O Preço da Fama escrita por Holanda


Capítulo 20
Capítulo 20




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Os dedos de Yang deslizavam suavemente pelas costas nuas de Weiss que estava confortavelmente acomodada sobre seu ombro, seus braços ao redor do dorso da alfa e sua respiração era delicada contra o peito de Yang.

— Bom dia… — Ela sussurrou com um sorriso sentindo que Weiss já estava acordada.

— Bom… — A ômega se apertou ainda mais contra ela fazendo Yang rir.

— Já vai da 10 horas, Weiss. — Beijou o topo da cabeça dela.

— Eu não estou com pressa.

— Bem, mas eu estou faminta, não sei você. — disse Yang com bom humor, foi quando finalmente Weiss levantou a cabeça, seus olhos brilhando e uma expressão serena. — Que foi?

— Aquilo que você disse ontem… Yang eu… — Ela foi parada quando a alfa colocou um dedo em seus lábios, com um olhar tranquilo, ela deslizou o dedo para acariciar o rosto da ômega.

— Não se preocupa com isso, eu sei… — A mão de Yang desceu até o pescoço dela e tocou a marca pálida de uma mordida.

— Isso foi um erro. — Weiss usou suas próprias mãos para cobrir as de Yang. — Eu era tão jovem, não sabia o que estava fazendo, eu..

— Ei! — Yang chamou firme, mas ainda podia-se sentir o carinho e calor de sua voz. — Tá tudo bem, eu disse para não se preocupar, eu sei. — A alfa a puxou para seus braços novamente. — Você não tem culpa de nada.

Weiss sentiu seu coração inchar, aquele sentimento novamente que ela ainda tinha medo de nomear.

— Você é incrível. — A ômega a abraçou de volta se sentindo no paraíso nos braços de Yang.

As duas passaram um bom tempo assim, até o estômago de Yang começar a roncar de verdade. Weiss não estava chateada quando se levantou ainda nua e catou qualquer roupa no chão para vestir. 

— Tem um telefone ali, disca 3 e você pode pedir algo para comermos. — A cantora dizia enquanto observava Yang colocar de volta sua cueca e uma camiseta.

— Certo, eu volto logo. — A alfa sorriu. 

Weiss balançou a cabeça com um sorriso no rosto, ela foi na direção do banheiro da suíte e arrumou superficialmente seu cabelo, escovando os dentes logo em seguida. Depois disso, a ômega pegou seu celular para verificar, ela se assustou com a quantidade de notificações que recebeu, e não paravam de chegar.

O que estava acontecendo? Aquilo não era comum.

Tudo estava confuso, ela não estava entendendo nada, mas parecia que tinha algo a ver com Yang, Weiss abriu um link pois não estava acreditando no que estava vendo.

— Weiss, o café já chegou. — Yang entrou no banheiro sorrindo. — Weiss? — Ela se aproximou, a ômega estava de costas, a cabeça baixa e seus ombros tremiam um pouco. — Weiss? O que houve? — A alfa se aproximou mais.

— Não chegue perto de mim! — gritou Weiss de repente.

Yang congelou no lugar, suas sobrancelhas se franziram confusa.

— Weiss… o que?

Erguendo a cabeça, a ômega se virou vagarosamente, Yang viu como os olhos dela estavam vermelhos e inchados, os dentes apertados como se estivesse com raiva.

— Weiss…

A ômega ergueu o telefone, hesitante, Yang o pegou para ver o que havia ali.

— Weiss… eu… posso explicar isso.

— Isso é verdade?! — Ela gritou.

— Eu… — A alfa sentiu seus olhos arderem.

— Responde sim ou não! — Weiss levantou o olhar, firme e dolorosos diretamente para ela.

Os lábios de Yang tremeram quando ela sentiu que seu coração era apunhalado.

— Sim. — admitiu.

A ômega pareceu desabar de repente, ela teve de se segurar na pia enquanto cobria a boca com a outra mão sufocando um soluço.

— Por favor, deixa eu explicar! — Yang implorou, mas foi interrompida novamente.

 — Todas as vezes que me perguntei se era possível você ser assim tão perfeita, no final eu estava certa, quanto tempo demoraria para você me mostrar sua verdadeira face?

— Você entendeu errado…

— Eu entendi errado? — Weiss se virou para ela, lágrimas corriam soltas por seu rosto. — Você é o que? Uma psicopata? Doida? Devo chamar a polícia?

A alfa recuou um passo assustada com as palavras da ômega.

— Você estava me enganando esse tempo todo! 

— Não! — se defendeu Yang.

— Vai negar agora? Você usou o Neptune como se ele não fosse nada!

— Não! Eu estava afim dele de verdade!

— Mentira! — gritou Weiss. — Não acredito em nada do que você fala!

— Weiss por favor… você está de cabeça quente, eu sei que se…

— Se o que? Te ouvir para você me manipular com palavras doces? Chega!

— Eu não estava fazendo isso! Eu juro! — Yang sentiu sua voz tremer.

— Você é maluca! Gente normal não faz isso! Eu vi imagens do seu quarto cheio de fotos minhas! 

— Isso foi quando eu era adolescente!

— Pior ainda! Quanto tempo ficou planejando tudo isso? Qual era seu objetivo? Transar comigo? Está satisfeita agora? Seu plano foi um sucesso? O que ia fazer a seguir? Ou será que você queria me marcar?

— Weiss, você entendeu tudo errado, deixa eu explicar! Eu te amo! Sempre te amei, mas…

— Você é doida! Não toca em mim! — A ômega se afastou rapidamente como se Yang fosse machucá-la a qualquer momento, e isso feriu Yang mais do que qualquer coisa.

— Weiss… não faz assim… por favor… — A alfa sentiu as lágrimas encherem seus olhos e começarem a correr por seu rosto.

— Pega suas roupas e saia.

— Weiss… — Sua voz falhou.

— Pega suas roupas e saia! — A ômega gritou, ela ainda tinha lágrimas escorrendo por seu rosto.

