O Despertar dos Sentimentos escrita por Luana de Mello


Capítulo 46
Um Novo Começo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/770006/chapter/46

 

                   

Os meses passaram rápido, logo após nosso casamento, Kakashi-sensei aproveitou que o festival da primavera seria na semana seguinte e decretou um mês de festas; tudo pra poder folgar um pouco. Logo a primavera se tornou verão, então outono, inverno e por fim, primavera novamente, quando percebi, Hinata e eu completamos o nosso primeiro ano de casados; nossa vida foi tão tranquila durante esses meses, que nem notamos que já havia passado tanto tempo, isso que dizem que o primeiro ano é o mais difícil. Mas se levarmos em conta todo o tempo que vivemos juntos antes que eu saísse de missão pelo mundo, e o tempo antes do casamento, é bem compreensível que a gente já tivesse uma rotina estabelecida e nos adaptamos bem na casa nova; também conseguimos conciliar bem as missões, o trabalho de Hinata como líder do clã e meu trabalho de assistente junto a Kakashi-sensei.

Durante esse ano, após o acordo de paz ser firmado com cada pequena vila das Cinco Grandes Nações e do País do Ferro, Konoha começou a passar por algumas inovações, algumas mais notáveis que outras, como por exemplo o processo de teste de aptidão que foi implantado na Academia; agora só se torna um Shinobi, quem tem aptidão ou realmente queira ser um, e tem foram implantadas novas disciplinas, para dar as crianças mais opções de profissões para eleger. Outro ponto é que agora a segurança nas ruas foi intensificada, antes somente alguns Jounins ou ANBUS cuidavam da patrulha, agora um grupo maior de Shinobis era treinado e colocado nas ruas para cuidar da segurança da população; não por que nos sentíssemos ameaçados de alguma maneira, mas por que depois de tudo que passamos, aprendemos a nunca baixar a guarda, decidimos estar sempre preparados para qualquer coisa que possa acontecer.

Agora, quatro anos após a guerra, as pessoas finalmente começaram a ser mais felizes, começaram a superar um pouco suas perdas e seus traumas, finalmente vivendo com dignidade; quando penso nessas coisas, me conformo um pouco com nossa própria dor, e talvez um dia, eu chegue a compreender e aceitar o que nos aconteceu. Vendo as crianças da vila correndo e brincando, cheias de arranhões e casquinhas de machucados, e mesmo assim continuam sorrindo, me sinto satisfeito pelo caminho que escolhi trilhar, apesar de todas as feridas que ganhei a custa disso; e mesmo com as perdidas que tive durante o percurso, de certa forma posso me orgulhar até mesmo das partes ruins. Caminhando tranquilamente pelas ruas de Konoha, encontro vários conhecidos que fazem questão de me parar e conversar comigo, no caminho para casa, aproveito para visitar as lojas do comercio, que cada vez mais se destacam entre as vilas do País do Fogo; então depois de inspecionar rapidamente o andamento de tudo, rumo em direção ao lado leste da vila, passo pela praça e logo avisto as cerejeiras que demarcam o caminho, até chegar por fim naquela casa cheia de flores e iluminada constantemente pelo sol, bem abaixo do monumento dos Hokage’s.

— Tadaima. – Digo, sabendo que agora eu finalmente terei uma resposta.

— Okaeri. – Sinto os braços delgados de Hinata, rodeando meu pescoço.

— Aqui, as mais bonitas de hoje. – Lhe alcanço o pequeno ramo de lírios amarelos que encontrei na floricultura Yamanaka.

— Naruto, desse jeito não terei mais onde colocar tantas flores. – Hinata protesta um pouco, mas não esconde o sorriso estampado em seus belos lábios, ao receber o ramo de flores.

Enlaçando sua cintura, beijo sua boca carnuda, saboreio e aprecio cada pedacinho dela, me perco em todas as sensações que Hinata desperta em mim e me embriago com seu aroma, tão único e indescritivelmente sedutor; essa sem dúvida alguma, é a melhor maneira de terminar um dia cansativo de trabalho. Renovado e sentindo que sou capaz de tudo, me deixou ser guiado por ela, enquanto me conta alegremente como foi seu dia, e como virou costume, me pergunta sobre o meu; essa é a dinâmica mais prazerosa que já fiz em anos de vida. Quando nos sentamos nas poltronas da biblioteca, onde um chá fumegante já me aguarda, conversamos sobre tudo que nos ocorreu durante o dia, até os detalhes mais insignificantes, como deixar cair um pincel e lambuzar toda a roupa, ficamos assim bom tempo, apenas jogando conversa fora, trocando amenidades e também discutindo assuntos importantes, como o projeto do orfanato que está em construção; também passamos um bom tempo em silêncio, apena admirando as flores de cerejeiras, eu mais admirando Hinata do que qualquer outra coisa.

