Rede Obscura escrita por Heringer II
Notas iniciais do capítulo
E estamos de volta! Imagino que estejam curiosos após os eventos do capítulo anterior. Bom, vamos lá!
Espero que gostem. ^^
Eu e Michaelson Wright chegamos em Marysville na noite do dia 7 de maio, por volta das 18h00min. Nos hospedamos em um hotel. Ainda me lembro do momento em que entramos lá.
— Boa noite. — cumprimentei a recepcionista.
— Boa noite. — ela me respondeu gentilmente. — Em que posso ajudar?
— Gostaríamos de dois quartos, por favor.
Michaelson me cutucou. Quando olhei ele estava apontando para mim um dedo. Olhei para ele e me sussurrou: "estou sem dinheiro".
— Um quarto de casal, por favor.
— Estão em lua de mel?
Eu fiquei vermelha com a pergunta da recepcionista.
— Não! Somos amigos.
— Está mais para... Colegas de trabalho. — Mike me corrigiu.
— Ah, acho que entendi. Vão ficar aqui por quanto tempo?
— Só por esta noite.
— Ok. Me dê só um minuto para fazer o seu cadastro.
Enquanto aguardávamos, eu e Mike ficamos conversando.
— Não sabe nem sequer o endereço do Sr. Scott?
— Edward só me disse que ele morava em uma pequena casa em Marysville.
— Então, precisamos ir para outra região da cidade, já que estamos em uma área nobre.
— Eu estou exausto. Cuidaremos disso amanhã, pode ser?
— Como quiser. Eu também estou cansada.
A recepcionista voltou, trazendo a chave do nosso quarto.
— Só preciso agora que vocês assinem aqui.
Assinamos e fomos para o quarto. Dormimos nos lados extremos opostos da cama. As costas de um viradas para as costas do outro. Dormimos.
O dia seguinte seria longo.
*
Quando acordamos, era madrugada ainda. Devia ser umas quatro da manhã. Vi que tinha algumas mensagens não lidas e chamadas não atendidas no meu celular. Como estava com pressa, não as li. Imaginei que deviam ser apenas mensagens da CIA me perguntando como estava operação.
Descemos as escadas e devolvemos a chave para a recepcionista, que já era outra.
— Vão sair agora? — ela nos perguntou.
— Precisamos. — respondi.
— Não vão querer nem mesmo esperar o café da manhã? É gratuito.
— Não, obrigada. Estamos com pressa. Mas o atendimento e o quarto foram ótimos!
— Posso ajudá-los em uma última coisa?
— Na verdade... Sim...
— Em quê?
— Você sabe o endereço de um tal Sebastian Scott?
— Susie! Vamos logo! — Mike me chamou, do lado de fora.
— Já vou! Só um minuto. — o respondi, depois me dirigi à recepcionista. — É aí, sabe?
— Sebastian Scott? Está mesmo atrás daquele maluco?
— Estou sim. Tem algo de errado com ele?
— Acho que a pergunta correta seria "tem algo nele que não esteja errado?"
— Por quê? Você o conhece?
— Conheço sim.
— Sabe onde ele mora?
— Sim. Ele vive há poucos quarteirões daqui, próximo ao Providence Regional Medical Center.
— Ah, ok. Obrigada.
Me dirigi até Mike, que já me esperava dentro do carro.
— Entra logo, temos que procurar pistas sobre onde está Sebastian Scott. — Ele me disse.
— Eu já tenho uma.
— Sério? Qual?
— Providence Regional Medical Center. Já ouviu falar?
— Sim. É um dos melhores hospitais da cidade.
— A recepcionista disse que Sebastian Scott está morando próximo a ele.
— Hum... Ok. Então vamos para lá.
Deixei Mike dirigir e ele nos levou até as redondezas do hospital em questão. No meio do caminho, surgiu-me uma dúvida.
— Mike...
— O que foi?
— Afinal, quem é esse Sebastian Scott?
— Eu já disse. É um cara que poderá nos ajudar.
— Sim, mas eu quero saber quem ele é. Como ele é.