Yang se afastou andando para trás, ela nunca havia sentindo suas pernas tão fracas, sua vontade era gritar ou forçar Weiss a entendê-la, mas ela nunca faria isso, só pôde sentir a dor em seu peito e a dormência em seu corpo enquanto recolhia suas roupas no quarto e saia para pegar o elevador e sair do hotel. Dentro da cabine, a alfa deixou suas costas baterem contra o espelho que ficava aos fundos, ela deslizou para baixo até cair abraçando os próprios joelhos, ela nem havia vestido suas roupas direto, e ali mesmo chorou como uma criança, até as portas abrirem e algum funcionário da recepção aparecer.

Weiss ficou onde estava, dentro do banheiro, depois que a loira sumiu de vista ela caiu de joelhos no chão, os soluços saiam de sua boca sem ela ter controle sobre eles, ela se deixou cair até estar deitada no mármore branco e frio, as lágrimas igualmente geladas desciam por seu rosto incontroláveis. Weiss não percebeu por quanto tempo ficou daquele jeito nem a última vez que sentiu uma dor tão grande. 

 

~Uma Semana Depois~

 

Yang sentiu sua cabeça latejar com uma pressão devido as luzes fortes que estavam na sua frente enquanto ela andava por um longo corredor cinza, a dor na cabeça aumentando devido ao esforço que fazia para manter sua mente vazia. Passou pelo umbral e um som estrondoso de uma multidão gritando reverberou a sua volta, Yang caminhou na frente delas ignorando tudo até chegar em um palco onde um apresentador beta cercado de ômegas usando pouca roupa estavam a esperando.

 Ela parou com a expressão fechada olhando seu adversário subir no palco também, Mercury chegou gritando para a plateia e jogando fora sua blusa e exibindo seus músculos enquanto fazia movimentos de socos e chutes. Yang o observou parada e com a cara fechada.

— Que entrada, meus amigos! — O apresentador falou no microfone sorrindo. — Agora vamos para a pesagem e nos preparar para essa luta épica que vai acontecer daqui a algumas horas! Primeiro, nosso desafiante pelo cinturão do peso meio-médio! Mercury Black!

Com uma cara de confiante, Mercury subiu na balança que ficava no centro do palco, quando o número surgiu e o juiz deu seu aval, ele saiu comemorando agitando a plateia novamente. Yang foi a próxima e permaneceu imperturbável, apesar de sua dor de cabeça ter piorado significativamente. Seu peso também estava ok.

— Chegou a hora da encarada! — gritou o apresentador no microfone.

Mercury não perdeu tempo e com três passos rápidos estava em cima de Yang com o rosto a centímetros de distância.

— Vai chorar?! Ou você só chorar quando não consegue morder a Weiss Schnee?! — Ele gritou contra seu rosto rindo da sua cara.

— Cala a boca seu pedaço de merda! Eu vou te destruir! — revidou Yang com o mesmo tom agressivo.

— Vai porra nenhuma! Tu é mole!

— Eu vou te mostrar quem é mole aqui! — Yang cutucou o peito dele com o dedo.

— Sem tocar! Sem tocar! — O apresentador tentou se meter no meio.

— Não sou eu que fiquei correndo atrás de ômega e depois chorando quando ela me deixou! Patético! Ela deve ter se decepcionado quando viu seu pau!

— Cala essa tua boca! Cala essa tua boca! — Yang avançou na direção dele, mas o apresentador a agarrou e a puxou para trás, não teve muito efeito porque ela era muito mais forte. — Eu vou quebrar todos os seus dentes! Vou amassar essa tua cara de merda e esfregar ela na sua própria bunda!

— Vai porra nenhuma! — Mercury riu e começou a debochar quando um outro homem subiu no palco e o agarrou o puxando para longe também. — Eeeeh Weiss, volta pra mim! Me nota! — Ele imitou um choro de bebê e depois riu.

— Eu vou te matar! Eu vou te matar! — Foi a última coisa que Yang gritou. 

 

~**~ 

 

Todo o trabalho que Yang teve para se manter concentrada e reprimir toda a avalanche de sentimentos que ela estava vivendo foi inútil, agora ela estava revoltada, todos esses sentimentos girando e se misturando dentro de Yang de forma que ela estava queimando e sem saber distinguir o que era o quê.

Nesse caos, Yang só conseguia identificar um sentimento, um sentimento que ela conhecia muito bem, um sentimento que era o mais familiar para Yang…. a raiva.

Sua cabeça latejava enquanto ela ia na direção do octógono apertando os dedos em punho até doerem, ela ignorou a plateia gritando e o local escuro com luzes brancas fortes ao seu redor, como um filme distorcido a sua volta, ela entrou na jaula onde Mercury já estava ali pulando e se aquecendo para a luta.

Depois que Arslan passou vaselina no seu rosto e o banquinho foi retirado de dentro do octógono, Yang e Mercury colocaram seus protetores bucais e foram para o centro onde o árbitro sinalizou algumas regras. Ela podia ouvir a plateia gritando e urrando, estava muito cheio, a comissão que organiza as lutas fizerem um marketing gigantesco com a luta deles, facilmente todos os ingressos do estádio foram vendidos. 

— Chegou finalmente o dia que eu vou acabar com você. — Mercury rugiu um segundo antes do árbitro sinalizar o início do round. 

Yang imediatamente recuou de forma intuitiva, ajeitou a postura e foi logo tentando acertar um cruzado de direita na cabeça do oponente, Mercury balançou para o lado evitando o ataque. 

— O que aconteceu? Não vai chorar? 

— Cala a boca e luta, seu filho da puta! — Yang rosnou partindo para cima dele sem se preocupar com sua guarda. 

Mercury revidou com um chute que Yang aparou com a lateral da coxa. Ele ia entrar no joguinho de chutes, como sempre fazia. Yang estava com a cabeça fervendo e não pensava direito, ela desferiu vários chutes nele também enquanto zanzavam pelo octógono. 

— Tá tirando com a minha cara, seu palhaço?! — Yang rosnou para ele. 

Mercury riu um pouco e partiu para o chute alto rodado que Yang o tirou de tempo se afastando para trás. O árbitro apareceu no meio dando uma pequena pausa de alguns segundo e Mercury deu as costas com as mãos na cintura, ele se virou em posição de combate novamente, Yang pulo pra cima dele tentando acertar uma joelhada na direção da cabeça e ele levantou os braços na frente se defendendo. Yang quase caiu no chão, mas se levantou rapidamente o atacando novamente com três socos alternando as mãos. 

