Um Conto de Natal escrita por Celedrin


Capítulo 2
Capítulo Dois


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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···

Bruno desceu da motocicleta em frente à casa de Fabiano, ansioso. Não conseguiu falar com ele, nem avisar que viria, sentia-se muito intrometido.

Podia imaginá-lo perfeitamente, aquela franja longa, aqueles lindos olhos negros, seu sorriso...

Enquanto caminhava até a porta, conferiu a sacola com o presente de Fabiano, havia posto sua aliança ali dentro, junto do vídeo game, atualmente aquele parecia estar vendendo bastante, e, apesar do preço e de não estar assim com tanta grana, o namorado merecia.

Tocou a campainha e quando fez feição de remover as luvas, a porta se abriu e uma moça asiática de cabelos loiros que bebia numa caneca apareceu. Ficou encarando-o por alguns segundos até perguntar:

— Você é quem?

— Me... Me chamo Bruno. O Fabiano tá por aí?

— Ah, tá sim... - Murmurou desconfiada, o irmão costumava apresentar os amigos em casa, se aquele ali ela não conhecia, coisa boa não era. - Entra aí. Vou chamar ele.

— Não, não, tudo bem, eu espero ele aqui! - Murmurou rubro.

— Entra aí, ninguém aqui morde.

Sentia vergonha, muita vergonha. Por entrar na casa, por considerar dizer não ao pedido, por conhecer a família do rapaz logo que entrou, por corar...

— Teu nome é Bruno, né? - Questionou a senhora sorrindo. - Estudam juntos?

— Não. Não, eu não estudo. Eu larguei a escola muito cedo...

— Ah, por que? Você ainda é jovem, ainda tem tempo, devia começar a pensar. Ninguém chega muito longe sem estudo.

Todos na sala fizeram silêncio, alguns considerando que a matriarca fora demasiado intrometida, outros apenas por curiosidade quanto ao desenrolar da situação, mas todos expectantes quanto a sua resposta.

 

— Para ajudar aos pais. - Respondeu o rapaz asiático que acabava de chegar à sala. - Mãe, esse não é o tipo de pergunta que se faz ao conhecer alguém... - Murmurou  enquanto se aproxima de Bruno que, sentado, preparava-se para entregar-lhe a sacola com o presente, a ação do menor foi impedida pela mão em seu rosto quando Fabiano se curvou e pelos lábios sobre os seus. Os olhos castanhos foram cobertos pelas pálpebras, enquanto sua mão alcançava ao maxilar do outro.

Na sala, todos estavam surpresos, principalmente os familiates.

Bruno não esperava por aquele beijo mas ainda assim retribuiu. Estava nervoso com coisas simples. Os pais de Fabiano deviam saber da sexualidade dele, então, se ele o beijou na frente de todos  é porque não tem problema, não é?

Deixou de dar muita atenção a isso quando ambas as línguas se encontraram.

Os irmãos de Fabiano riram, os pais estavam espantados, já seus tios e primos se mantiveram calados, esperando a repreensão que certamente viria.

— Fabiano! Que... - Falou seu pai, boquiaberto.

— Ah, meu... - Murmurou o irmão, levantando-se.

— Caraca!

— Mãe, se acalma! - Pediu Amália.

— Fabiano, que que é isso? - Gritou a mulher.

 

Apesar de tudo o que foi dito, ambos estavam absortos no ósculo, e quando separaram-se, sequer notaram o tumulto que se formou entorno deles.

— Amor, por que a gente não... - Fabiano foi interrompido quando uma almofada acertou sua cabeça, lançada por sua mãe, concluiu, ao ouvi-la gritar:

— Fabiano! - Gritou ela. - Que isso?!

— O que?! - Retorquiu.

— Cara, essa é a namorada que a gente tava falando? - Perguntou Frederico.

— Namorada...? - Aproximou-se Bruno. Más recordações chegaram a si e o menor mordeu o lábio desviando o olhar. - Que namorada, Fabiano?

— Amor, não é...

