Eyes On Fire escrita por Emma Patterson


Capítulo 4
Capítulo 3 – Academia Grove de Bruxas


Notas iniciais do capítulo

3º Capítulo. aproveitem e comentem o que estão achando. Até o próximo capítulo. Os planos são que sejam semanais, só não terão um dia específico. Obrigada pela atenção e por lerem, continuem acompanhando e fico feliz que, aparentemente, algumas pessoas de fato aguardaram. :) .



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Me perguntava quantas vezes seriam necessárias eu entrar por aqueles portões de ferro fundido negro de séculos de existência sem não me sentir desconfortável e irritada com as pessoas que ali se encontravam. Olhar para aquele castelo renascentista, com seus tijolos brancos como ossos e seus telhados negros como piche, e coberto de musgo enegrecido do tempo, com ar vampiresco como no castelo do conde Drácula. A famosa Academia Grove de Bruxas. Uma das primeiras instituições fundadas pelas cinco primeiras bruxas, mas não aquele prédio. Apenas o nome sobreviveu a passagem do tempo. A primeira versão daquela grandiosa instituição secular havia sido em uma clareira escondida numa mata densa em algum lugar na Europa, séculos atrás. Mas memoriais em sua homenagem estavam espalhados pelos corredores da academia.

 

Observava do banco de trás junto com Alex ao meu lado. Matt estava no banco do passageiro na frente acompanhando minha mãe, que era a minha guarda costa principal/motorista. Meus antigos amigos e laços foram ordenados a fazerem parte da minha escolta de casa até a instituição, mesmo eles já tendo iniciado o ano letivo e estarem a um tempo aqui e não estando a entrar atrasados como eu. Encarei Alex. Seus olhos azuis elétricos encarando a estrada e toda a sua volta com os seus outros sentidos apurados, alerta em tudo. Em mim. Matt parecia uma muralha de músculos e seus olhos cinzas estavam frios como a neve, tão vigilante quanto Alex, e dessa vez estava com mais cor em seu rosto, talvez a única coisa em toda aquela situação que de fato me aliviava.

 

Ambos pertenciam a famosa família Andrews. Família de guardiões de bruxas que se ramificavam em funções de simples protetores à membros que se tornaram lobisomens em sua história. Ouve bruxas também, mas essa parte da linhagem foi sumindo, era normal a magia adormecer periodicamente em famílias não puras. Nas puras ocorria o fato de não se ser tão poderosa (o). Até Alexandra nascer. Depois de cinco gerações dormentes, a magia decidira explodir nela, transbordar. Fato disso eram seus olhos. Sua ligação com o elemento água era tão forte que me lembro de ela conseguir invocar água de si mesma quando ainda éramos crianças. Se não fosse a secular exigência do Conselho sobre as Cinco de cada geração ser da linhagem principal, Alex seria a candidata perfeita para representar o elemento Água.

 

Voltei minha atenção para o colégio. O pátio por onde o carro entrava tinha como plateia crescente de alunos se amontoando cada vez mais. Aquele aglomerado de formiguinhas uniformizadas. Afoitas com a grande fofoca do século. O retorno do receptáculo que antes havia fugido, mal sabiam eles que minha tia, Diana, devia ter sido a verdadeira Receptáculo, mas morreu por um vampiro por qual se apaixonou. Isso sim que era um verdadeiro bafo. Notei os guardas em cantos estratégicos da área e bem mais numerosos que o normal, e avistei a sr ª Cuts abrindo passagem com certa dificuldade em meio aos alunos. Num evento normal, as pessoas abririam caminho para ela em temor, mas a euforia era demais para se importarem com a autoridade de uma diretora fajuta e mal-amada.

 

Abaixei os olhos e suspirei cansada. Apertei meu rabo de calo e o coloquei sobre o ombro direito. Ajeitei meu blazer, meus seios proeminentes. Ainda era fútil de certa forma, e de toda mudança nesse período de fuga, foi meu corpo ter ficado mais curvilíneo e encher nas partes certas que antes eu sempre quis, porém, meu biótipo magro não favorecia. Pelo espelho retrovisor olhei se minha maquiagem estilo natural estava no lugar depois de uma viajem meio longa e também, se não estivesse, ajeitaria com magia. Se estava de volta aos territórios escolares, poderia voltar a usar magia simples novamente, supostamente .

