Como em um sonho escrita por Luminária


Capítulo 5
Sair com ele?


Notas iniciais do capítulo

Ho hey
FELIZ PÁSCOA ^-^



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— Wow, wow, wow, volta um pouco. - Adrien disse, soltando um sorriso malicioso que fez eu me arrepender de ter contato uma coisa a ele - Você e o Arthur estão se falando toda a noite?
Era essa a coisa que eu havia acabado de lhe contar. No fundo eu sabia que ele reagiria dessa forma, mas decidi falar mesmo assim. Agora aguente o preço de ser aberto com seus amigos, Nico.
E isso porque eu só contei que nós conversamos nessa semana. Se eu tivesse falado sobre o quanto Arthur se parece com o garoto dos meus sonhos, Adrien já estaria preparando o nosso casamento... Que não vai acontecer nunca, nem mesmo namoro vai acontecer, nem mesmo um beijo. Só para deixar as coisas bem claras.
— Estamos. - confirmei baixo, evitando contato visual, até suas expressões faciais pareciam constrangedoras no momento
— E você não me contou isso antes? - não contei e estou me questionando se deveria ter contado agora - Cara, fui eu que dei seu número para o Arthur, você não pode esconder essas coisas de mim.
— Que coisas? A gente nem fala nada de importante.
Nessa semana falamos sobre todo o tipo de coisas. Livros, Paris, comida, música, a vida... Enfim, várias coisas, mas nada que eu considere realmente relevante. Eram conversar diversas, normais, mas longas, extremamente longas, de um modo que eu nunca havia conseguido manter com ninguém antes.
— Mas se falam toda noite. - Revirei os olhos ao ouvir essa frase, eu já esperava que Adrien fosse dizer algo assim - Olha, eu ia ter que te falar isso mais cedo ou mais: para de ser tão lerdo!
Ah pronto, agora o Adrien vai tirar o dia para zoar com a minha cara. Já não bastava ele shippando Athico (sim, essa porcaria de casal inexistente já tem até nome), agora tenho que lidar com ele me chamando de lerdo.
— Oi? Eu não sou lerdo! - rebati, convicto de que me raciocínio é como o da maioria das pessoas
— É sim! - Adrien insistiu - Se não fosse sua lerdeza você e o Arthur já teriam ficado.
— Adrien, você está louco! - exclamei sem nem preocupar que a escola toda ouviria, pois eu faço questão de mostrar para todo mundo que o Adrien está completamente louco - O Arthur pode simplesmente não querer ficar comigo.
— Uuuuuuuuuuuuuhm, o problema é o Arthur não querer? - meu deus, por que ele consegue jogar tudo contra mim? - Então você admite que você quer?
Qual foi o meu erro? Eu também não quis dizer isso, as palavras simplesmente pularam da minha boca sem que eu pudesse filtrá-las.
— Não! Não é isso o que eu quis dizer, Adrien. Nem de longe é isso. - deixei o mais claro possível que eu não queria nada com o Arthur - E além disso, faz só uma semana que a gente está se falando toda noite. Uma semana só. Não tem como eu estar sentindo nada por ele.
— Eu já fiquei com gente com quem conversei por meia hora, essa coisa de "ah, faz só uma semana" só existe no fantástico mundo de algodão doce do Nico.
Fiquei por alguns segundos em silêncio pensando no que poderia responder, mas para minha felicidade essa missão foi abortada pelo toque de início da aula.
— Ah, vai pra sua aula, Adrien. - sorri triunfante, feliz por finalmente ter encerrado essa conversa
— Tá certo, eu vou. Só não pense que vai fugir desse assunto pra sempre, ouviu?
Eu sei bem que Adrien não vai deixar esse assunto morrer tão cedo, mas só por eu ter me livrado por algumas horas já é uma grande vitória.

(...)

Estava preocupado.

