Love, Rose. escrita por Saori


Capítulo 3
03. Mil Trezentas e Vinte e Uma.


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos leitores! Trago aqui o último capítulo da história. Pretendia escrever uma história com mais capítulos, mas minhas aulas estão prestes a voltar e o tempo ficará muito restrito. De qualquer forma, espero que gostem desse final. Tenham uma boa leitura!



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Já faziam exatas doze horas que Rose Weasley estava surtando. Ela suspirou. Piscou centenas de vezes, apenas para certificar-se de que realmente estava acordada. Pensou até mesmo em se beliscar. Já havia lido e relido aquela carta sete vezes desde que acordara, sem mencionar as vezes em que havia lido na noite anterior.

Encontrou-a na noite de sábado, escondida debaixo dos lençóis de sua cama. Não tinha nenhuma ideia de como havia parado lá. Primeiramente, achava que era uma das que ela mesma havia escrito e esquecido de guardar, por conta de um ligeiro descuido, mas quando percebeu uma letra diferenciada, espantou-se. Principalmente quando deu-se conta de a quem aquela caligrafia pertencia. Aquela caligrafia ela conhecia muito bem.

Nem sequer dormira durante a noite, pensando e repensando nas palavras escritas. Seu coração palpitava fora do ritmo apenas de pensar naquela simples carta. Em um pulo, levantou-se de sua cama e foi até a sua mala, de onde retirou uma caixa rosada. Pegou as inúmeras cartas que ali estavam e revirou tudo pela terceira vez. Por que não estava lá? Tinha que estar lá. Ninguém sabia delas, e elas jamais deveriam ser enviadas. Eram seu segredo mais íntimo. Estava oficialmente em pânico. 

 Rose pegou a caixa novamente e a guardou. Desesperadamente, procurou por Lily nos aposentos da grifinória, até que por fim a encontrou na sala comunal. Em um ato de pura aflição, a ruiva puxou a prima da pequena roda de amigos em que ela se encontrava. 

— Ei, Rose, vai com calma. — Lily falou, ainda cambaleando pela maneira como fora levada. — O que houve? 

— Então, eu... — Conseguia sentir suas bochechas queimarem. Estava extremamente envergonhada só em pensar de contar aquilo à Lily. Apesar de ser uma de suas melhores amigas, ainda era vergonhoso. — Eu estou em pânico! — Sintetizou toda a situação em uma única frase que a definia muito bem.

— Mas por que raios você está em pânico?! — Lily sobressaltou-se. Já estava ficando tão aflita quanto a própria prima.

— Porque... — Ela mordiscou o lábio inferior. — Porque aconteceu uma coisa. — Fechou os olhos e suspirou. — Eu meio que escrevo cartas... Cartas que eu não envio e que, sob hipótese alguma, podem ser enviadas. — Pausou sua fala, encarando as sobrancelhas arqueadas de Lily Luna. — E alguém enviou uma delas!

— Calma, Rose. Quais são as chances delas realmente terem sido enviadas para a pessoa certa? — A mais nova perguntou, com um sorriso singelo no rosto enquanto tentava acalmar a prima.

— Cem por cento. — Respondeu rapidamente.

— O quê? Como assim? Como você sabe? — Agora, Lily parecia igualmente espantada. 

 — Eu recebi uma resposta. — Rose engoliu seco. 

 — E para quem era essa carta? — Arqueou as sobrancelhas novamente, curiosa. 

 — Scorpius Malfoy. 

 

———

 

Rose Weasley estava convencida, não sairia do quarto durante o dia todo. Ou talvez durante a semana. Poderia inventar uma doença, ir para o St. Mungus. Não seria por tanto tempo, ela conhecia inúmeros feitiços e poções que poderiam ser facilmente utilizados com uma certa segurança. Estava tudo decidido. Mas bastou uma ruiva teimosa para arrastá-la até o salão principal para o café da manhã para que seu patético plano chegasse a um trágico fim.

 — Lily, eu não quero ir! Me solta! — Rose disse manhosa, fazendo força enquanto a prima a puxava pelo braço. 

 — Ora, deixe de ser teimosa. — Resmungou a mais nova. — Seja lá o que tiver escrito nessa tal carta, não pode ser tão ruim. Além do mais, é o seu último ano na escola, se não resolver essa situação agora, não vai resolver nunca mais. 

