Kepler-452 escrita por Doutor


Capítulo 10
O planeta Planeta - parte final




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Quanto mais a nave de Venclir se aproximava do Planeta, mais tenso ficavam Mary e Vincent.

—Como faremos pra entrar?  A segurança deve ser absurda!

—Nem tanto. Existe mais um processo "mental". - finalizou Venclir. Mas o que significa o processo "mental"? Mary e Vincent não faziam idéia. 

Quando a nave entrou na atmosfera, Mary começou a sentir que tudo estava ficando estranho. Parecia a sensação que teve quando entrou em superposição. De repente, a superfície do planeta, visível a alguns quilômetros abaixo, começou a se distanciar. Por mais que se aproximassem, parecia o planeta estava encolhendo. E não era só isso, a atmosfera começou a ficar avermelhada.

—O que... - Mary olhou para os lados, mas viu que estava sozinha. Vin e o alienígena pareciam ter sumido repentinamente. Mary começou a caminhar em direção a porta para um dos corredores principais da nave, mas a porta começou a se distanciar. Quanto mais ela caminhava até a porta, mas distante a porta ficava, como se ela estivesse se afastando, não se aproximando. Mary começou a correr,  mas a porta só se afastou mais rapidamente,  fazendo, a desistir. 

—Droga! - disse ela. A garota teve uma sensação estranha nas pernas, e quando olhou para elas,  teve a impressão de que estavam crescendo. Ela também percebeu que seu braços estavam crescendo, o que tornou difícil se manter equilibrada.

Repentinamente, não estava mais na nave, mas sim no vácuo do espaço, cercada por objetos da terra e por asteróides. 

Esses asteróides começaram a se juntar e formaram uma nova terra. Então Mary viu todo o processo de desenvolvimento da Terra, desde o início até a era atual. Tudo passou em um piscar de olhos. 

Seus braços e pernas haviam voltado ao normal, e ela se viu em frente a porta da casa de seus pais. Mary, com o coração batendo rápido,  abriu a porta, mas nesse momento,  seus olhos se abriram.

Ela estava deitada em uma cama. Na cama da casa de seus pais. 

—O que? - falou sozinha.  Tudo parecia tão real. Será que a história de alienígenas foi só um sonho? Ela se levantou e foi até a cozinha. Sua mãe já servia o café da manhã na mesa.

—Oi, lindona! - disse a mãe de Mary. Mary correu para abraçá-la.

—Eu tive um sonho... horrível. - disse a garota, começando a chorar. - Pensei que nunca mais veria vocês.

Os pais de Mary acalmaram a garota e pediram para ela contar o sonho. Ela contou tudo.

Os dias de verão se seguiram normais, até que ela teve que voltar pra universidade. Tudo estava normal, Jessica continuava a mesma doida de sempre, mas Vincent não estava lá. Aonde ele estava? 

Mary passou a primeira semana procurando ele, até descobrir que nunca houve um aluno chamado Vincent van Gogh na escola. Ela tentou falar com Jessica sobre, mas a garota também não conhecia nenhum Vincent. Aquilo foi como uma facada na garota. Havia passado tanto tempo com Vin... Ou foi só um sonho?

Três meses após ter voltado pra universidade, um dia, Mary estava sentada em um banquinho em uma praça. Ela tomava um sorvete se preparava para a sua próxima aula. Ela deixou seu sorvete cair no chão quando avistou um garoto alto e magro com cabelos excêntricos. Era Vincent. Mary correu até o garoto e o abraçou. Vincent olhou para ela, muito confuso. 

—Vincent! Meu Deus, é você! Você é real!

—Mas... É claro que sou. E que-quem é você? 

—Sou eu, Vincent. Sou eu, Mary.

—Desculpe... Deve estar me confundido. Meu nome é Pablo Picasso.

Quando ouviu o nome de outro pintor, Mary se lembrou da confusão que havia na língua nativa de Vincent entre "pintor famoso" e "nome comum". Ela deu um sorriso e o abraçou, em seguida olhou para ele. 

—Então acho que devo te chamar de Karvatorofopianassamos. - quando disse esse nome, ela se impressionou. Foi a primeira vez que tinha conseguido dizer o nome verdadeiro dele sem gaguejar.

—O que? - disse o garoto,  espantado.

—Seu nome original. Karvatorofopianassamos. - disse ela.

—Meu nome é Pablo Picasso. - respondeu o garoto,  ainda confuso.

—Qual é, Vincent. Não precisa esconder. Eu já sei que você é alienígena. 

—O que? - a expressão no rosto do garoto mudou para uma expressão de medo. Ele começou a achar que a garota era louca. -Desculpe,  mas eu não gosto de maconha. - disse, e em seguida foi embora 

—Ei, espere! - Mary começou a caminhar até ele. Mas quando o garoto a viu, caminhou mais rápido. Quando percebeu, ambos estavam correndo. Mary corria atrás de Vincent, mas ele estavam. No fim, não conseguiu alcançar o garoto. 

Mary ficou triste. Talvez aquilo tivesse sido apenas um sonho.  No dia seguinte foi atrás de Pablo e pediu desculpas. Ela percebeu que aquele Vincent tinha a mesma personalidade do Vincent de seus sonhos, então logo se tornaram amigos.

***

Vincent acordou, caído no chão da nave. Acabara de sair de uma alucinação. Venclir também acordava, mas Mary continuava caída no chão. 

—É esse o... processo "mental"? - perguntou o garoto,  confuso. Ainda estava tonto.

