Confusão em Dose Tripla escrita por Lelly Everllark


Capítulo 41
Sonho ruim e briga de... Hospital!?


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores!
Espero que tenham me perdoado pelo capítulo anterior! ♥
E que curtam esse!
BOA LEITURA :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777149/chapter/41

  Ethan

 

  Abro os olhos sentindo tudo doer, a cabeça, os olhos, até minhas pálpebras parecem doer, a luz que ultrapassa as cortinas parecem muito fortes, a sensação que tenho é que fui pisoteado por rinocerontes ou sugado por um furacão. Fazia tempo que eu não tinha uma ressaca dessas. Mas espera, ressaca? Sento-me na cama sentindo o mundo girar por um segundo, respiro fundo tentando me lembrar o que aconteceu, mas as imagens misturadas me confundem.

  Olho em volta e definitivamente estou no meu quarto, que não era só meu há alguns meses, tinha um batom de Olivia no criado-mudo e eu sorri ao pensar nela. Minha morena de sorriso encantador que eu descobrir amar tanto quanto era possível, ou até mais, outra pessoa. Toquei minha perna na esperança de achar o bolso da calça, mas me surpreendi ao ver que eu não usava nada além de uma cueca boxer, o que exatamente tinha acontecido ontem?

  Puxei da memória e a coisa toda tinha começado quase vinte e quatro horas antes quando decidi que era uma boa ideia ir atrás de um anel para Olivia. Iria pedir aquela mulher em casamento e fazer ela só minha, a ideia não era ruim, o horário por outro lado, pouco antes do meio dia, não tinha sido dos melhores para ir a um shopping em plena sexta-feira.

  Sai de casa determinado, eu iria comprar um anel para Olivia, iria pedir que ela fosse minha pra sempre, assim eu não precisava me preocupar em vê-la partir, eu amava essa mulher e só queria que ela fosse minha. Mamãe sabia o que eu pretendia fazer, mas era a única também, não tinha contado a Brianna por que elas andavam tão coladas ultimamente que eu fiquei imaginando se ela estragaria a surpresa.

  A manhã no shopping foi um saco, mas mais incômodo que isso só a presença constante de Evelyn. Ela apareceu do nada há uma semana, na verdade ela surgiu dos mortos há algumas semanas me ligando, atendi a primeira ligação apenas para ver o que ela queria comigo e seu papo de querer se reaproximar das meninas foi ainda mais assustador e surpreende do que se ela tivesse dito que queria meu dinheiro, mesmo que eu tivesse certeza que o dinheiro estava incluso nessa conversa de algum jeito, afinal, Evelyn McCartney não dava ponto sem nó.

  Eu não achei que ela iria realmente aparecer, mas quando minha ex-mulher surgiu em minha parta há uma semana eu fiquei sem saber o que fazer, minha vida estava perfeita demais para ela vir estragá-la, ou pior, vir machucar algum dos meus filhos, isso eu não ia deixá-la fazer nunca mais. Suas visitas indesejadas e desnecessárias aconteciam quando eu não estava aqui para mandá-la embora, Ruth insistia em abrir a porta para aquela mulher mesmo que eu já a tivesse advertido sobre isso. Aparentemente, em sua cabeça, ela ainda era a minha esposa e senhora da casa. Talvez eu tivesse ter despedido Ruth quando me separei de Evelyn.

  Sai do shopping levando o anel comigo, era de ouro branco com diamantes e um topázio amarelo, a pedra com essa cor amarela vibrante me lembrava Olivia e seu sorriso. Eu era definitivamente um idiota como diria Brianna, afinal não consegui me concentrar o suficiente em nada durante o dia todo, consciente do anel em meu bolso, motivo pelo qual eu tive que fazer cada tarefa do dia pelo menos umas duas vezes. Quase joguei fora uma lista de fornecedores e troquei o nome de duas camareiras que eu conhecia há mais de cinco anos.

