Digimon Invocação escrita por Kevin


Capítulo 3
Episódio 02: Não tem relação com você


Notas iniciais do capítulo

Como você reage ao medo? Fica paralisado? Saí correndo? Age naturalmente ou parte para cima e ri na cara dele? E quando se está com medo de algo que não era nem para ter relação com você?

Espero que curtam o episódio!



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A tremedeira não parava por mais que esperasse. Agradecia por estarem sozinhos no parque ou teria que descobrir o que faria para manter o segredo e o anonimato.

 

Minha mestra está completamente em choque e parece que nem fisicamente se recuperou. Será efeito da paralisia ou estou sugando energia demais dela? Preciso desmaterializar para dar descanso a ela. Mas, e estes dois? Eles não têm relação com isso, têm?

 

Penmon refletia sobre o que deveria fazer diante os três adolescentes que pareciam em choque. Pouco mais de cinco minutos passaram-se após o embate com a criatura roxa e sua apresentação, mas os humanos não pareciam conseguir recuperar-se do ocorrido.

 

— Impmon virá atrás de mim e da mestra, assim como nós teremos que ir atrás dele. - Penmon voltou a falar. - Mas, não se incomodará com vocês se não forem invocadores. Então, esqueçam o que viram aqui e podem ir embora! -

 

Benjamin encarou Penmon por alguns instantes e depois olhou para Cecília que permanecia atordoada e esfregando as costas da mão esquerda tentando tirar a tatuagem preta, um círculo formado pelos mesmos estranhos símbolos da placa de pedra. O garoto interiorano franziu o cenho ao reparar na tatuagem, mas preferiu focar no estado de Cecilia e decidiu que não ria a lugar algum.

Daniel aceitara a sugestão de ir embora, mas escutou Penmon reforçar o aviso.

 

— Isso não tem relação com vocês! - Penmon olha os garotos. - Vão embora e não se metam, ou morrem! -

 

 

Digimon Invocação
FASE: Rituais
Arco 01: Pactos
Episódio 0
2: Não tem relação com você

 

 

Sirenes ecoavam pelas redondezas do parque que os três jovens haviam abandonado a poucos minutos. Sentiram-se aliviados ao perceberem que evadiram a tempo de não serem vistos ou teriam que dar explicações de coisas que desconheciam. Ainda assim, aquele pouco alívio não servia para retirar a tensão que havia nos pensamentos dos três e assim o silêncio dominava o trajeto.

Cecilia vinha concentrada na tatuagem e Benjamin não deixava os demais perceberem que analisava o entorno. Talvez por ser questionador, ou por ter notado as sirenes logo que saíram do parque, Daniel não deixava de pensar que Penmon possuía uma audição melhor que a deles e por isso resolveu desaparecer, não antes de deixar instruções para Cecília de como ela poderia invocá-lo. Diante daquele raciocínio, o rapaz de óculos e nariz avantajado parou de andar de imediato e olhou para o outro lado da rua. Identificou um ponto de ônibus que poderia levá-lo em direção a sua casa. Dois passos na intenção de atravessar e escutou a voz de Benjamin.

 

— Onde vai? -

 

— Para onde mais eu iria depois de uma experiência como aquela? - Daniel questionou Benjamin sem entender.

 

— A gente não devia se separar! - O garoto do interior apenas comentou. - A gente precisa dar um jeito nisso.

 

Benjamin viu Daniel espalmar a mão no ar como quem pedia um momento com cara de poucos amigos.

 

— A gente? - Daniel parecia realmente não acreditar em Benjamin. - Talvez você ainda estivesse em choque e não conseguiu acompanhar o que foi dito. - Daniel falou para de forma debochosa. - Então perdeu a parte do “ir embora” e o momento do “não tem relação com vocês” referindo-se a nós dois! Não existe a gente!. -

 

 

— Meninos, já tivemos hostilidade demais para um dia! - Cecilia disse aos garotos antecipando a hostilidade que surgiria.

 

— O que foi aquilo? - Questionou Daniel a Cecilia.

 

A loira dos cabelos ondulados ficou surpresa com a pergunta e por alguns instantes perguntar-se se o foco de Daniel havia apenas mudado ou ele realmente achava que ela sabia de algo. Acabou dando de ombros indicando que não sabia.

 

— Uma das criaturas chamou-a de mestra e falou que você a invocou e poderia fazer de novo. - Explicou Daniel. - Além disso, ele agiu como se não precisasse explicar nada para você! -

 

Daniel ficou encarando Cecilia por alguns instantes até que ele suspirou, retirou os óculos massageando as juntas dos olhos.

 

— Ela não tinha a tatuagem antes e está mais assustada que nós! - Exclamou Benjamin. - Nós temos que… - Novamente Benjamin era interrompido por Daniel.

