Seven Warriors escrita por Naru


Capítulo 21
Quero justiça e compaixão pelos seus erros - parte 4




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Dylan encarava a situação com os olhos curiosos e confusos, todas aquelas mudanças de sentimentos e sensações o faziam se sentir estranho não só emocionalmente, mas também fisicamente. Parecia que seu cérebro estava girando dentro de sua própria cabeça e seu coração saltitava em seu peito, como se algo estivesse desequilibrado. Assim, ele pressionou uma das mãos em sua têmpora esquerda e a outra cobriu os lábios, como se estivesse enjoado o suficiente a ponto de vomitar.

― Vê? Eu não posso simplesmente parar os meus poderes assim do nada, você sabe que há efeitos colaterais. ― iniciou Norah para Arya enquanto corria para Dylan, colocando as mãos ao redor de seu corpo como se aquilo o estabilizasse.

― O problema não foi você ter parado de usá-los e sim ter começado. ― retrucou a loira ― Senta ele ali!

A apenas alguns metros da loja havia uma pequena praça, aparentemente abandonada, com alguns bancos longos. Norah colocou um dos braços de Dylan ao redor de seu ombro e Arya foi pelo outro lado para ajudá-la com o peso, ambas andaram com ele até o local até que pudessem repousá-lo sobre o banco. Ele sentia como se todas as suas entranhas e órgãos estivessem estremecidos e tentava controlar uma sensação de enjoo extremamente forte. Assim, andou o curto percurso de olhos fechados, pois parecia que a simples abertura de suas pálpebras iria trazer mais tontura a ele.

― Quanto tempo até passar isso? ― perguntou Arya, virando-se para a menina morena que encarava o rapaz com certa preocupação.

― Apenas alguns minutos, ele provavelmente está apenas enjoado, tonto e confuso. Você pode ajudá-lo a não sentir isso.

― Eu não vou! Você não pode manipular os sentimentos dele e ainda esperar que eu manipule as sensações físicas. Se são apenas alguns minutos de enjoo, ele aguenta. ― disse Arya em um tom firme e quase repreensivo.

― Tudo bem. ― respondeu Norah meio a contragosto ― Você sabe aonde o Adrien foi? ― disse olhando para a direção que o outro havia seguido minutos antes.

― Não faço ideia, mas ele não deve estar longe. Depois de tantos anos o protegendo você acha que ele simplesmente iria embora e o largaria assim? ― perguntou Arya de forma retórica ― Ele pareceu bem chateado, mas não consegue abandoná-lo.

― É, eu sei... ― falou Norah, abaixando a cabeça e deixando o olhar perdido.

― Eu acho que ele está melhorando.

Dylan estava entre as duas no banco da praça e, apesar de manter os olhos ainda fechados, sua respiração estava menos alterada e mais constante. De fato, o enjoo e a tontura estavam melhorando de forma gradativa e agora ele ao menos conseguia voltar a pensar de maneira normal e mais consciente. Ele estava intrigado sobre o que tinha acontecido, sobre os poderes das duas mulheres ao seu redor e, principalmente, estava curioso e preocupado sobre o estado de Adrien. Então, com um pouco de dificuldade, ele abriu os olhos e disse em um tom rouco e contido:

― Precisamos ir atrás dele. ― Ele movimentou alguns fios de cabelo que estavam em seu rosto e encarou Arya ― Eu estou bem agora.

― Você está realmente bem? ― Norah segurou a face de Dylan e a direcionou a si mesma, fazendo-o ficar sutilmente ruborizado com aquele ato repentino ― Me desculpe, isso tudo foi minha culpa.

― Você não precisa... ― iniciou ele meio inseguro ― Isso que eu senti agora, foi você?

― Não o enjoo, tontura e essas coisas, isso foi apenas um efeito colateral.

― Efeito colateral?

― Sim. Quando eu mexo muito com os sentimentos de alguém, meio que "ligo e desligo" as sensações, pode acontecer isso.

― O que? ― Dylan estava completamente confuso em meio a aquela explicação.

― Norah, lembre-se que ele não faz ideia do que você está falando. ― iniciou Arya ― Eu acho que é melhor você ser um pouco mais clara.

― Eu esqueço disso...me desculpa. ― disse, parecendo ter dificuldades sobre como começar a explicação ― Então, até que ponto o Adrien te contou sobre as coisas... sobre a gente?

― Não muito. Se vocês dizem que o conhecem bem, devem saber que ele não é muito bom em falar muito. ― disse ele, fazendo as duas se entreolharem e concordarem com a cabeça ― Ele apenas me disse que meu nome real é Arthur e que faço parte de alguns guerreiros, ou algo assim. Eu seria o Guerreiro da Coragem, ele da Lealdade...vocês também são guerreiras, certo?

― Sim, Justiça e Compaixão. ― respondeu Arya.

― Então, eu também sei que ele pode mexer com as memórias das pessoas e se transformar em um gato.

― Espera aí, o que? Se transformar em um gato? ― Arya perguntou com uma expressão confusa no rosto.