 — Ótimo. — Rose parou de andar, e Lily fez o mesmo. — Então eu não vou resolver nunca mais. — A mais velha virou de costas, prestes a voltar para o salão comunal. 

 — Ah, faça-me o favor, Rose. — Resmungou a ruiva, já vermelha de raiva. — Nem parece você, deixe de ser uma grande medrosa! 

 — Está bem... — Ela suspirou, dando-se por vencida. — Eu admito, você está certa. 

 — Finalmente está criando um pouquinho de sanidade nessa sua cabecinha! — Lily gargalhou da própria fala. — Agora vamos. 

 As duas voltaram a caminhar em direção ao salão principal. Lily ainda segurava um dos braços de Rose, apenas para garantir que a menina não fugisse a qualquer momento. As meninas dirigiram-se diretamente para a mesa da grifinória e sentaram-se em um dos enormes bancos que ficavam em frente à mesa. 

 — Ovos mexidos e bacon, que delícia! — Lily Luna falou, enquanto seus olhos percorriam a enorme mesa. — E bolo de chocolate. E também tem panquecas! Vou engordar uns vinte quilos! — Gargalhou.

 Rose, por outro lado, parecia completamente perdida em seus próprios pensamentos. Seus olhos azulados percorreram o salão em busca de uma única pessoa, ainda que involuntariamente. Aquele garoto realmente sabia como confundir a sua cabeça de uma forma incompreensível. Não demorou muito para encontrá-lo. Em uma das grandes mesas, mais especificamente a da sonserina, estava Scorpius Malfoy, gargalhando de alguma besteira que Albus Potter havia dito. O sorriso dele era certamente muito bonito. Aquele foi o primeiro pensamento que surgiu na mente de Rose ao vê-lo. 

 Entretanto, subitamente, todos os pensamentos lhe escaparam quando os olhos acinzentados repousaram sobre ela. De repente, era como se nada mais ao redor existisse, e apenas Scorpius Malfoy e Rose Weasley estivessem naquele vasto salão. Por algum motivo não compreendido, a ruiva não desviou o olhar, apesar das bochechas involuntariamente ruborizadas. Foram longos segundos que passaram, um encarando o outro, mesmo com uma distância considerável. E, ainda assim, era como se compreendessem um ao outro de uma maneira que Rose nunca havia sentido antes. 

 — Ei, Rose! — A menina despertou do transe em que se encontrava e, em um rompante, desviou o olhar do rapaz loiro, que permaneceu a observando durante alguns segundos. — Ele estava te olhando, você viu? Isso deve ser um bom sinal. 

 — Lily, ele me odeia! — Era como se a ficha tivesse caído e uma lâmpada tivesse acendido em sua cabeça. — Ele definitivamente me odeia. O Malfoy implica comigo o tempo todo desde o nosso primeiro ano em Hogwarts e... Isso não deve passar de uma brincadeira, ok?! Ele deve estar caçoando de mim, não seria a primeira vez que isso acontece. É isso. Só pode ser isso. 

 — Rose, você não acha que está exagerando? Ele não seria tão mau assim. — Lily rolou os olhos. A outra estava certamente exagerando. 

 — Eu não posso fazer isso. Eu definitivamente não posso. — A ruiva se levantou, pronta para se enfiar no quarto mais uma vez e não sair de lá nunca mais, se possível. 

 — Rose! — Lily a chamou, mas a mais velha fingiu não estar ouvindo. — Rose! — Chamou-a mais uma vez. 

 — Ei, Rose. — Dessa vez, uma voz masculina a chamou. Era o seu primo, Albus Potter. 

 — Albus? — Havia literalmente uma interrogação na face de Rose. Onde quer que Albus fosse, Scorpius estava junto. Eram como unha e carne, e apenas em pensar em se encontrar com ele, sentia calafrios, tamanho o seu nervosismo.

 — Aconteceu alguma coisa? — Os lábios do rapaz se entortaram, em uma feição de preocupação. — Eu estava vendo da mesa da sonserina. Você está... — Ponderou sobre a escolha de palavras. Rose costumava se irritar facilmente, principalmente com adjetivos mal colocados. — Estranha. 