  Mas, a apesar dos contratempos, meu dia foi tranquilo, eu só estava ansioso demais para ver Olivia e as crianças, eu havia me tornado esse tipo de cara e me orgulha disso, eu era o homem que respondia mensagens da mulher no meio do expediente sorrindo, que agora tinha desenhos dos filhos colados na parede do escritório, que via alguma coisa como um vestido colorido em uma vitrine e lembrava da mulher. Eu era assim agora e adorava isso, eu sentia orgulho do cara bobo que eu havia me tornado.

  Eu era um pouco desatento, minha irmã vivia me pedindo para ter atenção aos detalhes e dessa vez esses detalhes estavam me consumindo. Afinal, era impressão minha ou Olivia estava mais inquieta que o normal? Tinha horas que ela parecia quase triste outras que parecia irritada e sempre parecia querer me dizer alguma coisa. Como na noite em que me contou das primeiras palavras de Molly, eu sabia que seriam essas, quem mais ela chamaria além da mãe? Sorri de verdade na ocasião do mesmo jeito que estou sorrindo agora enquanto dirijo pra casa, mas tanto naquele dia quanto agora eu tenho certeza que minha morena de sorriso encantador queria me dizer mais alguma coisa.

  Quando cheguei em casa estava tudo escuro e aquilo me deixou quase triste, eu já havia me acostumado a ouvir a voz de Olivia e das crianças antes mesmo de entrar em casa, eu sempre podia ouvi-la chamando algum deles ou dando alguma bronca, podia ouvir os gritos animados de Charlotte e, às vezes, quando ele tentava igualar sua voz a das mulheres, eu conseguia ouvir Seth. Mas dessa vez não havia ninguém.

  Entrei, atravessei a sala escura ligando apenas as luzes necessárias e fui direto para o meu quarto, precisava de um banho para ir para a casa da minha mãe. Tirei a caixinha do anel do bolso e coloquei sobre a cama, alcancei o celular e não me admira eu não ter recebido nenhuma ligação ou mensagem, ele tinha descarregado depois que eu tive que refazer toda a lista de materiais de limpeza lá do hotel. O coloquei para carregar e fui para o banho, quando saísse avisaria Olivia que estava indo afinal já estava morrendo de saudades.

  Consegui me secar e me trocar antes de alcançar o celular outra vez e me sentar na cama, o aparelho continuava desligado.

  - Vamos sua porcaria - resmunguei dessa vez vendo-o começar a religar realmente.

  Abri a caixinha com o anel apenas para olhá-lo e me lembrar de Olivia, mas para minha surpresa não havia nada ali. No mesmo instante o celular voltou à vida e com ele veio uma centena de notificações entre elas ligações e mensagens, muitas das quais eram de Olivia. Eu estava muito ferrado. Revirei o forro da cama e minhas roupas em busca do anel e nada, onde eu tinha deixado aquela porcaria? Meu celular vibrou mais uma vez e eu suspirei era melhor falar com Olivia e depois eu achava o anel.

  – Por que demorou tanto? – é como ela me atende no primeiro toque. Olivia não é disso então sei que ela está muito chateada.

  - Mil desculpas, Ok? Eu fiquei preso no trabalho. Teve um hospede chato ameaçando processar a gente, uma reunião e eu precisei que desligar o celular e depois mais um milhão de coisas. Desculpe-me, amor, por favor. Não quis te preocupar – resumo da melhor forma que posso. Mas é claro que deixo de fora a ida ao shopping.

  - Tudo bem – seu suspiro me dói um pouco, eu devia estar lá.  – Você vai demorar a chegar aqui?

  - Você e as crianças ficariam muito chateadas se eu não fosse? – pergunto me enfiando debaixo da cama atrás do anel. Não há nada. Eu não posso ir pra lá sem ele. Como vou fazer a surpresa sem a parte mais importante?

  - Como é?

