Nua escrita por Padfootly


Capítulo 1
Vou bater na sua porta de noite. completamente nua


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem gente ♥
É a primeira vez que tento escrever algo assim, então, por favor, me digam o que acharam da fic ♥



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Ginny Weasley olhava pela janela do metrô. Ela havia pego essa mania de usar transportes trouxas quando queria pensar ou quando estava triste, e agora o fazia com uma frequência maior do que gostaria de admitir. Enquanto observava, sem prestar atenção, o cinza das estações passando diante dos seus olhos, lembrava da cena que não saia de sua cabeça por mais que tentasse.

 

Flashback on

Sentiu o cheiro da loira e foi como se seu coração se apertasse ainda mais forte. A ruiva foi atrás dela sem nem parar para pensar no cenário caótico de carros ao seu redor. Escutou altos barulhos de buzinas e freios bruscos, mas tudo que importava era chegar perto, fazê-la entender, aceitar. 

              -Luna, por favor. Por favor, espera. – Gritava com todas as suas forças, enquanto corria desembestada entre os carros, lagrimas rolavam por seus olhos, embaçando sua visão, sentia o gosto salgado na sua boca, mas ainda assim não parou. A garota virou para si no exato momento em que conseguiu atravessar a avenida.

As duas haviam viajado juntas para Nova York. Fazia tempo que queriam aproveitar uma viagem juntas, mas não tinham tanto tempo quando gostariam. Foi só num período de férias que Ginny tinha tido das harpias de holyhead que Luna havia decidido se dar uma folga do pasquim e estavam aproveitando bastante juntas. Isto é, até o assunto vir à tona novamente. Lovegood queria parar de esconder o romance entre as duas, enquanto a Weasley, mais uma vez, argumentava que ela não poderia fazer isso, não ainda. Ela tinha acabado de se tornar jogadora titular do time e poderia ser prejudicial para sua carreira. Não haviam muitos casos de homossexuais no mundo bruxo, e ela não sabia como as pessoas iriam reagir. E Luna entendia, mas também sabia com todas as suas forças, ela sentia no seu coração que já havia sido compreensiva demais. A relação delas não era algo novo, esse discurso da namorada já durava dois anos, sempre havia algo que poderia ser atrapalhado, e ela estava tão cansada.

              - O que você quer, Ginny? – Falou, e lágrimas rolavam pelos seus olhos. Isso acontecia desde o momento da briga.

              - Por favor, não vai embora. Vamos conversar. – Pediu a ruiva.

              - Nós não temos mais o que conversar, Gin. Não temos. Já deu para mim. Esse é o máximo que eu consigo aguentar.

               -Luna, por favor. – A ruiva agora tremia, sua magia parecia que iria se descontrolar a qualquer momento. O vento, que até então estava parado, começou a circular com mais força naquela área, folhas voavam e a loira apertou o casaco. – Você sempre foi tão segura de si. Sempre fez o que quis sem se importar com os outros ao redor, sem se importar com nada, era como se nada nunca pudesse te atingir, e eu me apaixonei por essa pessoa incrível e forte. Eu queria ter metade da coragem que você tem. As vezes eu me pergunto porque fui parar na grifinória, porque eu sinto tanto medo o tempo todo. É um mundo completamente novo para mim, eu não sei o que vai acontecer comigo, eu tenho medo de me perder e nunca mais me achar, eu tenho medo do que nós duas podemos sofrer juntas no nosso mundo. Eu sinto tanta dor e tanto medo.

— Eu aprendi a ser assim, meu amor. Eu não podia deixar que eles me tornassem algo que eu não sou, que me moldassem, eu não podia antes e não posso agora. Você não pode se expor agora, e eu entendo. Mas eu não aguento mais ter que esconder quem eu sou, e eu gostaria que você pudesse entender isso. Você é forte, Gi. A mulher que eu amo é forte e é corajosa, você vai encontrar isso dentro de si um dia. - Falou e logo em seguida aparatou, deixando a mais velha sozinha na rua, lágrimas rolando de seus olhos.

Flashback off

 

Mais rápido do que o esperado, o metrô chegou a sua estação final. O local era cinza, com pessoas andando tão centradas em si que pareciam simplesmente alheia a qualquer outra coisa, a dor de qualquer outro. Ela fingia uma calma que não sentia, ela queria poder gritar e quebrar tudo, mas só estava agindo no automático, seu coração acelerado era o que indicava a si mesma que ainda estava viva, os passos lentos levavam-na em direção a casa da melhor amiga, e sua mente já se dispersava novamente.

