Novamente estava sentada em frente a um espelho gigantesco, em meu quarto. A maquiadora terminava de passar o último toque de batom, fotógrafos para todos os lados tirando fotos, minha mãe pairava atrás de mim, analisando o vestido pendurado no cabide, procurando qualquer tipo de falha nele.
— Melhor você vesti-lo Sakura. - Ela estava séria, como sempre, mas em seus olhos enxergava certa melancolia. Talvez medo por mim, ou tristeza por não ter conseguido impedir o casamento.
Segurei o tecido branco, sentindo as pequenas pérolas costuradas a ele, observei o véu, e senti cada parte minha apertando como se eu estivesse em uma cela muito pequena. Suspirei. Os fotógrafos pediram licença, e se retiraram. Vesti o belíssimo traje, minha mãe abotoou cada fecho com o maior cuidado, meu cabelo estava com pequenos cachos, minha mãe posicionou a coroa em minha cabeça e prendeu o véu no meu cabelo. Tentei com força sorrir, mas meus lábios apenas tremeram. Cada parte minha lutava para não chorar.
—Ahh querida, vai passar. - Minha mãe segurou minhas mãos e as apertou, esse ato quase me fez chorar. - Vai ser por pouco tempo. Um ano ou dois, se esforce para ter um herdeiro, e assim que ele nascer saudável, resolvemos o problema com os Uchiha! - Ela poderia não ter me confortado, mas cada palavra dela fez o sentimento de tristeza congelar dentro de mim e ser substituído por medo. Eu nunca conseguiria matar Sasuke, e quando ela soubesse disso, como reagiria? Engoli em seco.
— Estou pronta ir mãe. - Respondi educadamente, de mãos dadas saímos do quarto, desci as escadas com vários fotógrafos tirando fotos de todos os ângulos possíveis , meu pai esperava orgulhoso no batente da porta, pronto para entrar no carro. Ele estava feliz, muito elegante e bom, alguns milhões mais rico, já que meu casamento não passava de um arranjo de negócios.
— Sakura querida!!! Você está de tirar o fôlego! - Sorri discretamente, a tristeza novamente chegando a meu peito. O dia do casamento chegou rápido demais. Seguimos juntos para o carro enquanto meu pai não parava de falar - Mas até os dia está maravilhoso!!!! Olha esse por do sol! Incrível! Vai ser o casamento do ano, Sakura você tem que me dar um neto logo! Assegurar sua posição está bem querida? - Engoli em seco, parecia tão simples para ele, ir lá, fazer sexo com um cara que estava ocupado demais dormindo na cama de uma mulher mais velha e casada, entregar essa parte tão importante minha... Assim.
— Eu, hã, vou me esforçar. - suspirei, e uma lágrima desceu pelo meu rosto. Limpei a mesma com rapidez.
— Não chore. Vai borrar maquiagem, você não pode ficar feia hoje! - Meu pai em repreendeu e eu tive que segurar com muita força um soluço por conta disso. Minha mãe revirou os olhos.
— Os primeiros dias em uma casa que não era sua vão ser estranhos querida, mas logo você se habitua. Se tiver um filho dentro de você, rapidamente a casa vai se tornar mais dia do que de qualquer outra pessoa. - Minha mãe comentou, olhando pela janela da limusine.
— Eu , não acho que a Senhora Uchiha iria concordar com isso Mamãe. - Respondi, com uma dor profunda no peito, sentiria saudade do meu quarto. Do meu jardim, até dos meus livros e ursinhos... Como se lesse minha mente, ela voltou a falar:
— Claro que suas coisas continuaram normais, intocadas em casa. Vc poderá voltar e dormir a hora que sentir vontade , sem problema algum. - Ela estendeu a mão e ajeitou uma mecha solta do penteado.
— Claro, não vá voltar com pressa demais!!! - Advertiu meu pai - Não queremos que surjam boatos de que o casamento estará indo mal. Minha única filha viva divorciada é demais pra mim - Meu pai digitava com pressa no celular enquanto falava , como se estivesse respondendo já os parabéns por "casamento",o que deveria estar fazendo mesmo.
— Mas pai, e se o casamento não dar certo? -Perguntei pouco segura de que qualquer coisa envolvendo o Sasuke teria sucesso. Ele largou o celular tmelo o suficiente para me encarar sério.