 

O carro fez um meio círculo e estacionou na entrada de frente com a grande plateia, vários rostos se fazendo familiares novamente. Sorri em sutil escárnio. Acariciei o ar no espaço entre Alex e eu, Millie se formando conforme minha mão direita fazia o movimento curvilíneo da sua cabeça, cervical, coluna e início da calda. Seu miado fino e sutil vagando pelo espaço do carro. Ela subiu no meu colo e pulou suavemente e ágil em meu ombro esquerdo. Todos me olharam alertas. Millie era minha gata de magia. Negra como a noite, olhos dourados e brilhantes, como se estivesse com estrelas em seu fundo. Ignorei e abri a porta do carro quando ele parou e sai sem esperar ninguém. Hora do show.

 

Millie tranquila em meu ombro, sua cauda envolvendo meu pescoço, como um colar negro, seus olhos escaneando todos a minha volta, minha pequena guardiã que invoquei. Minha eterna amiga leal. Senti meus olhos arderem suavemente, significando que meus olhos azuis deviam estar mais intensos por usar magia novamente.

 

Ergui o queixo, meu rosto sério e encarei apenas a Sr. ª Cuts, esperei meus guardiões saírem do carro e se postarem ao meu lado. Segui um passo à frente, e andei até a minha diretora.

 

—Achei que só viria para cá depois dos testes, mas você ligou comunicando que solicitavam meu retorno quase que imediato. - Falei confusa, de fato. Ignorei todos a nossa volta ao ver sua curiosidade crescer.

 

Além de estar sumida, também podia invocar um guardião mágico, algo que só se fazia nas provas finais para a formatura e que poucos tinham a habilidade de invocar e controlar. Millie se mantinha imóvel, seus olhos se voltando para a Sr.ª Cuts.

 

—Achamos melhor mantê-la em ambiente vigiado e disciplinar acadêmico já que perdera muito tempo. Você fará seus testes hoje no período da tarde. - Falou com frieza, enfatizando meu período de rebeldia inadequada. Seus olhos estavam pasmos e em fúria pelo meu uso de magia com Millie. - Você não pode usar…

 

—...Magia, eu sei, mas estou em dependência acadêmica e sob sua supervisão, não acho que haja perigo, Sr.ª Cuts. E Millie é minha mascote, as vezes não controlo quando ela aparece, sabe como são os magics.— Sorri zombeteira.

 

Olhei em volta. Alex estava séria, mas podia ver sua curiosidade gritando enquanto ela tentava a todo custo não encaram minha gata das sombras. Olhei para Matt, este recolocou sua postura de muralha intangível. Suspirei. Olhei para os rostos familiares da minha antiga turma acadêmica, rostos amigos, rostos desconhecidos, rostos inimigos. Rostos como de Bethanie Flint. Seus olhos castanhos mel ardiam em fúria. Tenho certeza que sua vontade era me queimar aqui mesmo. Sorri com todos os dentes para ela, meus olhos arderam mais ainda enquanto Millie pulava do meu ombro e desaparecia no ar a minha frente, entre a Sr.ª Cuts e eu. Mas sabia para onde ela estava seguindo, e no momento que desviei o olhar, pude escutar um grito assustado e de dor.

 

Todos voltaram sua atenção para Bethanie. A Sr.ª Cuts estava mais irritada do que preocupada como os outros a nossa volta. Enquanto Alex e Matt se fecharam automaticamente a minha volta, me protegendo e abrindo a conexão comigo, instintivos para minha segurança.

 

Não se preocupem, fui eu. Millie está ligada aos meus sentimentos, ela não gosta de Bethy tanto quanto eu, apenas dei boas vindas”.

 

—Algum problema, srta. Flint? - Cuts estava de fato bem irritada.

 

O.K, levante a mão se também acham que é por minha culpa.

 

Bethy ficou vermelha e parecia confusa e muito envergonhada, mesmo que lutasse em tentar não demonstrar, por ser advertida na minha frente, sua grande rival. Fechou a cara e ergueu o queixo em arrogância. Não querendo dar spoiler, mas vou adiantando, era algo de família, lhes garanto, queridos leitores.

