Coração que Cura escrita por Carolina Muniz


Capítulo 3
2


Notas iniciais do capítulo



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× Capítulo 2 ×

A família Grey estava na sala do Dr. Jackson. Grace e Carrick permaneciam calados, impossibilitados de falar qualquer coisa enquanto Elliot e Christian faziam todas as perguntas.

Mia estava em coma. Seus órgãos vitais não funcionavam, os únicos acordes de vida vem doa batimentos de seu coração.

— Você quer tirar o coração da Mia? - Elliot questionou, o tom mostrando a irritação. - É a única coisa que a mantém viva, não podem querer fazer isso.

Ela pode acordar.

— Há alguma chance dela acordar? - Christian perguntou.

— Sim, algumas pessoas acordam em meses, em anos, ou talvez nunca acordem. Não podemos dar garantias, comas são muito complexos, nunca tem um tempo exato. Ela pode acordar hoje ou então daqui há 10 anos. Mas mesmo que a Srta. Mia acorde, não será uma pessoa normal. Seus órgãos foram afetados, o fígado, o cérebro, sua caixa torácica foi atingida com força, danificando também seus pulmões. Ela está respirando por aparelhos, está sendo ajudada em tudo. O coração é incrivelmente o único órgão intacto em seu corpo.

Grace fungou, sendo abraçada por Carrick.

Mia era a garotinha da família, não importa se ela tinha vinte e dois anos, continuava sendo a princesinha. Não era justo. Nada daquilo era.

— Não importa, a gente não vai matar ela - Elliot vociferou.

— Quem receberia o coração dela? - Grace conseguiu perguntar.

Não que importasse muito, salvar uma vida era sempre uma coisa boa, não importava se a vida era de um homem, de uma mulher, de um cachorro, de um papagaio. Mas ela queria saber, ela precisava saber se, si decidisse pôr fim na vida de sua filha, quem receberia seu coração seria digno dela.

— Não podemos revelar o nome, mas garantimos que não será em vão.

— Essa pessoa está em caso de vida ou morte?

— Sim. É uma urgência o transplante. É uma garota, dezenove anos, passou a vida esperando por um coração. Ela é um doce de menina, muito forte e inteligente - garantiu o médico.

— E se não funcionar? E se fizermos isso, e o coração não funcionar nessa garota? Teremos matado nossa irmã por nada - Elliot se intrometeu.

— Elliot! - Carrick o repreendeu.

— Isso é sério, pai. Como eles garantem isso? Como?

— Realmente não podemos. Todos os exames que fizemos deram positivo, o coração é compatível, mas é claro que não podemos dar a certeza de que o corpo da paciente não irá rejeitar. Existem muitas possibilidades de dar errado como existem de dar certo.

— Não vamos fazer isso - Elliot decretou.

— Não é você quem decide, Elliot - Christian acusou, após passar os últimos minutos apenas observando seus pais.

Ele os conhecia. Conhecia bem o suficiente para saber que eles estavam tentados com a ideia - a ideia de salvar alguém quando Mia não tinha mais salvação.

Por que ela não tinha. Acordada - se acordasse - estaria morta de qualquer forma.

O coração de Mia poderia continuar batendo - em outra pessoa, mais continuaria.

— Acho que é melhor nossos pais conversarem sozinhos com o Dr. Jackson - sugeriu Christian.

Com a intromissão de Elliot, ele percebia seus pais com o pé atrás para fazer qualquer pergunta. Ele sabia que eles não queriam passar como se estivessem desistindo da própria filha. E ele não pensava, claro.

— Eles não vão querer fazer isso, Christian. É a nossa irmã - Elliot continuou.

— Chega, Elliot! - ele levantou-se- Vamos - chamou, já caminhando em direção a porta.

A falta de objeção de seus pais já mostrava que eles realmente queriam aquilo.

— Sério, vocês não estão pensando nisso, não é?

— Elliot!

O outro bufou e se levantou, os dois saíram da sala.

— Você está querendo deixar nossos pais fazerem isso!? - disparou Elliot assim que se afastaram da porta. - Esses médicos estão se aproveitando dos nossos pais, fazem isso o tempo todo, se aproveitam da fragilidade dos outros para fazê-los fazer essas coisas. Nossa irmã não vai morrer para salvar outra garota! 

— Nossos pais vão decidir. E, se toca, Elliot: a Mia está morta. Mesmo se ela acordar algum dia, vai ser como se estivesse dormindo, na verdade vai ser pior, ela vai vegetar. Ninguém quer ver isso. Os nossos pais não precisam passar por isso, ver a nossa irmã morrer devagar.

— Você está dizendo isso porque não se importa, você nunca se importou. Está sempre trabalhando, nunca ligava para Mia.

— Você não sabe do que está falando!

— Mas é verdade: você nem sabia que ela estava namorando, você não sabia que ela achava que estava grávida.

— Vai se foder, Elliot.

Sem perceber, os dois já tinha levantado a voz, e dois seguranças e uma enfermeira já se aproximava.

— Por favor, ou abaixem o tom de voz ou terão que se retirar - disse a mulher, o tom severo. - Isso aqui é um hospital, por Deus!

Christian revirou os olhos e se virou, saindo pelo corredor em direção ao nada.

Ele continuou andando, nem percebendo onde estava, até que reparou que havia entrado num quarto, o corredor silencioso e sem ninguém o fez nem perceber que estava entrando numa parte restrita do hospital: o CTI.

Ele deu um passo para trás, assim que viu a maca, pronto para sair do quarto, mas algo chamou sua atenção.

O monitor cardíaco mostrava uma irregularidade, que até para quem não era médico, era estranha o suficiente.

As ondas era muito diferentes uma das outras, e - ele piscou três vezes para confirmar que via mesmo aquilo - havia intervalos de tempo com uma linha reta, como se o coração batesse tão devagar que parasse entre uma respirada e outra.

A garota na maca - ele não sabia se estava acordada ou não - parecia à deriva no mundo, seu peito subia e descia, o cabelo escuro demais para sua pele extremamente branca, fios ligando seu corpo ao aparelho muito complexo ao seu lado. Ela parecia ser muito nova, talvez dezessete ou dezoito anos, ele não sabia dizer com toda a certeza, mas vendo dali: ela era bonita. E não era justo. Não importava se ele não a conhecia, se ele ao menos sabia o que ela tinha, não era justo ela estar ali.

— Quem é você? - a voz dela ecoou pelo quarto, doce e suave, muito diferente de tudo no mundo.

× ×


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Notas finais do capítulo

ai triste



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