Yang não sabia para onde iria quando Neptune estacionou seu SUV de luxo na frente da sua academia, mas, mesmo assim, entrou sem se importar com o mistério que o rapaz beta estava fazendo.

— Vai por mim, você vai adorar! — Ele disse sorrindo.

— Olha lá onde você vai me levar, não estou bem-vestida. — Yang brincou de volta, porém, bem ciente de seu visual bastante causal com uma calça jeans simples, camiseta xadrez amarela e uma jaqueta preta sem mangas.

— Só estamos indo na casa de um amigo, nada grande. — Neptune se virou e lhe deu uma piscadela. — Quero apresentar vocês.

Yang sorriu, ele era realmente um cara legal.

— Tá certo.

A alfa lutadora continuava sem saber o que esperar quando o carro estacionou na frente de uma mansão no bairro mais caro da cidade.

— Vem, quero de apresentar alguns amigos meus que também querem te conhecer. — Ele disse saindo do carro e batendo a porta.

— Querem me conhecer? — indagou Yang curiosa a respeito.

— Alguns desses caras gostam realmente de MMA e você é famosa.

Às vezes Yang esquecia que era famosa.

— Claro, vamos lá, então.

Ao passar pelo jardim da frente e se aproximar na entrada com grandes portas e janelas em vidro, dava para ver que estava acontecendo uma pequena festinha, nada muito grande, aquele tipo que você convida os amigos para sua casar para beber e jogar videogames. Quando entraram, Yang foi saudada com uma música de hip-hop bem alta, demorou dois segundos para ela perceber que a música era ao vivo e tinha um cara puxando as rimas no canto perto da escada segurando um microfone.

— Uou! Neptune? Você veio!

Um rapaz que se aproximava deles era um beta loiro, os músculos saltando pela camiseta branca aberta, o sorriso largo no rosto bronzeado e os olhos de uma cor azul oceânica. Yang o reconheceu na hora e parecia que ele também havia a reconhecido.

— Ah meu Deus, Yang Xiao-Long? A lenda? Será que pega mal eu pedir um autógrafo?

— Sun? Para de ser chato! — Neptune repreendeu o amigo.

— Não. Tá tudo bem. — Yang o tranquilizou sorrindo.

Para ela, era um pouco estranha a situação, apesar de ter uma certa fama graças ao MMA, Yang nunca chegou a frequentar locais com celebridades, bem, isso até conhecer o Neptune, agora parecia que teria de se acostumar com a ideia de está com famosos a sua volta.

— Tá vendo? Nós somos legais, você que é um chato. — Sun zuou o amigo, Neptune apenas revirou os olhos.

— Sabe, Yang, posso te chamar de Yang, né? — A alfa loira assentiu. — Eu já vi algumas de suas lutas pela TV e foi demais, você sabe que popularizou o sanshou, né? As pessoas queriam treinar o que você treinava, foi demais. — Sun tagarelou empolgado. — Eu até faço funcional baseado no MMA.

— Ah é? Então deveríamos trocar alguns golpes! — Yang falou lançando um soco na direção dele, mas obviamente que o homem beta estava em uma distância segura e seu golpe de brincadeira passou longe.

— Hey, vamos com calma, eu tenho de cuidar do meu material de trabalho, né? — Sun sorriu e apontou as duas mãos para o próprio rosto.

Todos riram ao mesmo tempo. Sun era modelo muito bem-sucedido, ele era o garoto propaganda de uma grande e poderosa marca de tênis esportivo, que por acaso, Yang estava usando um tênis dessa mesma marca. Além disso, Sun vivi fazendo pontas em videoclipes de música, programas de TV e tem milhares de seguidores nas redes sociais.

— Você é uma comédia, senhor belezudo. — debochou Neptune. — Agora, eu não tô vendo o Sage e o Scarlet, onde eles estão?

Yang virou a cabeça tão rápido que seu cabelo ricocheteou atrás dela.