— E por que isso agora?
— Quando disse à recepcionista que estava procurando Sebastian Scott ela me olhou assustada. Ficou surpresa por eu estar procurando justamente ele.
Mike deu uma risadinha.
— Vamos, Mike! Diga logo!
— O Dr. Scott foi meu professor na universidade. Ele foi quem ensinou o básico e incentivou-me a me especializar em computação quântica. Martin McField tinha sido aluno dele também, mas não fomos da mesma turma. Sebastian sempre teve contato com a CIA. Quando dois agentes peritos em computação quântica se aposentaram, ele indicou eu e Martin, pois segundo ele, éramos os melhores alunos que ele havia tido até então.
— E por que você acha que ele pode nos ajudar?
— O Dr. Scott não é só perito em computação quântica, ele também sabe muito sobre mecanismos de espionagem. Quando eu e Martin tínhamos alguma dificuldade para rastrear um assassino, sempre contávamos com a ajuda dele.
— Então quer dizer que...
— Ele pode rastrear a localização dos S0V3R3IGNS. E aí, pronto. Poderemos acabar com isso.
— Então quando descobrirmos onde os S0V3R3IGNS estão, vamos atrás deles.
— Não.
— O quê?
— Não. Você vai atrás deles. Eu disse, só iria te ajudar com o básico. Essa missão é sua, Susie Byron, não minha.
— Tudo bem. Como quiser. Não acha que está cedo demais para fazermos uma visita ao seu ex-professor?
— Se eu bem conheço Sebastian Scott, não é.
Chegamos na rua do Providence Regional Medical Center, procuramos alguma pista sobre qual era a casa de Sebastian.
— São muitas casas. Qual delas deve ser? — perguntei.
— Continue procurando até encontrar algo incomum.
— Como assim?
— Apenas continue procurando.
Ficamos alguns minutos prestando atenção em cada casa daquela rua. O sol começou a nascer, parei um pouco para admirar aquele belo espetáculo da natureza, até que uma coisa me chamou a atenção. Em cima do telhado de uma casa lá no final da rua, vi a silhueta de um homem. Ele olhava pensativo para o horizonte, enquanto ficava parado em cima da casa. Imaginei logo que se tratava de um suicida. Chamei Mike para perto de mim e apontei para a pessoa em questão.
— Olha, Mike! Aquele homem vai se matar!
— Hum... Tem razão. Acho melhor ir ajudá-lo. — Mike falou com uma calma e frieza que me assustaram.
— Vamos logo!
Eu corria desesperadamente em direção ao estranho homem, enquanto Michaelson, atrás de mim, seguia-me a passos lentos. Parei em frente à casa do homem, e comecei a gritar.
— Senhor! O que está fazendo? Por que está aí em cima?
O homem me encarou por alguns segundos, me deu um leve sorriso e voltou a olhar para o horizonte. Era um senhorzinho de estatura baixa, cabelos grisalhos, barba rala e branca, magrinho, aparentava ter uns 60 anos.
— O que está fazendo aí em cima?
— Você é nova por aqui, não é? — me perguntou, sem olhar para mim, continuou encarando o horizonte.
— Na verdade, eu estou aqui a trabalho.
— Hum... Interessante...
— E o senhor, o que faz aí?
— Estou olhando o nascer do sol.
— Olhando o nascer do sol?
— Sim. Veja... Não é uma cena bonita?
Olhei para o horizonte.
— É muito bonito mesmo. Mas por que está vendo aí de cima? Não acha perigoso?
— Pode até ser, mas vale a pena.
Mike chega. O velho senhor o vê.
— Michaelson Wright. Há quanto tempo...
— Como está, Dr. Scott?
Eu fiquei impressionada. Aquele era Sebastian Scott?
— Apesar da idade, eu estou ótimo.
— Então você é Sebastian Scott? — eu perguntei.
— Sou sim.
— Eu disse para procurar algo incomum. — Mike sussurrou no meu ouvido.
O Dr. Sebastian Scott desceu uma escada lentamente e veio até nós.