 — Não é nada! — Rebateu rapidamente, em uma entonação nada habitual. 

 — Tem certeza? — O rapaz perguntou. Parecia genuinamente preocupado. Albus Potter era mais do que um primo, era o seu melhor amigo. 

 — Eu tenho, eu só estou... cansada. — Falou a primeira coisa que lhe veio em mente. — Nada demais. Sério, nada com que precise se preocupar. 

 — Ei, Potter! 

 Rose sentiu seu coração quase sair pela boca quando ouviu aquela voz. E o sentiu bater ainda mais rápido quando observou o garoto loiro caminhar em direção a eles. Por que raios tinha que se sentir assim, e justamente por ele? A vida certamente era um tanto quanto injusta. Para começar, seu pai teria um colapso se soubesse sobre aquilo. E, em segundo lugar, Scorpius Malfoy era nada mais, nada menos, que o garoto mais implicante da face da Terra, e não era exagero. Rose Weasley literalmente havia ganhado na loteria do azar. 

 — Ah, bom dia, Rose. — O rapaz tornou a falar. Desde quando ele a chamava de Rose? E desde quando era tão cordial? Ele realmente fazia questão de confundir a mente da ruiva, e não tinha nenhuma piedade nisso. — Melhor irmos, temos treino de quadribol em trinta minutos. — O loiro proferiu, agora dirigindo-se ao Potter.

 A Granger-Weasley estava paralisada, sem conseguir dizer uma única palavra. Infelizmente, nem sequer seu corpo a ajudava. As bochechas, novamente, tomavam um tom levemente avermelhado. Desde quando era tão tímida? Sua vontade era de correr, mas as pernas não se moviam. Para piorar tudo, seu coração batia tão forte contra o peito, que parecia que poderia sair de seu corpo a qualquer segundo. 

 — O que foi, Weasley? O gato comeu a sua língua? — O loiro arqueou as sobrancelhas, com um sorriso um tanto quanto provocativo em seus lábios. 

 Era incrível como Scorpius Malfoy fazia questão de ser enigmático, e Rose fazia questão de descobrir qualquer que fosse o enigma. Embora odiasse admitir, gostava de se perder naquele mistério um tanto quanto atraente. 

 — Não enche, Malfoy. — Foi a primeira coisa que veio em sua mente, e uma feição de dúvida parecia se instaurar no rosto do rapaz. 

 — Nossa, parece que alguém acordou de mau humor hoje. — O rapaz fez uma careta. — Vamos, Potter? — Agora, o olhar de Scorpius se voltava para Albus. 

 — Hm, claro. — O moreno disse, com uma feição levemente duvidosa e confusa. — Te vejo mais tarde, Rose. 

 — Até mais, Weasley. — Scorpius falou, um tanto quanto sugestivo. 

 Rose não conseguiu responder uma palavra que fosse. Permaneceu quieta enquanto acompanhava com os olhos os dois meninos deixando o local. Suas mãos estavam trêmulas de uma forma que nem mesmo havia acontecido em seu primeiro jogo de quadribol. Scorpius Malfoy definitivamente possuía efeitos sobre ela que ela nem sequer imaginava. E ele provavelmente também não tinha ideia. Rose Granger-Weasley estava completamente ferrada. 

 

——— 

 

Era incrível como a vida era irônica, e como o carma era realmente uma desgraça. Os muitos anos em que crescera implicando com Scorpius sem motivo aparente finalmente estavam se voltando contra ela mesma. E ela não podia culpar o destino por ser um tremendo babaca. Talvez merecesse aquilo. 

Embora relutasse com todas as suas forças, Lily estava certa. Ela precisava enfrentar aquilo. Era o seu último ano na escola, precisava encerrá-lo por completo, mesmo que aquilo significasse ter que lidar com uma crise amorosa que preferia esconder pelo resto de sua vida. 

A ruiva rolou pela cama e encarou o relógio na cabeceira. Eram quinze para as três. Seu estômago embrulhava apenas de pensar no que enfrentaria nos próximos quinze minutos. A ansiedade a consumia de uma forma absurda. Nem mesmo os exames escolares a faziam se sentir assim. Talvez fosse pelo fato de que Rose Weasley tinha sua vida milimetricamente planejada. Já havia pensado e controlado cada detalhe. Mas era a primeira vez que saía dos eixos. Por isso estava tão nervosa. 