A aula rolou, rolou e nem sinal do Arthur. Quando ele finalmente chegou, fiquei ainda mais preocupado. Um de seus olhos estava roxo e sua boca estava um pouco cortada. Até o professor perguntou se estava tudo bem assim que ele entrou em sala, mas Arthur apenas disse que sim e se sentou.
Tentei me focar na aula após isso, mas foi difícil. Além daquele chato do Victor, anfitrião da festa da fumaça e o cara que jogou bolinhas de papel na minha cabeça no primeiro dia de aula, querendo fazer graça o tempo, ainda tinha minha preocupação com Arthur para desviar minha atenção. Tanto que a aula acabou e eu nem me toquei, apenas me toquei quando Arthur me chamou e eu pude então ver a sala vazia.
— Ei, Nico. - ele chamou - Você tem alguma coisa pra fazer agora?
Normalmente eu diria que o Adrien está me esperando, mas como hoje eu quero fugir dele...
— Agora é o intervalo, acho que não. - respondi - Por quê?
— Por nada. Só achei que a gente podia conversar. - ele disse, puxando uma cadeira e se sentando ao meu lado - A gente se fala tanto pelo chat, mas pessoalmente você sempre parece querer fugir de mim. - droga! Eu não achei que Arthur percebesse isso - Tem algum problema com a minha cara?
Tem. O problema é que sua cara é igual a do garoto dos meus sonhos e isso me deixa confuso. Mas quando estamos só no chat chega um momento em que eu me esqueço disso e consigo conversar com Arthur sem pensar no garoto dos meus sonhos.
— Não, não... - o olhei, sem poder evitar olhar para seus machucados - Quer dizer, hoje tem. Você brigou com alguém?
— Briguei, mas não se preocupe. O outro idiota apanhou mais que eu.
Quando já tinha esquecido de sua fama de encrenqueiro, aparece uma dessas para me lembrar.
Num momento de distração, sinto Arthur tirar rapidamente meus óculos, experimentando-os.
— E aí? Tô bonito? - ele perguntou
— Não sei, eu não estou conseguindo ver direito. - expliquei, apertando os olhos para tentar ver melhor
— Coincidência, também não estou conseguindo te ver direito. Você é bem ceguinho mesmo. - enfim tive meus óculos de volta, podendo já ver o mundo como ele é e não uma versão em borrões - Você ficou tão fofo apertando os olhos, seus olhos são tão pequenininhos que quase somem quando você aperta.
Não disse nada, até porque se eu falasse alguma coisa não seria algo agradável, mas o silêncio também não durou mais do que dez segundos como sempre. Por que eu nunca consigo ter dez, só dez míseros segundos de paz e silêncio na minha vida?
— Ei, acho que o Adrien não vai poder sair com você essa semana. - aleatoriamente Arthur me informa
— De onde você tirou isso? - perguntei, tentando não parecer ignorante, mas ainda assim acho que pareci
— Acho que vou emprestar minha casa pra ele ficar sozinho com a Emanuelle. - e desde quando os dois tem intimidade para emprestar a CASA um pare o outro? Não é qualquer coisinha, é a CASA - Caso ele aceite, você vai ficar sozinho, certo? Então você podia sair comigo pra não ficar sozinho.
É... Isso mesmo que eu ouvi? O Arthur... Acabou de me chamar para sair? Com aquele rosto de garoto dos garotos, mas com aquele jeito estranho de Arthur.
— Arthur, espera... Você... Sair... Chamando... Eu?
Não consegui formular a frase direito, fazendo-o rir.
— Sim, eu tô te chamando pra sair comigo. - ele confirmou - Então você aceita? Ainda bem, não quero ter que emprestar minha casa para aqueles dois safados.
Espera, eu também não havia dito que aceitava. Se eu aceitar, eu estou dizendo sim ao Arthur ou ao garoto dos meus sonhos? E se eu disser não, eu estou recusando os dois? Se ele tivesse enviado uma mensagem seria tão mais fácil.
— Arthur, eu... - mordi o lábio inferior, nervoso - Eu vou pensar, ok? Eu te respondo... Hoje à noite.
Hoje à noite? De onde eu tirei esse prazo? O está acontecendo com a minha vida?
— Tudo bem, eu espero. - ele riu - Vou ficar ansioso pra hoje à noite.
E eu espero ser atropelado por um caminhão até hoje à noite.

(...)

Eram 23:56, meu tempo estava acabando e eu ainda não tinha dado uma resposta a Arthur.

Ok, nós só vamos sair, não é como se fossemos namorar depois disso. É só você sair com ele como uma pessoa normal. Ele é só uma pessoa normal.

23:57, só tinha mais um minuto para me decidir.

Eu gosto de conversar com Arthur, talvez fosse legal sair com ele. Gostamos de coisas em comum, sabíamos fazer um ao outro rir, ele conhece bem a cidade e pode me mostrar várias coisas legais. Não tem motivo para ficar. Mesmo que o garoto dos meus sonhos...

23:58, era agora ou nunca, eu precisava me decidir nesse exato minuto. Agora só tenho sessenta segundos para tomar uma posição.

Não, Nico! Você já se conformou que o garoto dos seus sonhos não existe, mas o Arthur existe, ele é real. Pare de viver esperando por algo que nunca vai sair da sua imaginação.

23:59

Peguei meu celular e digitei a mensagem.

"Sim. Eu aceito sair com você."

Enviei para Arthur, soltando um longo suspiro aliviado. Espero não me arrepender dessa decisão.


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Notas finais do capítulo

Beijinhos de luz :*



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