Seven Warriors escrita por Naru


Capítulo 20
Quero justiça e compaixão pelos seus erros - parte 3




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Uma atmosfera calma e envolvente parecia envolver o local naquele momento, os olhos escuros de Dylan encaravam o fim do pôr do Sol como se aquilo fosse a paisagem mais bonita que já havia visto na vida e um sorriso alegre enfeitava seu rosto, algo que não acontecia desde os eventos com a sua mãe. Um vento calmo e fresco fazia os fios soltos e rebeldes de seu cabelo se movimentarem a frente de seu rosto enquanto ele estava ali, parado, apenas sentindo aquela felicidade sem motivo.

Adrien encarava a cena com total descrença e uma leve raiva no rosto que não parecia ser direcionada ao outro rapaz. Ele lançou um olhar rígido a Arya, que apenas levantou os ombros, como se indicasse que não poderia fazer nada em relação aquilo. Então ele, com uma aparente  frustração, desviou o olhar e levantou a voz, não a direcionando a um lugar específico:

― Norah! Você pode parar de fazer isso agora?!? ― Ele parecia bravo e após alguns instantes sem movimentação, ainda observando Dylan no mesmo estado, voltou a falar ― Norah! Eu sei que você está por aí, pare isso agora!

― Parar o que? ― Uma voz feminina, fina e quase infantil ressoou de cima do telhado da loja de conveniência, fazendo Adrien olhar para o local no momento.

― Você sabe, sua presença, os sentimentos... interrompa seus poderes agora!

Devido aos reflexos dos últimos raios solares, por mais que Adrien estivesse olhando para a direção de onde a voz tinha origem, era impossível ver algo por ali além da sombra de uma silhueta pequena. Devido a movimentação, a atenção de Dylan também foi direcionada ao local e ele estreitou o olhar, colocando a mão na frente do rosto, na tentativa de interromper a luz, para tentar visualizar melhor a aparição em cima da loja. Dessa forma, com o mesmo sorriso no rosto, disse:

― O que é isso? Um anjo? ― Ele deu mais alguns passos à frente, saindo da linha de alcance dos Sol, finalmente conseguindo ver um pouco mais a pessoa no local, mas ainda sem detalhes ― Você é um anjo?

― Arthur? ― A mesma voz de antes respondeu, só que dessa vez parecia ter um pouco mais de surpresa e seriedade no tom.

Dylan interrompeu os passos a frente ao que, do nada, sentiu toda a felicidade e alegria de antes serem dissipados instantaneamente, dando lugar a um sentimento angustiante e quase depressivo, fazendo-o congelar de repente. Ele teve que se segurar para impedir que algumas lágrimas rolassem por seu rosto naquele momento. Todo esse sentimento ruim, junto a ouvir o nome que ele sabia que era dele, mas que ele não se identificava, o fez ficar ainda mais perturbado. Então, disse com uma voz melancólica:

― Eu não sou... Eu não... Meu nome é Dylan! ― A voz saiu curta e parecia conter bastante esforço na fala.

― Norah, interrompa seus poderes, ele não se lembra como neutralizá-los. ― disse Arya, parecendo notar o estado em que o rapaz se encontrava.

― Não se lembra? ― A menina no telhado voltou a responder ― Mas como?

― Isso não é importante, só interrompa agora! ― disse Adrien de forma imponente e quase autoritária.

― Ok. Me desculpe...eu não sabia... ― disse a menina, suavizando ainda mais o tom de voz, contendo diversos traços de arrependimento em sua fala.

Aos poucos a angústia e os sentimentos negativos que assolavam o peito de Dylan começaram a se dissipar e ele, enquanto ainda olhava para o alto na tentativa de visualizar melhor a pessoa, aos poucos reparou que estava voltando ao normal. Na verdade, ele não tinha notado a estranheza daqueles sentimentos e sensações, pois vieram e foram embora de forma tão natural que ele pensara terem sido normais. Porém, ao se livrar deles e voltar ao seu estado real, percebeu a situação em que esteve instantes antes.

― O que foi isso? ― perguntou, direcionando o olhar de forma alternada para Adrien e Arya, e então, voltou a encarar a menina no telhado ― Quem é ela?

Antes que pudesse ter sua resposta, a figura no alto saltou em sua frente de forma extremamente graciosa, fazendo-o se assustar por um momento e dar alguns passos para trás, porém, sem tirar os olhos da pessoa. Com o fim dos raios solares, início da noite e das luzes artificiais dos postes, ficou um pouco mais fácil visualizar a silhueta a sua frente.

Era uma garota que parecia ser um pouco mais jovem do que todos ali presentes, no máximo dezoito anos, era bem pequena, magra e tinha cabelos lisos e escuros que iam até a altura de seu pescoço, com uma franja que combinava perfeitamente com os traços suaves. Os olhos eram tão azuis que reluziam até mesmo na escuridão daquele início de noite. Ela tinha uma aparência frágil e delicada que casavam perfeitamente com o vestido leve, claro e florido que vestia, assim como um chapéu branco, com um laço de fita rosa. Dylan a comparou mentalmente com uma boneca e rapidamente concluiu que ela era provavelmente a menina mais bonita que já havia visto.