Tinha chegado da viagem fazia dois dias e, durante esse tempo, não havia saído de casa para nada e não havia recebido ninguém. Despois que Luna aparatou para o consulado bruxo londrino em New York para solicitar uma chave de portal que a levasse para casa, deixando-a sozinha em solo americano, teve que voltar para o seu quarto de hotel para fazer o checkout e seguir os mesmos passos da ex-namorada.

Era a primeira vez que cogitava a ideia de falar com alguém sobre o acontecido. Estava se dirigindo até a casa de Hermione, que além de sua cunhada, e melhor amiga era a única que saberia como lidar com ela naquele momento. Andou um pouco da estação de metro até chegar na casa da castanha, e bateu na porta dela.

 

 

*

Quando sentou no bar as palavras de Hermione ainda ecoavam em sua cabeça. Ela tinha chegado na casa da cunhada e desabafado sobre tudo que tinha acontecido. Hermione tinha lhe feito um suco e lhe dado bolo, e no meio de um abraço apertado ela tinha dito. “Você a ama, Ginny. E ela ama você. A gente não passou por uma guerra para livrar um mundo bruxo de um tipo de preconceito para você se prender em outro. Foque na sua felicidade, porque o amor é a coisa mais importante que temos em nossa vida. Não desperdice isso.”

Ela já tinha perdido a noção de tempo e quantidade do que havia bebido. Sua mente estava nublada, desorientada e a única coisa na qual conseguia pensar com clareza era em Luna. Em como faria de tudo para tê-la de volta. Ela era o amor da sua vida. Faria qualquer coisa por ela, qualquer coisa para ficar com ela. Ela contaria a todo mundo, só precisava chamar a atenção dela de alguma forma. Se Luna quisesse ela faria uma tatuagem para que todos vissem o quanto a amava.  Respirou fundo quando virou o resto da bebida que tomava, não sabia o nome, mas sabia que era forte. Havia chegado no bar e pedido a garrafa da bebida mais forte que eles tivessem. Por Merlin, no que estava pensando? Levantou-se e se dirigiu para a porta. Iria atrás da sua namorada.

*

Luna não estava acreditando no que seus olhos viam. Gina Weasley estava parada na porta da sua casa, completamente bêbada, completamente molhada e completamente nua. Seu coração apertou em saudade com a visão do amor da sua vida. Seus cabelos ruivos escorriam, enquanto a água da chuva descia pelo seu corpo, trazia sua varinha na mão e todas as suas sardas estavam a mostra, marcas que ela sabia de cor a localização, podia traça-las de olhos fechados, seu corpo tremeu um pouco, e ela tentou impedir sua voz de falhar, antes que conseguisse perguntar:

— O que você está fazendo aqui, e por Morgana, Ginny porque você está nua?

— Eu queria chamar a sua atenção. – Respondeu prontamente, e um leve ar de riso passou pelo rosto da mais nova, ela nunca se cansava do senso de humor distorcido que a outra tinha. A ruiva tremia de frio, seus olhos estavam desfocados, a loira duvidava que ela tivesse alguma noção do que estava fazendo.

— Não parece ter sido sua ideia mais inteligente. – Falou, enquanto trazia a outra para dentro, e lançava um feitiço para seca-la.

— Não foi. -Ela riu. -Mas precisamos conversar, Luna. Por favor.

Luna assentiu, antes de continuar, seu rosto não demonstrava nada além de saudades:

— Sim, claro. – Ela tossiu para manter a voz firme. — Mas antes você precisa de um banho. Eu vou fazer um chá para gente. Vista algo, pode pegar no meu quarto. – A ruiva concordou e se dirigiu para o banheiro, enquanto a loira respirava fundo e ia em direção a cozinha, lagrimas já ameaçavam cair de seus olhos.

*

Demorou um pouco para se recompor na cozinha, mas logo subiu com o chá e encontrou a mais velha secando seus cabelos em seu quarto. Luna esboçou um levo riso se sentindo nostálgica com a cena. Era algo que estava tão acostumada a ver - sua Ex-namorada, ali em seu quarto após um dia cansativo,que não percebia, até agora, o quanto tinha sentido falta. Entregou o chá a garota, que aceitou prontamente, enquanto sentava na cama. Seus olhos castanhos estavam um pouco mais calorosos quando ela sorriu e deu o primeiro gole.

— Está uma delícia. – Falou. Luna sorriu.

— Você está bêbada. – Seu tom não trazia nenhum reproche, era apenas uma afirmação.