 Quando finalmente encontrou forças, a menina se levantou. Ela guardou a carta que recebera em sua enorme capa preta, tal como sua varinha. Nunca se sabe quando precisará da sua varinha, afinal. Ainda que possivelmente contra a sua vontade, a ruiva iniciou o seu trajeto para a Torre de Astronomia. 

 Não demorou muito para chegar ao local. Rose tinha o mapa do castelo claro em sua mente, incluindo as passagens secretas contidas no mapa do maroto. Sempre teve uma excelente mente fotográfica. Não surpreendentemente, o lugar estava vazio. Não haviam aulas de Astronomia aos domingos. Talvez fosse por isso que ele houvesse escolhido aquele ambiente em específico. 

 Rose suspirou quando viu a figura loira recostada sobre uma das pilastras. Mais uma vez, suas mãos estavam trêmulas, embora fizesse forças para evitar a tremedeira nada sutil. Aquela foi a primeira vez que sentiu borboletas no estômago. Em passos lentos, ela se aproximou do rapaz, que finalmente pareceu se dar conta de que ela havia chegado. 

 — Weasley. — Um sorriso apareceu em seus lábios. Ao contrário do habitual, parecia um sorriso puro, sem nenhum resquício de sarcasmo ou ironia. — Eu cheguei um pouco mais cedo, sei que não gosta de atrasos. — Ele pôs-se inteiramente de pé, desencostando-se da pilastra e dando um passo em direção a ela. — Suponho que tenha recebido a minha carta e... — Ele desviou o olhar para o chão. 

 Por mais incrível que fosse, ele parecia tímido. Scorpius Hyperion Malfoy parecia tímido. A cabeça de Rose estava trabalhando a mil por hora para tentar decifrá-lo. Ela realmente se perdia inteiramente quando se tratava de entender Scorpius Malfoy. Era como um imenso parque de diversões. Contudo, tinha certeza de que aquilo não podia ser verdade, e ela, melhor do que ninguém, sabia que Scorpius podia ser um ótimo ator quando queria. 

 — Olha, eu entendo que esteja irritado comigo, eu realmente entendo. — Rose começou, com a voz levemente embargada. Ótimo, era só o que lhe faltava. — Mas não acho que seja legal tirar proveito de uma situação dessas. — Naquele momento, era ela que olhava para o chão, enquanto Scorpius a encarava confuso. — Quer dizer, eu nunca quis enviar aquela carta. Alguém a enviou, não fui eu. Então, se quiser, pode fingir que ela não existiu! — De repente, os olhos azuis tristonhos repousaram sobre ele novamente. — Mas, por favor, não resolva caçoar de mim por isso. Podemos fingir que nada aconteceu! Nenhuma garota merece passar por isso e... 

 — Rose Granger-Weasley! — Scorpius Malfoy exclamou, interrompendo-a. — Eu realmente não acredito no que estou ouvindo. — Suspirou e passou as mãos pelos próprios fios se cabelo, bagunçando-os. — Eu respondi a sua carta, será que você leu alguma palavra do que escrevi? 

 — É claro que eu li! — Ela parecia irritada. — Como eu estaria aqui se não tivesse lido? 

 — Céus, então sua mente realmente só funcionada para os estudos. — Ele revirou os olhos, impaciente. 

 — Ei, o que você quer dizer com isso?! — A menina agora tinha uma expressão emburrada em seu rosto. 

 — Rose Weasley, como você pode ser tão inteligente e, ao mesmo tempo, tão lerda? — O loiro bufou, ainda mais impaciente. 

 — Bom, se vai continuar me insultando, acho que estou perdendo o meu tempo. — A ruiva proferiu, virando as costas. 

 Como pôde ter um fio de esperança sobre aquele encontro na Torre de Astronomia? Scorpius Malfoy era realmente um grande imbecil, não existiam dúvidas sobre esse fato. Ela conseguia sentir as lágrimas se formando em seus olhos. Não sabia que era tão sensível. Estava tão acostumada em ser forte e determinada o tempo todo que havia esquecido desse seu lado.