— Você parece cansada. – Comento depois de notar as olheiras que começam a transparecer abaixo dos seus olhos.

— Não tenho conseguido dormir direito. – Ela responde sem pestanejar.

— Por quê? Está se sentindo mal? – questiono um pouco mais preocupado agora.

— Não, estou bem, é só que são muitas coisas pra pensar e planejar, acabo não conseguindo pregar o olho. – Hinata explica e beberica seu chá.

— Vem cá, deixa eu cuidar de você. – Digo abrindo meus braços, e sem pensar muito, ela se aconchega mais perto de mim e passo a massagear seus ombros – A vida está ficando corrida, não é?

— Sim, e eu ainda prometi ajudar a Sakura, você sabe como ela está paranoica esses dias? A Ino nem consegue dialogar com ela direito. – Hinata fala e suspira alto.

— Eu imagino, Sasuke disse que ela anda brigando por tudo, até se uma xícara for guardada de forma diferente. – Conto e rio um pouco, aquele Uchiha deve estar pagando os pecados.

— Sim, eu a entendo perfeitamente, é muita coisa para administrar. – Hinata concorda e inconscientemente, começa apertar os dedos igual quando era menina – Ter que dirigir o hospital, ensinar os novos recrutas, organizar a cerimonia e ainda ter que lidar com todos os hormônios, não sei como ela não saiu arrancando os cabelos ainda.

— Eu tenho dó daquele idiota, ele disse que ontem ela chorou até as quatro da manhã, dizendo que até o dia, a barriga ia estar enorme e ela nem ia poder usar o quimono. – Comento e sorrio um pouco, quando Hinata suspira satisfeita quando aperto um pouco mais seus ombros – Amor, vocês mulheres são muito fortes, eu já teria entrado em desespero se tivesse tudo isso pra me preocupar.

— Nem me fale, pior de tudo é que essas malucas resolveram se casar todas com uma semana de diferença, até a última cerimonia eu vou estar murcha de tanto chorar. – Hinata brinca um pouco – Te contei que amanhã vou fazer o teste de aptidão nos novos alunos da Academia?

— Shikamaru tinha me dito que estavam pensando em te pedir ajuda esse ano, e agora que falou nisso, não acha que está abraçando muita coisa também, Sra. Uzumaki? – pergunto fingindo estar sério.

— Não se preocupa, é só um dia e nem tenho que fazer muito, estou mais cansada por causa de ensinar as crianças do clã, e também estou fazendo tudo isso, pra podermos sair de férias logo. – Ela confessa e me olha de esguelha – E quem é você pra falar, Sr. Uzumaki? Também anda adiantando tarefas que eu sei!

— Ok, ok! Eu me rendo. – Digo erguendo as mãos – Mas que acha de darmos uma pausa e irmos jantar fora amanhã a noite? Você já viu como seus pés estão inchados Hina?

— Sim, deve ser por causa do calor, sempre fico assim no verão. – Hinata justifica encolhendo os ombros.

— Sim, no verão e não na primavera. – Enfatizo e a faço me olhar – Amanhã você vai apenas fazer o trabalho na Academia e depois virá pra casa descansar, você está realmente precisando de uma folga.

— Sim senhor, caro aprendiz de Hokage. – Hinata brinca novamente.

— Para amor, estou falando sério, você sabe que anda mais cansada do que nunca, ontem mesmo até brigou comigo do nada. – Me queixo um pouco, fazendo charme.

— Você deixou o calçado desalinhado na porta, Naruto! – Hinata retruca e crispa os lábios, e nessa hora sei que devo recuar imediatamente.

— Certo, certo, por que não vai tomar um banho quente pra relaxar? Eu vou fazer o jantar. – Sugestiono, desviando sua atenção.