O árbitro parou novamente e advertiu Mercury por falta de agressividade e falou que só tinha mais 30 segundos para o round acabar. 

Mercury deixou um riso escapar novamente, Yang estava ficando cada vez mais enfurecida com ele.

— Que foi? Por que essa cara? — Ele provocou. — Tá triste porque Weiss descobriu que você é doida? Acho que ela se livrou de um alfa patético e maricas como você. 

Aquilo atingiu Yang, a imagem de Weiss a chamando de maluca com uma expressão que era medo e revolta piscou diante de seus olhos. Ela paralisou por meio segundo, tempo o bastante para Mercury se aproveitar e girar seus quadris levantando sua perna, Yang viu em câmera lenta o chute se aproximar e não fez nada, o calcanhar dele acertou a lateral de sua cabeça e ela cambaleou fortemente até suas costas baterem na grade. 

O sinal tocou encerrando o round e Yang estava com a cabeça girando, um zumbido irritante em seu ouvido, mas ela notou Mercury comemorando a clara vitória dele naquele turno. 

Yang respirou com dificuldade e foi até o seu local designado no canto do octógono, um médico já havia entrado e assim que ela sentou no banquinho ele jogou uma luz nos seus olhos e lhe perguntou se estava sentindo algo. Yang disse que estava bem, era uma mentira, sua cabeça estava estranha depois do forte golpe que sofreu, mas ela não ia parar, não ia desistir. A alfa sentiu o médico  tratando o corte no supercílio direito, o tempo parecia passar rápido demais para ela. 

— Eu tenho que voltar… — Ela disse tentando se levantar. 

— Calma, ainda não. — Essa foi a voz de Arslan, ela reconheceu. 

Sua colega esfregou mais vaselina em seu rosto e parecia falar algo com o médico, Yang ouviu Arslan dizendo que ela estava bem, que aquilo não era nada para ela. 

O segundo round ia começar, Yang se levantou, Arslan deu um tapa em seu ombro e ela ouviu a colega dizendo para se lembrar do treino. Se fosse honesta, Yang lembrava sim do treino, do plano, ela lembrava de tudo. Mercury ataca muito usando chutes, Yang agarraria a perna dele quando a oportunidade aparecesse e o jogaria no chão, ambos não gostam e nem são bons na luta de solo, mas Yang estava segura que se a luta fosse para o chão, ela teria muita vantagem sobre Mercury. 

Porém, Yang não estava pensando direito, todos aqueles sentimentos se misturado e borbulhando dentro dela. 

Weiss… 

Ela trincou os dentes. O arbítrio deu o sinal para começar o segundo round. Yang não se moveu novamente, Mercury partiu pra cima dela sem perda de tempo, Yang foi socada, ela ainda levantou as mãos para aparar os golpes, mas ainda recebia muito do dano. Ela foi sendo empurrada para trás enquanto Mercury ganhava cada vez mais espaço e confiança. Suas costas bateram na grade, e seu oponente continuou desferindo socos atrás de socos ao som dos gritos enlouquecidos da plateia. 

O arbítrio teve de intervir os separando, ele ia avaliar se Yang estava em condições de continuar ou daria a vitória a Mercury por nocaute técnico. 

— Você consegue continuar? Você consegue continuar? 

Yang ouvia a voz dele através de uma bolha de água, seus olhos estavam cheios de sangue e ela via tudo com um filtro vermelho macabro. Não sentia dor, mas podia sentir seu rosto inchado e machucado. Sua cabeça desligou de repente, sua mente se encheu com todos os sentimentos que se misturavam em um turbilhão caótico. Parecia que sua cabeça ia explodir. 

Foi quando Yang se focou no único sentimento que lhe era familiar e quase reconfortante justamente por causa de sua familiaridade. A raiva. 

Ela sacudiu a cabeça com força deixando a raiva tomar conta dela. Yang empurrou o árbitro para o lado da forma mais delicada que podia naquele instante, mas ainda foi bem truculento. Ele entendeu que Yang ia continuar a luta. 

Mercury já estava comemorando acreditando que sua adversária não ia se recuperar depois daquilo. Quando notou Yang voltando ele se preparou, um sorriso confiante no rosto. 

— Venho apanhar ma-

Ele foi interrompido quando Yang acertou um soco certeiro no meio do rosto dele. Não deu tempo de ele cambalear porque Yang acertou outro soco extremamente forte na cabeça dele. Imediatamente Mercury desmaiou e caiu no chão. 

Um nocaute perfeito, mas antes que o árbitro se movesse, Yang caiu por cima de Mercury fazendo seu joelho atingir o estômago dele e o prendendo debaixo de seu corpo. Yang começou a socá-lo inúmeras vezes com uma velocidade absurda. 

Parcialmente ela ouviu o árbitro gritando para ela parar, Yang o ignorou, apenas sua raiva tinha importância. Lágrimas começaram a cair de seus olhos e ela gritava enquanto o espancava. 

O árbitro tentou tirá-la de cima dele, mas Yang o empurrou para longe. Mercury continuou desacordado mesmo quando seu rosto já estava irreconhecível.

Muitas pessoas na equipe técnica que estavam do lado de fora, entraram no octógono e a puxaram para longe dele. Yang gritou e resistiu. 

— Para! Você tem de parar com isso! 

Ela reconheceu a voz de Sienna que estava na plateia e correu para pegar Yang. 

Yang a olhou do chão onde dois outros alfas estavam a segurando como se ela fosse um animal selvagem. Yang gritou e chorou.

— Respira! Respira! — Sienna disse e a voz da sua ex treinadora foi a acalmando mais. 

Sem que Yang percebesse isso, os médicos levavam Mercury em uma maca. Com a ajuda de Sienna e Arslan, ela saiu do octógono, bebeu água e outro médico veio vê-la. Uns cinco minutos depois, um árbitro venho lhe dizer o resultado da luta. 

Yang foi desclassificada e Mercury declarado o vencedor. 

Tudo foi um borrão estranho enquanto ela caminhava pelo corredor cheio de gente, microfones e câmeras para todo lado. 

— Yang, o que aconteceu ali? — Um repórter perguntou colocando o microfone na sua cara. 