― Arthur? ― disse ela com a voz suave, se aproximando do rapaz com certa insegurança.

― Eu não... ― Ele iniciou, lançando um olhar para Adrien, que estava atrás da menina, na tentativa de pedir ajuda.

― Ele não se lembra de ser o Arthur, Norah. ― iniciou o loiro ― Ele não se lembra de nada.

― Nada? ― Ela virou o rosto meio indignado para Adrien ― Ele não se lembra de mim?

― Não. Você, eu, Arya, tudo que aconteceu... ele não se lembra de nada. ― continuou ele.

― Você fez isso? ― Ela perguntou e o outro apenas concordou com a cabeça ― De propósito?

― Sim.

― Esse foi o único jeito de salvá-lo? ― Ela perguntou, fazendo Dylan juntar as sobrancelhas em notável curiosidade ao ouvir aquilo.

― Sim. ― finalizou Adrien.

― Então, tudo bem. Foi por isso que meus poderes foram sentidos por ele? Ele não consegue se lembrar de como restringir?

― Exatamente isso.

― Ah... ­― Ela se virou para Dylan com a mão na boca, parecendo extremamente preocupada ― Me desculpa! Eu não sabia! Eu estou tão acostumada a não afetar vocês que eu... eu...

― Não precisa se desculpar. ― começou Dylan, parecendo meio inseguro sobre o que dizer ― Eu até agora não entendi o que você fez.

― Você não se sentiu estranho momentos atrás? Uma felicidade descomunal e logo depois uma tristeza sem explicação? ― Arya perguntou com a voz firme, os braços estavam cruzados em frente ao seu corpo.

― Sim, como você sabe?

― Como eu sei? ― retrucou ela com um sorriso no rosto ― Eu trabalho com a Norah há pelo menos uns quinze anos, estou acostumada ao que ela causa nas outras pessoas.

― Trabalha?

― Sim, ela é uma de nós. ― Ao ouvir isso ele olhou automaticamente para a menina com aparência frágil a sua frente ― Ela é a Guerreira da Compaixão.

― Sério? ― perguntou ele.

― Sim, eu sou. ― Ela abriu um sorriso tímido, deixando seus dedos entrelaçados a frente do corpo enquanto olhava Dylan ― Você não se lembra de nadinha? Meu nome é Norah.

― Norah... um lindo nome. ― disse ele de forma simpática e assim, se aproximou da menina com uma das mãos esticadas para cumprimentá-la ― Eu me chamo Dylan.

― Dylan? ― Pela forma como seus traços se contorceram, ela parecia achar aquilo tudo muito estranho, então, virou sua atenção para as pessoas atrás de si.

― É... ele vai explicar isso para a gente mais tarde. ― disse Arya, encarando Adrien pelo canto dos olhos.

― Tudo bem. ― Ela voltou a atenção a Dylan e abriu um sorriso, ignorando o aperto de mãos que ele propusera, e então, se aproximou dele em um salto e o agarrou em um abraço acalorado ― Não me importa se é Arthur, Dylan, eu estou tão feliz de te ver vivo!

Dylan estava bastante chocado com aquela reação da menina a sua frente e ficou parado ao receber aquele ato, pois não sabia exatamente como deveria agir em um momento daqueles. Aparentemente ele conhecia a garota, não somente ela, mas também a loira que se chamava Arya. Aquilo tudo era bem estranho, pois naquela manhã mesmo ele não sabia que tinha outra vida ou outro nome, porém, no mesmo dia já conhecera duas pessoas que, aparentemente, o conheciam dessa outra versão. Tudo aquilo era muito estranho e estava acontecendo muito rápido.

― Eu...eu... ― iniciou Norah, se afastando de Dylan ao perceber que ele não reagira ao seu abraço ― Me desculpe! Se você não lembra de mim, deve ser muito desconfortável receber um abraço desses de quem você não conhece, não é?

― Não, não, não é estranho. É só... ― Ele não sabia explicar muito bem o que estava sentindo ― Desculpa, é que você parece muito feliz de ver que esse tal de Arthur está vivo, mas é que eu não sabia da existência dele até hoje.

― Eu entendo, tudo bem. ― Ela tinha um sorriso sincero em seus lábios.

― Ele apagou minha memória e pelo visto eu vou passar por algumas situações como essa. ― disse, dirigindo o olhar ao loiro atrás da menina, com uma leve raiva nas palavras e expressões.

Adrien apenas o encarou de longe com os olhos azuis faiscantes e então, de repente, fechou os olhos, virando de costas para a cena e seguindo para longe dali com certa determinação nos passos. Dylan observou a situação e contorceu os lábios, imaginando se o outro tinha ficado realmente bravo por ele jogar aquele assunto na sua cara mais uma vez. Ele pensou por alguns segundos se deveria ou não ir atrás dele, mas ficou com medo de ir, discutir mais uma vez sobre aquele assunto e perder o controle, como já havia feito naquele mesmo dia.

