A Caixa de Pandora escrita por Max Lake


Capítulo 6
Não seja feliz


Notas iniciais do capítulo

6° tema, 6° round.

O tema é a música "Don't be happy", do grupo K-Pop "Mamamoo". Eu usei o refrão (ou tentei)

"Refrão: Não fique feliz, jamais fique feliz
Você me deixou então
Não se atreva a dar um sorriso
Não seja feliz, jamais seja feliz
Eu não preciso ouvir
As mentiras que nada mudará"



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Pandora esperava o café da manhã na mesa da cozinha enquanto seu pai lia o jornal. Não costumam dialogar pela manhã, mas ela gostaria de saber mais detalhes da não vinda de sua mãe. Na noite anterior, bem tarde, ele não quis conversar, mandou-a calar a boca e fechou a porta com força. Sempre sente tensão quando inicia uma conversa com Kevin.

—Podemos conversar sobre a mamãe?

—Ela não vem por causa da chuva no interior, é o que importa - respondeu, rude, sem tirar os olhos do jornal.

—Por que é sempre grosseiro comigo? - A fala o fez abaixar o jornal e a encarou.

—Grosseiro?

—Você me bate, berra em mim, muitas vezes é grosseiro comigo. Por quê?

—A verdade? Você me lembra que eu não posso ser feliz. - Kevin se levantou. - Sua mãe contou a razão de estarmos separados?

—Ela disse que você nos abandonou enquanto estava grávida. - Ele riu da resposta. Pandora continuou, levantando o tom da voz. - Disse que você ia nos matar de tanto agredir. Você também batia nela!

—Existem duas verdades, você escolhe qual acreditar. Eu batia, mas parei quando descobri que estava grávida e prometi jamais bater nela outra vez. Queria te amar, Pandora, e iria te amar, mesmo que custasse minha vida. Mas, no dia seguinte encontrei uma carta. Ela foi embora porque não queria que eu fosse feliz. Queria me privar da felicidade de te ver nascer e crescer, de amá-la, de por um sorriso no meu rosto. Não acreditou na minha promessa.

Kevin pegou um maço de cigarro em cima da mesa e o acendeu. Pandora permanecia concentrada e tentava ignorar a fumaça e o terrível cheiro de fumo.

—Dezesseis anos sem notícia, pensei até que vocês estivessem mortas ou sei lá, mas aí ela disse que você viria para estudar. Era pra eu sentir felicidade, finalmente veria minha filha. Não. Apenas senti raiva. Raiva dela, raiva de mim, raiva de você, principalmente! Seria melhor não ter vindo, aí esqueceria de vocês para sempre.

—Ela disse que você concordou.

—Sim. Depois de ameaçar cobrar pensão de mim. - Liberou a fumaça. - A culpa não é totalmente sua, garota. Nem pense em dizer sinto muito.

—Eu não sinto muito - respondeu, surpreendendo o pai. - Se você não batesse nela antes, seríamos uma família aqui! Já pensou nisso?

Ele fumou novamente, negando com a cabeça.

—Não posso mudar meu passado assim como sua mãe. Assim como meu pai, que me batia porque ficou insatisfeito com a minha mãe na cama. - Liberou a fumaça outra vez. - Já chega dessa conversa. Coma e depois vá pra escola!

—Mas…

Kevin voltou sua atenção para o jornal. Pandora gostaria de corrigi-lo, na verdade. Era sábado, não iria à escola.

Caminhando pela rua com sua bicicleta, protegida por sua capa de chuva, Pandora queria um lugar calmo para pensar. Dois dias atrás ela estava feliz, mas naquele momento não conseguia se lembrar como era aquela sensação. “O sentimento mais passageiro possível”.

Atravessando a rua pela faixa de pedestre, Pandora ignorou as buzinas enquanto pensava em sua mãe. Ela fez certo em fugir? Poderia ter acreditado em seu pai? Seriam uma família juntos? “Ele foi impedido de me ver e isso lhe deixa com raiva”.

Ela nunca saberá, preferia não saber. Depois da breve conversa, esperava nunca mais apanhar de seu pai. “Ele sente raiva de mim quando não tive escolha”. E se tivesse, ela ficaria com o pai e o faria feliz? “Muito ‘e se’ e pouca resposta”.

Passando em frente a uma quadra de esporte, Pandora encontrou alguém familiar. Alto, magro, cabeludo, ele pisava em uma bola de futebol branca no meio da quadra enquanto olhava para rua. Pandora sentiu seus olhos se encontrarem naquele instante.

Era Leo, irmão de Juliete e o garoto por quem Pandora tem uma paixão. Acenou e entrou na quadra com a bicicleta.


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Notas finais do capítulo

E é isso, mais um round passado. Venci o round? Não sei, mas fui pra lona porque esse foi bem difícil...

Enfim, espero que tenham gostado!



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