— Um pouco, mas nunca estie mais sã. -Respondeu.

— Acho que deveríamos conversar amanhã. Você pode dormir aqui, eu vou para o quarto de hospedes. – Falou querendo encerrar aquele dia o mais rápido possível. Era difícil demais manter sua decisão estando tão perto assim de Ginny.

— Eu não estou com sono. – Falou a ruiva tentando conter um bocejo.

— Você vai dormir em cinco segundos, Gin. Eu coloquei uma poção do sono no seu chá. - Falou rindo, vendo a outra retribuir seu sorriso de forma letárgica, lhe entregar a xícara de chá, e logo cair no sono.

Seu sorriso morreu logo em seguida, era doloroso vê-la ali. Deixar a garota foi a coisa que mais lhe doeu na vida, Ginny não era apenas a sua namorada, era também a sua melhor amiga, era quem tinha ficado ao seu lado em todos os seus problemas e em todos os momentos felizes. Ela sabia que não podia mais esconder quem era, mas queria tanto ficar ao lado do amor da sua vida. Sentia que a cada desentendimento que tinham sobre o assunto, era como se um abismo se aprofundasse cada vez mais entre as duas. Suspirou enquanto caminhava para o quarto de hospedes. Sabia que a noite seria longa.

*

Quando acordou no dia seguinte, após ter demorado quase uma vida para conseguir adormecer, voltou para o seu quarto querendo saber se a mais velha já havia acordado. Ao adentrar o cômodo, ainda pensando nas dores que tinha sentindo noite passada ainda mais fortes e presentes que nunca, tudo que encontrou foi um pedaço de pergaminho sobre o travesseiro, com a caligrafia desleixada da outra. Dizia apenas “Eu estou pronta, por favor espere por mim. Prometo que não vai se arrepender” e sorriu, se sentindo feliz pela primeira vez naquela semana tão conturbada. Só a possibilidade de voltarem a ficar juntas já a deixava em êxtase.

Não foi até a semana seguinte que teve noticias da outra. Por mais nervosa e ansiosa que estivesse tentou levar sua rotina como sempre, tanto em casa, quanto em seu trabalho. Sabia que Ginny precisava de um tempo e era isso que estava lhe dando, mas foi uma sensação deliciosa que encheu seu peito na noite que chegou em seu quarto após um dia cansativo de trabalho, desejando apenas um banho quente e viu mais um pergaminho com a letra da garota. Trazia as palavras: “Por favor, vá”, e havia um ingresso acoplado, era o ingresso para o primeiro jogo da temporada de quadribol, as Harpias de Holyhead iriam jogar contra o Orgulho de Portree. Gina falava disso havia meses, seria um jogo importante. Sorriu consigo mesmo.

*

Para sua felicidade Luna deu de cara com Hermione, Ron, Harry, Draco, Neville, Dino e Simas esperando por ela em frente ao estádio onde seria o jogo. Ela sorriu um pouco nervosa assim que chegou perto dos amigos. Ela sentia tanta falta deles. Como sempre, depois que você sai da escola, sua vida vira uma loucura e por mais que se tente, nem sempre se consegue manter um contato tão grande, as pessoas simplesmente pareciam ocupadas demais.

              - Oi, gente. Como vocês estão? Que saudades. -Saudou a loira cumprimentando e abraçando a todos.

              - Luna, como vai? – Hermione a abraçou de forma apertada.

              - Estavam me esperando para entrar? – Ela sorriu.

              - Sim. – Harry respondeu, Draco deu um leve sorriso para a garota. Ele e Harry haviam ficado muito amigos de um tempo para cá e ela desejava muito que eles percebessem que queriam mais que isso, e fossem logo felizes juntos. Sorriu sozinha pensando nisso, quando foi distraída pela voz de Ron.

              - Então... Vamos subir?

Todos concordaram e logo se dirigiram ao camarote ao qual seus ingressos davam direito. Lá tudo era muito aberto e exposto. Estava em um dos andares mais altos, se não o mais, no estádio. Dez lugares eram desposto ao redor, algumas mesas com aperitivos e bebidas também. Sorriu ao ver Ron se dirigir para perto da comida, algumas coisas nunca mudavam. Notou que, além do camarote se abrir para o campo, ficava também de frente para um telão que provavelmente seria usado para transmitir os melhores lances do jogo. Aparentemente estavam no limite do horário, pois assim que se sentaram os jogadores dos times começaram a ser anunciados e a entrar em campo. Automaticamente a conversa morreu no ambiente e todos só tinha olhos para os jogos.