— Então você tem o costume de subir no telhado para ver o nascer do sol?
— O nascer e o pôr do sol. Todos os dias, desde a minha adolescência. Afinal, a que devo suas visitas a essa hora?
— Precisamos de sua ajuda, Dr. Scott. — Mike falou.
— Se você veio me procurar, então imagino que a situação seja séria. Tem algo a ver com a CIA?
— Sim.
— Achei que você tinha deixado de ser agente de lá após a morte de Martin.
— E deixei. Sua ajuda vai servir para a minha amiga.
— Ah, onde estão meus modos. Quem é a bela dama?
— Susie Byron. Agente da CIA. — me apresentei.
— Muito prazer.
Ele me cumprimentou e beijou minha mão. Parecia ser maluco, mas era um cavalheiro.
— Entrem. Vamos conversar.
Para um doutor em Computação Quântica, Sebastian Scott tinha uma casa bem simples. Sofás já bastante desgastados, um televisor bem antigo e uns quatro ou cinco gatos de estimação. Mas quando entrei no quarto dele, fiquei impressionada. Parecia uma lan house. Vários computadores enfileirados, todos eles operando algoritmos.
— Qual é o caso? — Sebastian nos perguntou.
— Imagino que esteja a par das informações vazadas sobre a CIA. — eu disse.
— Sim, eu soube. Aliás, não só sobre a CIA. Hoje pela madrugada foram vazadas informações sobre projetos secretos de armas que o exército americano estava desenvolvendo, além de informações sobre futuros testes nucleares.
— Os S0V3R3IGNS já vazaram novas informações?
— S0V3R3IGNS?
— É uma organização secreta de hackers. São eles que estão vazando essas informações.
— Já entendi. Querem que eu os ajude a descobrir quem são os membros da organização.
— Isso mesmo. — Mike falou.
— Como sabem quem esses S0V3R3IGNS estão por trás dessas revelações?
— Eu descobri. Existe uma página na Deep Web onde eles enviam relatórios de seus ataques já feitos, além de planejarem os próximos.
— Você me dá orgulho, Mike.
— Mas não consegui detectar por onde eles estão conseguindo essas informações. Acredito que elas estejam sendo enviadas por alguma das camadas mais profundas da internet.
— Como a Charter's Web?
— Talvez mais fundo...
— Então esses hackers devem ser muito inteligentes. — Sebastian olhou para mim. — Em qual departamento da CIA você trabalha?
— Diretoria Operacional. — respondi.
— Ah, meus pêsames.
— Por quê?
— Pela perda do seu chefe.
— Perda?
— Você não soube?
— Não soube do quê?
Sebastian foi para um de seus computadores, abriu um site de notícias e me mostrou a matéria:
"Christopher Hermes, chefe do Departamento Operacional da CIA é assassinado em seu escritório."
Meu sangue gelou. Fiquei aterrorizada com aquela notícia. Christopher Hermes estava morto?
— Assassinado? — Mike perguntou. — Quem o matou?
— Leia o resto da notícia.
— O chefe do Departamento Operacional da CIA — Mike lia em voz alta. — foi encontrado morto em seu escritório por volta das 19h30min. O responsável pelo assassinato, segundo a pesquisa foi... — Mike parou instantaneamente e fez uma expressão de assombro. — Não pode ser...
— O quê? — perguntei. — Quem matou Christopher Hermes?
— Joseph Hall, da Diretoria de Ciência e Tecnologia.
Senti uma forte vertigem. Me sentei. Não podia acreditar que aquilo era verdade. Peguei meu celular e vi todas aquelas chamadas e mensagens não visualizadas... Com certeza queriam me informar sobre a morte de Christopher... Mas eu não podia crer! Joseph Hall tinha matado ele? Por que o Jos? O que o levou a fazer isso?
Fui ler as mensagens. Todas elas se tratavam justamente do assunto.
— Susie, você está bem?
Li a última mensagem. Reconheci o email, era de Christopher. Ele gastou seus últimos segundos de vida para me mandar uma mensagem? Devia ser algo importante. Abri o conteúdo.
