Hapiness and it's side effects escrita por Lillac


Capítulo 2
Jirou, Denki, e como cuidar de uma bailarina cansada


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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— Você está, tipo, a meio caminho da cova, hein?

— Jirou — Momo choramingou.

A garota riu levemente, afagando o topo da cabeça de Momo.

— Estou brincando, você é incrível — disse. — Mas parece mesmo meio morta, cara.

Momo se sentia meio morta. E nojenta. Não conseguiria nem tomar banho depois de chegar no apartamento que dividia com a amiga, então ainda se sentia um tanto grudenta de suor, embora o condicionador de ar ligado no máximo durante a madrugada houvesse impedido essa probabilidade.

— Não deu tempo de fazer café, mas eu deixei torradas e um ovo mexido para você no fogão — ela informou, ficando na ponta dos pés para alcançar a garrafinha térmica que Momo havia colocado no armário. Bufando, comentou: — por que você sempre coloca tão alto?

— Você é um anjo, Jirou — disse, pensando na comida.

— É, é. Mas tenta descansar um pouco, ok?

Momo concordou. Jirou despediu-se dela e saiu levando sua guitarra para fora do apartamento. Ela tinha alguma aula extra no campus às sete da manhã, e precisava sair mais cedo, enquanto Momo podia ficar para ser miserável sozinha entre suas quatro paredes. Ela deslizou de onde estivera sentada no balcão e rumou para escovar os dentes.

Por força do hábito, checou o celular. Mina havia lhe enviado sete imagens diferentes e havia um correio de voz de seu pai. Como sempre, o grupo em conjunto da Academia de Dança estava borbulhando de mensagens, enquanto o menor, só com os bailarinos, tinha apenas algumas mensagens de bom dia.

Nenhum número desconhecido havia lhe mandado mensagem.

Talvez Todoroki Shouto estivesse destinado a ser apenas aquilo. Uma memória da qual ela não conseguia se lembrar.

 

Os dias se transformaram em semanas, e as semanas em meses, e numa certa manhã, Momo acordou com alguma neve amontoada na parte externa do parapeito da janela do seu quarto. O inverno havia chegado. De repente, o relógio dela virou de cabeça para baixo, e não haviam mais dias e madrugadas, apenas alongamentos, e Adágio, e ajudar Denki a calibrar um resistor, e lembrar de mandar congratulações à mamãe por mais um recital, e Balancé, Momo! E não se esquecer de tirar o amplificador de Jirou da tomada, e, sim Mina, eu dormi no banco da lanchonete, qual é a surpresa? E então lembrar que sua colega de mesa sempre calculava a intensidade da corrente errada, então ela precisava balancear a equação antes de passar a limpo, e não, Jirou, eu não esqueci de escovar os dentes, e Allegro! Embora ainda lhe parecesse devagar demais, e não deixar passar que o projeto de pesquisa era para dali há três dias, e agendar o voo de volta para Tóquio depois das finais, porque as passagens no começo do ano ficam muitos caras, e Assemblé, e

À terre! — Amajiki exclamou, pingando de suor, e bateu palmas uma vez para sinalizar que a rotina havia terminado. — Muito bom pessoal.

Momo reclinou-se como estava, com as pernas ainda estendidas no chão, e tentou respirar fundo. Seu corpo todo queimava com a dor e a exaustão, mas ela não era a única. Para onde olhasse, veria seus colegas bailarinos ofegando e resmungando para colocarem-se de pé, os cabelos encharcados de suor e desgrenhados e o completo oposto da imagem que eles apresentavam em uma noite de recital. O próprio Amajiki parecia próximo do seu limite, com o cabelo amarrado na nuca e o rosto vermelho.

Até Mina parecia ter perdido parte da sua costumeira animação, embora não toda. Momo estava contado que Denki conseguisse assinar seu nome na lista de presença por ela, porque aquela era, muito provavelmente, a última falta que que ela podia ter no semestre. Por outro lado, com a competição em menos de duas semanas, ela não podia deixar de comparecer a nenhum ensaio.

Quando Mirio sugeriu um almoço reforçado, todos acharam uma boa ideia. Uma ótima ideia, na verdade. Se perguntassem à Momo, ela provavelmente seria capaz de recitar uma lista inteira de bons adjetivos para ela. Se não estivesse tão cansada.

