. – segurei sua mão e afaguei seu rosto tentando limpar as lágrimas que eram persistentes – Isso não é verdade. Você tem a mim agora. – seu olhar se ergueu me encarando e engoli em seco, não era o momento para ser egoísta e me declarar – Você tem a Verônica, o Archie, o Kevin e você tem a maior família que existe em Riverdale. Todos eles te amam. 

Ela mordeu os lábios e agora parecia mais calma. Vi sua respiração se regularizar e então continuei

— Os serpentes vão estar com você onde você for. Eles te amam e agora até serpentes de outras cidades sabem de você.

— Outras cidades? – sua voz saiu baixa.

Fiz que sim em um gesto simples de cabeça.

— Estamos por toda parte. Alguns se cansam de Riverdale ou só querem fugir da lei. – me lembrei de Pea.

Ela arqueou as sobrancelhas compreendendo. Seus olhos verdes ainda marejavam e esperavam ansiosos pelo meu conforto. 

— Olha só. – vaguei meu olhar pelo quarto buscando as palavras certas – Tem meses que tento provar pra eles que sou digno de uma coisa que você fez em semanas. – suspirei com um sorriso torto, eu estava tão orgulhoso dela que não podia esperar para dizer – Eu sei que é chato tratar isso como um lance de monarquia, mas todos querem você na liderança.

— O que? – se espantou  tombando a cabeça para frente - Jug, como assim?

Umedeci os lábios e depois os mordi. Eu não era católico ou religioso, mas por Deus, assim de perto ela parecia um anjo. Suspirei analisando seus detalhes. O pescoço a mostra pelos cabelos presos que caiam sob o ombro. Seus olhos cor de esmeralda brilhavam sob a luz fraca e pelas lágrimas que ainda insistiam em ficar ali. E sua boca, ah, parecia seda. Cogitei beija-la e constatar novamente se era tão macia quanto aparentava.

— O que Jug? – seu olhar se alternou entre os meus olhos me trazendo a realidade.

Ergui as sobrancelhas.

— Nós queremos que você seja nossa rainha. – sorri – Nossa rainha serpente.


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Notas finais do capítulo

Oi meu amores!! Espero de coração que tenham lido com a música que sugeri porque é muito linda.

Obrigado a todos vocês que acompanham com paciência e principalmente a vocês que comentam! Os comentários geram muita satisfação e vontade de continuar!

Amo vocês ♥33333



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