Do lado de fora era possível escutar os convidados, o carro se movia lentamente enquanto eu encarava furiosamente os olhos negros do meu mais novo marido.  

—Sakura, não é o momento. -Sasuke olhava para meu motorista. 

—Charles nunca, jamais diria qualquer coisa. É uma rocha. E não é com ele que você deve se preocupar, é comigo. - Sasuke esboçou um sorriso de graça, o que fez cada nervo meu tremer do mais puro ódio -Eu não serei humilhada em minha própria casa. Você vai chegar na sua amante e coloca la para fora da festa, ou eu vou chegar no primeiro jornalista que ver e fazer um escândalo maior do que a princesa Diana fez.  

—Você não faria isso, não mancharia o nome de seu pai... - Sasuke começava a perder a pose. 

—Fui praticamente vendida pra você, tem pouquíssimas coisas que eu não faria. Se você não quer que saibam do seu casinho com ela e desse arranjo ridículo, vai seguir as minhas regras. Primeiro você vai por pra fora aquela aprendiz de meretriz. -Sasuke arregalou os olhos, o que me deu um gás maior para continuar – Segundo que sua casa, é a minha agora, então eu não quero saber dela ou de qualquer outra andando debaixo do mesmo teto que eu. Quer fazer a farra? Faça. Longe dos meus olhos e da mídia. Segundo, essa é a minha vida, eu mando em mim, somente eu! Você não é meu dono, não é meu pai, não é nada meu, além de marido por conveniência.  

—Mais alguma exigência madame? - Os olhos dele faiscavam.  

—Quero um quarto meu. Não vamos dormir na mesma cama. - Essa eu disse com cada bochecha minha queimando, Charles me encarou pelo retrovisor e eu lhe lancei um olhar de advertência.  

—E como você pretende que tenhamos filhos? Pela a intervenção divina?  

—Não me importo. - Sasuke riu profundamente. Ria com tanto gosto que comecei a ficar preocupada com a sanidade dele. 

—Eu nem quero dormir com você mesmo. Acha mesmo que eu me importo com esse corpo magrelo? Não muito obrigada. -Okay isso magoou, magoou bastante, mas filtrei e fingi que não com o restante de dignidade que me restava. - Isso já uma clausula minha. Vamos dormir juntos somente quando necessário, sobre a Ino, estarei pensando. 

Neste instante o carro parou, abri a porta com a maior rapidez e sai, caminhando em direção ao primeiro jornalista que vi, uma moça bem bonita de olhos castanhos. 

—Senhora Uchiha – Engoli em seco – Vai me dar a honra de uma entrevista. 

—É claro, porque não? - De canto de olho notei o Sasuke andando em minha direção sem cor alguma. -Tenho umas novidades incríveis para você! Chocantes eu diria.  

—Mais incríveis que seu casamento, eu amariiia saber da história. - Tenten, a famosa jornalista sorria como se eu estivesse entregando um Oscar para ela. Sasuke me alcançou, colocando sua mão em meu ombro direito. 

—Querida, o que faz aqui? faz aqui? A festa é lá dentro. - O semblante sério dele não escondia o ódio em seus olhos. 

—Você considera minhas condições e eu conta elas para todo mundo. - O sorriso travesso chegou aos meus lábios e Tenten nos encarava com interesse. 

—Isso , isso, nos conte tudo!! - O microfone em mãos. 

—Tudo bem, você ganhou. - Sasuke sussurrou em meu ouvido. 

—Ah desculpe, acabo de esquecer tudo, ótimo dia, soube que a banda que vai tocar hoje é fantástica! - Entramos de braços dados na festa , com uma jornalista bem confusa atrás de nós. Assim que chegamos avistei o cabelo loiro da Ino. Olhei fixamente para Sasuke, que com desenvoltura se desvencilhou de mim.  

*** 

A música tocava e a uns quarentas minutos eu não encontrava Sasuke entre os convidados. Meu pai conversava animadamente com um sócio, e eu já não aguentava mais sorrir falsamente para os parabéns que recebia.  

—Sakura você está tão linda. - Minha mãe sorria com um pouco de tristeza – Hoje à noite, fica mais fácil se você fechar os olhos e esperar acabar.  

—Mias fácil o que? - Perguntei com os olhos arregalados.  

—A noite de núpcias. É disso que estou falando. -Ela alisou o vestido, de forma simples e elegante. 

—Ah não, nananinanão, eu não farei isso hoje, talvez nunca. - Respondi balançando a cabeça freneticamente. 