  - Eu acabei de chegar em casa. Só queria tomar um banho e descansar. Isso aí é praticamente uma festa, e hoje eu não estou no clima – minto pela primeira vez em muito tempo. Eu odeio isso, ter que mentir assim para Olivia, mas não quero que ela se preocupe ou desconfie. Se eu falar que não vou agora, ela vai perguntar por que e eu não posso falar do anel. Não ainda.

  - O velho Ethan?

  - O que fugia das crianças com o trabalho? Nunca. Eu só realmente não estou a fim de aturar a falação da minha irmã hoje. Mas se você quiser, eu... – suspiro, no fim se ela quiser eu vou assim mesmo. Posso deixar a surpresa pra outro dia. Ela me interrompe quando começo a refazer meus passos pelo corredor até a sala.

  - Não. Fique aí e descanse.

  - Eu vou estar aí amanhã cedo. De madrugada vou estar te surpreendendo. Vamos ter um almoço incrível com minha mãe, Brianna e as crianças. Você vai ver – digo sorrindo ao imaginar sua surpresa quando eu aparecer mais tarde.

  - Promete? – Olivia pergunta quando eu estou procurando atrás do sofá, eu paro e sorrio. Prometeria qualquer coisa que ela quisesse.

  - Prometo. Eu te amo, Olivia.

  - Também amo você, Ethan. Até amanhã, então?

  - Até. Não vou demorar, então me espere. Ok?

  - Ok. Boa noite, meu amor – ela se despede e faço o mesmo, mesmo que não queira.

  - Boa noite, Livy.

  Depois que minha linda namorada desliga eu volto a minha missão. Se eu não tirei essa caixinha do bolso eu finalmente chego à conclusão óbvia, será que o anal está no bolso do paletó? Subo as escadas e volto até o quarto, acho meu paletó jogado no chão e sorrio, se Olivia estivesse aqui já teria me mandado arrumar tudo. Vasculhos os bolsos e lá está o anel, sorrio como um idiota ao olhar o pequeno aro que havia me feito mentir para minha mulher, pelo menos agora eu já podia ir.

  Eu já tinha o anel, mas consegui perder a caixinha. Isso só podia ser brincadeira. Olhei em volta, pelo quarto, só que não vi nada, quando o interfone tocou no andar de baixo eu suspirei e desisti, só coloquei o anel no bolso da calça e desci, no fim tendo ele eu não precisava da caixinha, só de chegar até a futura noiva. Tinha alguém muito interessado em entrar na minha casa, por que o barulho do interfone tocando foi aumentando à medida que eu me aproximava.

  - Já vai! – gritei mesmo que a pessoa não pudesse me ouvir. - Pois não? – atendo impaciente. Eu devia estar saindo de casa e não recendo alguém.

  - Ethan! – sua voz inconfundível me faz suspirar. O que Evelyn pode querer aqui em casa uma hora dessas?

  - O que quer, Evelyn?

  - Nossa, está de mau humor? Não devia tratar melhor sua mulher?

  - Você não é minha mulher. É no máximo minha ex-mulher, mais nada.

  - Eu sou a mãe das suas filhas também.

  - Você veio até aqui para termos essa conversa pelo interfone?

  - Não. Eu já disse, certo? Só quero ver minhas filhas.

  - Ótimo, elas não estão aqui. Tchau.

  - Espera! – ela pede quando estou prestes a desligar. Eu preciso mesmo ir embora, e falar com Evelyn não é exatamente um programa com o qual eu quero perder meu tempo.

  - O que foi?

  - Eu só passei aqui por que meu pneu furou há algumas ruas e meu telefone está sem bateria, eu só quero usar seu telefone. Só isso, Ethan – eu quase posso vê-la dando um daqueles seus sorrisos afetados tão diferentes dos de Olivia.

  - Telefone, sério? E você acha mesmo que eu vou acreditar nisso, Evelyn? Justo em algo assim vindo de você?

  - Do jeito que você fala eu sou um monstro! O que as meninas vão pensar da mãe delas?

  - Que elas têm a melhor mãe do mundo.

  - Eu sei que sou...