 — Caro Scorpius — O rapaz começou a dizer. Instantaneamente, Rose parou de caminhar. — Não que seja da sua conta, mas reparei que parecia perdido hoje. Não fisicamente, mas emocionalmente, é claro. Parecia triste. Pude ver nos seus olhos cinzentos. Eles estavam diferentes, vazios de uma forma que eu nunca havia visto. Opacos. Nublado... — Scorpius continuou a proferir cada uma das palavras que constavam na carta, cada palavra em sua ordem perfeita, exatamente como Rose havia escrito.

 — Por Merlin, pare, por favor. — A menina estava tão envergonhada que seria capaz de se enfiar em um buraco. Com as maçãs do rosto completamente avermelhadas, e os olhos ainda marejados, ela se virou para ele.

 — Eu recito a carta, e você fica envergonhada. — O Malfoy deixou uma risadinha escapar. — Eu não acredito que passou pela sua cabeça que eu estava caçoando de você. Eu sou tão mau assim? 

 — Não, é só que... — Ela mordeu o lábio inferior. — Eu não imaginei que fosse verdade. Você sabe, nós implicávamos tanto um com o outro que eu simplesmente achei que fosse impossível ser verdade. Eu sou uma idiota, não sou? 

 — De fato. — Ele concordou. Rose arqueou as sobrancelhas, como se o desafiasse a repetir aquelas palavras. — É uma idiota quando quer, Weasley. Mas ainda é a garota mais incrível que eu já conheci. — Ele continuou, com um sorriso em seus lábios. — E eu quero que fique claro de que eu fui completamente sincero em cada uma das palavras que eu escrevi naquela carta. Não faço ideia de quem me enviou a sua, mas foi a melhor coisa que me aconteceu esse ano, tenho que admitir. Descobrir a sua timidez não tem preço, Weasley. — O loiro brincou, com um sorriso ainda presente em seus lábios. — Descobrir coisas novas sobre você não tem preço, e eu quero muito continuar fazendo isso pelos próximos anos. Se você me permitir, é claro. 

 O coração de Rose continuava batendo descompassado. Seus olhos azuis fitavam profundamente os olhos acinzentados de Scorpius, e ela conseguia ver total sinceridade. Para ela, o Malfoy sempre foi como um livro, e ela adorava lê-lo. Não só pelo prazer das descobertas, mas também pela montanha-russa de emoções que aquilo lhe trazia. 

 — Eu não sei o que dizer... — Ela colocou as mãos sobre o rosto, escondendo-o timidamente por alguns segundos. Aquela provavelmente era a coisa mais idiota que alguém poderia dizer em um momento como aquele. 

 Scorpius se aproximou da ruiva e levou suas mãos gélidas até as dela, retirando-as calmamente do rosto envergonhado. Para ele, Rose era a menina mais bonita do mundo. Ele amava cada detalhe dela. Seu cabelo ruivo volumoso. Seus olhos azuis, vívidos como o céu. As sardas em seu rosto que mais pareciam constelações. A pele morena e macia. Mas não só a aparência, Scorpius também era apaixonado pela personalidade peculiar, pelo mau humor matinal e, até mesmo, pelas piadas sem graça nos intervalos das aulas. Entretanto, apenas quando recebera aquela carta, percebeu o quão estúpido havia sido para não aceitar seus próprios sentimentos anteriormente. 

 O loiro deu um passo em direção a ela. Estava tão próximo que conseguia sentir a respiração quente e irregular da menina contra a sua pele. Suas mãos, que anteriormente seguravam as dela, repousaram sobre o seu rosto em uma carícia agradável. Uma delas se moveu, de modo a colocar uma mecha de cabelo ruivo atrás de suas orelhas. 

 — Você ainda tem dúvidas, Rose Weasley? — Ele perguntou em sussurro. Rose pôde sentir seu corpo se arrepiar por completo. — Ou acredita em mim agora? 

 — Eu acredito em você, Scorpius. — Um sorriso singelo apareceu em seus lábios. Ousaria dizer que nunca se sentira tão feliz. 

 — Eu te amo, Rose Granger-Weasley. 