— Tão lá fora, vamos lá. — respondeu Sun e quando Yang mal percebeu, eles estavam indo na direção dos fundos da casa dando direto em um enorme deck de madeira, uma piscina ao lado direito e um bar ao esquerdo, no centro vários conjuntos de bancos de pallet e almofadas.

Yang não admirou a decoração, ela estava animada com a possibilidade de conhecer Sage. Sun era famoso, mas Yang não poderia dizer que era fã dele, bem ao contrário de Sage, ela escutava e adorava as músicas do alfa rapper.

— Nep, Sun! — Ele balançou a mão quando os viu. — E essa é a grande Yang Xiao-Long! Que prazer te conhecer.

O homem alfa negro era grande e corpulento, as tatuagens e o cabelo pintado de verde lhe davam uma aparência intimidadora, mas assim que Saga abriu um largo sorriso e estendeu a mão para Yang, ela soube que ele era um cara legal.

— Também é um prazer te conhecer, adoro suas músicas, de verdade. — Yang apertou sua mão sorrindo e Sage balançou a cabeça parecendo bem orgulhoso.

— Senta aí, tem cerveja belga. — O rapper caiu no sofá, foi quando ele passou o braço ao redor dos ombros de um ômega ruivo que Yang notou a presença do Scarlet. — Tem bastante, já que meu amorzinho aqui não pode beber.

Yang viu o ômega ruivo revirar os olhos no momento que ela, Neptune e Sun se sentaram do lado oposto, a mesa entre eles e o casal Sage e Scarlet com as garrafas de cervejas em cima assim como o cantor havia dito.

— Você tem de ficar lembrando disso o tempo todo? — Scarlet falou sem realmente demonstrar aborrecimento.

Como todo ômega, ele tinha a constituição pequena, magro e branco com o cabelo bem vermelho e comprido. Ele, junto do alfa Sage e dos betas, Neptune e Sun, formavam a boyband chamada SSSN. Eles fizeram um sucesso absurdo a quase 10 anos, mas acabou caindo no esquecimento tão rapidamente quanto acenderam. Cada membro seguiu seu próprio caminho, Sage como cantor solo, Sun como modelo e ator, Neptune virou produtor musical e Scarlet era fashionista e dono de sua própria grife que leva seu nome; Scarlet David. Bem cara, por sinal.

— Tenho de lembrar sim, tenho de cuidar de você e de nosso filhinho. — Sage disse rindo e puxou Scarlet para mais perto em seu peito largo.

Yang se virou para Neptune e levantou uma sobrancelha interrogativa. O rapaz beta deu de ombros e simplesmente confirmou:

— Scarlet está esperando um bebê.

Ela imediatamente voltou seus olhos para a barriga do macho ômega na sua frente. O cheiro dele era quase imperceptível, ômegas quando engravidam ativam um mecanismo bioquímico que funciona como um inibidor de feromônios com a finalidade de não atrair nenhum alfa e proteger o bebê em seu ventre. Foi graças a pesquisas científicas deste mecanismo de inibição natural que os inibidores artificiais modernos foram criados, mas até hoje a ciência não conseguiu criar algo tão eficiente como a natureza. Era fantástico, Yang se esforçou farejando discretamente e não conseguia sentir quase nenhum cheiro de ômega vindo de Scarlet, mas ela podia sentir muito claramente o cheiro de Sage marcando o corpo de seu parceiro.

— Já tá com quanto tempo? — Sun perguntou pegando duas garrafas de cerveja e entregando para Neptune e Yang.

— Três meses. — respondeu Scarlet.

— Que maravilhoso, desejo muita felicidade para vocês. — Yang falou sem conseguir disfarçar o sorriso besta que surgiu em seu rosto.

Ela realmente estava feliz por eles, mas novamente aquele sentimento de inveja lhe mordeu. Sempre acontecia quando Yang via um casal como Sage e Scarlet ou como as suas duas mães. Mas ela empurrou o sentimento fundo dentro de si e tentou se concentrar na conversa mais descontraída que se iniciou a seguir.