  - Olivia é a melhor mãe que elas podiam ter. E não se preocupe que elas estão muito bem. Agora eu tenho mesmo que ir, estou atrasado.

  - Eu só preciso do telefone, por favor – Evelyn diz simplesmente e é difícil dizer se é verdade ou alguma mentira sem noção dela.

  Evelyn sempre foi do tipo que usava qualquer arma para conseguir o que quer, mesmo que precisasse machucar alguém no processo. E eu definitivamente não a quero na minha casa. Nem sei o que é pior, tê-la aqui sozinho para gerar uma discussão com Olivia como da outra vez, ou tê-la aqui com a minha namorada e ver Olivia se sentindo desconfortável em sua própria casa.

  - Telefone? – suspiro pensando alto.

  - É Ethan, está com medo de mim por acaso?

  - Medo de você? Não. Medo do que a Olivia vai fazer se descobrir que você estava aqui? Talvez.

  - A babá? Sério mesmo?

  - Até onde eu fiquei sabendo você já dormiu com todos os seus empresários e não foram poucos. E não fale da Olivia.

  - Tudo bem, não falo da babá, mas preciso do telefone.

  - Só o telefone?

  - Sim.

  - Então entra de uma vez e seja rápida. Eu estou muito atrasado – avisei vencido abrindo o portão. Eu não a queria aqui. Mas ignorá-la? Eu não sabia se era o certo também. Suspirei quando a vi abrir a porta.

  Era Evelyn em todos os sentidos, exatamente como eu me lembrava, loira, alta, sorriso debochado, roupas de marca e saltos. Ela não se parecia em nada com Annie ou Olivia, as duas eram simples, carinhosas, verdadeiras e tinham os mais lindos sorrisos que já vi. Aqui, na minha sala meio iluminada, encarando minha ex-mulher eu me perguntei o que eu vi nela para fazê-la minha esposa em primeiro lugar.

  - É estranho estar aqui nessa sala sozinha com você outra vez – ela diz com um meio sorriso. – Já faz um tempo. Um ano?

  - Não sei. Mas não foi isso que você veio discutir. Foi? Ali o telefone, pode usar, eu tenho que sair – apontei o aparelho sobre a mesinha ao lado do sofá. Evelyn o olhou, depois olhou pra mim com um sorriso divertido.

  - Não foi o telefone que vim buscar aqui – ela diz e com passos rápidos está a poucos centímetros de mim. Estou rindo, mas é de toda essa situação ridícula.

  - Seu carro não quebrou, não é?

  - O que você acha? – ela dá um sorrisinho e toca a gola da minha camisa. Seu perfume doce me enjoa. – Vamos relembrar os velhos tempos, que tal?

  Tiro suas mãos de mim e me afasto, Evelyn parece surpresa, como sempre fica quando não consegue o que quer.

  - Se você não vai usar o telefone, pode ir embora?

  - Como?

  - Ir embora, Evelyn. Sair da minha casa, eu preciso ir.

  - Isso tudo é por causa da babá?

  - É, é tudo por causa dela, e ela tem nome, Olivia. Seu nome é Olivia. Eu a amo Evelyn, temos um relacionamento que eu e você nunca tivemos. Então sim, é por causa dela. Agora você vai sair?

  É difícil dizer com a pouca luz, mas Evelyn parece estar ficando vermelha, muito provavelmente de raiva. Vejo-a cerrando os punhos ao lado do corpo, engolindo em seco e fechando a cara. Ela foi rejeitada e odeia isso por que se a “grande modelo” não for o centro das atenções para ela tem algo errado. Mas em um instante seu semblante muda, ela relaxa a expressão e os punhos, levanta os olhos e sorri, um sorriso tão tranquilo que chega a ser assustador.

  - Tudo bem – Evelyn diz simplesmente. Eu devia ter visto aí que tinha algo errado, mas nunca imaginei que ela fosse realmente fazer alguma coisa contra mim, as crianças ou mesmo Olivia, não realmente. Só que eu devia ter imaginado que não era bem assim. – Posso tomar um copo de água antes de sair pelo menos?