"T3LM4H =
TELMAH =
HAMLET.
O verdadeiro: MM"
"Isso não faz o menor sentido", pensei em voz alta.
— Deixa eu ver. — disse Mike, pedindo para ver a mensagem. Entreguei meu celular a ele.
— Só consegui entender o "Hamlet". O que significa o resto?
Mike leu a primeira linha: "T3LM4H".
— T3LM4H? Não é possível.
— Por quê? O que significa?
— É o líder dos S0V3R3IGNS. Quando li os resumos dos ataques deles, vi que existia uma pessoa que tinha as informações em mãos e ordenava aos outros integrantes que as espalhassem. O nickname dele era "T3LM4H". Obviamente, trata-se da linguagem da informática que se consiste em mudar as letras por algarismos semelhantes. Se trocarmos o "3" pelo "E" e o "4" pelo "A", teremos "Telmah", que é apenas a palavra invertida para "Hamlet"...
— A obra literária favorita de Joseph. Então é ele que está por trás disso?
— Provavelmente... Mas eu ainda não entendi a última linha.
— O que ela diz? — o Dr. Scott perguntou.
— "O verdadeiro: MM".
— MM? O que significa? — perguntei.
— Não faço ideia. Também não entendi "o verdadeiro"... O verdadeiro o quê?
— Essa foi a última mensagem que Christopher enviou.
— Então, ele deve conter alguma informação importante sobre os S0V3R3IGNS.
Mike ficou algum tempo olhando a mensagem de Christopher. De repente, ouvia-se um disparo do outro lado da rua. A bala entrou no quarto quebrando a janela de Sebastian e por muito pouco não acertou a cabeça de Mike.
A bala atingiu um dos computadores do Dr. Scott, quebrando seu monitor.
— Droga! — Sebastian disse. — Adorava esse computador.
Olhei pela janela e vi um encapuzado mascarado com o revólver. Quando ele viu que eu o estava observando e que os vizinhos estavam se aglomerando para ver o que tinha sido aquele tiro, ele saiu correndo. Rápida e instintivamente, saí correndo para alcançá-lo. Corremos por toda a rua, mas ele estava a metros da minha frente. De repente, ele parou. Imaginei que estivesse cansado. "É minha chance de pegá-lo", pensei. De repente, ele tira do bolso um estranho objeto que parecia ser um controle remoto. Apertou um botão e voltou a correr. Não havia entendido o que ele tinha feito. Quando olhei para trás, no meio daquele monte de gente, vi uma explosão. Era o meu carro. O encapuzado tinha implantado um explosivo no meu carro. Que miserável!
Não consegui alcançar ele, mas tive a sorte de pegar o controle do explosivo que ele havia largado no chão.
Meu celular começou a tocar de novo... O mesmo número, apenas zeros. Atendi.
— Entendeu o porquê de eu não querer você se envolvendo nisso, Susie? — disse a voz.
— Joseph? É você?
— Eu mesmo.
— Seu canalha! Nunca vou te perdoar pelo que fez.
Ele deu uma risada alta no outro lado da linha.
— Susie, Susie! Tão ingênua...
— Cale a boca. Espero que dê essa mesma risada na cadeia.
— Acha mesmo que a polícia tem poder sobre mim? Minha querida, eu provoquei o exército e até agora eles estão com raiva de mim.
— Você matou o Christopher.
— Ele era um estorvo. Uma pedra no meu caminho. Quando disse para você não aceitar essa missão, era para que não se tornasse um estorvo também, Susie.
— Não tem nenhum receio do que fez?
— "É a consciência que faz de todos nós covardes".
— Eu não sei o que está planejando. Mas anote o que eu vou dizer agora. Você não vai se safar dessa. Eu vou encontrar vocês, não importa o que custe.
— Vai ser difícil sem carro.
— Como você...
— Eu mandei um dos nossos para matar você e seu companheiro Michaelson. É questão de tempo, pode esperar.
Desligou.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado. ^^
Até a próxima. O/