Mirio era um rapaz legal, e bastante carismático. Ele parecia saber exatamente qual prato pedir para levantar os ânimos de Amajiki e Nejire, e, entre uma batata frita e outra, comentou:

— Vocês querem assistir às quartas do campeonato? É hoje à noite.

Momo já estava com um “não, obrigada” na ponta da língua, mas Mina e beliscou por baixo da mesa e disse que elas com certeza iriam, e Mirio pediu que ela o lembrasse quando voltassem para o Studio. Mais tarde naquela noite, enquanto Momo segurava seu próprio ingresso em suas mãos trêmulas e se perguntava o que diabos Mina tinha na cabeça, a garota respondeu:

— O que nós precisamos é extravasar estresse — disse, firme. — E nada melhor do que gritar com alguns caras musculosos que estão se quebrando em um ringue.

Momo não podia discutir com aquilo.

 

 

Eventos de MMA eram insanos, e Momo sentia que não estava muito vestida para a ocasião. Com um suéter branco e uma saia rosa pastel, ela observou enquanto os outros atendentes passavam por ela em seus jeans apertados e camisetas escuras, blusas quadriculadas e jaquetas agressivas. Alguém assoviou, mas ela não soube dizer quem.

Nejire a achou, puxando Amajiki junto, e eles encontraram Mina no lugar reservado. Ela já estava gritando à plenos pulmões, balançando ao som da música de rock que tocava dos altos falantes, e a veterana se juntou a ela rapidamente, rindo. Momo e Amajiki se contentaram com um balançar de cabeças.

O narrador anunciou o início, e a plateia foi à loucura. Mina gritou alguns palavrões, e Nejire pulou.

— Começando pelos pesos pena... — o narrador anunciou em francês, juntamente com um nome que ela não reconhecia, e foi rapidamente traduzido pela voz que saia das caixas de som — versus... a promessa do Japão, o campeão mais jovem da Ásia, ele, TODOROKI SHOOOOUTO!

Mina soltou um grunhindo animado, e pulou nos ombros dela.

— É o campeão! — apontou.

E era mesmo. Todoroki entrou no octógono vestindo uma bermuda branca e com o cabelo preso com uma faixa para trás. No shopping, ele havia parecido inofensivo e distraído, quase apático, mas ali, com os holofotes sobre ele e o olhar fixado no oponente, Todoroki parecia quase um predador prestes a atacar. Momo achava que nunca havia visto ninguém com um olhar tão feroz. E olha que ela conhecia o pai dele.

A luta começou. Todoroki não era rápido, ao menos, não tanto quanto o outro lutador, mas resistia a cada golpe como uma parede sólida. Toda vez que era atingindo, a plateia rugia e gritava, pedindo por mais, enquanto o estômago de Momo afundava. Ele levou um soco na mandíbula que despejou sangue pelo seu queixo, mas não vacilou mais do que um segundo. Desviou do próximo, e do próximo. Mas ele foi tendo que recuar, cada vez mais, até estar imprensado na grade.

Ali, levou três ou mais socos no queixo até conseguir se desvencilhar o suficiente, quando levou outro golpe no torso. Sangue manchava o seu abdome e o que havia escorrido da boca salpicava a clavícula. Um inchaço se formava acima da sobrancelha direita. Ele rodeou o octógono em passos rápidos, mantendo os punhos na frente do corpo, enquanto o outro lutador o seguia de perto.

Um segundo chute finalmente o acertou no ombro, e o fez bambear até dobrar um joelho. Foi a deixa para o outro avançar, que o golpeou sem hesitação. Quando ele o acertou na ponta da cicatriz, Momo fechou os olhos, pestanejando, mas Mina gritou animada.

Curiosa, Momo forçou-se a voltar a olhar. E assistiu, embasbacada, quando Todoroki o atingiu com um chute tão forte que o outro perdeu a postura. E então outro chute, e um cruzado com a esquerda que o acertou na lateral do queixo, um jab com a direita, tão certeiro no meio do nariz que ela achou que o rapaz fosse cair ali mesmo, mas—

— É isso, senhoras e senhores! A chama finalmente retornou para o octógono, e ele está colocando fogo em tudo! — o narrador gritou a plenos pulmões. — Com um hook de direita, Todoroki Shouto ganha por NOCAUTE!