  - Como?

  - Água, Ethan. Posso? – ela indica a cozinha e faço que sim mesmo que seu pedido seja totalmente inesperado.

  - Eu busco pra você.

  - Tudo bem, eu ainda sei o caminho. Já volto e podemos ir, afinal você tem que voltar para a sua Olivia, certo? – ela volta a sorrir e não sei o que dizer, então só fico lá vendo-a ir até a cozinha.

  Evelyn volta com dois copos de água e fico sem entender. Ela me estende um.

  - Me acompanha? Um último brinde, pode ser?

  - Por que isso? – pergunto pegando o copo, olho com cuidado, mas não há nada ali além de água. Ao menos é o que parece.

  - Por que sempre que nos encontramos a gente brinda, dessa vez é o que temos. Vai me dizer que está com medo de tomar um copo de água comigo? – ela ri e dou de ombros aceitando o brinde.

  Nós bebemos a água, e depois disso Evelyn ainda enrolou para sair, ela foi guardar os copos, me perguntou se a minha adega particular no escritório ainda continuava lá, disse que precisava ir ao banheiro, depois de quase meia hora eu comecei a me sentir tonto, sonolento e mal me aguentava de pé. Apoiei-me no sofá e queria perguntar a Evelyn se ela estava bem, mas ela parecia ótima, na verdade ela foi incrivelmente prestativa me oferecendo ajuda e foi ai que eu tive certeza que algo estava muito errado.

  Mesmo que minha mente estivesse um turbilhão, me dopar? Evelyn não seria capaz disso, seria? Eu queria acreditar que ainda havia um pingo de humanidade nela, mas quando a vi sorrir enquanto me ajudava a subir para o quarto eu soube que tinha sido burro o suficiente para cair na dela. Eu mal mantinha os olhos abertos, a última coisa que me lembro é de estar deitado em minha cama e vê-la de pé a minha frente sorrindo enquanto me acenava e saia do quarto.

  Olhei o quarto mais uma vez, ainda sentindo a cabeça latejar pela dor e as lembranças repentinas. Eu continuava em minha cama, só de cueca, completamente perdido e só no quarto. Eu não via sentido em tudo o que Evelyn tinha feito. Se ela me dopou mesmo qual foi o motivo? Arrastei-me da cama e fui até o banheiro, um banho frio ira me ajudar, pelo menos assim eu esperava.

  Eu não queria nem mesmo ver as horas por que eu sabia que estava muito atrasado, eu havia passado a noite apagado em minha cama mesmo que tivesse prometido a Olivia que iria logo cedo. Mesmo que meu plano fosse ir ontem mesmo. Como eu fui burro o suficiente para tentar ter ao menos uma conversa com Evelyn?

  Consegui tomar um banho, estava saindo do banheiro apenas com uma toalha quando ouvi meu celular tocar, ele estava no chão ao lado da cama. Eu nem mesmo o tinha visto ali. Era Brianna.

  - Oi, Bri. Eu...

  - SEU CRETINO! HIPÓCRITA! FILHO DA... – foi como minha irmã me atendeu. Ela se interrompeu ofegante. Eu podia sentir seu ódio pelo telefone. A última vez em que a vi assim foi quando ela teve uma briga física com Evelyn. Mas eu não estava entendendo. Qual era o motivo dos xingamentos e de todo o ódio?

  - Brianna, o que aconteceu?

  - O que aconteceu!? Como assim o que aconteceu!? Você além de burro está louco? Tem coragem de ignorar as milhares de ligações minhas e do hospital e ainda vir com o papo de “O que aconteceu?”? Sério mesmo, Ethan?

  - Hospital? Brianna você não está fazendo sentido. A Evelyn veio aqui ontem, eu não tenho certeza do que aconteceu. Mas que história é essa de hospital?