 

— A gente isso... Nós aquilo… - Daniel bufou. - Não tem relação com você! Se não tem relação com você, por que vai se meter? Por acaso quer ser herói? - De repente Daniel apontou para Cecilia. - Ela é a única que tem relação e não diz nada! -

 

— Realmente não sei nada. - Cecilia disse de forma serena para Daniel, mesmo ele parecendo atacá-la com as palavras. - Acredite, se eu soubesse eu diria! -

 

— Não importa se eu acredito ou não. - Disse Daniel olhando para o ponto de ônibus do outro lado da rua. - O seu tal servo disse que não tem relação comigo e nem devo me meter. Então, não faz diferença realmente eu acreditar ou não. -

 

Ao dizer aquilo Daniel simplesmente atravessou a rua deixando Benjamin e Cecilia para trás, assim como o incidente de das criaturas.

 

— Ele realmente foi embora. - Disse Cecilia percebendo a cara de surpreso de Benjamin.

 

— Espero que não seja apenas medo. - Disse o garoto interiorano.

 

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O sol de próximo do meio dia realmente causava um certo incomodo as pessoas do ponto de ônibus, pois não tinha proteção. Umas dez pessoas esperavam o ônibus, algumas sozinhas, outras acompanhadas e a maioria com bolsas e sacolas de compras. Distraídas com nada mais que a vontade de chegar em casa e começar a aproveitar o final de semana.

Daniel tinha quase o mesmo perfil. Mochila nas costas fazendo as vezes de uma bolsa de compras, sozinho esperando ônibus, com a diferença que só estava esperando o ônibus porque perdera o último por ficar discutindo e agora estava distraído com seus próprios pensamentos.

 

Perdi uma manhã inteira com aqueles dois e ainda quase morri nas mãos de uma criatura vinda de sabe-se lá onde! E aquele Benjamin ainda age como se quisesse se tornar um herói! Bom, se aquela criatura disse que não tenho o que fazer, que não tem relação comigo e a outra criatura não vai vir atrás de mim, não tem por que eu ficar envolvido nisso perdendo meu tempo.

 

Daniel parecia decidido a deixar tudo aquilo para trás, fazendo com que não passasse de uma simples situação matutina que ele deixaria de lado para se concentrar em algo mais importante em sua vida.

O ônibus chegou enquanto planejava o que faria para tirar aquilo de sua cabeça. Só conseguiu subir o primeiro degrau para acessar o veículo e então sentiu-o tremer e um estouro forte aconteceu em seguida. Ele caiu para trás. Sentado no chão e viu o ônibus inclinar-se.

Arregalou os olhos quando o ônibus inclinou-se em sua direção, morreria esmagado pelo ônibus. As pessoas dentro ônibus começaram a gritar, a maioria caiu para o mesmo lado que o ônibus inclinava facilitando o pêndulo do ônibus e então tudo parou. O ônibus não o esmagou ou mesmo chegou a virar.

Ele tremia, seu coração estava acelerado e jurava que aquele ia ser o seu último momento, mas o ônibus não tombou. O motorista foi até ele apressado conferindo seu bem-estar. Parecia que ele falava algo, mas Daniel não escutava pois estava em choque. O motorista deixou-o e deu alguns passos a frente até o pneu dianteiro do ônibus, próximo a porta dianteira pela qual os passageiros entravam no ônibus a pouco. Daniel baixou o olhar para ver o motorista tentanto examinava e percebeu o pneu completamente derretido.

 

— Como isso pode ter acontecido? - O motorista exclamou.

 

Daniel começou a levantar-se refazendo-se do susto que levou e tentando evitar pensar que aquele pneu fosse associado ao incidente de mais cedo, mas ao estar de pé viu o que não queria. Um reflexo que disseram que não veria, algo que não aconteceria. Mas, aconteceu.

 

— Espera! - O motorista gritou para Daniel que havia corrido dali. - O próximo ônibus deve chegar em vinte minutos! -

 

Mas, Daniel não escutava! Estava apavorado demais para escutar qualquer coisa e definitivamente não conseguiu raciocinar com exatidão. Ao ficar de pé, viu o reflexo, nos vidros da frente do ônibus, da criatura roxa que atacou-o mais cedo. Não quis saber se era sua imaginação ou não. O pneu derretido já era suposição suficiente de que uma bola de fogo causou o estrago.

 

Preciso correr! Preciso fugir! Não pode ser apenas ilusão da minha cabeça, nenhum pneu tem como estourar daquela forma. Penmon está errado ou eu sou azarado. A criatura roxa me achou e atacou! Tem relação comigo ou não?

 

Daniel corria desesperado tentando se afastar ao máximo do ponto de ônibus enquanto corria pelas ruas da cidade. As vezes atraia a atenção das pessoas, esbarrando em umas, e outras vezes passava despercebido por estarem em seus afazeres.