― Sim, um gato. Um gato quase siamês só que muito peludo, olhos bem azuis como os dele.

― Ele não pode se transformar em um gato! Ele não pode se transformar em animal nenhum! ― disse de forma enfática.

― Bem...me desculpe, mas ele pode sim. Eu tive algumas provas disso e ele mesmo me confessou.

― Mas...isso... ― disse ela, bastante intrigada entre seus próprios pensamentos e conclusões.

― Arya, a mãe dele... ― iniciou Norah, deixando a frase perdida. Pelo olhar que a loira a lançou, pareceu que a ideia foi captada no ar.

― Você acha que ele iria tão longe?

― Para salvar ele? ― perguntou Norah, lançando um olhar para o rapaz entre as duas ― Talvez.

― Para me salvar? Como assim "ir tão longe"? ― Dylan estava meio confuso no meio da conversa entre as duas.

― Não importa. ― Arya desconversou.

― Claro que importa, vocês estão falando sobre mim? Então, importa. O que você quis dizer com "ir tão longe"?

― Realmente não importa! ― Ela voltou a dizer, só que dessa vez de uma forma mais imperativa, o que assustou Dylan ― A gente não sabe também. É tudo especulação e eu não gosto de falar sobre coisas que não tenho certeza. Então não vou falar nada, ok? ― Ela encarou o rapaz ao seu lado e repassou o mesmo olhar para a outra garota que também parecia estar em meio a algumas conclusões ― Estamos entendidos, Norah? Sem especulações!

― Eu não falei nada. ― respondeu a morena, com uma expressão quase ofendida nos traços.

― Vamos continuar. O que mais você sabe? ― Arya retomou o assunto

― Eu sei que eu fiquei preso por alguns anos e minha mãe também.

― Sua mãe? ― perguntou Norah.

― Sim... ― Ele jogou a atenção para Arya ― Karyn, na verdade.

― A irmã da Arya! Então, Adrien realmente criou uma família para ele. ― Ela direcionava a atenção para a loira, que estava incomodada com aquele assunto.

― Como você acreditou que ela poderia ser sua mãe? ― indagou Arya, meio inconformada com aquela situação ― Ela não é tão mais velha que eu e não envelhecemos como os humanos, ela poderia passar no máximo como uma irmã mais velha. E vocês não se parecem em nada.

― E você não acha que sempre pensei que isso era muito estranho? Mas era ela que sempre estava lá, ela que me ajudava nos meus momentos mais difíceis, ela que esteve ao meu lado quando aprendi a andar de bicicleta, nadar, quando fui a escola pela primeira vez... ― Ele respirou fundo,  repreendendo um sentimento negativo que teimava em crescer com aquele assunto ― Apesar disso tudo não passar de uma memória fictícia inventada pelo Adrien, era isso que eu acreditava ser minha vida. Enfim, mesmo não parecendo comigo e não tendo idade para isso, ela era a mãe que eu tinha e fazia esse papel perfeitamente. Eu a amava como uma mãe, esse é o ponto.

― A única coisa que ficamos sabendo no Céu é que houve uma explosão, e que ela morreu nessa explosão. Como aconteceu? ― perguntou Arya, parecendo reprimir algumas lágrimas.

― Eu não sei, tudo aconteceu muito rápido. Quando cheguei em casa ela já estava machucada e falando que tínhamos que fugir pois algumas pessoas estavam chegando para matar a gente, me matar. Então, Adrien me tirou da casa e instantes depois ela explodiu. Tudo extremamente rápido.

― Ela não se curou? ― A loira perguntou e ele apenas negou com a cabeça ― Entendo... Então ela fez uma bomba de energia e usou o próprio corpo de sacrifício. ― concluiu ela fechando os olhos e apertando os dedos contra a palma da mão como se tentasse controlar um choro. A palavra "sacrifício" trouxe calafrios a Dylan.

― Sacrifíco? ― interpelou ele, engolindo a seco.

― Sim, para te salvar. ― finalizou ela.

― Sacrifício para me salvar? ― Ele parecia estarrecido e levantou do banco em um movimento único e rude ― Há momentos atrás vocês falaram que o Adrien foi longe demais para me salvar. Agora fico sabendo que minha mãe se sacrificou para me salvar. Aparentemente tem gente se machucando, mentindo, e fazendo um monte de coisas que eu não pedi, para me salvar! Me salvar do que? ― gritou ele, levando as mãos aos cabelos como se aquilo controlasse suas sensações ― Eu sinto como se fosse explodir de dentro para fora de tanta frustração por não entender o que está acontecendo!

Ele encarava as duas mulheres a sua frente com completa fúria em seus atos, mas sua raiva não era direcionada a elas. Na verdade, ele estranhava estar falando tantas coisas para duas pessoas que, supostamente, ele conhecera apenas minutos antes. Porém, ele sentia-se extremamente confortável em falar com as duas, como se, de fato, as conhecesse há bastante tempo. Então, voltou a andar de um lado para outro em um perímetro de menos de dois metros e acabou não notando que a menina de olhos azuis levantara dois dedos em sua direção, sendo repreendida por Arya que gritou de forma acentuada:

― Norah, não! ― Ela repousou a mão no braço da outra, a impedindo de cometer algum ato.