Os joelhos de Momo ficaram fracos, e ela caiu sentada na cadeira.

Mirio ainda tinha um roxo do lado direito do rosto e uma marca de batom azul (cortesia de Nejire) quando os encontrou na saída. E tinha companhia.

— Meninas, esse é Shouto — ele apresentou. — Shouto, essas são a Momo e a Mina. São da mesma academia que o Tamaki e a Nejire.

— Eu sei. — Todoroki respondeu, parecendo voltar à neutralidade que ela havia visto no shopping. Momo se perguntou se era sempre assim com ele. — A primeira parte, pelo menos.

Mirio pareceu confuso, mas estava tão dopado de felicidade com a sua própria vitória que simplesmente deu de ombros.

— Você foi muito bem — Momo cumprimentou, segurando a alça da bolsa para impedir as mãos de tremerem.

— Obrigado.

Nejire os arrastou para o que ela chamou de “restaurante da vitória” que era só uma lanchonete de esquina com um milk-shake muito barato. Momo conseguia ver que tinha algum tipo de história por trás daquilo, mas não quis se intrometer. Ela acabou sentada entre Mina e Todoroki, e, quando Nejire levantou a mão para fazer o pedido:

— Ei, Shouto, seu mané — a garçonete riu, parecendo incrédula — é tu mesmo?

— Camie. — ele cumprimentou — não esperava te ver aqui.

Ela apoiou uma bandeja vazia de forma vertical na mesa, inclinado o rosto da borda. Ela era muito bonita, inclusive sem maquiagem e precariamente iluminada pela lâmpada oleosa.

— O Inasa tava louco pra ti ver lutar, mas nem deu — ela informou. — Como que foi, cara?

— Bem. Passei para a próxima etapa, então meu pai não deve ter do que reclamar.

Camie riu alto, e depois, parecendo se lembrar que ainda estava a serviço, perguntou o que eles queriam pedir. Depois que ela foi embora, Todoroki pareceu notar os olhares inquisitivos.

— Camie e eu fomos para a mesma escola interna na Holanda — disse. — Um amigo dela costumava treinar comigo, mas ele sofreu um... acidente. A gente ainda se vê, às vezes.

Momo se perguntou que tipo de coisa acontecia na vida de alguém para transformar uma aluna de colégio interno na Europa em uma garçonete de um lanche duvidoso. Mas eles comeram, e os hambúrgueres eram surpreendentes bons. Ela estava terrivelmente consciente da presença de Todoroki ao seu lado, com os band-aids e curativos e lábios ainda um pouco inchados. Não sabia dizer exatamente se poderia considera-lo como conhecido, quando a única coisa que tinham era um encontro aleatório em um shopping.

Eles acabaram não conseguindo se despedir, porque, quando Todoroki levantou para ir ao banheiro, Mina recebeu uma mensagem da mãe no celular, que parecia urgente, e Momo imediatamente se prontificou para lhe dar carona.

Ela não soube como aquela noite terminou, mas, quando voltou do condomínio de Mina, arrastando os pés de tanto cansaço e tentando não acordar Jirou, sentiu o celular vibrando com uma mensagem.

Número desconhecido.

É

Bem

Você ainda está acordada?

 

— Então você está me dizendo — Jirou mexeu o suco de laranja com a colher, olhando-a por baixo da franja daquele jeito você totalmente não vai escapar dessa conversa, garota — que vocês não trocaram nenhuma outra palavra depois disso?

Momo reclinou-se na cadeira, desolada.

— Alguns “bom dia” e “como vai”, nada mais do que isso.

— Talvez ele estivesse entediado.

— Talvez — ela apoiou o queixo em uma mão. — Ou ocupado.

Jirou remexeu um pouco mais o suco dela.

— Eu nunca fui muito ligada nessas paradas de celebridades — disse — ele era tão famoso assim lá no Japão?

— Não ele. O pai — respondeu.