 

Não posso pensar que sou azarado desta forma para esbarrar com outra criatura poderosa. Então é aquele demônio roxo! A criatura poderia ter mirado em mim e errado, acertando o pneu e causando tudo isso. Sim! Ele mirou em mim e errou, eu era o alvo! Daniel continua a tentar entender o que havia acontecido enquanto corria pela cidade, mas parou abruptamente numa calçada.

 

Um vulto havia saltado em sua frente de repente, tão rápido quanto apareceu desapareceu. Apenas teve certeza de que aquele vulto deteve o seu caminho. Olhou para o lado da rua e atravessou correndo, buzinas e freadas foram escutadas, mas não ligou nem para os xingamentos que foram proferidos. Assim que chegou a calçada sentiu algo o impulsionar pelas costas e acabou tropeçando para dentro de um beco.

 

Ou talvez ele não errou, ao menos o alvo, só o calculo. Mirou no pneu pensando em me derrubar do ônibus imaginando que logo após ele tombaria sobre mim dando fim a uma das três pessoas que tinham conhecimento sobre ele sem uma batalha direta. Mas, quando isso não aconteceu e eu corri desesperado, passei a ideia para ele de que… Não! Eu dei a certeza de que eu estava fugindo. Então ele sabe que Penmon é o único digimon invocado e que ele não está comigo. Ele me seguiu e me guiou para este beco sem saída!

 

Daniel fechou os olhos, tremendo de medo! Virou-se para a entrada do beco onde estava a criatura roxa.

 

— Quando saí do portal e só havia vocês três pensei: “Tirei a sorte grande!”. Mas, então surgiu Penmon e pensei: “Estou ferrado! Encontrei três Invocadores!”. - A criaturinha roxa parecia tranquila quanto a estar ali a luz do dia.

 

Droga! Ele é inteligente! Me jogou num beco, bem ao fundo dele. Ninguém presta atenção num beco quando passa nas ruas. No geral, as pessoas têm medo de olhar para dentro deles e ver o que está acontecendo e se comprometer. Mesmo que olhem, meio metro roxo de cauda a minha frente fariam alguém sair correndo assustado. Corajosos não existem!

 

— Fugi, me escondi e segui-os pelo cheiro até que se separaram! - A criaturinha roxa sorriu sádica. - Eu tinha que eliminá-los antes que vocês fizessem isso comigo! Diretamente eu sei que contra os três eu não conseguiria, mas as chances de um mano a mano poderiam ser melhores se vocês não tivessem chances de evoluir ou seria melhor se eu eliminasse vocês, sem que vocês vissem o que os atingiu. -

 

Uma criatura de outro mundo maléfica dotada de inteligência! Daniel deu um passo para trás amedrontado.

 

— Quando meu plano deu errado eu me preocupei. Mas, você saiu correndo desesperado e percebi, não tem relação com você! É apenas um humano comum. - O sorriso ficou ainda mais sádico. - Um humano comum e covarde! -

 

A criatura roxa esticou o braço direito e a bola de fogo surgiu em sua mão, mas de repente ele parou assustado e virou-se, encontrando um cachorro tentando cheirá-lo.

 

— O que pensa que está fazendo? - Sua voz de moleque deu lugar a uma voz diabólica que fez o cachorro sair correndo.

 

— Que mundo imundo e com criaturas sem respeito! - A voz da criatura roxa havia voltando ao normal, mas ele ainda mostrava a revolta. - Bem, onde eu estava… Ou na verdade, onde você está? -

 

A criatura roxa de lenço vermelho procurava Daniel que deveria estar a sua frente, mas ele havia desaparecido. Não havia portas, pelo qual ele poderia escapar. As paredes dos prédios eram enormes para ele saltar e não havia nada onde eles pudesse se esconder dentro ou atrás.

 

— Você pode ter fugido hoje, mas eu encontro você mais cedo ou mais tarde, humano inútil e covarde! -

 

Era difícil para a criatura roxa entender como o mundo dos humanos funcionava. Perdeu Daniel por questão de uma mera distração porque não sabia que bueiros e esgotos existiam e que Daniel faria qualquer coisa para sobreviver.

 

 

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Poucos nascem para serem heróis, menos ainda possuem o espírito e a vontade para o mesmo. Não importa o que seja feito, heróis não são criados da noite para o dia. A constante do medo, insegurança, impotência e especialmente a falta de ligação com o assunto faz as pessoas não agirem. Nem todo mundo quer e deve se envolver, mas tudo bem! Afinal, o que levaria uma pessoa normal a se envolver em situações perigosas, se não tem relação com ele?


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Notas finais do capítulo

Quase atrasei! Dia mais movimentado que o esperado... hehehe! Mas, ainda consegui chegar em casa e postar em dia!

Espero que gostem e para os comentários que ainda não respondi... não se preocupem, esta semana acabarei de responder a todos! Então... não deixem de falar o que estão achando da fic!!!

E ai? Qual é a opinião de vocês sobre nosso amigo Daniel??



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