Assim que Hinata vai para o quarto, eu desço as escadas e vou apara a cozinha, tenho o cuidado de não fazer muita bagunça enquanto preparo a comida e assim que termino, limpo tudo que utilizei antes que Hinata veja; ela fala que Sakura está nervosa esses dias, mas ela está igual, se não pior. Claro que não sou idiota de comentar isso com ela, não quero ser atingido pelo punho gentil Hyuuga nunca mais; mas o que me preocupa mesmo, é que eu sei que Sakura anda irritada, chorona e briguenta por causa da gravidez, mas a Hina começou a agir estranho do nada, numa hora ela tá de boas e na outra não, simplesmente assim. E  como não vejo motivos pra isso, começo a me preocupar que ela talvez não esteja mais satisfeita com nosso casamento, ou que talvez eu tenha feito algo que a deixou zangada, e ela que que eu me desculpe; só que o problema é que não sei pelo que deveria me desculpar. Em meio a esse turbilhão de pensamentos, sigo pondo a mesa do jantar e organizando tudo do jeito que ela gosta, quando a campainha soa insistentemente; desligo o fogão e corro atender, antes que Hinata fique brava por causa do barulho.

— Idiota, posso dormir aqui hoje? – Sasuke fala assim que abro a porta.

— Como assim? O que foi que aconteceu? – pergunto perdido e como se fosse habito, dou passagem para ele.

— Sakura chegou em casa dizendo que estava enjoada da minha cara. – Sasuke conta encolhendo os ombros – Aí eu disse que vinha pra cá pra ela ficar sossegada.

Sem conseguir me conter, começo a gargalhar, rio até minha barriga doer, chego a me agachar no chão e fico com lágrimas nos olhos.

— É hehehe, eu sei que é hilario, mas tem lugar no sofá pra mim? – Sasuke pede fazendo cara de tédio, o que deixa tudo mais engraçado.

— Sinta-se em casa. – Digo contendo o riso – Acabei de fazer o jantar, se acomoda aí, vou chamar a Hina.

Subo as escadas rapidamente e vou até nosso quarto, a encontro embolada em uma manta feita a mão, ela deve ter dormido depois do banho; me sento na cama e toco seu rosto, fazendo um carinho ligeiro antes de chama-la.

— Amor, vamos jantar? – a chamo baixinho.

— Humo? – ela responde e vira para o outro lado.

— Hina, você precisa comer um pouco, não pode dormir de barriga vazia amor. – Digo e a chacoalho de leve para acordar.

— Tok! Não quero, Naruto! – ela responde e se afasta do alcance de minhas mãos.

Completamente chocado com sua reação, desço as escadas meio entorpecido, paro na porta da sala e ainda não consigo ter alguma reação coerente diante de tudo que passa por minha cabeça agora.

— Ei, o que aconteceu? Por que tá pálido assim? Cadê a Hina? – Sasuke me questiona assim que nota minha presença.

— Você quer tomar um pouco de saquê, idiota? – pergunto e sem esperar por resposta, vou para a cozinha.

Antes de pegar os copos e a bebida, embalo a comida e guardo na geladeira, e com passos mecânicos, volto para a sala e me sento ao lado daquele Uchiha desgraçado; nós brindamos em silencio e esvaziamos um copo, dois, três, quatro.

— Por que as mulheres se transformam em demônios da noite pro dia? – Finalmente pergunto em meio dos meus devaneios.

— Não sei, não sei nem quando se transformam, quanto mais por que. – Sasuke responde, igualmente desolado – Achei que a Sakura ia ficar feliz, nós finalmente vamos oficializar nossa relação, e tudo está saindo como ela disse que sempre sonhou, mas do nada ela começa a chorar e ainda diz que eu não sou mais o mesmo, eu tenho agido diferente, Naruto?

— Não, pra mim você tem a mesma cara de porre de sempre. – Respondo, já um pouco além dos sentidos.

— Pois é, e agora ela botou na cabeça que eu não amo mais ela e que é por que a barriga tá enorme. – Sasuke continua com seu desabafo – Mas Naruto, eu vi na consulta, o bebê é do tamanho de uma shuriken, como é que isso faz ela ser enorme?!

— Quem entende? Num minuto elas estão rindo e está tudo bem e no outro, bum! Você pisou num papel bomba! – respondo sem me conter mais – Eu acho que a Hina vai me pedir o divórcio.