Eles falaram sobre as lutas de Yang, sobre o tempo da SSSN. Sun era o mais divertido e tinha um senso de humor próximo do dela, Yang pensou imediatamente que eles se dariam muito bem, Scarlet ficou mais quieto, ela não sabia se era sua personalidade padrão ou a loucura hormonal da gravidez estava o fazendo ser mais resignado. Sage era mais sério, mas ela logo viu que o cara era inteligente e para sua surpresa, ele era também muito amigo de Weiss assim como Neptune.

— Nossa princesa não veio? Eu mandei uma mensagem para ela essa tarde, falou que tinha planos para a noite. — Sage disse quando o assunto “Weiss” surgiu.

Planos para a noite? Como assim?

Yang se repreendeu pelo súbito sentimento de ciúmes que lhe surgiu ao imaginar que talvez Weiss estivesse saindo com alguém. Ela tinha de lembrar a si mesma que aquilo era estúpido.

— Ah sim, ela tinha grandes planos. — Neptune debochou. — Passar a noite trabalhando.

Sage fez uma cara de desagrado.

— Ela trabalha demais, eu já falei isso para ela, dá um tempo sabe.

— Você acha que eu não falo isso o tempo todo também? Mas diz se a Weiss me escuta? Tô para ver alguém tão cabeça dura quanto ela.

Yang tomou um pouco da cerveja na boca da garrafa para se impedir de sorrir quando soube que Weiss não estava com ninguém. Porém, mas uma vez ela se repreendeu por aqueles pensamentos.

— Falando em trabalho, eu vou indo, galera, tenho um ensaio fotográfico à manhã bem cedo. — Sun disse se levantando. — Foi demais te conhecer, Yang, vamos se falar depois. — Ele levantou a mão e a alfa bateu em um cumprimento amigável.

— Pode apostar que sim! — Yang disse dando uma piscadela para ele que retribuiu piscando também.

Depois que Sun se despediu dos outros, Scarlet foi o primeiro a falar.

— Eu acho que vou me retirar também, não sei o que é pior, a dor nas costas ou os pés inchados, mal vejo a hora deste bebê nascer logo.

Todos riram.

— Vou te levar para o quarto, vocês dois fiquem à vontade. — Sage disse e depois olhou de forma suspeita para Neptune. — Mas nem tão à vontade, ok?

— Tá, tá, foi mal pela aquela vez, eu estava mega bêbado. — Neptune agitou a mão e se justificou precariamente.

— Daquela vez? — Yang lhe deu um sorriso torto quando ficou as sós com Neptune.

— Não foi nada demais. — Ela levantou uma sobrancelha. — Tá, ok, ele me pegou fazendo oral, mas como eu já disse, eu tava mega bêbado nesse dia.

— E para meu azar, você não está nem um pouco bêbado agora. — Yang sorriu e se inclinou para mais perto dele.

— Não estou bêbado. — Ele se inclinou para perto dela também. — Mas isso é uma sorte, não um azar.

— Eh, eu conheci todos os membros do SSSN, então dá para dizer que estou com sorte hoje. — Yang sorriu mais.

— Você gostou? Esses caras são como minha família.

— Adorei, eles são ótimos, mas sabe, por mais legal que tenha sido, quando eu te liguei, eu tinha imaginando outras coisas.

O sorriso de Neptune se alargou ainda mais.

— Me conta tudo que você imaginou.

Yang riu.

— Que tal eu mostrar? — Ela fechou a distância entre eles e Neptune zumbiu contente retribuindo o beijo.

Não demorou muito para Yang deslizar sua língua para dentro da sua boca e as coisas ficarem mais aquecidas. Neptune zumbiu contente quando a alfa beijou seu pescoço e acabou pousando sua mão na perna dela. Yang encostou seus lábios na orelha dele:

— Sage disse que não era para ficar muito à vontade aqui, conhece algum lugar onde podemos continuar?

Neptune se afastou, um sorriso bobo no rosto e os olhos brilhando de alegria.

— Claro que eu conheço.

~**~

Yang acordou sentindo algo coçando em sua nuca, ela estava deitada de bruços e o rosto enterrado no travesseiro azul e notou o corpo que estava pairando acima de suas costas.