― Você está bravo com ele? ―  perguntou a garota.

― Sim! Eu fico calmo de vez em quando, mas quando percebo o que ele fez, não consigo ainda aceitar. Minha mãe disse para eu confiar minha vida nele e eu não sei o que fazer.  ― concluiu.

Dessa forma, quando estava perdido em seus pensamentos, sentiu duas mãos suave e delicadas envolverem a sua:

― Não fique desse jeito. ― iniciou Norah, naquele momento toda a raiva de Dylan pareceu se dissipar e ele começou a sentir conforto e calmaria ― Ele deve ter uma boa razão para ter feito o que fez. Adrien é um homem justo, sensato e racional até demais, ele nunca apagaria sua memória sem algum motivo ou então para o seu mal. Acredite em mim, ele nunca faria algo assim.

― Você acha mesmo? ― As palavras da garota a sua frente pareciam fazer todo o sentido e, de repente, Dylan não conseguia sentir nada além de agradecimento e compreensão pelas atitudes de Adrien.

― Com certeza. Adrien é... ― Os olhos azuis da menina pareceram se perder em seus próprios pensamentos ao que ela iniciou a frase, mantendo um sorriso sentimental em seu rosto ― incrível. Ele sempre sabe o que está fazendo.

― Sim, ele realmente sempre sabe. ― concordou ele, parecendo sentir admiração e felicidade ao que a menina citava Adrien.

― Norah!

Sem que Dylan percebesse, Arya havia se aproximado dos dois e segurado seu braço para afastar a mão do toque da outra menina. A loira a encarava com certa repreensão no olhar, que parecia ainda mais dourado a noite, e então, Norah suspirou baixo e, ao fazer isso, Dylan teve toda aquela paz e calmaria  sendo retirados de seu corpo com a mesma velocidade que surgiram. Com isso, ele voltou a sentir a raiva e descontentamento em relação a Adrien. Dessa forma, a morena iniciou, dirigindo-se a Arya:

― Ele não consegue restringir meus poderes e está morrendo de raiva do Adrien, eu consigo sentir daqui o ressentimento e a sensação de traição, era um bom momento para aliviar as coisas. Você conhece o Adrien tão bem quanto eu e sabe que ele nunca faria algo assim para prejudicar o Arthur, na verdade, ele nunca faria algo assim para prejudicar nenhum de nós. Eu só estou tentando melhorar um pouco a situação aqui, que está parecendo bem estranha e injusta.

― Estranha ou não, injusta ou não, você não tem o direito de manipular os sentimentos dele para resolver a situação. ― disse Arya de forma direta ― Eu mesma estou com raiva do Adrien nesse momento e você não pode fazer nada porque eu consigo te restringir. Se o Arthur está com raiva também, deixe ele estar, ele precisa sentir isso agora e depois eles precisam se resolver sozinhos. Você não pode aproveitar essa brecha para tentar fazer as coisas melhorarem dessa forma, apesar de suas intenções serem as melhores, você não pode fazer isso.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, eu falei que a cada 10 partes postadas eu ia colocar aqui algumas curiosidades sobre Seven Warriors, sobre os personagens, criação, enfim. Aí vão:

1) Eu sei que a maioria já sabe disso, mas vou deixar mais claro aqui. O plot de Seven Warriors foi criado no fim de dezembro de 2018 após eu terminar de lever a novel de Mo Dao Zu Shi, ou seja, eu fui MUITO inspirada pela obra e vocês conseguem ver isso claramente pelos personagens principais que são bem parecidos em jeito com o Lan Zhan e Wei Ying.

2) A personagem que eu mais amo e me orgulho ter criado é a Arya. Eu não posso falar tanto sobre isso para não dar spoilers, mas eu tenho muito amor por ela.

3) Eu tenho a tradição de escutar "Taion" do Shuta Sueyoshi sempre antes de escrever algum capítulo e considero a música a trilha sonora de SW. Algum de vocês devem conhecer a música, já que ela é a opening da segunda temporada de Spirit Pact (Soul Contract)

4) Agora uma curiosidade de dentro da história mas que eu nunca vou falar na história em si:

Arthur e Karyn tiveram que mudar de nome ao vir para o mundo real pois eram fugitivos, Adrien não precisou mudar de nome porque ele não era fugitivo, porém, a razão da "não mudança" é outra. Ao vir para o mundo real ele e Karyn testaram alguns nomes nele e ele até chegou a ser chamado de "Taylor" por ela por alguns dias, mas ele é tão metódico e acostumado a algumas coisas que ele simplesmente não conseguia responder ao ser chamado assim, e ao se apresentar para algumas pessoas ele se chamou de Adrien mesmo. Por isso, eles preferiram manter o nome original dele, para não terem problemas maiores.

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Por hoje é isso, povo! Voltamos a nos ver quinta!

Love.



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