— Caralho, tá tão sério assim? – até Sasuke se espanta.

— Pior que tá e eu já estou maluco, não sei mais o que fazer. – Confesso e antes que de por mim, estou chorando agarrado ao copo de saquê.

— Idiota, por que a gente teve que se apaixonar? – Sasuke questiona deprimido.

— Por que a gente é idiota. – Respondo chorando e rindo ao mesmo tempo.

Sem nenhum outro consolo, além da bebida, o Uchiha e eu bebemos e afogamos nossas mágoas, seguimos assim até esvaziar cinco garrafas de saquê, e no fim nem vi quando, só sei que dormimos ali na sala mesmo, Sasuke se embolou com as almofadas e acabou dormindo no tapete, eu apaguei sentado no sofá mesmo; quando o dia amanheceu, acordei com os primeiros raios do sol, que desgraçadamente, entravam pela janela e batiam direto no meu rosto. Quando levantei sentindo a cabeça latejar como uma manada de elefantes em debandada, acabei chutando o Uchiha sem querer, mas acho que ele estava pior que eu, já que só protestou um pouco, antes de sentar no chão e olhar tudo como se estivesse perdido.

— Vai tomar um banho gelado, pode usar o banheiro aqui de baixo. – Digo num sussurro, até minha voz era incomoda de ouvir.

Enquanto Sasuke tenta ficar apresentável, eu arrumo alguns Onigiris e pasteis de porco para a gente comer e também para levar para o trabalho; também preparo uma refeição completa para deixar para minha Hina e um bilhete explicando que sai mais cedo. Ao sentar na mesa, olho para o Uchiha e ele me olha de volta, sorrimos torpemente ao notar o estado deplorável do outro; comemos em silêncio, e depois que tomo um banho rápido, saímos para a movimentada Konoha. Aquilo só podia ser algum castigo por a gente beber demais, cada barulho, por mínimo que fosse, retumbava em nossas cabeças mil vezes mais; e quando alguns transeuntes ficaram nos encarando, pensei que estávamos piores do que imaginei.

— Mas que merda aconteceu com vocês? – Kakashi-sensei pergunta, assim que nos apresentamos para o trabalho.

— Nem queira saber. – Retruco de má vontade.

— Não me digam que estavam farreando? – dessa vez Kakashi-sensei parece mais bravo que antes – Pelo amor de Kami! Naruto, você já está casado, e Sasuke está em dias de se casar!

— Não é nada disso, Kakashi. – Sasuke protesta imediatamente – Eu fui dormir na casa do Naruto, e agente bebeu um pouco além da conta ontem.

— Como assim? E a tua casa, Sasuke. – Kakashi-sensei pergunta confundido.

— Bem, é que... – Sasuke não tem tempo de explicar.

Quando ele começou a falar, a porta da sala do Hokage se abriu com estrondo, e logo vimos um rosto que nos fez encolher de puro pavor; até mesmo Kakashi-sensei ficou pálido quando a viu.

— Sasuke! – Sakura grita a plenos pulmões e caminha enfurecida até ele – Onde foi que você se meteu?!

— Como assim? Sakura, eu disse que ia ficar na casa do Naruto ontem. – Sasuke explica apressado, e ainda assim recebe um cascudo dela.

— Eu disse que não era pra voltar pra casa?! Sabe o quanto que eu estava preocupada?! – ela grita e continua dando pequenos socos nele, então se vira pra mim – E você?! Por que não mandou ele pra casa?! Pode esperar que vou contar tudo pra Hinata!

— Ei, ei, eu só estava cuidando dele pra você, Sakura. – Me defendo e desvio dos seus tapas com maestria – Ei, se acalma um pouco, isso não faz bem pro bebê.

— Não me diga como cuidar do meu bebê! – ela finalmente me acerta – E você, Uchiha sem vergonha, pode apostar que o que é seu está guardado!

Sem dizer mais, ela gira nos próprios calcanhares e sai da sala, deixando três marmanjos extremamente amedrontados, e vendo a forma como as coisas estão pra nós dois agora, acho que nem Madara conseguiria fazer tanto estrago.

— Vocês querem uma folga? – Kakashi-sensei pergunta, tentando ser solidário.

