Clarice escrita por Hirobelana


Capítulo 8
Capítulo 8




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AINDA NAQUELA NOITE

Fernanda se encontra em sua casa, repassando tudo o que disse para Filipe anteriormente.

— Não tem como eu voltar atrás – ela pensava consigo mesma - O que está feito, já está feito!

Aquele sentimento de alívio e angústia por não ter totalmente a certeza daquilo que ela tinha acabado de fazer, a rondava imensamente em seu interior.

Porque ela realmente tinha gostado de Filipe, isso nem o seu coração poderia negar. Mas o Guilherme lhe causava sensações diferentes, sentimentos esses que a faziam sorrir feito uma idiota abobalhada.

Com ele tudo era mais fácil do que com o Filipe, que só havia beijos, amassos, mordidas e a curiosidade em saber quando iriam se ver novamente.

Ele nunca fez questão de levar ela pra casa, sem ela ter que pedir antecipadamente, do contrário iria acabar indo sempre sozinha. Nunca disse sobre apresentar a familia para ela, ou que ele queria ser apresentado aos seus pais.

A Clarice só conheceu ele porque ela marcou deles se encontrarem na saída da escola dela, trocando apenas um "Oi" com a sua amiga algumas vezes, logo chamando ela para irem logo.

Ela conhece a casa dele de cor, principalmente o seu quarto bagunçado, o violão ao lado da cama em meio a tanta bagunça no quarto.

Tudo gritava que estava tudo errado.

Mas beijar ele compensava qualquer dúvida que surgia e ia logo embora.

Tocar ele era bom, porque ela se sentia segura em seus braços, o seu próprio lar. Mas era um falso lar.

Ela nunca conseguia contar para a sua amiga Clarice que ela não chamava ela para sua casa, porque na verdade a mãe dela estava sempre bêbada, no bar bebendo e chegando em horários em casa que ela não poderia cogitar, nunca eram em horários iguais. A mãe dela simplesmente se cansava do bar e voltava pra casa, querendo beber mais ou apenas dormir, antes quebrando qualquer coisa a sua volta.

Como explicar para a sua amiga que tudo era de vidro ela já tinha quebrado. Os pratos e os copos eram descartáveis, as cadeiras não existiam mais, o sofá completamente rasgado, não tinha televisão nos quartos, a sala parecia nem ser uma sala.

O furacão mãe só descontava na sala e na cozinha, incrível como os quartos ainda estavam intactos.

O pai aturava, mas não aturava, tinha outra mulher, até a mãe dela sabia, mas nenhum deles admitiam em voz alta. Pra quê?

Ele voltava para casa nos sábados e ia embora na segunda de manhã, coincidentemente os únicos dias da semana que a minha mãe decidia não beber, fazia comida, pratos e copos de vidros novos apareciam como se estivessem sempre ali, uma capa para forrar o sofá e aparentar estar novo novamente.

Como se nada estivesse errado, como se sempre fosse assim, desse jeito, todos os dias da semana, um ambiente tranquilo, de paz, e certo.

Já são três (3) anos que está tudo desse jeito.

E com a chegada do Filipe na minha vida, parecia tudo tão 'Agora tudo vai se encaixar e eu vou ser feliz!', mas ele nunca se importou comigo. Mesmo com a Clarinha junto de mim, as coisas não diminuíam. Mas estar na casa dela era bom, era uma sensação de aconchego, de paz, de amor. Era um lar!

A mãe dela liga volte e meia para ela durante o dia, saber se ela está bem, se já comeu, se ela está sozinha. Não de uma forma sufocante, mas é um jeito normal, que para mim, com um amplo familiar todo bagunçado, presenciar esses momentos não parecem apenas não serem reais.

A Clarinha é tão fofa, doce e ingênua. Acha que o que eu tinha com o Filipe era namoro. Como isso?

A única coisa boa é não ter perdido a minha virgindade com ele, do contrário a sensação de ser alguém patética seria muito maior, do que já sinto em relação a minha própria vida.

Quando em meio aos meus pensamentos dispersos, ouço o barulho do celular avisando uma nova mensagem, e ao visualizar a tela, acabo sorrindo automaticamente ao terminar de ler e saber que era o Guilherme

'- oi! só pra avisar em ter cuidado na hora de voltar para casa, pq algumas luzes de alguns postes daqui da nossa rua queimaram! – ele mandou na mensagem

Respondendo na hora em que terminei de ler

'- obrigada! mas eu já cheguei faz tempo >

E quando enviei já ia deixar o celular de lado, recebo outra mensagem dele dizendo:

'- entendi! então ok! (:'

Ele parecia um pouco seco e isso me estranhou muito, porque geralmente sou eu que mando mensagens secas. Acabo escrevendo questionando pra ele

'- o que houve? Pq está tão seco comigo? – e envio.

Alguns minutos se passam parecendo uma eternidade e uma nova mensagem chega, era dele

'- eu não estou sendo seco! – ele diz

'- está sim! é como se fosse eu te respondendo quando quero implicar com você – acabei escrevendo e enviando automaticamente para ele

E depois de uns longos minutos que se passaram, o celular avisava uma nova mensagem do Guilherme

'- desculpa, eu estou com sono – era o que dizia na mensagem

Ela leu e releu a última mensagem dele, sentindo um alívio por ser só por isso dele ter soado tão seco e respondeu à ele

'- tudo bem, sem problema! obrigada por me avisar sobre os postes, amanhã nos vemos, durma bem ♡ – enviando e esperando que ele provavelmente iria mandar uma "boa noite" em resposta da sua mensagem, e dando uns bons minutos ela desistiu, largando o celular no canto da cama, pensando que ele provavelmente já pegou no sono.

Quando o celular avisa que uma nova mensagem tinha chegado, ela pega nele já sorrindo achando que era o Guilherme, mas não, era amiga dela Clarice perguntando se ela já estava em casa, dizendo logo abaixo que o dia tinha sido perfeito por ela e o Guilherme terem ido na casa dela.

Fazendo Fernanda ficar surpresa por Clarice dizer nas últimas mensagens que Guilherme estava trocando mensagens com ela naquele momento.

— Como assim, ele está respondendo a Clarice e não me enviou mais nada?! – acabou dizendo surpresa e com certa raiva por estar acontecendo aquela situação - Nem se quer uma "boa noite" ele me mandou.

Acabou largando no canto o celular, antes o silenciando, decidindo dormir logo sem ao menos responder a amiga.

De tanta raiva e frustração que sentia.


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