— Bom dia. — Neptune cantarolou perto de seu ouvido, ele certamente parecia de bom humor.

— Hum… Bom dia… — Yang murmurou de volta ainda bem sonolenta.

Ela se virou e foi saudada pela visão de Neptune lhe sorrindo, ele já estava vestido, usando uma camisa branca e calça jeans.

— Não sabia que você era do tipo que acordava cedo. — Ela disse em tom de brincadeira e jogou os braços ao redor dos ombros dele.

— Não sou, mas tenho trabalho hoje. O que é uma pena, adoraria ficar preguiçoso a manhã inteira com você.

— Aah, você é um fofo, eu te beijaria se não fosse o mau hálito matinal.

Neptune riu.

— Engraçada, agora se levanta logo, antes que ela acabe com todo o café.

O sorriso de Yang se desfez.

— Tem alguém aí, Neptune?

— É só a Weiss. — Ele saiu da cama dando de ombros. — Ela é uma viciada em café, se você não ficar de olho, ela toma uma garrafa inteira sem nem piscar.

Yang ficou atordoada, Weiss estava ali?

— Se veste e eu tô te esperando na cozinha. — Ele saiu.

Depois do que pareceu ser uma eternidade, Yang conseguiu reunir sua coragem para sair do quarto de Neptune, ela ainda teve de esperar sua ereção matinal acabar, seria muito vergonhoso se Weiss a visse daquela forma, certamente pensaria que ela era uma alfa tarada que não consegue controlar o próprio pau perto de um ômega.

Ela abriu a porta e deu dois passos hesitantes no corredor e parou assim que ouviu a voz de Weiss meio distante.

— De modo algum, sem a menor condição, você pode esquecer essa ideia! — Ela dizia com a voz cheia.

Yang deu mais alguns passos, para sua miséria, o corredor não era tão longo e ela rapidamente se aproximou da cozinha, de repente, suas narinas dilataram quando um cheiro doce e refrescante lhe atingiu, seus pés passaram a caminhar por conta própria seguindo o odor que Yang já havia sentindo antes, lá no camarote da Arena Vytal e mais fraco em Neptune.

Ela sabia a quem pertencia aquele cheiro e sabia que não deveria está o apreciando, mas Yang simplesmente não podia se conter, ela inconscientemente parou logo no final do corredor segurando na parede e fechou os olhos inalando o cheiro de Weiss.

— Resolveu se juntar a nós?

Yang abriu os olhos surpresa ao perceber a voz da ômega se dirigir diretamente para ela. Weiss estava em pé com as mãos apoiadas nas costas de uma cadeira, que ficava disposta na mesa de café da manhã de Neptune que já estava posta no centro do cômodo.

De repente Yang percebeu a situação em que estava, Weiss sabia que ela havia dormido com Neptune, ela devia ser capaz de sentir seu cheiro de alfa no beta. Ela se sentiu tão indigna, tão vergonhosa, ela não queria aquilo, sabia que era a coisa mais ridícula, mas sentia como se tivesse sendo infiel a Weiss. Yang passou muitos anos nutrindo um sentimento totalmente platônico pela ômega e se fosse por seu desejo, ela estaria com Weiss, mas agora era certo que suas chances nulas estavam mais impossíveis que antes.

— Bom dia. — Ela disse sem muito ânimo.

— Bom… bom dia. — Weiss franziu o cenho um tanto surpresa ao perceber sua falta de educação, talvez ela não esperasse o tom de voz tão suave da alfa lutadora.

— Liga não, essa nojenta ai parece uma mula dando patada em todo mundo de manhã. — Neptune falou rindo, ele estava sentado na mesa redonda de vidro comendo um prato de panquecas. — Senta aqui do meu lado que eu te protejo nesta bruta.

Yang se sentou ao lado dele recebendo um prato cheio de panquecas e um beijo na bochecha. Ele era fofo, definitivamente não fazia sentindo Yang ficar pensando em Weiss, era melhor ela se concentrar nele, que realmente gostava dela e merecia, talvez eles realmente pudesse dar certo juntos.