— Nem pense em.nao dar certo. Esse casamento é minha certeza de vida, você vai fazer dar certo. - Isso soou mais como uma ordem. Assenti e voltei a ficar calada l restante do trajeto até a igreja. Chegando lá, senti minha respiração acelerar. -Vamos vamos!!! - Meu pai esfregou as mãos, animado.
— Eu preciso de um minuto! - O ar de repente se tornou muito rarefeito para mim.
— Um minuto? Você vai se casar! Precisa sair já! - O nervoso do meu pai para assinar logo o documento de que eu pertencia a outra família, não me ajudou a respirar melhor.
— Ela tem direito aos cinco minutos de atraso que toda noiva tem!!! - Foi a primeira vez em muito tempo que eu vi minha mãe retrucar meu pai em voz alta. - Ela é uma garota no seu dia de casamento, deixe a ter o direito a todas as tradições que quiser ter!!
Meu pai repsirou fundo e disse um " okay" ansioso. Foquei em minha respiração, fiz pequenos círculos na minha testa, tentando relaxar o máximo possível. Era fácil, o pior que poderia acontecer era esquecer meu votos, o melhor era a mulher maravilha invadir a igreja e me salvar desse destino cruél. Então estava tudo sobre controle... Respirei com mais calma, não tinha o que fazer. Poderia pedir mais minutos, ou ir chorando arrastada até a igreja, a verdade era de que me casaria hoje, e nada do que fizesse impediria isso... Até cheguei a pensar em fingir um desmaio,ou algo do tipo, mas sabia que no máximo me acordariam e forçariam o casamento de qualquer forma, então apenas aceitei. Se eu teria que fazer isso, faria com a cabeça erguida, seria corajosa como todas as mulheres Haruno são, como minha irmã mais velha era.
—Está pronta querida? - Minha mãe perguntou, com mais delicadeza nesse momento, do que tivera comigo a vida inteira. Meu pai me fitava ansioso, louco para sairmos do carro e ele se tornar mais rico.
—Estou sim. - Meu pai abriu a porta do carro, sorriu para as câmeras e estendeu a mão para minha mãe. Ela por sua veze lançou um último olhar e avançou para a igreja, provavelmente assumindo seu lugar no altar. Meu pai estendeu então a mão para mim, que tremendo a segurei. Era quase noite, fotógrafos e câmeras estavam para todos os lados, três lindas meninas, que reconheci como primas minhas estavam a minha frente segurando cestas repletas de rosas, os vestidos de cada uma tinha um detalhe azul, como eu gostava. Avançamos devagar assim que a marcha começou a tocar, cada parte minha se arrepiava, e tentava pensar em maneiras malucas para fugir.
Sasuke estava de pé no altar, parecia calmo e uma pedra de gelo - Uma pedra muito bonita - mas ainda sim uma pedra. Ele sorriu educado para minha direção, desviei os olhos dele e encarei os convidados,a maioria pessoas muito ricas amigas de meus pais e de meus " sogros" , assim como também havia amigos da escola. No altar no lugar de padrinho estava Naruto, ele soletrou com a boca, sem emitir um som:
S-O-R-R-I-A.
Abri um sorriso que eu esperava ser encantador o suficiente, e segui caminhando. Aquilo tudo me lembrava mais uma marcha funerária, do que um casamento, mas tentei não pensar em como tudo isso era errado e péssimo. Do lado de Naruto estava Hinata, ela era uma boa amiga e totalmente caída pelo meu melhor amigo, não que ele soubesse, Naruto conseguia ser um imbecil quando queria.
Acabou cedo demais quando vi meu pai estava me beijando na testa e me entregando a Sasuke, sorrindo muito. Senti as lágrimas lotarem meus olhos.
—Se chorar, terei que te beijar. - Sussurrou Sasuke.
— Se me beijar, vou te queimar inteiro. - Respondi, querendo ser capaz de enterromper o fluxo de tristeza que ameaçava explodir. Viramos para padre .
— Sasuke Uchiha, promete amar e respeitar Sakura Haruno, cuidar dela na felicidade e na tristeza, na saúde e na doença, até que as mortes os separe ? - a morte poderia chegar rápido demais para algumas pessoas, pensei sentindo calafrios. .