—Sim... Anda, vamos! - disse Venclir, pegando o cubo.

—Ei, não podemos deixá-lá aqui! - Vincent foi até Mary. 

—Estranho.  Ela já deveria ter saído do processo. - pensou Venclir. -Depois tentamos resolver isso. Será questão de tempo até mandarem uma nave do exército galático pra cá. Vamos!

Vincent não teve escolhe. Deixou Mary deitada lá e foi com Venclir. O planeta Planeta parecia mais um deserto com areia formada de grãos de ouro. Era bonito, mas devia ser horrível de se enxergar quando era meio dia. Ainda bem que escolheram um horário aonde o sol já estava se pondo. 

Distante deles havia uma espécie de casa feita de metal.

—Ali! - disse Venclir. Os dois foram para a casa de metal. Nela havia apenas uma porta, nesse porta,  uma tela.

—E agora? - perguntou. 

—Vou ter que descobrir a senha. - disse Venclir,  começando a tocar na tela de várias formas possíveis, usando todas as suas mãos.  Uma das mãos parou um pouco e entregou uma arma de plasma para Vincent. 

—Ei! Pra que isso?

—Caso seja necessário. - esclareceu Venclir.

—Não gosto de armas.

—Vai gostar, caso o exército queira te matar.

***

Mary se arrumava. Seu coração batia rápido. No quarto aonde estava haviam várias mulheres,  algumas maquinado-a. Ela usava um vestido de noiva. Aparentemente ia se casar,  e aquilo a deixou muito feliz. A porta se abriu e Jessica entrou no local.

—Amiga! - disse Jessica, correndo pra abraçar a garota. -Você tá tão linda!

—Obrigada! - respondeu Mary. Após estar maquiada, Mary e Jessica ficaram sozinhas no quarto,  conversando. Quando a cerimônia começou, Jessica foi até a igreja e Mary esperou.

Quando chegou a hora de entrar acompanhada de seu pai, seu coração parecia que sairia pela sua boca.

Quando os dois entraram, Mary viu Pablo parado, esperando-a no altar. Ele estava realmente elegante, e seus cabelos estavam arrumados. "Pelo menos uma vez" disse ela, sorrindo. Ela se aproximou de Vincent e cerimônia se seguiu, até que chegou a hora dos votos. Mary pegou um papel.

—Pablo Ruiz Picasso...- começou. -... Quando nos conhecemos, você me achou a garota mais louca do mundo... E talvez eu seja... Mas mesmo assim, você me aceitou. Você sempre me amou, mesmo com todos os defeitos que tenho. - Mary olhou para ele. - As vezes parece que você nem é humano... Você é tão inteligente,  único... Eu não sei que palavras usar,  mas apenas sei que quero passar o resto da minha vida contigo. Você me faz viajar pelas estrelas, me faz conhecer um universo inteiro... Você não é um alienígena, mas pra mim, você é único.

***

Vincent atirava nos robôs do exército que chegavam enquanto Venclir terminava de baixar as informações sobre máquinas do tempo.  Dentro daquela casa estava o monitor do computador, que era o planeta inteiro.

—Pronto! - gritou Venclir, pegando o cubo.

—Ainda bem! Como sairemos daqui? - risse Vin, desesperado. Ele não sabia usar uma pistola de plasma, então apenas colocava sua mão pela porta e atirava para os lados.

—Estamos no computador mais poderoso da galáxia... enfrentando robôs. Basta apenas...- Venclir escreveu algo no computador e confirmou. Logo, os tiros dos robôs pararam -...desligá-los!

—Ue! Então por que mandaram robôs para protegê-los?

—Sei lá. Quanto mais robôs surgem, mais os seres inteligentes tem preguiça de pensar. - Venclir pegou o cubo e os dois foram para a nave.

***

Mary e Vincent estavam prestes a dormir. Estavam casados haviam três anos e Mary estava grávida do primeiro filho. Vincent terminou de escovar os dentes e foi até a cama, aonde Mary lia um livro.

—E então, amor... Você nem falou do trabalho. - disse ela. 

—Só estamos trabalhando na demonstração da hipótese de Riemann... Está dando páginas e páginas de cálculos. 

—Você sempre foi tão inteligente. - Mary deu um beijo nele e os dois se deitaram. Até certo horário,  Mary teve dificuldade pra dormir, mas repentinamente surgiu um sono muito forte nela, que a fez dormir em segundos.

***

Mary acordou, assustada. Seu corpo estava diferente. A garota tocou na acordou sua barriga e percebeu que não estava grávida. Mas não era só isso... Ela estava em uma nave... A nave de Venclir. Ela levou um susto ao se dar conta de que acabara de sonhar dez anos de vida. 

—Eu disse! O processo mental só está na atmosfera do planeta! - disse Venclir, ao perceber que a garota acordou. Vincent caminhou até ela.

—Pablo? - disse ela, ainda delirando.

—Pablo? - perguntou Vincent, confuso. - Acho que confundiu os pintores. - quando disse isso, ela balançou até cabeça e acordou mais. 

—O que aconteceu, quanto tempo estou dormindo?

—Umas duas horas. - respondeu Venclir.

—Duas? Mas se passaram dez anos! - exclamou Mary. 

—O processo mental é algo muito... curioso. Mas não vou explicar isso para você.  Vou levá-los para a carroça que vocês chamam de nave. - e então,  a nave de Venclir deu um salto. 


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