Yang olhou para aquele objeto piscando parecendo confusa. Depois ela agarrou o microfone junto com a mão do repórter o puxando para perto de si, ela se virou na direção das câmeras, olhando diretamente para ela. 

— Weiss? Desculpe por não ter sido honesta com você, mas o meu sentimento era honesto. — Ela respirou fundo apesar de estar com o nariz quebrado, um estranho silêncio aturdido pairava a seu redor. — Você merece alguém melhor do que eu, espero que você encontre alguém a sua altura que lhe faça feliz. 

Yang largou a mão do repórter que ficou olhando surpreendido pelo que aconteceu. Ela não se importava, apenas saiu sem dar mais nenhuma declaração. Quando chegou no vestiário, Yang desmaiou e tiveram de levá-la ao hospital, ela teve uma concussão devido as pancadas que levou. Passou a noite internada e o resto da semana com dores de cabeça constantes. 

Ela escolheu não ficar sabendo das notícias, se desligou da Internet para não sofrer com as notícias que foi o assunto da semana, sua vergonhosa luta, onde Yang perdeu mais do que um combate, perdeu os patrocinadores e provavelmente sua licença será cassada. 

 

~**~

 

Weiss fez todo o tipo de manobrar para ficar longe de qualquer notícia, ela precisava de toda sua concentração para finalizar o filme, quando a luta de Yang aconteceu, ela não pôde deixar de ouvir os cochichos pelos cantos, só que ela não entendia o que exatamente havia acontecido. Sua curiosidade foi maior e teve de pesquisar na internet o que houve.

[…] já era sabido que Yang e Mercury tem uma rivalidade de longa data, trocando farpas desde sempre, a comissão se aproveitou disso para promover o combate que aconteceu na noite do último domingo, todos os ingressos foram vendidos com a promessa de uma batalha titânica a um nível pessoal entre os lutadores. 

Todas as cadeiras estavam ocupadas na Arena Vytal, um público cheio para ver uma disputa promissora, mas que acabou chocando a todos com tamanha brutalidade descabida.

Durante a apresentação de pesagem, Yang e Mercury trocaram farpas e quase saíram no soco ali mesmo, tiverem de ser separados, imagens feitas por celulares de fãs ali presentes, mostrava Yang parecendo alterada e gritando que mataria Mercury.

Até aquele momento ninguém achou que havia algo fora do comum, nesse esporte ameaças e intimidação são algo corriqueiro, ninguém levou a sério as palavras de Yang.

Mas assim que a luta começou as coisas mudaram, durante o primeiro round Yang procurou a luta, mas Mercury pareceu brincar no octógono enquanto provocava sua adversária, no final conseguiu acertar um chute certeira na cabeça da campeã que surpreendentemente resistiu sem cair.

Na volta para o segundo round, Yang parecia bastante afetada pelo golpe anterior e foi completamente dominada por Mercury, o árbitro teve de interromper a luta e o desafiante já estava comemorando, mal sabendo o que aconteceria a seguir.

Se recuperando dos danos recebidos, Yang partiu para cima de seu oponente embebida por uma fúria assassina nocauteando Mercury com um golpe só. Seria o fim da luta e uma vitória para a campeã, mas não foi o que aconteceu. 

Yang continuou espancando seu oponente desacordado, após inúmeras tentativas de contê-la,  a campeã teve um fim desonroso quando foi desclassificada após a luta, perdendo o cinturão, os patrocinadores e contratos, sua licença para participar da liga foi retirada pela comissão e para piora a derrocada da antiga ídolo do MMA, Mercury e seu treinador entraram na justiça acusando Yang de tentativa de assassinato. Segundo declarações dos mesmos, a intenção é que Yang Xiao-long nunca mais entre no octógono para competir depois de tamanha violação e conduta antidesportiva. 

Um triste fim de carreira para a alfa que conquistou multidões com seu carisma e lutas cheias de talento e diversão. Especula-se que o momento vivido pela atleta, repleto de escândalos envolvendo seu relacionamento com Weiss Schnee tenha sido o que causou o descontrole da alfa, após a decisão da desclassificação, Yang falou rapidamente com a imprensa e deu a seguinte declaração:

 “Weiss? Desculpe por não ter sido honesta com você, mas o meu sentimento era honesto. Você merece alguém melhor do que eu, espero que você encontre alguém a sua altura que lhe faça feliz.” 

[…]

Weiss suspirou afastando e tela do celular de seu rosto, como estava sozinha, ela deixou as lágrimas escorrerem e atirou o aparelho telefônico na parede o espatifando em pedaços. Weiss gritou alto deixando sua dor e frustração saírem através de seu grito.

 

~Algumas Semanas Depois~

 

Klein entrou no seu escritório cabisbaixo.

— Senhorita Schnee, tem duas pessoas aqui querendo vê-la.

Antes de Weiss respondesse, Klein foi meio que empurrado quando Blake passou pela porta, logo atrás dela estava Ruby pedindo desculpas a Klein pelo que estava acontecendo.

— O que significa isso? — Ela se levantou de sua cadeira, estava de óculos e roupas confortáveis para trabalhar, Blake a encarou com raiva.

— Você tem de perdoar a Yang. — A beta falou firme com as mãos na cintura, seus olhos eram como pedras frias de determinação

— Se veio aqui para isso, perdeu o seu tempo, eu não tenho intenção alguma de…

— Você não entende! — Blake a interrompeu com a voz soando ferida. — Nada disso é culpa da Yang! 

— É mesmo? A culpa é de quem? — Weiss questionou furiosa e cruzando os braços.

Blake abriu a boca, mas depois fechou suspirando.

— Minha.

Weiss levantou uma sobrancelha.

— Explique-se.

— Eu… 

— Por favor, deixa eu falar. — Ruby se intrometeu passando a frente de Blake, as duas trocam um olhar e a beta assentiu.

— Weiss? — Ruby se aproximou com cautela, como se a outra ômega fosse fugir dela. — Escuta, eu sei que não somos amigas a muito tempo, na verdade, nem sei se ainda somos amigas depois de tudo isso.

Weiss relaxou um pouco os ombros sentindo-se triste pela garota, ela gostava de Ruby, mas como tudo isso que havia acontecido, sua amizade estava um pouco incerta, como se sua relação estivesse em um tipo de limbo. Weiss deixou Ruby continuar.