 

—Acho que algum aluno muito desastrado chutou minha canela ou algo assim. Acho que essa algazarra já está passando dos limites, e por motivos desnecessários. - sua voz levemente nasalada esguichando seu habitual veneno.

 

Sr.ª Cuts fechou mais a cara, se é que era possível e em tão pouco tempo. Olha, se Bethy não fosse de uma família tão importante, Cuts já a teria linchado daqui. Olhei para Bethy e pisquei, seu rosto se tingindo de vermelho.

 

—Tenho que concordar com Bethanie, sr ª Cuts, principalmente você também estar aqui, nessa algazarra já que diz não gostar. – Bethy parecia que ia urrar em fúria pela advertência. Bethy Flint sendo repreendida e em público, na minha frente e, principalmente, por mim? Eu queria mijar de tanto rir. - Achei que não haveria tanta movimentação por aqui. Pensei que era um local rígido como antigamente.

 

Soltei com falsa inocência e senti um empurrão mental no meu laço com Alex. “O que? Estou dando as boas vindas, não sentiu falta?”

 

—TODOS PARA SUAS RESPECTIVAS AULAS OU QUARTOS! SE NOS PRÓXIMOS CINCO MINUTOS MAIS ALGUÉM ESTIVER POR AQUI VAI FICAR DE DETENÇÃO E RECEBERÁ ADVERTÊNCIA E PENALIDADES SEVERAS! - Sua famosa veia na testa estava dando as boas-vindas. Me senti vitoriosa. Menos de cinco minutos, isso era um novo recorde para mim.

 

Todos imediatamente se puseram a correr para todos os lados, alguns se batendo uns nos outros pelo atordoamento momentâneo da algazarra. Em segundos só estávamos nós, Sr.ª Cuts, mamãe, meus guardiões e os guardas espalhados presentes. Segurei a vontade de rir, mas deixei à vontade fluir para meu laço com Alex, que ainda o mantinha aberto, diferente de Matt, sentinela novamente. Alex abaixou o olhar tentando não encarar a Sr.ª Cuts, pude vislumbrar o canto dos seus lábios tremerem sutilmente. Sorri.

 

—E você, Campbell— bati continência “respeitosamente” ao ouvir meu nome. Realmente, eu não temia o perigo. , vá para seu quarto. Vai voltar a dividi-lo com Alexandra, mas para que ela também possa ficar de olho em você por vinte e quatro horas. Por tanto, srta. Andrews, você também será suspensa das aulas por hoje, mas seus irmão estará incumbido de lhe entregar a matéria ao final do dia. Sr º Andrews, você está suspenso no turno da tarde das suas aulas para se juntar a sua irmã ás quinze horas para a avaliação da srta Campbell.

 

Então minha diretora olhou para minha mãe, finalmente.

 

—Pode me acompanhar até a minha sala para uma conversa privada, Katie? - Não era um pedido.

 

Olhei mamãe. Não nos falávamos direito desde a conversa na sala. Ela respeitava o espaço que mantive entre nós, só vindo falar comigo nas coisas básicas, como perguntando o que eu queria comer, ou assistir algo com ela na TV, para atender a ligação do meu pai, depois de finalmente ele se dar o trabalho de fingir preocupação e alívio que eu não estava mais sumida, lembrar que tinha uma filha de um primeiro casamento e não uma bastarda mimada que nem seu sangue era, apenas filha da sua nova esposa sangue suga.

 

Eu sentia falta da minha mãe, mas ainda estava magoada, e como eu era dura na queda, não conseguia aceitar que ela não queria me contar o que pretendia fazer para me salvar da morte no grande ritual. Eu finalmente entendia seu lado, eu era sua filha, nosso mundo tinha falhas, ela devia ter escondido isso tudo de mim porque sabia que eu poderia não reagir bem, não era para esse assunto conturbado se espalhar pela nossa sociedade. Ninguém sabia que se você não fosse o receptáculo destinado, podia-se perecer na cerimônia, mas que nosso Conselho preferia uma morte por falha, do a vergonha de não ter alguém para apresentar ao publico e declarar uma falsa paz. Era segredo de alto escalão e ela poderia ser punida por deixar algo assim vazar, e eu já o fizera para os meus guardiões que deviam estar bem avisados se contassem a informação para sua família ou qualquer outro não autorizado.