— Obrigada. — agradeceu, Yang ainda hesitou em devolver o beijo por saber que Weiss estava assistindo tudo, mas por fim, decidiu que não era justo com Neptune e beijou seu rosto de volta.

— Então agora vocês são sérios? — perguntou Weiss, imediatamente Yang se voltou em sua direção a observando, não sabia ao certo o que gostaria de ver, talvez ciúmes? Seria divertido se fosse, mas o rosto da ômega era contente e ela estava com um sorriso no rosto, alguém que estava verdadeiramente feliz pelo amigo.

Yang sentiu um amargor na boca e torceu para seu rosto não transparecer o que ela estava sentindo realmente, a alfa apenas sorriu como se estivesse sem graça diante da pergunta da ômega.

— Está um pouco cedo para chamar de sério, não é? — Neptune disse percebendo o seu constrangimento.

— Sim, não vamos apressar as coisas, não é? — Yang riu para disfarçar sua falta de jeito na situação.

— Parece prudente. — Weiss comentou, ela passou a mão pelo seu rabo de cavalo jogando o cabelo para o lado. — Por acaso, queria me desculpar com você pelo que aconteceu na arena Vytal.

Yang a olhou piscando sem entender direito, Weiss estava pedindo desculpas por gritar com ela?

— Eu exagerei e não deveria ter me exaltado daquela forma, não queria te ofender sem motivos. — Ela continuou agora desviando o olhar para não encarar a alfa como se estivesse nervosa com suas próprias palavras. — Agora que você está saindo oficialmente com o Neptune, sinto que deveríamos tentar conviver em harmonia, o que me diz?

No momento que Weiss levantou o olhar e Yang se viu olhando para os olhos azuis da ômega, ela nem sequer mais lembrava do que ela havia perguntado, ela era tão bonita, tão perfeita com seu rosto angelical e delicado, com seus olhos de um tom de azul pálido e ao mesmo tempo, enfeitados com um brilho determinado que só ela tinha. Não importa o que Weiss estivesse lhe pedindo, a resposta sempre seria sim.

— Claro, seria um prazer. — Ela respondeu sem pensar muito, só depois de alguns segundos que Yang percebeu que estava sorrindo feito uma boba, ela balançou a cabeça para disfarçar, mas talvez tenha sido tarde, Neptune lhe lançou um olhar meio suspeito.

— Maravilhoso, tudo esclarecido. — Weiss deu meia volta, seu cabelo branco balançando atrás de si.

— Hey! Espere, onde pensa que vai? Ainda não acabamos nossa conversa. — Neptune disse.

— Se você vai ficar insistindo nessa história de nova turnê então não temos mais o que conversar, é não e pronto. — Weiss deu um volta completa e de algum modo, foi tão suave que era como se fosse um passo de dança muito bem ensaiado.

— Weiss! — Neptune se levantou abruptamente. — Você está negligenciando sua carreira de cantora, depois que fechou contrato com o Willis, você não lançou nenhum álbum inédito, não fez turnê-

— Mas eu lancei músicas inéditas sim! — Weiss argumentou cruzando os braços.

— Uma música! Uma! E ainda foi em parceira com o Sage. Por isso estou insistindo na turnê, é isso que músicos fazem quando estão em uma fase pouco produtiva.

— Não, Neptune, eu não quero, turnês são extremamente desgastantes! Eu não quero passar por isso de novo.

— Desgastantes? Você não faz uma turnê à quatro anos! Dá para acreditar nisso, Yang? — Ele se voltou com uma mistura de aborrecimento e indignação na voz.

Yang estava observando os dois discutindo a um tempo, ela terminou de mastigar e engolir sua panqueca melecada com calda de chocolate. A alfa olhou entre o beta e a ômega na sua frente, Weiss estava com uma expressão de tédio e Neptune presunçoso acreditando que Yang ficaria a seu lado.

— Eu entendo como é está cansando.

— O que? — Neptune exclamou confuso e Weiss levantou uma sobrancelha para a alfa.