— Yang tinha medo que você a abandonasse quando descobrisse, você significa muito para ela, você tem de saber o quanto. Quando Yang era adolescente, ela passou por um período muito difícil, por algum motivo, nossos pais não haviam contado sobre Raven, ela achava que sua mãe era Summer, quando soube que sua mãe biológica a abandonou quando era só um bebê, a Yang ficou muito mal, entrou em depressão, isso somado com outras coisas.

— Nós tínhamos um relacionamento não muito saudável na época. — Blake completou. —  Isso certamente piorou as coisas para a Yang.

Ruby confirmou com a cabeça antes de continuar a falar.

— Mas teve uma coisa que ajudou ela a superar isso tudo. Foi você, Weiss!

Weiss se mexeu desconfortável e confusa, como aquilo poderia ser possível?

— Ela começou a assistir Guerra Musical, lembra disso? Ela imediatamente se encantou por você! Viu todos os episódios, escutava todas as suas músicas. Isso… isso ajudou ela a superar aquele momento difícil de uma forma que você não imagina.

— Isso… — Weiss ficou sem palavras. — Eu… 

— Sei que isso não te obrigada a nada, mas acredite quando digo que Yang nunca planejou nada disso. — Ruby continuou. 

— A Yang não é esse tipo de pessoa, ela não conseguiria manipular alguém nem se ela quisesse, eu tenho certeza que você a conhece, você sabe disso. — disse Blake soando levemente exasperada.

Ruby assentiu e voltou a falar:

— Ela encontrou o Neptune causalmente em uma balada, e depois descobriu que ele era seu amigo. Naquela noite na arena, Yang não tinha intenções de te seduzir nem nada disso, apesar de ela gostar de você, ela nunca ia tentar nada desse tipo.

— O que aconteceu entre vocês. — Blake disse. — Aconteceu de forma natural.

— Isso tudo é muito tocante. — Weiss disse com cuidado e pausadamente. — Porém não muda o fato que ela não foi honesta comigo.

Blake pareceu se enfurecer com suas palavras:

— Qual o seu problema? Não percebe que ela tinha medo de como você reagiria quando soubesse! Ela tinha medo que você fizesse exatamente isso que você fez! Você só está provando que Yang estava certa em esconder isso de você agindo exatamente da forma como ela temia que você fizesse!

— Como se atreve! Eu tenho o meu direito! Depois de toda essa confusão, essas fofocas, sabe o que isso tudo significa para minha carreira? 

— Não culpe a Yang por causa disso! — Blake elevou sua voz. — Culpe a mim!

— Mas do que você está falando? — perguntou Weiss.

— Eu sou a Cat!

— O que?!

— Sim! Foi eu que escrevi todas aquelas coisas! Culpe a mim!

— Não! Blake não! — Ruby interveio. — Não é verdade, não totalmente! Nos últimos meses a Blake parou de escrever como Cat e outra pessoa estava escrevendo aquelas coisas horríveis de vocês.

— E quem é ela?

Blake e Ruby se entreolharam.

— Vamos! Digam quem é? — exigiu Weiss impaciente.

— Ela é uma amiga de infância minha, quero dizer, ex amiga, agora. — Blake confessou amargurada.

— Por que? Eu não entendo.

— Ela tinha uma paixão por mim, mas na época eu namorava a Yang! Ela saiu do país, o que eu não sabia é que ela alimentou um desejo por vingança contra a Yang.

— Então a intenção dessa pessoa era prejudicar a Yang? — Weiss estava em choque, de repente ela lembrou do que aconteceu na luta contra Mercury.

— Sim, e ela conseguiu, você abandonou ela, e Yang perdeu a luta e talvez arruinou sua carreira para sempre. — Blake falou com ares sombrio. — Weiss, você pode e deve me odiar, mas por favor, não odeie a Yang! Ela não teve culpa de nada disso.

— Eu… — Weiss fechou a mão em punho apertando os dedos até senti-los doendo. — Yang sabia que você era a Cat e nunca me contou isso… 

— Não a culpe. — repetiu Blake. — Se ela não te contou foi por uma promessa que ela fez a mim. A culpa é minha! 

Weiss levantou um olhar furioso para ela. 

— Não posso te perdoar. 

— Eu aceito isso, só não puna a Yang por causa de mim. E nem a si mesma ficando longe da pessoa que você gostar por causa das minhas péssimas escolhas de vida. 

— Ela deveria ter me contado, ela era uma fã, não podia ter escondido isso de mim. — Weiss murmurou meio que para si mesma. 

— A Yang faz umas coisas idiotas as vezes. — disse Ruby. — Mas eu acho que você sabe disso, o coração dela é honesto e bondoso, ela nunca ia mentir ou te enganar, não faria isso com ninguém, no fundo você sabe que essa é a verdade.

— Parece que nós nos machucamos muito… — Weiss sentiu seus olhos começarem a queimar. — Eu… não sei…

Blake suspirou colocando a mão no ombro de Ruby indicando que elas deveriam ir embora, a ômega confirmou, mas antes olhou em uma súplica para Weiss:

— A Yang está muito mal, ela foi para a nossa casa em Patch e se isolou lá, eu ligo para ela uma vez por dia para saber se ela está bem, mas fora isso, Yang não fala com mais ninguém, ela acha que assim vai conseguir te esquecer.

Aquilo doeu em Weiss, doeu de um jeito insuportável.

Ruby e Blake caminham até a porta, Klein que ficou parado encolhido ali perto mal teve reação de tentar acompanhá-las, antes de sair a beta ainda se virou e disse a Weiss:

— Se você quiser me processar por causa da Cat devido a todos esses anos, eu estou bem com isso. Só uma coisa, eu nunca te quis mal nenhum,  meio que te conheço devido a todo esse tempo escrevendo sobre você, e sei que é orgulhosa, só não deixa esse orgulho te impedir de ser feliz, Weiss.

 

~**~

 

Yang colocou o prato no escorredor depois de limpar a pia da cozinha, ela enxugou as mãos e caminhou até a sala, o corte da sua cabeça estava quase completamente curado, mas uma fina linha vermelha ainda era visível. Os seus olhos estavam caídos e meio opacos, o cabelo amarrado atrás e suas roupas largas e surradas.

