As Contrações da Fala escrita por Lyn Black, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 1
CAPÍTulo 1


Notas iniciais do capítulo

Que nervoso! É estranho finalmente postar essa história, mas vamos juntas, né meninas?
Boa Leitura!



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CAPÍTULO 1

 

It can cause betrayal it hurts

I can't be dreaming

The night deceives us,

A million voices inside my dreams

My heart is left so incomplete

— Running With The Wolves, AURORA

 

 

15 de agosto de 1981 - último ano da 1ª Guerra Bruxa

 

O cheiro de álcool empesteava a sala deixando as narinas de Remus infladas por seu teor. Era óbvio que mais ninguém ali se incomodava com aromas tão fortes e inebriantes, afinal, ele era o único lobisomem no recinto, e a Lua Cheia estava se aproximando.

Peter parecia entediado escutando o relato de Vance sobre seu último encontro com os Comensais, seu olhar vagando pela sala enquanto beliscava os bolinhos trazidos por Molly para o encontro da Ordem. Todos estavam visivelmente abatidos com as últimas baixas.

— Merda! – Todos pararam de falar ao escutar o barulho de vidro se quebrando e Sirius destilando seu especial relicário de palavrões.

O ar condensado da pequena sala de estar de Emmeline pareceu gelar com a tensão espalhada. O efeito de Black nos últimos tempos se resumia a isso: tensão. Dessa forma, antes que qualquer um pudesse se movimentar, Remus olhou para as mãos machucadas e se deu ao trabalho de guardar para depois o longo suspiro que queria escapar. Levantando-se, forçou um sorriso:

— Eu cuido disso – respondeu ao ver o olhar do grupo que quase implorava pelas mágicas soluções do quieto e prestativo rapaz.

Deixando para trás a salinha repleta de sofás e cores vibrantes, Remus fez seu caminho para a pequena cozinha de Vance. Logo que entrou lá, seus olhos arderam com a forte iluminação, mas sua vista rapidamente se focou no corpo de Sirius arqueado contra a pia, as mãos tensionadas e os olhos apertados, Remus observou meticulosamente, enquanto se apoiava na bancada. O cheiro do whisky de fogo derramado quase apagava a essência característica do bruxo.

— O que aconteceu dessa vez? – perguntou, munindo-se do seu jeito calculado para lidar com Sirius.

Black abriu os olhos cinzentos lentamente, olhando de cima abaixo o outro homem. Eram já homens feitos, não? Tinham de ser. Virou o rosto para encarar Remus, e o menino-lobo notou o cigarro ainda aceso na mão de Sirius.

— Nada, Remus, nada aconteceu – respondeu, sua boca crispando-se contra a sua vontade.

Lupin apenas conseguiu revirar os olhos minimamente, e retirando a varinha do bolso e, sem pronunciar uma palavra, livrou-se dos cacos de vidro e do líquido.

— Não é o que parece, Almofadinhas – comentou com delicadeza, dando um passo na direção de Sirius, porém, o Black pareceu se contrair com a aproximação, fazendo Remus desistir da ação.

— Para o meu lado, pelo menos, nada aconteceu. Nada acontece, Lupin, além de mortes. Enterro após enterro – replicou amargurado, cruzando os braços.

Havia uma chama nos olhos de Black, algo que não provinha de nenhum lugar daquela cozinha abafada. Logo, um vinco de confusão apareceu entre as sobrancelhas do menino de cabelos caramelados.

— O seu lado? – perguntou - Todos nós estamos sofrendo com as perdas. – Gesticulou com as mãos como fazia quando ficava nervoso.

Havia uma alerta na mente de Lupin. Ele recebeu, como resposta, uma risada latida de Sirius junto de um olhar congelante. O garoto de cabelos negros murmurou um feitiço e a porta se selou, extinguindo os sons da sala. Os ombros de Lupin instantaneamente se tencionaram.

— Você sempre foi o último a saber das fofocas. – Seus olhos cinzas eram penetrantes, mirando-o de uma forma desconfortável.

Black deu um risinho, mas ele mesmo não parecia enxergar graça ali.

— E você foi sempre o último a acreditar nelas, se bem me lembro – replicou Remus.

Sirius pareceu concordar com um menear da cabeça, então deu um trago no cigarro, deixando a fumaça escapar.

— Até ver com os meus próprios olhos – complementou, ao mesmo tempo que cravava as unhas contra sua palma.

O menino da lua tentou mirar o outro nos olhos, mas este desviou o olhar.

— Eu jurei pra mim mesmo que não contaria para os outros. Não depois de te defender de meses de fofocas sobre você trabalhar para você-sabe-quem.

Black agarrava a pia com força, suas veias saltando na mão. Remus arregalou os olhos, engolindo em seco.

— Ser um lobisomem nunca me deu a melhor fama, Almofadinhas.

— Porque você mostrava como aqueles idiotas eram apenas preconceituosos fodidos – O tom de Sirius aumentara muito naquela frase. –, mas quem se fodeu fui eu. – ele deu outra tragada.

— Pelas cuecas de Merlin, do que diabos você está falando?

Sirius deu um sorriso cínico.

— Pare de encenar, eu que te ensinei a fingir. Eu vi você e Alexei Greyback. Travessa do Tranco? Não te traz alguma lembrança?

Black tossiu um pouco. Remus empalideceu vários níveis na escala do branco embaixo da luz da cozinha, um calafrio se instalando dentro de seu corpo. O calor ali agora parecia insuportável e as palavras, entaladas na sua garganta como por um feitiço. Sirius cuspiu na pia, e andou, fazendo Remus recuar ainda mais contra a bancada de mármore.

— Você deveria se envergonhar de mostrar as fuças aqui. Nós entenderíamos se você encontrasse um companheiro para as suas luas – comentou com o desprezo se infiltrando em cada palavra – Mas Alexei Greyback? Afilhado de quem te fez virar isso?

Havia duas razões principais para Remus estar parecendo um fantasma; a principal era que ele deveria ter passado despercebido. Sirius continuou a falar:

— Não se preocupe, não vou dar a James o desgosto de saber que você confraterniza com o inimigo. Mas suma da minha vista, eu não tenho sanidade para lidar com o que isso significa. E, de preferência, agarre aquele projeto de gente em um lugar onde o Sol não alcança. Sabe como diz o ditado, não é? Amassos na guerra nunca são só amassos.

A ansiedade subia como vômito pela garganta de Remus, que parecia imobilizado diante do que Black jogava na sua cara, deixando subentendido o que pensava dele.

— Não é o que parece, Sirius –, tentou Lupin. – Eu não posso falar mais do que isso, mas confie em mim – suplicou. Suas palavras quase se embaralhavam na sua boca pelo desespero.

— Só vá embora, Remus. Não volte.

— Mas Sirius, eu... – Não conseguiu finalizar após ser interrompido.

— Eu não quero saber, isso acaba aqui.

Fi uma resposta quase sussurrada, entretanto, os sussurros de Sirius, Aluado sabia, eram piores do que berros e dedos acusatórios. Se dores pudessem matar, Remus sabia que seu cadáver já estaria sete pés abaixo do chão.   

 

 


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Notas finais do capítulo

Tenso... O que acharam? O que sentiram?
QUERO SABER DOS DETALHES HEIN GENTE!
Beijos enormes e até o próximo!



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