—Você tem que fazer, se não como vai ter um filho? Se atente a seu papel. -Minha mão apertou inhas mãos com força, e eu me afastei dela. Fui até a varanda tomar um ar, 

—Nunca vi uma noiva tão sozinha como você. -Naruto disse atrás de mim, me assustando com sua aproximação silenciosa.  

—Vai ver que eu não gosto muito do meu novo par. - A noite quente estava me irritando profundamente, tudo parecia lindo, calmo e feliz. Nada do que realmente era.  

—Uau, mas você com quatorze anos iria amar. - Rimos daquela informação. 

—Isso foi antes de eu saber o coração gelado que tinha naquele corpo sarado. - Rimos mais ainda. 

—Eu, pensava que no final você se casaria comigo. - Naruto disse, e eu o encarei boquiaberta – QUu foi? Eu também era criança, e eu jurava que você e o Sasuke eram só um delírio que não aconteceria. 

—Eu já acho que você Hinata fariam um bom par. - O assunto começou a me incomodar. 

—Hinata? Não, ela é uma amiga. - Ele riu – Era você o meu sonho. Mas eu era criança, hoje você é minha melhor amiga. - Eu sorri pra ele, uma valsa começou a tocar e demos as mãos, nesse momento Sasuke chamou. 

—Com licença. - Seus olhos faiscavam. Sua roupa ligeiramente abarrotada. - Vejo que a Sakura segue se lamentando até com o meu amigo. 

—Uau Sasuke, anos juntos e você ainda não aceita o fato de que ele também meu amigo? Cresça. -Naruto soltou uma gargalhada sem graça.  

—A valsa começou pombinhos, Vocês tem que ir lá dançar, fingir que se amam, essas coisas! -Naruto começou a empurrar nós dois, que seguimos contrariados. No salão todos olhavam para nós dois, Sasuke me tomou em seus braços e começamos a dançar.  

—Você tem que tomar cuidado, rumores irão aparecer se encontrarem a minha esposa com outro homem sozinhos. - A mão de sasuke era firme na minha cintura, o que me deixava pouco a vontade. 

—Uau, o que serão que vão pensar? Que eu faço com o Naruto o que você faz com a Ino? - Sasuke sorriu falsamente. 

—Você tem que parar de me atacar, como vamos viver assim? -Sasuke me levava pela pista, seu cheiro me deixava toda tonta da maneira errada.  

—Você começa esse casamento com uma amante a tiracolo e ainda quer que eu fique okay? - O sorriso dele deu uma leve fraquejada, mas voltou a brilhar novamente. 

—Sakura, aguente um ano ou dois e então estaremos livres.  

—Como livres? Está louco? - Eu o encarava perplexa. 

—Sorria, não se esqueça de sorrir. - Um sorriso falso apareceu nos meus lábios. -Posso explicar mais tarde. 

A valsa parou e eu o encarava fixamente, enquanto as palmas explodiam a nosso redor. Os convidados gritavam “Beija, Beija, beija”. 

—De novo não. -Murmurei. Sasuke me puxou e me beijou, tentei dizer a mim mesma que não gostei, que não estava bom, que nada disso era real, mas as mãos dele em minha cintura, os lábios dele nos meus, a língua na minha, me deixava mais tonta do que qualquer coisa. Sasuke me soltou devagar, respirando fundo, encarei seus olhos que brilhavam, minhas bochechas queimavam. 

—Se não quer que eu te beije, então não corresponda. -Fiquei rígida e virei minha cabeça para porta, tentando não olhar mais aquele rostinho esculpido no mais puro deboche do mundo. Foi então que eu a vi, os cabelos loiros brilhando, o vestido escandaloso, e um olhar de raiva inexplicável. Ela saiu pela porta com seus olhos azuis faiscando.  

A noite estava apenas começando. 

*** 

O relógio bateu 00:00, e a festa não parava, várias pessoas ricas dando o maior vezame, totalmente bebadas, meu pés estavam destruidos, e Sasuke parecia tão cansado que nem se importava de estar snetado do meu lado a dez minutos sem dizer uma única palavra, foi quando meu pai, meio bêbado, meio bom, anunciou que era a hora dos noivos se recolherem.  

—Graças a Deus. -Murmurei feliz imaginando um banho quente e uma cama macia. Sasuke me encarou com desdém.  

—Ao carro com os noivos! -Gritou dessa vez o pai de Sasuke.  

—Vamos pra casa, ainda bem. - Falei feliz da vida. 

—Espero que não aprontem nada. - Sasuke murmurou irritado.