*

Luna estava tremendo, e ela não acreditava no que estava acontecendo. Gritava com todas as suas forças de felicidade, abraçava seus amigos que pareciam tão felizes quanto ela. Ginny tinha pego o pomo após uma disputa extremamente acirrada contra o apanhador do time adversário, o telão passava os melhores lances que haviam acontecido durante a partida, mas ninguém parecia dar muita atenção a isso. Ela sentia que ficaria rouca a qualquer momento, mas não importava, a euforia consumindo seu corpo, lagrimas de felicidade escorrendo por ter feito parte de um momento tão importante de Ginny, e principalmente, junto com os amigos. Ela estava tão feliz que demorou a notar que, diferente dos outros jogadores, a ruiva não havia ido em direção ao chão, e sim vinha em direção ao camarote em que estavam  a câmera do telão parecia acompanhar a garota, visto que ela aparecia lá, e a atenção de todo mundo parecia estar focada nele. No momento que a garota entrou no camarote e desceu da vassoura, ela tremeu, parecia não ter mais força alguma em sua perna. Ginny era linda, porém Ginny pós jogo era capaz de enlouquece-la. Seus cabelos desgrenhados por conta do vento e da velocidade, sua face vermelha pelo esforço e seus olhos castanhos tão calorosos que pareciam milhões de abraços. Luna viu a outra respirar fundo e automaticamente fez o mesmo. Sorriu quando notou que a câmera agora focava nas duas e ficou vermelha. Quando Ginny começou a falar, ela teve a serendipidade de notar que a voz dela repercutia em todo o campo, e que Ginny parecia muito nervosa.

              - Luna esse tempo que a gente passou longe, foi pouco, mas eu nunca me senti tão perdida na vida. Foram as piores duas semanas que passei e o que me fez aguentar foi saber que eu estava fazendo de tudo para que eu nunca mais ficasse longe de você novamente. -Luna riu e soluçou, lagrimas corriam pelos seus olhos. – Todas as coisas ruins que já aconteceram comigo foram fáceis de suportar porque eu sabia que eu sempre teria você ao meu lado. -Ginny também chorava agora, mas já não tremia mais, sua voz parecia que falharia a qualquer momento. – Você não foi só a minha melhor amiga, você foi, e é o amor da minha vida, e eu te amo tanto que dói, dói demais pensar em não passar a minha vida inteira ao seu lado. E por Merlin, eu amo tanto você.

              - Eu também te amo. – Luna sussurrou entre o choro fazendo a apanhadora rir um pouco. 

Luna a viu meter a mão no bolso do uniforme e suspirar aliviada ao constatar que o que fosse que procurava ainda se encontrava ali dentro. Uma parte do seu cérebro constatou que a câmera estava próxima demais e focada demais nas duas, o suficiente para todas as pessoas no estádio ofegaram ao verem que o que a jogadora tinha no bolso era uma caixinha com um lindo anel de diamante.

              - Eu sempre me perguntei se iria ser digna de amar alguém o bastante para querer acordar com aquela pessoa ao meu lado pelo resto da minha vida, e eu tenho exatamente isso quando estou ao seu lado. Então... -Ela suspirou. – Você... Você quer casar comigo, Lu?

Luna sorriu, e riu, e gargalhou enquanto fechava a distancia entre as duas e gritava um sonoro sim. Beijou a garota com todo o seu amor. Colocando tudo o que sentia por ela naquele beijo. Registrou que as pessoas aplaudiam emocionadas, felizes em fazer parte daquele momento, mas aquilo não importava. Nada daquilo importava, ela só queria colocar naquele beijo toda a saudade e a dor que sentiu por estar longe do seu amor, colocar toda a felicidade que estava sentindo naquele momento.

Hermione chorava abraçada com o noivo, Draco e Harry apertavam a mão um do outro com olhares cumplices, e Neville, Dino e Simas pareciam tão felizes quanto os outros, mas ela só tinha olhos para a sua noiva. Seus amigos esquecidos, os outros jogadores esquecidos, os torcedores esquecidos. Ela amava Ginny, Ginny a amava elas iriam ficar juntas para sempre e todo o resto poderia ir ao inferno de tanto que ela se importava.

              - Eu amo você. – Ela disse. – Tanto e a tanto tempo que eu não sei mais viver sem esse sentimento, sem o que você me traz.

              - Eu amo você, Luna Lovegood.


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Notas finais do capítulo

É isso, gente.
Me deixem saber o que acharam ♥