—Prometo. -Respondeu em sua voz grave.
— Sakura Haruno - Me sobressaltei, quando notei que era a mim que ele referia, comecei a suar frio - Promete amar e respeitar Sasuke Uchiha, cuidar dele na felicidade e na tristeza, na saúde e na doença, até que as mortes os separem? - Respeitei fundo, sentindo cada martelada que meu coração dava.
—Prometo. - Lancei um olhar para meu pai que estava em pleno êxtase.
— Agora podem fazer seus votos. - O padre passou a palavra primeiro para mim, engoli em seco, torcendo para não esquecer de nada.
— Sasuke, crescemos juntos, eu vi cada fase sua, e você viu a minha, não tem ninguém no mundo que eu conheça mais do que você. - exceto talvez, eu mesma pensei - Você antes de ser meu marido, ou meu noivo, era meu amigo é principalmente quase um irmão. - Algumas pessoas na igreja suspiraram, mal escolha de palavras, ainda bem que o resto do discursos me salvou - Você foi meu primeiro amor, e vai ser o último também. Espero que cada dia nossa União cresça em respeito, carinho, companheirismo e amor. - Tecnicamente metade era verdade, ele tinha sido meu primeiro amor, agora ele não passava de um prego enviado fundo no meu pé, que eu queria desesperadamente arrancar. Mas ele não precisava saber disso no momento. - Eu te amo . - Essa parte sim era mentira. Uma bem leve para colocar emoção nos convidados. Ou talvez não?Era complicado demais pensar nisso.
— Sakura eu prometo amar e respeitar você , prometo cuidar de você toda às vezes que cair da escada, ou ter um resfriado em pleno verão. Prometo segurar sua mão em todas as suas dificuldades, pois elas serão as minhas também, prometo secar cada lágrima sua, de felicidade linde tristeza, prometo causar em você todos os dias risos, e prometo que em nossa relação você nunca sentirá falta de nada. - Sasuke fez uma pausa, como se medisse as palavras - Amo você Sakura.
— Podem colocar as alianças. - O padre anúnciou, cada parte minha revirava pelas palavras dele. Pareciam tão sinceras, o jeito como cada promessa acalmava as partes assustadas do meu coração. Sasuke segurou meu pulso, uma garoto que eu reconheci como Uchiha se aproximou segurando as alianças em uma bonita almofada. Sasuke pegou a minha e colocou no meu dedo anelar, o ouro frio brilhou em minhas mãos. No mesmo dedo meu anel de noivado com mais de 26 quilates de diamante no modelo Tiffany. Fiz o mesmo com ele, e encarei seus olhos, jurava ter visto um pouco de emoção em suas íris negras. Sasuke era um homem muito bonito, o cabelo negro combinava muito bem com a pele pálida, ele estava perfeita entre alinhado no termo preto que usava, duas maçãs do rosto lhe davam harmonia. Tudo nele faria qualquer garota se jogar em cima.
— Eu os declaro marido e mulher - A sentença do padre chegou aos meus ouvidos, mas eu não as absorvi - O noivo pode beijar a noiva. - Sasuke pousou com delicadeza as mãos em minha cintura e me puxou para mais perto, sua boca chegou a minha antes que pudesse sequer raciocinar direito, seus lábios macios tomaram os meus e eu me perdi naquele cheiro, naquele gosto, naquele momento. E como antes, a língua de Sasuke invadiu a minha, meu coração acelerou , e eu pensei por um minuto, que talvez eu pudesse ser feliz, talvez déssemos certo, talvez no final ele fosse capaz de me amar e eu ama lo de volta como deveria ser...
Nos afastamos rápido demais, minhas bochechas estavam vermelhas, enquanto os convidados explodiam em Palmas, começamos a descer e caminhar em direção a porta, quando eu a vi novamente. Ino vestia marfim, em um tom muito parecido com o branco, como uma afronta pessoal a mim. Ela sorriu diabolicamente e piscou para Sasuke, que teve a decência de fingir não ver, entramos no carro, cruzei os braços com força.
— Eai, onde está aquele contrato que você falou? Tem uma coisinha ou duas que eu quero acrescentar a ele. - Respondi.