— Estou indo dormir, quer mais alguma coisa? — Ela perguntou.

A idosa de vestido azul e grandes óculos no rosto enrugado, Maria, levantou os olhos do livro que estava lendo.

— Não quero nada.

A alfa assentiu sem ânimo e arrastou os pés pela escada até o seu quarto, o quarto que ela sempre usou desde a infância quando vinha passar os verões ali em Patch, era familiar e reconfortante, e mais importante, isolado de tudo, ali ela podia ficar longe de todos e das notícias terríveis que só a fizeram mal nas últimas semanas.

Mas a dor da solidão e da tristeza ainda machucava seu coração incessantemente. Era melhor dormir, doía menos, apesar disso, Yang estava com o sono desregulado, naquele momento, ela só se deitou e esperava o sono vir em alguma hora, não soube quanto tempo ficou ali olhando para o teto até Maria entrar no seu quarto.

Yang só notou quando a idosa puxou seu pé para chamar sua atenção, ela se virou para olhá-la, a mulher ofereceu um celular, Yang o olhou com desprezo.

— Não quero falar com ninguém, diga que estou dormindo.

Maria fez uma careta e um gesto de desdenha com as mãos.

— Não é para falar com ninguém, sua broca! É para olhar isso! E ai de você se não olhar, eu vou voltar aqui e acertar sua cabeça mole com minha bengala! — A mulher respondeu com seu típico tom grosseiro, ela empurrou o celular na mão de Yang e deu as costas saindo cheia de resmungos sobre como Yang era palerma, segundo as palavras dela.

Yang olhou um tanto confusa e hesitante, ela pegou o celular e viu que estava aberto no YouTube, uma imagem de Weiss  aparecia ali, o que fez ela sentir um aperto doloroso no peito, mas ela estava com tanta saudade da ômega, não pôde deixar de olhá-la, depois de alguns segundo Yang finalmente percebeu que Weiss parecia cansada e triste.

Mas o que será aquilo afinal?

A alfa olhou para o título onde se lia “Weiss Schnee – O Preço da Fama”, o canal era o oficial de Weiss e na descrição tinha dizendo nova música, o vídeo já tinha mais de 7 milhões de visualizações.

Por que Maria queria que Yang visse a nova música de Weiss?

Ela hesitou por alguns minutos, mas novamente sua saudade de rever a ômega que ela tanto amava lhe superou e Yang clicou para assistir o vídeo.

Weiss apareceu, um vídeo claramente feito em seu apartamento, ela estava sentada na frente de um piano, a câmera a sua frente, sua aparência era simples, sem quase nenhuma maquiagem. Yang conseguiu notar o nó na garganta da ômega no segundo que antecedeu ela falar qualquer coisa.

— Eu sei que isso é incomum, e não foi planejando. — Weiss dizia com uma voz um pouco rouca. — Muitas coisas aconteceram, hoje especialmente foi um dia revelador, e uma forma que achei de me expressar foi escrevendo essa música que eu… — Ela riu um pouco, um riso meio dolorido. — … que eu escrevi isso em apenas uma hora colocando tudo que sentia aqui. Espero que essa canção chegue em quem deve chegar.

Yang se levantou se sentando na cama, por algum motivo ela tinha certeza que Weiss estava falando diretamente com ela. Ela engoliu a seco e antes mesmo de ver os dedos de Weiss deslizarem pelas teclas do piano, Yang já tinha lágrimas nos olhos.

A música começou com a voz suave e emocionada de Weiss:

 

A liberdade que achei encontrar para ser feliz não pude realizar

A vida me machucou, ferida continuei a procurar

Com a esperança quebrada de uma criança

 

Onde foram parar os meus sonhos de liberdade?

Agora vivo só com minha fama.

 

Cercada e é tão frio

Tão frio

Frio

Foi o preço que a fama me cobrou

Sozinha e com frio

 

Mas o tempo foi passando e algo mudou

Você chegou em minha vida como o sol

Afastou o frio e me lembrou da criança sonhadora que já fui

 

Palavras que eu disse a fizeram se afastar de mim

Palavras que você deixou de dizer me machucaram

 

Cercada e é tão frio

Tão frio

Frio

Foi o preço que a fama me cobrou

Sozinha e com frio

 

As feridas nos tornaram covardes

Esqueci de dizer que te amava

Tentei negar, mas nossos corações são honestos demais

 

Cercada e é tão frio

Tão frio

Frio

Foi o preço que a fama me cobrou

Sozinha e com frio

 

Agora nada importa, estamos sangrando

Até quando?

O orgulho vale mais do que o amor?

A criança que deseja a felicidade grita que não

 

Tentei negar, mas nossos corações são honestos demais.

Eu te amo

Não importa a fama ou o que falarão

Não importa o preço da fama, pois te amo.

 

~**~

 

Yang olhava para o horizonte, era o meio da manhã, suas chinelas preguiçosamente entre a grama mais alta que ela não cortou na última semana, era os fundos da casa de Patch, estava sentada apoiada nas próprias pernas.

Enquanto isso, um carro estacionava na frente da casa, Klein saiu ajudando Weiss a descer, a cantora caminhou até a porta da casa com o outro ômega logo atrás, ela viu uma senhora idosa abrir a porta, certamente havia ouvido-os chegando.

— Bom dia, eu sou…

— Eu sei quem você é! — A senhora a interrompeu grosseira e desdenhosa. — Ela está lá atrás, vá logo e não perca tempo, menina. — Ela abriu caminho e indicou com o dedo para onde deveria ir.

Weiss olhou um pouco surpreendida e depois olhou hesitante para Klein que lhe deu um sorriso de incentivo para ela. 

— Obrigada. — A ômega sussurrou passando por Maria e entrando na casa.

Ela estava um tanto apavorada, nervosa e insegura, o que era bem incomum para Weiss, mas não sabia como Yang reagiria, será que ela ouviu sua música? Será que a alfa a perdoaria? Ela estava preparada para ver Yang de novo? Como ela mesma reagiria quando visse a loira? Conforme entrava mais na residência, mais alto o coração dela batia.