  - Ah, agora eu entendi tudo! É claro que a vaca da sua ex-mulher estava aí! Óbvio que estava! Quer saber? Foda-se! Eu não quero saber, mas perto da Livy e dos meus sobrinhos você não vai chegar mais! Se ainda tiver um pingo de consideração pela Olivia eu vou mandar o endereço do hospital onde ela está.

  - A Olivia em um hospital? Brianna!? – gritei para o nada quando ela desligou na minha cara.

  Eu estava tremendo quando soltei o celular em cima da cama. O que exatamente tinha acontecido? De ontem quando falei Olivia até agora? Olhei as horas finalmente, já passava das 11h da manhã. Eu tinha mesmo apagado e não conseguia entender o que estava acontecendo, sobretudo pelos gritos e acusações da minha irmã que era sempre tão carinhosa. Brianna dificilmente ficava nervosa, mas quando ficava também saia destruindo tudo a sua frente como um vulcão em erupção. E dessa vez ela estava assim e seu ódio estava todo direcionado a mim.

  Mas eu não tinha tempo para entender isso, não agora. Se Olivia estava em um hospital eu precisava saber por quê. Só a ideia dela ter se machucado me fazia entrar em pânico. Eu tentei ligar para Brianna, mas ela simplesmente me ignorou, me vesti correndo, coloquei a mesma calça da noite anterior, a primeira camisa que achei no guarda-roupa, peguei o celular e desci correndo, mas não deixei de notar coisas fora de lugar na bancada da cozinha, como pratos, taças e uma garrafa de vinho. O que era aquilo afinal?

  Deixei isso pra lá e sai, eu só não ia dirigir como um louco por que precisava chegar ao endereço que Brianna havia me mandado, mas não deixei de notar, quando fui obrigado a parar em um sinal vermelho, as dezenas de ligações perdidas, algumas da minha mãe, outras de um número desconhecido e a maioria de Brianna. Ela já vinha tentando falar comigo há mais de uma hora e eu simplesmente dormindo. Dormindo não, disse a mim mesmo, eu nunca dormiria daquele jeito e por tanto tempo. Alguma coisa tinha acontecido ontem e eu precisava descobrir o que. Mesmo que eu tivesse uma ideia. Mas primeiro eu precisava ver Olivia e me certificar que ela estava bem.

  Estacionei de qualquer jeito perto do hospital e desci praticamente correndo. Entrei, e não precisei de muito para encontrar minha mãe e Brianna ali na recepção. Fui direto até elas. Mamãe estava sentada e minha irmã a consolava, aquilo me deixou em pânico, será que Olivia estava bem? Mas afinal, o que tinha acontecido? Caminhei até elas e Brianna foi a primeira a virar o rosto e me ver. Seus olhos azuis faiscaram por trás das lentes dos óculos. Ela ficou de pé a vi cerrar os punhos ao lado do corpo.

  - Seu...! Isso é tudo culpa sua! Tudo culpa sua! – ela gritou com a respiração entrecortada atraindo atenção, mamãe se virou surpresa e me viu também. Minha irmã tremia e tinha os olhos vermelhos de alguém que tinha chorado. Aquilo acabou comigo.

  - Brianna se acalma, o que aconteceu?

  - Ela bateu o carro, foi isso que aconteceu! Olivia foi te ver e bateu o carro! Agora eu duvido que você não tenha culpa. Até a puta da sua ex você disse que apareceu lá! Agora é só ser inteligente para juntar um e um e entender que ela tem culpa e você, por seu um grande idiota, também!

  - Ela bateu o carro!? Brianna, onde está Olivia?

  - Você não vai vê-la. Não vai chegar perto dela e nem dos meus sobrinhos! – minha irmã rosnou e vi mamãe suspirar e ficar de pé. Quando Brianna falou sobre as crianças eu olhei em volta, mas não havia nem sinal dos meus filhos.

  - Mãe, o que aconteceu? Onde estão as crianças e a Olivia?

