I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 5
Threat


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado e atualizado em 07/07/2021



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Threat - Capítulo V

O dia amanheceu cinzento naquela manhã de sábado. Garoava levemente do lado de fora do castelo, e uma neblina rasa tomava conta do solo. Ao se levantar, Ilka notou que suas colegas de quarto, as não tão queridas assim, já haviam saído para o café da manhã. 

Emma ainda dormia tranquilamente e a garota não se importou em acordá-la. Aproveitou esse momento sozinha para terminar sua poção.

Tirou o frasco de vidro escuro de seu baú, pois este estava escondido entre suas roupas. Caçou também o seu par de botas sem salto, embaixo da cama, pois havia escondido dentro de uma delas o pequeno frasco que continha o veneno de acromântula. 

Era muito raro para ficar escondido junto com o outro, seria óbvio demais. Destampou o frasco mais escuro e pingou algumas gotas do veneno lá dentro com cuidado.

A poção que antes era esbranquiçada, se tornou negra e levemente transparente. 

Ilka sorriu, satisfeita com o resultado, e guardou o frasco menor. Tampou o maior com vigor e o colocou em sua bolsa, junto com o seu exemplar de A mulher sem varinha, e seus materiais de aula - sua pena com tinteiro e alguns rolos de pergaminho.

Pegou suas vestes do dia e caminhou para o banheiro, onde tomou um banho quente e arrumou-se. Naquele dia optou por uma blusa grossa e escura de mangas compridas e gola alta, junto de uma saia de cós alto de flanela vermelha, que batia acima dos joelhos. Meias calças escuras lhe cobriam as panturrilhas, e em seus pés usava um sapato estilo boneca de salto grosso. Não abriu mão de sua diadema de veludo naquele dia.

Ao voltar para o quarto notou que Emma já estava de pé e procurava por uma muda de roupas em seu próprio baú.

— Bom dia, Macmillan. Vou esperar por você na sala comunal para subirmos juntas para o refeitório – disse, enquanto catava sua bolsa largada ao lado da cama.

— Ok, prometo não demorar muito – respondeu Emma, parecendo contente com a atitude da colega.

Emma não tinha muitos amigos e, apesar de Ilka sempre se demonstrar muito fechada, ela era o mais próximo de uma amizade verdadeira que tinha. A falsa Bagshot também pegou sua varinha e a encaixou na lateral de sua saia, antes de descer para o salão comunal. 

O lugar estava um pouco mais cheio do que gostaria, entretanto, ela tentou disfarçar sua expressão de desgosto e sentou-se em um sofá vazio.

Ela apanhou seu livro de dentro da bolsa e começou a colocar sua leitura em dia, sempre atenta aos burburinhos ao seu redor. Ouviu seu nome surgir na boca de um grupinho e fingiu continuar lendo, quando na verdade estava focada em ouvir a conversa alheia.

Era um grupo de três garotos que conversavam. E Ilka subiu o olhar rapidamente para ver se os reconhecia. Eram de seu ano, e ela já os vira antes conversando com Tom em algumas ocasiões. 

Dois deles eram sem dúvidas da família Black, inclusive reconheceu um deles como sendo o irmão de Walburga: Alphard Black. O terceiro membro se destacava dos outros dois sendo levemente mais baixo e possuindo olhos azuis e cabelos platinados.

— A novata até que é bonitinha, não acha? – disse o irmão de Walburga.

— Pensei a mesma coisa quando a vi pela primeira vez, estava até cogitando a ideia de chamá-la para um passeio em Hogsmeade esse fim de semana – respondeu o outro Black.

— Ela é bonita mesmo, mas parece que Tom já a tem na mira. Deveriam ficar longe se têm amor à própria vida – o loiro se pronunciou, e Ilka sorriu com sua fala.

— Riddle já tem todas as garotas de Hogwarts aos seus pés, poderia deixar ao menos algumas para nós, não? – reclamou o Black não identificado.

—Realmente tem medo do Riddle, Malfoy? Ele é inteligente e tem umas ideias legais, nos ensinou bastante coisa também, mas não acho que ele seja esse monstro que finge ser – debochou Alphard Black e finalmente Ilka descobriu que o loiro era um Malfoy.

— Não sei você, mas eu prefiro não testar o que Riddle é ou não capaz de fazer – respondeu Malfoy.

Então Walburga Black não era a única a ter aulas particulares com Tom Riddle. Ele provavelmente tinha um grupo que de tempos em tempos se reunia para discutir ideias e o Riddle ensinava os outros membros desse grupo a fim de vê-los mais poderosos. 

A questão era: por que Tom os queria mais poderosos? Seriam eles seguidores em potencial? Talvez o rapaz tivesse mais aspirações em comum com Ilka do que ela cogitava, e a garota não sabia se considerava isso bom.

Tom Riddle poderia ser uma ameaça, uma competição para a posição que ela tanto desejava alcançar. Ou poderia ser um aliado. Um aliado que almejava ter tanto poder quanto ela, e isso poderia resultar na ascensão de ambos.