A porta dos fundos estava aberta e ela já podia ver as costas de Yang de longe, o cabelo inconfundível, era como se estivesse esperando por ela. Weiss deus os primeiros passos para fora, havia uma horta a sua direita e girassóis na esquerda, Yang estava logo a frente sentada no chão olhando na direção da floresta.

Mais alguns passos e agora seu coração parecia descontrolado.

— Yang? — Sua voz saiu emotiva.

A alfa mexeu a cabeça como se não estivesse esperando, então Weiss a viu se levantar vagarosamente limpando a terra de suas calças.

— Eu estava me perguntando se você viria, ou se… 

Yang começou a falar enquanto se virava em sua direção, mas tomada por seus sentimentos, Weiss correu em sua direção e antes mesmo da alfa perceber, ela havia se jogando nos braços de Yang a abraçando.

A ômega afundou o rosto no pescoço dela, suspirando quando se apoiava nos ombros da alfa e sussurrou com uma voz carregada de sentimento:

— Senti tanto a sua falta… eu te amo.

Os olhos de Yang arregalaram por um segundo, depois ela relaxou, um brilho maravilhado surgiu em seus olhos, ela se inclinou tocando o cabelo de Weiss com seu nariz e envolvendo a cintura da ômega com seus braços.

— Eu também, eu também te amo. — respondeu aliviada, era como se tudo de ruim e complicado que aconteceu nos últimos meses tivesse subitamente desaparecido e sido substituído por um sentimento gentil e quente… amor.

Elas ficaram assim por vários minutos, havia passado um período de tempo maior separadas no passado, mas daquela foi pior, doloroso e sofrido para ambas. Por fim, elas se separaram, por mais que quisessem ficar daquela forma para sempre, teriam de conversar.

— Yang…

A alfa passou o dedo pelo rosto dela limpando uma lágrima que foi escapando.

— Me desculpe, eu deveria ter te contado tudo, fiz uma enorme besteira.

Weiss também ergueu suas mãos acariciando o rosto da alfa, ela tocou na ferida em sua sobrancelha e embalou seu rosto.

— Prometa que nunca mais me esconderá nada.

— Prometo! Nunca mais haverá segredos.

Weiss sorriu e assentiu.

— Me desculpe pelas coisas horríveis que eu te disse, eu entendo agora.

Yang sorriu agradecida, ela puxou o rosto de Weiss e tocou seus narizes suavemente.

— Aquelas coisas que você disse na música, são verdades?

— Agora eu sei a importância que você tem na minha vida. Não posso deixar que isso se vá! — A ômega se inclinou e encostou sua cabeça no peito da alfa.

— Mas… e a sua carreira? — Yang soou preocupada.

— Você é minha prioridade, eu já sou rica, se eu nunca mais fizer um filme ou vender um álbum, ainda serei muito rica.

— Mas é isso que você ama fazer.

— Esse meio é terrivelmente predatório, e apesar de amar atuar e cantar, foi um ambiente que me fez mal também. Se possível não queria parar, mas se tiver de escolher entre uma vida ao seu lado e continuar sendo a popstar Weiss Schnee, eu quero estar a seu lado Yang.

Ao final de suas palavras Yang estava chorando, a alfa pegou suas mãos e a olhou determinada.

— Eu digo o mesmo. Não sei se poderei voltar depois do que aconteceu, mas mesmo que pudesse, acho que não ia querer.

— Está dizendo que vai parar de lutar?

— Nunca! Lutar era o que me conectava ao meu pai e eu amo demais fazer isso. Só não sei se vou voltar a competir. Ou talvez eu volte para os torneios de sanshou, estilo voltando as raízes, eu ainda não pensei bem o que vou fazer, na verdade. Mas vou continuar sendo treinadora.

Weiss riu um pouco.

— Seja lá o que você decida, eu gostaria de estar ao seu lado.

Foi a vez de Yang abrir um sorriso largo. 

— Isso é tudo que eu queria. — A alfa a puxou para seus braços e ao som todos risos de Weiss, elas se beijaram

— Parece que finalmente as coisas se ajeitaram. — Klein falou emocionado e enxugando uma lágrima ao observar a cena meio escondido pela janela da cozinha.

— Até que enfim, eu não aguentava mais esse lenga-lenga. — Maria resmungou sentada à mesa com um livro à sua frente, ela o ergueu de modo que o livro cobriu seu rosto e então, só então, ela abriu um sorriso feliz e orgulhoso.

 

~Alguns Meses Depois~

 

Um grande carro preto e longo parou na frente de um tapete vermelho, um homem bem vestido abriu a porta e Yang saiu vestindo um terno preto elegante, imediatamente explodiu milhares de flash de câmeras ao seu redor. A alfa estendeu a mão para dentro do carro e a mão de Weiss pousou ali, a ômega saiu usando um vestido branco todo coberto de brilho.

As duas se olharam por um segundo e sorriram, Weiss segurou o braço de Yang e as duas foram caminhando pelo tapete na direção do teatro para assistir a estreia oficial do filme a ômega.

— Fala um pouquinho com gente aqui? — Os repórteres gritavam.

As duas passaram perto deles e pararam um por um segundo.

— Yang, pretende recorrer na justiça depois da condenação de Ilia Amitola que foi convertida em multa? — Um deles perguntou.

— Nós decidimos aceitar a quantia decidida pelo juiz e encerrar o caso. —  Yang respondeu.

— E pretende voltar a desafiar Mercury mesmo ele tendo perdido o cinturão quando foi pego no exame antidoping?

Yang riu um pouco lembrando disso.

— Eu tenho coisas mais importantes para me preocupar.

— Weiss. — Eles se voltaram para a ômega. — Você anunciou uma pausa em sua carreira, quais são seu planos no momento?

— Vou me dedicar a mim, viajar, cuidar mais de perto da minha ONG de ajuda a ômegas que sofrem de violência, e curtir um pouco mais a vida.

— Você irá na cerimônia de posse de seu pai? — O repórter perguntou.

— Não estou com humor para velórios.

Yang riu alto, e decidiram que já haviam falado muito com a imprensa, as duas deram as mãos a voltaram a caminhar juntas na direção da entrada no teatro.

 

~Cinco Anos Depois~

 

— Mais forte! Mais forte! — Yang gritou empolgada, ela estava com as mãos abertas e meio abaixada.