  Mamãe me olhou com uma decepção tão grande quanto no dia em que ela descobriu sobre Evelyn e o que ela fazia com o Seth. Seus olhos diziam o que Brianna tinha jogado na minha cara “A culpa é sua”. Dona Susan afastou Brianna de mim, minha irmã se limitou a mostrar sua indignação cruzando os braços e fechando a cara, mas se deixou ser levada.

  - Nós deixamos as crianças com a Edith antes de virmos, eu não achei que eles verem a mãe em um hospital faria bem, principalmente por que nós não sabíamos como ela estava – eu abri a boca para perguntar sobre a minha mulher, mas minha mãe foi mais rápida e continuou. – Não se preocupe, Olivia não se feriu gravemente. Foram só alguns arranhões, mas devido a... – ela hesitou e minha irmã negou com a cabeça. Mas o que estava acontecendo aqui? – Devido a algumas coisas resolveram lhe dar um calmante, mesmo que isso não seja indicado.

  - Graças a Deus ela está bem. Mas “coisas”? Do que a senhora está falando mãe?

  - Você vai saber. Mas isso não é importante agora, o importante realmente é que Olivia está bem. Estão todos bem – mamãe sorriu e Brianna fez o mesmo, aquilo me acalmou mesmo que eu não tenha entendido a parte do “Todos”. Mas no segundo seguinte minha mãe me olhou outra vez, a expressão séria. – A julgar pelo lugar que encontraram o carro, Olivia estava voltando da casa de vocês. Nós ainda não conseguimos falar com ela, mas como Brianna colocou, não é difícil deduzir que ela viu algo que a perturbou muito. Você precisa nos dizer o que aconteceu, Ethan.

  Suspiro e aceno em concordância, mas primeiro digo a elas que preciso ver Olivia, sei que ela está dormindo, mas tenho que ver se ela está bem, eu realmente preciso vê-la. Mamãe não se opõe e Brianna ainda está fazendo voto de silencio, então não diz nada. Subo até o quarto de Olivia e quando finalmente a vejo ela dorme tranquilamente em sua cama, ela tem um soro no braço esquerdo, um curativo no lado direito da testa e outro no braço direito. Mas fora isso parece bem, seu peito sobe e desce e só esse pequeno movimento me tranquiliza, estou aliviado que ela está bem. Vou até Olivia apenas para sentir seu perfume, toco seus cabelos e estou subitamente com raiva.

  Se o que quer que Evelyn tenha feito comigo ontem estiver remotamente ligado ao que aconteceu com Olivia, dessa vez, essa mulher ia pagar. Responder pelos seus atos, isso ao menos eu ia garantir. Dei um beijo em sua testa onde não havia curativo e resolvi sair quando uma enfermeira apareceu para checar o soro de Olivia. Voltei à recepção e minha mãe e Brianna continuavam sentadas nas mesmas cadeiras. Juntei-me a elas e finalmente contei tudo o que tinha acontecido noite passada. Ou pelo menos do que eu havia me lembrado.

  - Eu não acredito! Aquela...! – Brianna começou, mas eu a interrompi.

  - Vão tirar você daqui, nós estamos em um hospital, para de gritar.

  - Mas Ethan eu... Eu te disse um monte de coisas e aquela vaca te dopou!

  - Tudo bem, Ok?  - digo sorrindo e beijando sua testa. – Não tinha como você saber e nós não temos como provar. Fora que só vou poder saber o que ela disse a Olivia e implorar que ela me perdoe pelo que quer que seja quando ela acordar.

  - Eu espero que no final dê tudo certo. Olivia não merece isso, nem você, mesmo que você seja um idiota. Mas sobre provar nós podemos sim. Se aquela pu... – ela começou, mas mamãe a olhou feio. – Aquela mulher ridícula, o dopou mesmo, deve ter resquícios da droga em seu organismo, faz um exame. Ai quando provavelmente der positivo, nós podemos finalmente pedir uma medida restritiva contra aquela vaca e a nossa família. Fora que é crime, então espero que ela pelo menos pague pelo que fez.

  - Um exame? – pergunto e ela faz que sim.