— Ilka, estou pronta! Vamos? – anunciou Emma, surgindo atrás de Ilka.

Macmillan estava surpreendentemente bonita, Ilka pensou. Usava um vestido azul escuro de mangas longas e botões prateados, com renda branca nas mangas e uma gola peter pan com a mesma renda clara. 

Vestia também uma meia calça escura bastante parecida com a de Ilka e botas escuras de cano curto e salto fino. O cabelo ruivo estava preso em uma longa trança, amarrada com uma fita preta.

— Está bonita hoje, Macmillan – elogiou Ilka, enquanto guardava seu livro na bolsa e se levantava do sofá.

— Obrigada! O vestido foi um presente de natal de minha tia – ela respondeu, corando de leve.

— Não precisa de envergonhar Emma! Realmente está bonita, pensei que gostaria de saber – Ilka riu da reação da menina.

— Desculpe, é que eu não estou muito acostumada a ser elogiada - explicou-se a Macmillan.

— Se envergonha por um elogio e agora pede desculpas? Você é engraçada, Emma. É uma garota legal e o ruivo anda na moda, não sabia? Sem mencionar que você parece uma modelo, só precisa se arrumar um pouco mais. Agora sério, vamos apressar o passo pois eu estou faminta! – Ilka brincou, enlaçando seu braço com o de Emma.

O salão principal estava relativamente cheio e as mesas de café da manhã ainda estavam fartas quando chegaram.

O tempo todo algumas corujas entravam pelas janelas, largando cartas e embrulhos sobre as mesas. A menina Grindelwald logo notou que Riddle estava sentado sozinho, mais próximo do meio da mesa, lendo um livro distraído.

— Olhe Emma, Slughorn acabou de se sentar na mesa dos professores. Não quer ir lá falar com ele? Talvez ele tenha descoberto se seu caldeirão foi mesmo alterado – Ilka disse à amiga.

Emma concordou com a cabeça e seguiu em direção ao professor de poções. A loira agradeceu aos céus por ter sido fácil se livrar da Macmillan e foi se sentar perto de Tom. O garoto abaixou o livro assim que notou a presença da garota, e assim que subiu o seu olhar, a encontrou lhe esticando um frasco de vidro escurecido.

— O que é isso? – questionou ele com a sobrancelha arqueada, aceitando o frasco.

— É a lição que vou dar em Walburga e você vai ajudar. Não testei ainda, por isso recomendo que você use pouco, em grande quantidade pode trazer efeitos colaterais e eu ainda não sei quais são – Ilka explicou, enquanto se serve de uma xícara de chá de erva doce.

— Ainda não negociamos o que eu vou ganhar em troca – Riddle disse, sorrindo maliciosamente.

— Na verdade, negociamos sim, eu lhe disse ontem. A propósito, agora que você tocou no assunto, acabo de me lembrar que eu tenho assuntos pendentes com a Rosier – avisou, a jovem, esticando-se para pegar um pote de mel.

Após alcançá-lo, ela depositou uma boa colher em seu chá, misturando-o bem antes de experimentar.

— Pensei que já tinha cuidado dela – Tom se pronunciou.

— Não tive tempo ainda, por falar em pessoas que escutam a conversa alheia... Hoje eu ouvi uma conversa bem interessante antes de vir para cá. Alguns amigos seus comentavam sobre você dar aulas para eles, pensei que somente ensinava Walburga.

— Eu tenho um grupo, fazemos algumas reuniões. Algum problema com isso?

— Nenhum, mas quero comparecer na próxima reunião. Quem está nesse grupo? – questionou, bebericando o seu chá.

— Não somos muitos, ainda. Os irmãos Walburga e Alphard Black estão no grupo, Abraxas Malfoy e Orion Black também. Até o momento somente confiava neles para fazer parte.

— Ótimo, estarei na próxima reunião. Não tente me passar a perna, Tom. Saberei se tiver feito a reunião sem mim, e eu acredito que você não me queira como inimiga – disse Ilka, dando-lhe uma piscadela com os olhos brilhando em dourado.

— Nunca cogitei a ideia de tê-la como inimiga, sabes disso. Faço questão que seja a primeira a saber da reunião.

Ilka e Tom então interrompem sua conversa, ao notar Emma se aproximando. A ruiva sentou-se ao lado de Ilka, servindo-se de um copo de suco de abóbora logo em seguida.

— Conseguiu conversar com Slughorn? – questionou a loira, enquanto apanhava uma maçã verde da cesta de frutas à sua frente.

— Sim, ele disse que você estava certa sobre o pó de fura-funco, mas ele não consegue imaginar quem tenha sido o aluno com tamanha irresponsabilidade – Macmillan explicou, enquanto colocava em seu prato algumas torradas doces.

— Aposto que ele consegue, sim, imaginar, só não admite.