— Eu tô indo mais forte! — Damian riu, o garotinho de cinco anos estava desajeitadamente socando as mãos de Yang. 

— Assim você nunca vai me vencer, pirralho!

— Não sou pirralho! — Ele gritou e se jogou agarrando a perna de Yang, ele era tão pequeno que mal chegava no meio da coxa de Yang.

— Oh não! — A alfa caiu no chão de propósito. — Ele me derrubou, o jogo vai virar! Damian riu e desajeitadamente tentou fazer uma chave de perna na irmã mais velha. — Estou perdida, não por favor.

— Eu vou ser o campeão! — Damian gritou.

— Não! — Yang choramingou falsamente. — Mas eu ainda tenho a minha arma secreta.

— Não! Não! Nãaaaaaooooo! 

A alfa fez um ataque impiedoso de cócegas no irmãozinho que caiu no chão em cima do tapete morrendo de rir.

— Yang? Damian? — A voz de Raven veio da porta, os dois se viraram na direção da mãe.

— Mãe! A Yang trapaceou! — O menino saiu correndo na direção de Raven que o pegou no colo. 

— Eu acredito, filho, tenho certeza que você nunca teria perdido caso Yang não tivesse trapaceado. — Ela olhou divertida para Yang que sorriu na direção da mãe.

— Eu juro que joguei limpo, isso foi uma técnica milenar desenvolvida pelos monges shaolin.

— Eu também quero aprender sholin! — Damian gritou animado, seu cabelo ruivo muito escuro estava todo bagunçado, mas os olhos brilhava como se fossem prata polida.

— É shaolin! — Yang riu se levantando do chão.

— Sholin ou shaolin, não importa. — Raven falou, ela agora já tinha fios brancos sendo visto em meio a seu cabelo preto. — Vamos logo que só falta o aniversariante na mesa.

— Eu quero bolo! — O menino comemorou.

Eles foram para a sala de jantar onde estava a família inteira conversando, Summer estava arrumando a vela em cima do bolo todo confeitado que ela mesma preparou em casa, Weiss e Ruby conversavam sobre o canal de gameplay que Ruby e Penny havia montado juntas.

— Semana passada batemos a marca de 5 milhões de inscritos, eu estou muito animada com isso, uma empresa que personaliza PCs me ligou ontem, eles querem patrocinar a gente, acharam incrível a ideia de duas ômegas sendo gamers profissionais, não é demais! — Ruby se gabava.

— Isso é maravilhoso, sei que essas plataformas estão movimentando grandes quantias em dinheiro nos últimos anos. — comentou Weiss.

Qrow e sua esposa estavam do outro lado, Amber tinha um bebezinho de dois anos em seu colo, eles finalmente tinham decidido serem pais.

Quando Raven se aproximou de Summer, elas trocam um beijo rápido e a alfa deixou o filho em pé em cima de uma cadeira na frente do bolo.

— Vamos bater os parabéns agora. — Summer disse.

— Mas sem palmas, para não assustar o bebe. — Amber falou.

— Sim, por favor, nada de bebês chorando, por favor. — disse Qrow.

Todos riram. Eles cantaram parabéns para você e no final Damian assoprou a vela, Summer o pegou no colo. 

— Você fez um pedido, filho? 

— Ihhh, esqueci! 

Todos riram novamente.

— Vamos fazer de novo, então. — propôs Yang e assim Raven acendeu a vela novamente, de novo cantaram e Damian assoprou a vela.

— Agora eu fiz um pedido.

— O que você pediu? — perguntou Ruby.

— Não pode dizer! 

— Mas eu sou sua irmã! Conta pra mim! — ela implorou.

— Não! — Ele fez carinha de birra e todos riram novamente.

— Saiu igualzinho a Raven. — Qrow suspirou.

Raven por sua vez olhou orgulhosa para o filho a passou a mão no cabelo dele.

— Vamos jantar agora! Eu estou faminta! — Ruby falou.

— Eu também. — Yang concordou e olhou de soslaio para Weiss.

— Agora não. — Sua esposa respondeu baixinho só para ela ouvir.

Os pratos foram servidos e as conversas continuaram tranquilas, Qrow estava falando sobre o casamento de Ren e Nora que comemoraram lá no pub dele, Ruby estava tentando puxar de Weiss algum spoiler do filme de super-heróis que Weiss estava participando, e Summer estava mostrando toda orgulhosa alguns desenhos que Damian havia feito e se gabando como ele era talentoso.

Lá pelo meio do jantar, Weiss pigarreou chamando a atenção de todos.

— Tem algo que eu e Yang gostaríamos de compartilhar com vocês. — Ela trocou um olhar com a alfa loira sorrindo.

Yang assentiu a incentivando tentando ao máximo conter sua empolgação. 

— Não me diga que…? — Summer não completou a frase, mas ela já estava com um sorriso de orelha a orelha.

Weiss respirou fundo para continuar:

— Eu estou grávida!

Ruby faz uma cara de choque, mas tirando ela todos fizeram uma expressão que era uma mistura de surpresa e orgulho.

— Mais ainda! — Yang se levantou mal contendo sua animação. — São gêmeos!

— Gêmeos? — Qrow se surpreendeu daquela vez, na verdade todos pareceram ter sido pegos desprevenidos com essa última informação.

— Não é tão surpreendente, estar na genética de nossa família. — Raven falou por fim. — Eu vou pegar o champagne para nós brindamos.

— Menos Weiss. — falou Amber com tom de bom humor. — Ela terá de ficar apenas no suco por nove meses!

Todos riram.

— Espera aí! — Damian quase gritou. — Eu vou ter um irmãozinho?

Mais risos ao redor da mesa.

— Não, Damian. — Weiss falou com tom suave. — Você será tio.

— O que? — O menino fez cara de confuso. — Ah eu não quero, só gente velha é tio! Eu não quero ser velho! — Ele cruzou os braços se emburrando, ninguém resistiu a isso e todos gargalharam.

Estavam todos felizes ali, era tudo que Weiss e Yang poderia desejar, logo a família seria ainda maior e elas seria ainda mais felizes do que jamais foram.


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Notas finais do capítulo

Quero dedicar esta história a BillyRay, que sempre foi um grande apoiador e me deu enorme força, que a sua memória continue a me inspirar seja lá onde você esteja agora.



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