— Quer dizer, tipo, eu amo lutar, amo mesmo, mas… as vezes cansa tanto e é tão estressante toda essa loucura de torneio, campeonato, que às vezes a gente só quer dá um tempo. — Yang levantou a cabeça para ver que havia deixado os dois meio aturdidos, nenhum dos dois esperava aquela resposta tão sincera. — Enfim, eu acho que você não deveria fazer nada que não queira. — Ela voltou a comer a panqueca na esperança que seu embaraço passasse.

— É exatamente isso que vou fazer. — Weiss falou para Neptune. — Nada de turnê.

— Ah, certo! Vocês ganharam. — O rapaz beta jogou os braços para cima e voltou para a mesa se sentando ao lado de Yang. — Pelo menos o show com o Flynt no final da Taça do Rei está de pé, não é?

— Como é? Você vai cantar com o Flynt Coal na final do campeonato de futebol? — Yang exclamou entusiasmada.

— Neptune! Isso era segredo! — gritou Weiss.

— Desculpe! Mas Yang não vai contar para ninguém. — O beta se virou para ela meio assustado. — Você me promete que não vai contar isso para ninguém! Ninguém!

Yang olhou para as caras assustadas de Neptune e Weiss e acabou rindo alto.

— Ei, calma gente, vou contar nada não, pode deixar.

A expressão de alívio no rosto da ômega foi tão fofa que Yang teve de se conter para não correr e abraçá-la.

— Bom, isso é para ser uma grande surpresa.

— Por acaso, você não tinha ensaio hoje? — Neptune perguntou.

— Tinha? Tenho! Klein deve está me esperando lá embaixo, vou me encontrar com o pessoal do Flynt às 13:00. Tchauzinho! — Weiss soltou um beijo no ar para o amigo beta e saiu correndo.

— Essa aí está sempre com presa. — Neptune riu para si mesmo.

— Neptune, por que Weiss estava aqui? — Ela perguntou de uma forma quase tímida.

— Ah, ela mora aqui na cobertura. — Ele respondeu como se não fosse nada demais. — As vezes ela passa aqui quando vem da academia do prédio.

Que droga! Foi a única coisa que Yang conseguia pensar, ela havia literalmente fodido com o Neptune a noite toda enquanto Weiss estava apenas alguns andares acima. Aquilo era oficialmente uma porra completa. Yang estava com vontade de dá um soco em si mesma e sumir.

Se Neptune percebeu seu autoflagelo interno, ele nada disse. Yang se arrastou de volta para casa, não tinha mais ânimo para ir treinar, quando ela chegou e viu o carro de Raven estacionado na frente da garagem, sabia que seu dia ruim ainda não tinha terminado. Ela realmente estava esperando que sua mãe estivesse no escritório.

No minuto seguinte, Yang estava sendo arrastada para dentro de casa por Ruby, sua irmãzinha disse que havia uma “reunião de família” agendada. E lá estava Yang, sentada com a cara emburrada na poltrona da sala com Ruby sentada no sofá próximo a ela. Raven estava na poltrona oposta lhe encarando com uma expressão descontente.

— Cheguei! — Summer anunciou entrando, era evidente que estava vindo do ateliê, apesar do trabalho de se limpar, ainda era possível ver pequenas manchas de tintas em suas roupas.

A ômega mais velha foi diretamente para perto da esposa.

— Agora que estamos todos aqui, podem falar logo sobre o que se trata essa besteira? — Yang disse claramente mau humorada ganhando uma careta raivosa de Raven.

Summer colocou uma mão no ombro da alfa a acalmando, Yang podia sentir o cheiro floral e doce de sua madrasta mesmo do outro lado da sala.

— Não é uma besteira, Yang! — Raven rosnou para ela. — Nós… — A alfa mais velha olhou para a esposa como se para tomar coragem. — Nós temos um anúncio para fazer.

— Não é nada ruim, é? — Ruby perguntou claramente temerosa, ela ainda lembrava dos acontecimentos terríveis na época da doença de seu pai, ela não queria viver aquilo de novo.