Ela olhou fixamente pela amiga por um momento. Jirou provavelmente saberia quem era All Might, campeão basicamente invicto dos pesos pesados por quase uma década. Toshinori Yagi era quase uma lenda no Japão, então mesmo quem não era um grande admirador de esportes o conheceria. Seria impossível que não, visto que produtos com a marca dele estavam espalhados em todos os lugares, das mochilas, ao tênis, e chaveiros, e bonequinhos de ação. Lembrava-se vagamente de ter visto alguns exemplares de revistas em quadrinhos com All Might na capa.

Mas era compreensível que Jirou não conhecesse Endevour. A própria Momo só o conhecia porque, além de eterno segundo lugar do MMA mundial, Enji Todoroki também era um grande acionista e um dos principais nomes no mercado. Sua família tinha o que poderia ser comparado à uma significativa fortuna, quase o suficiente para se equiparar à dela. Vira-o, juntamente da esposa e dos filhos mais velhos, inúmeras vezes nos eventos de gala e jantares para os quais era levada quando mais nova.

— Mas a Mina diz que ele é bem famoso também — disse, ainda pensativa. — Com quem gosta de esportes, digo.

— Nesse caso, por que você não pergunta do Midoryia?

— Perguntar o quê? — Momo piscou. — Eu não tenho nada a ver com ele.

Jirou deu de ombros, vencida.

— Se você — e, como se só então acometida por um pensamento, sorriu de canto e disse: — nesse caso, acho melhor não comentar com o Deku. É capaz dele surtar quando souber que você conheceu o garoto pessoalmente.

 

 

Faltavam quatro dias para a grande noite do recital, e Momo já não sabia mais qual era seu nome. Ou quase. As rotinas ficaram absurdamente mais duras, e ela parou completamente de ir à faculdade. Por sorte, Denki realmente deu um jeito de continuar assinando seu nome, ou ela perderia quase todo o semestre.

— Não tem problema... — Denki havia dito, quando passara no apartamento delas para buscar Jirou para um show que iam juntos. Ele parecia meio incerto, coçando a nuca — mas como você vai fazer para as provas? Não tá indo para nenhuma aula.

Jirou a olhara daquela forma repreensiva, como havia fazendo cada vez mais frequentemente, e Momo desviou o olhar, sorvendo um generoso gole do seu chá preto misturado com energético. Argh. Ela odiava profanar a essência de um bom chá assim.

— Eu posso estudar quando o recital terminar — garantiu. — Não se preocupe.

Denki não pareceu acreditar, mas não quis discutir. Depois que ele e Jirou foram embora, Momo se apressou para pegar a mochila onde guardava suas coisas do balé e já ia rumar para a porta quando seu telefone tocou. Do quarto.

— Eu não acredito que eu ia esquecer isso — resmungou, marchando de volta.

Era sua mãe.

Ah, céus. Se fosse qualquer outra pessoa, Momo poderia usar um pretexto para desligar rapidamente e correr para o ensaio. Mas não apenas havia recebido uma criação tão fortemente ditada pela etiqueta que jamais lhe permitiria tratar a mãe com qualquer forma de desrespeito, como também... sentia terrivelmente a falta dela.

Por isso, sentou-se na cama de baixo do beliche, com as costas para a parede, e deixou que a mãe falasse. Sua voz era altiva e concisa, e ao mesmo tempo, revigorante, acolhedora... com uma estranha sensação de lar. A medida que a mulher do outro lado da linha ia falando, Momo sentia as dores nas costas ficando dormentes, os pés balançando por conta própria... e antes que pudesse perceber, já havia parado completamente de registrar as palavras, deixando apenas o som da voz carregar seus pensamentos.

— Ai, minha filha. Eu sinto tanto. Você deveria estar indo para o ensaio, não?

— Não, mamãe, está tudo—

— Eu ligo de novo depois. Boa sorte! Te amo, beijos.

A linha ficou muda, e Momo segurou o celular com uma mão dormente.

— Bem, eu já estou atrasada mesmo...

Pela primeira vez na semana, checou seu celular. Haviam centenas de mensagens empilhadas. Algumas de grupos, outras de colegas de turma, uma quantidade assustadoramente pequena de Mina (a outra garota também estava ocupado com a sua própria apresentação), várias notificações do e-mail institucional (ela havia dado a senha à Denki para que ele respondesse por ela, por enquanto), e, surpreendentemente, algumas de...