― Eu só preciso acalmar ele um pouco!

― Eu já te disse para não fazer isso! ― repreendeu ela, respirando fundo e se contendo aos poucos ― Eu sei que suas intenções são as melhores, mas se ele está sentindo raiva agora, ele tem o direito de sentir! Ou você não está percebendo que ele está assim justamente porque um monte de pessoas estão tomando decisões sobre a vida dele sem ele nem ao menos entender o que está acontecendo?

― Quando a gente era jovem e eu usava os poderes para separar alguma briga dele com o Alexander, ninguém reclamava. ― disse, parecendo estar meio magoada e abaixando o braço, desfazendo o símbolo com os dedos.

― A gente tinha dezesseis anos naquela época e não éramos um exemplo de maturidade.

― Ok, eu não vou fazer nada.

― O que você ia fazer? ― perguntou Dylan, percebendo a movimentação por parte delas ― Você ia fazer algo comigo, de novo?

― Não é isso...eu só... ― Norah tentou se desculpar.

― É verdade, você não explicou ainda o que você faz. O que vocês duas fazem, na verdade. ― Ele voltou a se aproximar das garotas com certa determinação.

― Você quer saber sobre nossos poderes? ― perguntou a loira.

― Sim.

― Eu tenho os mesmos poderes que a Karyn, que todo o clã da Justiça. ― iniciou Arya ― Eu consigo controlar os poderes das outras pessoas, não só espirituais mas qualquer tipo de poder vital, por isso consigo ter a capacidade de cura também.

― Você não tem o mesmo poder que todos do clã da justiça! ― rebateu Norah encarando a outra garota e voltando a atenção a Dylan em seguida ― Ela é uma guerreira, então, na verdade, ela é a pessoa do clã dela com mais força e que mais sabe utilizar os poderes. Na verdade, rolam rumores de que nunca existiu um Guerreiro da Justiça tão poderoso quando a Arya.

― Para de falar esse tipo de coisa! ― A loira voltou a debater ― Óbvio que eu tenho mais poder do que todos do meu clã, eu sou uma guerreira, você também é a mais poderosa do clã da Compaixão.

― Mas eu não sou, historicamente, a Guerreira da Compaixão mas notável até hoje e não sou a segunda no comando dos guerreiros. ― Contra argumentou Norah, fazendo Arya revirar os olhos e se levantar em notável incômodo.

― Não é hora de falar de prestígio aqui. ― Ela respirou fundo, tentando voltar o assunto ao seu fluxo original ― Esse é o meu poder. Já o de Norah é esse que você tem sentido na última hora. Ela pode controlar os sentimentos das pessoas. Em um momento ela pode fazer você sentir qualquer coisa que ela quiser, desde tristeza, medo, ciúmes, até alegria, gratidão ou esperança. Ela pode fazer você sentir o que quiser.

― Exceto amor, eu não posso fazer alguém amar ou se apaixonar por outra pessoa. ― completou ela, sua voz era doce e suave, fazendo Dylan encará-la como se ela fosse uma fada.

― Então era você que estava fazendo eu sentir aquelas coisas tão repentinamente? ― interrogou ele.

― Sim. ― Ela abaixou o olhar, parecendo um pouco envergonhada ― Me desculpe.

― Não precisa se desculpar, eu consigo ver que você tinha boas intenções.

― Boas intenções não justificam todos os atos das pessoas. ― interpelou Arya, virando-se para o rapaz ― Se fosse assim, você não deveria estar mais chateado com Adrien por ele ter apagado a sua memória, já que, ele mesmo disse que foi para o seu próprio bem. Não é? Então, ela precisa se desculpar sim com você, da mesma forma que ele também precisa.


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Notas finais do capítulo

1) Gente, uma ou duas pessoas me pediram referências de personagens para o visual da Arya e Norah e eu queria falar quais foram minhas 2 inspirações para o visual da Norah: Nora de Noragami e Mayuri de Steins Gate. Mas gente, é SOMENTE visual.

(Por incrível que pareça, apesar da personagem de Noragami também se chamar Nora, só que sem o h, o nome NORAH não foi inspirado nesse anime. Pelo menos não conscientemente. Da mesma forma que o ARYA também não foi inspirado em Game of Thrones.)

Já a Arya eu realmente não pensei em nenhum personagem ou consigo buscar alguma referência existente (pelo menos não em 2D) do visual dela. Se alguém souber ou lembrar de alguma personagem (em 2D, pvfr) que lembre a aparência que eu descrevi da Arya, me avisa!

2) Gente, o post programado para domingo sairá somente na segunda (dia 15.07) ok?

3) Gostaria de lembrá-los que temos um grupo de whatsapp para quem gosta de Seven Warriors, onde falamos da história, teorias e sobre muitos outros yaois também. Quem quiser entrar, me pede por mensagem!

É isso então, nos vemos segunda!

Love.



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