— Toma. - Ergueu a sacola contra o peito dele, não queria falar sobre, confiava no namorado só que ainda era inseguro, portanto, era melhor que falassem depois. - A gente conversa depois.

— Não! Amor, me deixa explicar!

— Eu não quero falar agora, depois a gente conversa. Depois você me explica.

— Foi só um mal entendido!

O moreno estaca ficando nervoso, decidiu apenas ouvi-lo, apenas encurtar o assunto.

— Então tá dizendo que não falou que tinha uma namorada?

— Não é bem isso... - Murmurou.

Bruno estava perplexo, não era um mal entendido, ele admitiu que não era, admuriu que tinha...

— Ma-Mas eu posso te explicar! 

— Quero nem saber, Fabiano! Namorada...? Há quanto tempo que...?

— Eu não tô te traindo!

— Não considera isso traição? Eu não tô te entendendo!

— Amor, não tem ninguém!

O mecânico fechou os olhos por cinco segundos, respirando fundo. Queria se acalmar, queria poder falar com ele direito, queria conversar e no meio daquela sala cheia de pessoas não tinha jeito, não iam conseguir.

Precisava de silêncio, de calma, precisava acalmar o coração!

— Cara, só vim te entregar isso daí, depois a gente conversa.

— Não... - Despedindo-se de todos, Bruno saiu tão rápido quanto passou por aquela porta. Fabiano o seguiu. - Amor, por favor, sobe comigo, vamos conversar. - O outro negou.

— Depois.

— Bruno... Eu não fiz nada. Olha... podemos ir pra outro lugar, vamos conversar direito.

— Fabiano, eu preciso de um tempo!

— O que?

— A gente conversa depois.

— Amor, como você vai simplesmente ir embora assim? Nós temos que conversar, Bruno, você não pode ir embora achando que fiz uma coisa dessas!

Estava nervoso, estava muito nervoso. Confiava no namorado completamente, sabia que ele era fiel, mas todas as vezes que fizeram piadas sobre si, todas as vezes em que seu ex o humilhou, todas as lembranças que Fabiano habilmente afastou, tudo isso voltou de repente. Sentia-se inseguro de novo, sentia medo e não do namorado, mas de si. Podia fazer bobagem se não esvaísse aquela angústia e não podia descontar aquilo em Fabiano.

— Não vou dizer mais nada hoje. Deixa que eu te ligo.

 

Parado contra a porta, o rapaz encarava o vazio, angustiado. Seu irmão chegou à sala pouco depois 

— Ô meu...

— Cara, cala a boca, olha a bobagem que dissesse! Frederico, ele vai terminar comigo, olha a bobagem que você falou!

— Foi só um mal entendido, com certeza...

— O último namorado traiu ele por sei lá quanto tempo, o Bruno ouvia piadinhas iguais a essa tua, tas achando que isso aqui é a Disney? Que vai querer voltar comigo só porque vou tentar explicar? Acha que ele vai sequer ouvir?! - Sua voz vacilou, e todos na sala puderam ouvir seus gritos. ficaram tensos. Os olhos temerosos do rapaz focaram na sacola branca em suas mãos, dentro dela, além do enorme embrulho de presente havia também um anel de compromisso. Negando, levou a mão tampando a visão de seus olhos turvos. Sua voz, porém, saiu tão trêmula quanto suas mãos. - Cara... 

O mais velho olhou em direção a saída de casa e correu!

Fabiano não aguentou continuar na sala após a enxurrada de lágrimas e soluços que viera. Subiu ao quarto, deitando-se na cama, chorando feito criança, não sabia o que mais poderia fazer.

Frederico por outro lado, sabia o que tinha feito errado e mesmo sem saber como consertar, precisava tentar pelo menos falar com o namorado do irmão. Não esperava, quando cursou a porta da casa que o rapaz ainda estivesse ali, ao lado da motocicleta de cor escura. Parecia conferir algo ali, porém o asiático não sabia identificar o que. Mesmo assim, reconheceu o rapaz de alguns anos atrás, ao menos era o que pensava.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler e até o próximo!



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