  Sorrio, Brianna tem razão, se isso me ajudar a manter Evelyn longe não me importo. Se aquela mulher fez isso, o que provavelmente foi o que aconteceu, eu quero ter provas quando acusá-la. Quando for tirar essa história a limpo. No fim eu fiz os exames, eles ficariam prontos em minutos então esperei. Brianna fez questão de ir comigo.

  Meia hora depois com os exames em mãos não foi surpresa o resultado positivo, o médico que me atendeu chegou a perguntar se eu precisava de ajuda com alguma coisa. No fim dispensei a ajuda, eu falaria com meu advogado e nós resolveríamos isso de forma legal, mas essa mulher, perto de mim ou da minha família, eu não queria nunca mais.

  Eu e Brianna voltamos para a recepção e estávamos conversando com mamãe sobre o que fazer quando ouvíamos a voz inconfundível.

  - Eu preciso de um exame de gravidez. Em que andar posso fazê-lo? – foi a pergunta que Evelyn fez a recepcionista.

  Todos nós a olhamos ao mesmo tempo. Eu e mamãe estávamos surpresos, mas Brianna estava com raiva, muita raiva. Foi tão rápido que eu mal vi o que aconteceu, num minuto minha irmã estava sentada ao meu lado e no seguinte tinha alcançado Evelyn.

  - Sua puta! Dessa vez que vou realmente acabar com você! – Brianna agarrou Evelyn pelo cabelo, ali no meio do hall de entrada do hospital, e a puxou.

  Minha irmã mesmo sendo um pouco menor usou toda sua força para derrubar sua oponente, Evelyn caiu e Brianna avançou sobre ela, eram socos, arranhões, puxões de cabelo. Estávamos todos tão atônitos que ninguém fez nada nos primeiros minutos. Quando a recepcionista chamou a segurança eu acordei do torpor e do choque e fui tirar Brianna de cima de Evelyn, mesmo que vê-la fazer aquilo não fosse de todo ruim, mas como tudo o que não precisávamos agora era de te que ir buscar Brianna na delegacia eu a puxei de cima de Evelyn, minha irmã se debateu em meus braços louca por voltar ao que estava fazendo, mas a segurei firme.

  - O que está acontecendo aqui? – um segurança perguntou e mesmo de costas pra mim vi quando Brianna sorriu. Um sorriso assustadoramente grande.

  - Essa louca me atacou! – Evelyn se fez de vitima ficando de pé completamente descabelada, ela tinha arranhões pelo rosto e os braços.

  - Senhorita? Senhor? – ele nos olhou.

  - Eu fiz isso sim e faria de novo, faria quantas vezes precisasse! – foi a resposta de Brianna. Minha irmã ainda sorria enquanto balançava uma mecha enorme de cabelo loiro nas mãos. – Dá próxima eu vou arrancar mais que seu aplique sua vaca!

  - Já chega! Os três comigo! – o guarda mandou e seus subordinados vieram nos escoltar.

  - Eu também? – perguntei sem acreditar. Eu não queria estar no mesmo ambiente que Evelyn nem mesmo na delegacia.

  - Todos! Agora!

  No fim essa era uma boa oportunidade pra acabar com isso de uma vez por todas e tirar Evelyn definitivamente das nossas vidas. Eu vi como ela me olhou quando passou por mim e Brianna. Seu olhar exalava pânico, e não era pra menos, dessa vez ela foi longe demais. Evelyn mexeu com a minha família e isso eu não iria admitir nunca mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam da explicação do nosso Ethan? Por favor, não odeiem ele! Eu não consigo, mesmo que ele seja um idiota!
Mas vamos falar da melhor parte do capítulo, mas alguém além de mim se sentiu vingada quando a Brianna voou no pescoço da Evelyn? Eu amei escrever essa cena kkkk
E foi isso, espero que tenham gostado! Quero opiniões, o que vai ser do nosso casal 20 quando ele se reencontrar?
Beijocas e até, Lelly ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Confusão em Dose Tripla" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.