 

—Sim. - Mamãe respondeu séria, sua pose profissional. Olhou para mim. - Se comporte. Me ligue se precisar de algo, venho visitá-la no final de semana. O conselho já autorizou e, assim eu também fico de olho em você.

 

Isso me incomodou. Minha mãe não confiava mais em mim e não podia culpá-la, eu fiz por onde. Por uma boa razão, é claro, mas ainda imprudente. Mas talvez suas visitas poderiam se tornar uma chance de nos aproximar e tentar descobrir o que ela planejava. Minha mãe era uma bruxa guardiã leal ao seu estado, mas era mais leal a sua filha, a si mesma. E apenas eu sabia. Ambas rebeldes de certa forma. Sorri ao final e assenti uma vez. Sussurrei um O.K e me dirigi a Sr.ª Cuts:

 

—Posso seguir para meu quarto então?

 

Imediatamente.

 

Dei um singelo beijo na bochecha da minha mãe a pegando de surpresa e segui escola adentro sem olhar para trás, mas sentindo o peso de seu olhar sob minhas costas.

 

 

****

 

Suspirei pela quinta vez, em alto e bom som, fazendo questão de chamar a atenção de Alex. Algo que estava sendo bem difícil. Quando digo bem difícil, quer dizer que já tentei comunicação direta, mas ganhei um belo e longo silêncio em retribuição a minha tentativa direta. Olhei em volta do nosso quarto. Era um comodo grande para um dormitório escolar, parecia um apartamento, mas apenas um banheiro e, sabia que isso fora escolhido propositalmente. Sempre vigilantes. Olhei novamente para Alex, sentada em sua cama em posição de índio, olhos fechados e mãos pousada, uma de cada lado de seus joelhos. Ela, ao se olhar, parecida estar meditando, mas pelo nosso laço, sabia que estava me bloqueando avidamente.

 

—Achei que Millie iria surpreender você. Lembra como eu era um desastre em invocações? - ri. Silêncio.

 

—Alex... Por favor, fale comigo! Não sabe como senti a sua falta e...

 

—Sentiu a minha falta! - explodiu rindo com escarnio. Primeiro som que emitira desde que saímos da presença da Sr ª Cuts e do Matt. - Você me bloqueou! Sumiu por um ano, nos deixou a deriva! Você tem ideia pelo que passamos depois da sua loucura? Pelo que meu irmão sofreu?

 

Seus olhos queimavam em um azul fluorecente. dei um passo para trás chegando perto da porta lentamente. Nunca vira Alex em uma explosão daquela, já a vira irritada, brava. Mas ali, estava em completa decepção, fúria. Fúria de mim, de Lizzie, sua melhor amiga e laço eterno. Engoli em seco, pronta para me defender se fosse necessário.

 

—Eu te amo, Lizzie, temos um laço sobrenatural, fomos destinadas a estarmos uma ao lado da outra, mas...— o grande Mas. - você nos traiu, Matthew e eu . Eramos um time e você fez questão de deixar claro que não somos nada para você. Use suas piadas, provocações, artimanhas, seja a provocadora malandra que tanto demonstra por ai com tudo e todos, mas saiba, que o que vamos ter de agora em diante, são apenas relações profissionais, Receptáculo. Se tinha esperanças de que tudo fosse ser como antes e esquecêssemos o que fez e o que isso nos custou, devia rever suas prioridades. A partir do momento que nos abandonou aqui, sozinhos com eles, você destruiu qualquer laço, fora do mágico, que tínhamos. Apenas aceite, - seus olhos inflamaram novamente. - ou vera que não é a única que aprendeu truques de nível elevado enquanto estava fora.

 

—Alex... - sussurrei surpresa.

 

—Agora sou sua guardiã, incumbida pelo nosso governo de manter você no seu lugar. Farei o que for preciso e o que estiver em possibilidade para concluir isso.

 

Sua voz era fria. Tentei achar qualquer resquício de calor e o vi, mas coberto de um azul intenso e frio, magoa era sua maior composição. Apenas assenti e abaixei a cabeça e fui para minha cama abrir minhas malas e arrumar meu guarda roupa. Havia uma para cada uma, o meu era o maior, o logo da minha família real estampado nas portas, o mesmo de uma no atrás... Menos as coisas que realmente importavam.

 

*****

 

 

 


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