 As bochechas de Rose ficaram ainda mais avermelhadas, se é que isso era possível. Ainda sentia a carícia em seu rosto e uma das mãos passeando pelos seus cabelos ruivos e macios. Quando percebeu a proximidade ainda maior do rosto pálido do loiro, Rose fechou os olhos e, por fim, sentiu os lábios alheios sendo pressionados contra os seus. Aquele foi o seu primeiro beijo. Com o seu primeiro amor. Na Torre de Astronomia. Quando se afastaram, Rose continha um sorriso extremamente bobo em seu rosto. Estava nas nuvens, e tinha total certeza de que nunca se sentira assim anteriormente. Apaixonada.

 — Eu também te amo, Scorpius Malfoy. — Ela sussurrou, um tanto quanto tímida. — Eu posso te fazer uma pergunta? 

 — Qualquer uma. — O rapaz assentiu. 

 — Quando foi que você percebeu? — A ruiva indagou, curiosa, e arqueou as sobrancelhas. 

 — No passeio para Hogsmeade, no quarto ano. Você foi em um encontro com Robert Thomas, e eu curiosamente senti ciúmes. — Ele gargalhou, lembrando-se do dia. — Albus ficou um tanto quanto perturbado por causa do meu mau humor naquele dia. — Falou, ainda em meio a risada. — E você? 

 — No terceiro ano, em uma segunda-feira, na aula de poções. Você estava triste, eu fiquei preocupada. Perguntei ao Albus o que havia acontecido, ele me contou que sua mãe estava doente. — Mordiscou o lábio inferior. — Foi quando eu escrevi a primeira carta.

 — A primeira carta? Há quatro anos atrás? Rose, quantas cartas você escreveu? — Perguntou, com cara de espanto. 

 — Não muitas. — Ela mexeu nos cabelos ruivos. — Hm... É melhor irmos, antes que o Albus tenha um colapso enquanto procura você por aí. — Desviou o assunto. 

 — É verdade. — Ele riu baixinho. Eles eram literalmente unha e carne. — Mas você vem comigo. E ele vai ter que aprender a me dividir também. — Scorpius brincou, e entrelaçou seus dedos no de Rose. 

 Os dois deixaram a Torre de Astronomia e caminharam até os terrenos de Hogwarts para procurar por Albus. Era normal que ele passasse algum tempo de seu dia por lá, principalmente porque era de costume que visitasse Hagrid, normalmente junto com a própria Rose. 

 — Olha só o mais novo casal do ano. — Ouviram uma voz feminina falar, seguida de uma risada extrovertida. — Então parece que eu fiz a coisa certa. — A ruiva falou, aproximando dos dois, suas mãos estavam para trás do próprio corpo. 

 — Você o quê? — Rose perguntou, um tanto quanto impactada. — Lily Luna Potter, foi você quem enviou a carta? — Ela estava realmente em choque. 

 — Eu sou uma ótima cupida. — A garota gargalhou divertida, e piscou com um dos olhos para a prima. 

 — Nossa, com uma amiga como essas, quem precisa de inimigos. — A outra menina murmurou. 

 Scorpius e Lily gargalharam juntos. 

 — Bem, tenho uma coisinha para você, Scorpius. — Lily possuía um sorriso travesso em seu rosto. 

 — Para mim? — O Malfoy indagou, confuso e levemente preocupado.

Lily não tinha uma das melhores reputações do mundo. Na verdade, era conhecida por estar sempre encrencada e metida em problemas, por isso, era normal que sempre suspeitassem de seus comportamentos e atitudes.

 — Aqui estão. Todas elas. Divirta-se. — Lily estendeu uma caixa de tom rosado para o rapaz. Em seguida, saiu saltitante, gargalhando durante todo o trajeto para a entrada do castelo. 

 — Lily Luna Potter, eu vou te matar! — Rose gritou, mas a prima fingiu não ouvir. 

 — O que é isso? — Scorpius estava extremamente confuso e dividido entre tentar entender aquela caixa e aliviar a tensão de sua namorada. 

 — As mil trezentas e vinte e uma cartas que eu escrevi para você. Uma para cada dia do ano desde o terceiro ano. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo e do fim da história. Por favor, me digam o que acharam, estou bem curiosa. Muito obrigada por acompanharem! ♥



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