— Constantine Nott! – anunciou Emma Macmillan repentinamente e a Bagshot a encarou sem entender – Seu livro, Riddle, é a mesma autora do livro que Ilka está lendo.

— Não sabia que gostava das obras de Nott – Ilka disse, dando uma olhada no exemplar de Uma noite de Godric’s Hollow de Tom.

— Gosto de suspenses, não posso fazer nada quanto a isso. Que livro está lendo?

— A mulher sem varinha, ela escreve uns romances legais – Ilka respondeu, tirando de sua bolsa o seu próprio exemplar do livro, entregando-lhe em seguida.

— Já li esse, achei muito clichê. Pensei que tinha um gosto melhor, Bagshot – alfinetou o garoto.

— Clichês fazem sucesso por um motivo: eles nunca erram. É tipo uma fórmula, as pessoas usam e gostam – disse Ilka, enquanto termina sua maçã. Tom lhe devolveu o livro e ela voltou a guardá-lo em sua bolsa – Com licença, tenho de ir à biblioteca agora. Tom, não se esqueça de me mandar uma coruja com as informações e horários do que estávamos discutindo antes, sim? Te encontro para o almoço, Macmillan.

A falsa Bagshot não esperou por uma resposta, apenas se levantou e seguiu rumo à biblioteca, que ficava um andar abaixo, próximo da sala de história da magia. Alguns alunos da Corvinal estudavam em grupo, em uma longa mesa que havia ali disponível. Ilka ignorou-os e foi em direção à seção de transfiguração.

Pegou dois livros dessa seção: Poções para transfiguração e Transfiguração avançava, passos para a animagia. A bibliotecária anotou rapidamente os livros que Ilka estava pegando e lhe entregou uma pena, para assinar a locação.

Guardou os livros em sua bolsa e saiu da biblioteca, com a intenção de ir para o seu quarto, onde poderia estudar em paz.

 Assim que cruzou a porta notou que no fim do corredor havia alguém de seu interesse, dessa vez desacompanhada das amigas. Druella Rosier possuía seu cabelo loiro preso em um rabo alto e usava um vestido preto de mangas longas e saia rodada, que lhe alcançava metade da canela.

Ilka aproveitou-se do momento e se aproximou com passos pesados. Assim que a garota a notou, pareceu mudar seu semblante arrogante. 

Os olhos levemente arregalados e a boca entreaberta não escondiam o medo que sentia.

A jovem Grindelwald estava cara a cara com ela. O peito estufado e o queixo erguido lhe davam uma pose de superioridade, e mesmo sendo alguns centímetros mais baixa que a Rosier, ela ainda parecia ameaçadora.

— Creio que tenhamos alguns assuntos não resolvidos – sussurrou Ilka, com um timbre que fez até com que os mínimos fios de cabelo Druella se arrepiarem.

— E-eu juro que não vi nada! – gaguejou a jovem Sonserina.

— Jura? Não acredito em juras de serpentes! Você pode não ter visto algo, disso eu sei, por isso vou fazer uma pergunta bem simples: o que exatamente você ouviu? – perguntou, se aproximando ainda mais da outra menina

Druella recuou alguns passos e sentiu suas costas baterem contra uma parede. Ilka riu da estupidez da garota, prendendo-a contra a parede com seus braços um de cada lado do rosto dela.

— Ok! Quando Walburga subiu para o quarto disse que Tom estava sozinho no salão e parecia esperar por alguém, então me mandou ir checar. Quando desci vi vocês dois muito próximos, pareciam que iam se beijar, então eu me assustei! Eu juro que foi só isso, eu não vi nada demais – explicou, visivelmente nervosa.

— Você me disse o que viu, não o que ouviu. E não tente mentir para mim! – esbravejou, batendo com a palma da mão na parede em suas costas na intenção de assustá-la com o barulho.

Druella deixou escapar uma expressão de surpresa pela boca, deixando Ilka satisfeita ao saber que a tinha assustado.

— Não ouvi muito, Riddle dizia que iria cobrar algo. Imaginei ser um favor, eu juro por tudo que é mais sagrado que não ouvi nada demais! – tentou explicar com seus olhos castanhos escuros já marejados.

Ilka se afastou, ponderando sobre o assunto e a Rosier suspirou, aliviada por finalmente se ver livre da garota. 

A Bagshot arrumou a bolsa sobre o ombro, pois sua alça já estava escorregando e desamassou a sua saia, Druella já havia notado que todo esse negócio de estar sempre arrumando o cabelo ou desamassando a saia era um tique da menina.

— Acredito em você, Rosier. Mas saiba que se eu descobrir que a senhorita mentiu para mim, ou se a Black souber de alguma informação que não deveria, eu vou ir atrás de você. E garanto que não será nem um pouco agradável – ameaçou Ilka – Na verdade não será nem um pouco agradável para você, por quê para mim será bem divertido.

Druella Rosier engoliu em seco e Ilka se afastou, indo embora para o salão comunal, onde havia combinado de encontrar Emma Macmillan.

 


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