— É pior sensei, vai por mim. – Respondo em negativa.

Quando recebemos nossas tarefas do dia, cada um se dirige para um local diferente, e tudo que fazemos antes de nos separar, é desejar boa sorte um ao outro; apesar de estar de ressaca, consigo desenvolver bem meu trabalho e até me concentro na minha tarefa e consigo aprontar um bom bocado de relatórios. Isso até Shikamaru cair pesadamente em uma cadeira ao meu lado, e eu fazer a besteira de prestar atenção nele.

— A Temari está me deixando maluco e nem pergunte como. – O Nara fala acendendo um cigarro, coisa que ele tinha deixado faz tempo.

— Ah cara, você também não. – Reclamo pesaroso.

— Quem mais? – Shikamaru questiona, rápido como sempre.

— Eu e Sasuke. – Conto quase agonizando.

— Elas estão em algum tipo de seita por acaso? – Shikamaru questiona ao léu – Será que vão oferecer nossas cabeças como tributo para algum Deus desconhecido?

— Acho mais fácil outra parte. – Murmuro mais pra mim do que como resposta.

Mesmo assim, Shikamaru gargalha alto, chega ao ponto de se engasgar com o próprio riso.

— Que isso Naruto, você o grande herói do mundo ninja! – Shikamaru faz troça.

— Diz isso por que não corre o risco de ficar desacordado por uma semana. – Retruco mais que depressa.

— Mas corro o risco de acabar fatiado por uma foice de vento. – Ele rebate amargurado.

— Sinto saudade do tempo que eu era Genin. – Falo suspirando alto – Até mesmo quando enfrentei Zabuza, foi tranquilo comparado a isso.

— Meu pai bem que me avisou que mulheres eram um problema, como eu queria ter ouvido ele. – Shikamaru reclama e vai enchendo a sala de fumaça fedida.

Tento me concentrar novamente e ignorar as reclamações daquele Nara, afinal ele pelo menos é inteligente e bem capas de resolver seus problemas, eu por outro lado, sou um caso perdido; assim vou ocupando toda minha manhã, agonizando entre as tarefas que tenho que cumprir e meus problemas pessoais. Quando chega o meio dia, aproveito o intervalo para descansar um pouco, já que não dormi direito e nem comodamente na noite passada; depois de me sentir revigorado pelo cochilo, começo analisar o orçamento solicitado para a expansão do hospital e também os pedidos para o próximo festival da primavera; desde que o comercio da vila se desenvolveu, muitas lojas foram abertas, e agora abrem concorrências uns contra os outros, tanto no ramo alimentício, quanto no ramo de artigos de beleza e afins.

Apesar de estar entediado e me corroendo de vontade de saber como Hinata amanheceu hoje, me controlo o máximo possível para não ir correndo até em casa, por estar com medo da reação dela e por saber instintivamente que ela precisa do próprio espaço e conhecendo minha esposa como conheço, sei que ela só me dirá algo, quando tiver tomado uma decisão definitiva; só que mesmo sabendo de tudo isso, morro de medo de saber o que se passa naquela cabeça. Eu sei que nosso casamento vem sendo abençoado todos os dias, sei que somos felizes juntos e isso é nítido para qualquer um ver, sei também que Hinata me ama da mesma forma que amo ela; mas existe uma parte irracional de mim, que ainda teme que Hinata tenha caído em si, e decidiu que não sou bom o bastante para ela, e se isso for certo, eu simplesmente não poderei suportar. Me sentindo mais miserável ainda, somente por imaginar não ter mais Hinata ao meu lado, decido me concentrar em revisar o subsidio da Academia para o ano; após isso, mergulho no trabalho e pouco a pouco, vou diminuindo a pilha de pergaminhos que estavam sob minha mesa.