— Não, querida, não se preocupe, não é nada de ruim. — Summer se deslocou para o sofá abraçando a filha e a tranquilizando.

— Então que anúncio é esse? — Yang disse impaciente.

Raven rosnou para isso, mas antes de ela dizer qualquer coisa, Summer interveio.

— Yang! Por favor. — A ômega mais velha disse severa e Yang imediatamente abaixou a cabeça para sua mãe.

— Por favor, digam logo, vocês estão me matando de ansiedade. — Ruby falou impaciente e Summer riu.

— Tudo bem, acontece que faz um tempo que eu e Raven estamos conversando bem seriamente sobre algo. — Summer começou delicadamente. — Algo que pode mudar muito nossa família e a certamente modificará está casa.

— Modificar a casa? Uma reforma? — Ruby tentou adivinhar. — Eu sempre achei que o portão merecia mais janelas e eu queria um chão de carpete no meu quarto.

Yang levantou uma sobrancelha, certamente que suas mães estavam falando muito sério para ser uma mera reforma.

— Não, Ruby. — Summer passou a mão na cabeça da filha ômega. — Faz muito tempo que eu tive você e isso foi uma grande alegria na minha vida, Yang apesar de ser filha de Raven e Taiyang eu a amava igualmente.

— Mas que conversa é essa afinal? — Yang se inclinou para frente na poltrona.

— Faz muitos anos que vocês já não são mais crianças, agora tem a vida quase feita e eu acabei me sentindo um pouco… Hum, como eu poderia dizer, como se estivesse faltando algo.

— Eu acho que não entendi. — Ruby disse.

— Estivemos pensando. — Raven começou. — Eu só tive Yang e Summer você, e estamos juntas há seis anos e até hoje não oficializamos nossa união, então, estamos pensando em fazer isso agora.

— Vocês vão casar? Tipo, oficialmente? — Yang disse.

— Ah isso é incrível! Vai ser lindo! — Ruby se animou.

— Sim, vai. — Summer se deslocou para perto da esposa novamente. — Mas tem uma coisa a mais.

As duas filhas as olharam com expectativa.

— Nós decidimos ter um filho biológico nosso! Meu e da Raven!

— O que? — Yang ficou chocada.

— Um irmãozinho? Isso é incrível! — Ruby pulou e correu para perto de Summer.

— Vai com calma, nos vamos tentar ter um filho! — Raven ressaltou. — Summer começará o tratamento em breve, isso significa que ela deixará de tomar os supressores de calor, então as coisas deve ficar um tanto difíceis nos próximos meses.

— Nós vamos dar todo o apoio do mundo! — Ruby abraçou Summer bem forte. — Vai dá tudo certo e vamos ter um irmãozinho lindo e mega fofo!

— Obrigada. — A ômega respondeu.

— E você, Yang? Não tem nada a dizer? — Raven perguntou.

— Parabéns. — A alfa mais jovem falou apática. — Estou feliz por vocês, de verdade. — Agora sua voz ficou emocionada, mas ela estava claramente se contendo.

— Yang? — Ruby murmurou preocupada com sua irmã.

A loira se levantou com a cabeça baixa, seu cabelo cobrindo seus olhos.

— Não precisa se preocupar, Ruby, eu estou bem e estou realmente feliz por vocês. Sério! — Ela levantou a cabeça puxando um sorriso forçado.

Mas Yang não conseguiu sustentar o olhar nas três pessoas a sua frente, ela estava se sentindo um lixo completo. Por que ela tinha de ser tão invejosa daquela forma? Porque ela tinha ciúmes da forma como Raven havia tomado toda a sua família, reivindicou Summer, conquistou Ruby e agora ela teria até um novo filho? Por que ela tinha de invejar tanto aquilo? Por que ela não podia simplesmente ficar feliz verdadeiramente por elas? Por que?

— Me desculpem… acho que agora vou para meu quarto, preciso dormir um pouco.

Yang arrastou seus pés muito grata por ninguém a ter tentando falar mais nada.

***