Todoroki S.

Diga ao seu amigo que eu sinto muito, mas não estou

disposto a vender o meu autógrafo do All Might.

 

Um pequeno sorriso se formou nos lábios de Momo. Ele nem se lembrava mais da conversa com Midoryia. Mas aquela mensagem era de quase uma semana atrás.

Eu não quero ser inconveniente, mas eu lembro

de você dizendo que gosta de chá?

Minha irmã disse que chá gelado é bom para o estresse.

É só fazer chá normal e colocar na geladeira?

 

Outra risada, dessa vez com direito a um balançar de ombros. Estava prestes a pedir desculpas pela demora para responder, quando viu a última mensagem:

Ashido me disse que você está na última semana de ensaio?

Não precisa responder se não tiver tempo.

Boa sorte.

 

Meneando a cabeça, Momo enfiou o celular no bolso do short interno da saia, e colocou a mochila no ombro. Com o carro na oficina, era um longo caminho dali até o estúdio de ônibus. Ela teria tempo o suficiente para responder. E talvez até para dormir um pouco.

Depois disso, os dias passaram como cenas de um filme. Ensaiar, dormir, comer, ensaiar, ensaiar, ensaiar, dormir, ensaiar e...o que vinha depois disso mesmo? Ela balançou a cabeça para organizar os pensamentos quando Amajiki passou por ela, supervisionando as posturas da equipe da frente. Quando a véspera do recital finalmente chegou, e eles receberam um dia de folga para descansar, Momo só não dormiu por vinte e quatro horas seguidas porque Jirou a acordou com um spray de água para gatos e, com a ajuda de Denki, a manteve acordada por tempo o suficiente para que ela pudesse comer ao menos uma tigela de iogurte com cereais.

Foi também Denki quem a acordou no dia seguinte, bravamente a carregando até o chuveiro onde deixou que Jirou a enfiasse debaixo da água gelada até que Momo gritasse, finalmente despertando.

— Desculpe por isso — disse, pingando onde Momo havia feito a água espirrar nela — mas você não pode perder seu grande dia.

Após um banho gelado e um café da manhã digno da sua mansão em Tóquio (ou o mais perto disso que Jirou conseguia lhe proporcionar com o seu salário de estagiária na loja de instrumentos), cortesia das habilidades culinárias questionáveis de Denki, Momo já sentia bem melhor. Os últimos ajustes foram feitos no figurino, enquanto Amajiki andava de um lado para o outro, ansioso, e a equipe de dança de rua fazia seus próprios preparativos no camarim ao lado.

— Ih, olha só! — a voz de Mina surgiu ao seu lado de repente. Ela nem havia visto quando a outra garota se aproximara. — Eu tinha esquecido do quão gata você fica quando tá maquiada, Yaomomo!

Momo abaixou os olhos, envergonhada, e agradeceu. De repente, Nejire enfiou sua cabeleira azul pela porta e gritou alto o suficiente para chamar a atenção de todos os bailarinos. Mina fez um som engasgado e saiu correndo na direção da líder da equipe dela, desejando um “boa sorte” para Momo por cima de ombro, enquanto sorria animada. Amajiki acenou, vermelho, para a namorada e voltou a murmurar com a maquiadora.

O coração de Momo batia no peito como uma das baterias de Jirou. Ela conseguia ouvir o sangue correndo em suas veias, os pés formigando de antecipação dentro da sapatilha, a garganta ficando seca. Retocou o batom de novo. Esfumaçou o delineador um pouco mais. Tapeou as unhas na borda do banco. Retocou o rímel. Cantarolou baixinho. E ainda assim, ainda assim, ainda assim.

— OK pessoal! — Amajiki chamou a atenção de todos. — É a nossa deixa.

Mais tarde, Momo pensaria como não lembrava de ter caminhado até o palco. Não se lembrava dos outros dançarinos a circundando ou dos violinos, sutis, começando ao fundo. Tudo o que ela se lembraria era do chão encerado, da respiração entrecortada...

E de ver uma cabeleira excêntrica estranhamente familiar, um buquê de flores e um olhar curioso a observando da primeira fileira.

A música começou, os holofotes refletiram nas suas retinas, e Momo dançou.


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