Ao abrir o último rolo de pergaminho, encontro o projeto para o exame Chunin do próximo outono, analiso o programa e faço algumas alterações, como a terceira etapa que devia ocorrer na floresta das sombras, lugar que é divisa com o território de Orochimaru, decido mudar para o deserto de Sunagakure; sei que poderia ser mais cruel com os Genins, mas se algo acontecer, teremos o apoio de Gaara, e no caso da floresta, se o Sennin das Coras decidir se rebelar contra Konoha novamente, levaríamos no mínimo cinco dias para descobrir, então é mais do que obvio o que seria seguro em termos gerais. Por fim termino o trabalho de três dias, e acho que nunca estive tão motivado a cumprir tarefas diplomáticas como hoje; me sentindo extremamente cansado, resolvo me recostar na cadeira um pouco, para amenizar um pouco a fatiga e não sei em que momento cai no sono. Acordo ao ouvir o barulho estrondoso da porta ao bater na parede, e como se fosse pego cometendo um crime, caio da cadeira vergonhosamente; ainda aturdido, me levanto apressado e busco o invasor.

— Naruto nii-chan! – a primeira coisa que escuto, é a voz desesperada de Konohamaru.

— Que raios está acontecendo? Por que entrou assim? – questiono fitando o rosto nervoso do Sarutobi.

— É a Hinata-nee-san, ela passou mal e foi levada...

Não espero Konohamaru terminar de falar, assim que menciona Hinata, saio correndo porta a fora, desvio de pessoas que nem vejo o rosto e assim que estou fora do edifício, corro na velocidade da luz até o hospital de Konoha; quando passo pelas enormes portas de entrada, passo a buscar um rosto conhecido.

— Sakura?! – chamo alto no saguão – Sakura, onde raios está minha esposa?!

— Pelo amor de Kami, para de gritar assim, está assustando os pacientes. – Sakura aparece diante dos meus olhos.

— Sakura, me diz o que aconteceu? Por que a Hina passou mal? – peço e já sinto os olhos transbordando água.

— Se acalma Naruto, eu acabei de receber os exames dela, vamos ir até o quarto e ver os resultados? – Sakura fala calmamente, nem parece a mulher que cuspia fogo essa manhã.

Sem responder nada, apenas a sigo em silêncio, sinto meu corpo inteiro tremer e tenho medo até de cogitar as possibilidades e quando paramos a porta de um quarto, todo sangue do meu corpo some; quando Sakura abre a porta, meus olhos buscam automaticamente e enfim encontram a razão dos meus dias, ela estava deitada na cama, o rosto estava pálido e mantinha o antebraço direito sob os olhos, como se estivesse meditando.

— Hina, amor o que aconteceu? – peço me precipitando ao pé da cama, mal contendo as lágrimas.

— Naruto. – Hinata sussurra meu nome e acaricia meu rosto – Estou bem, foi só um mal estar passageiro, devia estar muito cansada como disse, estou bem de verdade amor.

— Mas Hina, você está tão pálida, não tomou o café que fiz? – pergunto angustiado.

— Sim, estava delicioso, eu só estou cansada. – Hinata fala e erguendo uma de minhas mãos, a beija carinhosamente.

— Realmente, você deve regrar sua alimentação, seu descanso e evitar o máximo possível, situações estressantes. – Sakura fala, nos lembrando de sua presença – Vou prescrever algumas vitaminas, mas seria bom começar o acompanhamento com um especialista Hina, em minha opinião, recomendo Shizune, ela está sendo de muita ajuda para mim.

— Como assim Sakura? Do que está falando? O que Hinata tem? – pergunto totalmente perdida.

— Estou dizendo que a doença de Hinata, se cura em oito meses. – Sakura fala e sorri radiantemente para nós – Parabéns, vocês serão papais!

Ao escutar essa última frase, sinto todo tipo de emoções, primeiro a incredulidade, depois medo, logo apreensão e por fim euforia; sinto um nó na garganta e logo meu rosto molhado. Em meio aos soluços, encontro os olhos de lua que tanto amo, estavam transbordando como os meus, então noto o sorriso incrédulo em seus lábios, e então vejo suas pequenas mãos repousando sobre seu ventre ainda plano; senti uma felicidade inigualável nesse instante.

— Amor, nós vamos ser pais. – Consigo falar entre soluços, e logo meus lábios se juntam aos seus – Minha vida, você nos deu a maior benção.

Hinata não consegue falar, ela apenas concorda e me abraça apertado, então sinto todas as inseguranças que tive durante os últimos dias, indo embora, como se nunca tivessem existido; e logo após me sentir aliviado, memorias dos últimos dias invadem meus pensamentos, e encontro lógica nas ações de Hinata, não era uma separação como pensei, e sim os sintomas da chegada do nosso segundo filho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Despertar dos Sentimentos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.