Depois de resolver o que precisavam Sasuke e Naruto estavam conversando um pouco. O loiro tinha soltado a gravata e pegado um copo de Whisky, aqueles dias andavam sendo muito pesados. Sasuke por sua vez tirou o paletó e soltou os punhos da camisa, mas bebia chá verde. O CEO da Uchiha Corp não tomava nenhum tipo bebida alcoolica, nem tomava qualquer tipo de remédio.

O único vício do moreno era trabalho e esporte. Praticava luta todos os dias da semana e ainda jogava basquete com Naruto e outros funcionários da diretoria da empresa. Tinha uma alimentação controlada que o ajudava a manter o ritmo forte de trabalho. Atualmente ele era quase que perfeito, muito diferente do jovem desengonçado do passado.

— Hey Sasuke, Hina-chan estava mexendo numas coisas lá em casa e achou umas fotos, vem cá ver! Porra, isso deve fazer quase vinte anos!!

Caminhou até Naruto que jogou as fotos do celular para um dos três monitores que ficava na mesa de Sasuke. Aquelas eram fotos antigas mesmo. Havia fotos dos dois na escola, Mikoto e Kushina em algumas delas, depois fotos da faculdade onde tinha conhecido Hinata, Shikamaru, Chouji, Ino...

— Você tinha um corte de cabelo péssimo! – disse vendo Naruto fazer uma careta –

— Oh claro, seu cabelo rabo de pato era um ícone de moda!

— As garotas gostavam. – sorriu de canto –

— E você não era o único popular, garotão! Olhe só... Ino... Hina-chan me disse que ela é uma modelo muito famosa na Europa. Chouji tem um restaurante ótimo no centro da cidade, deveria ir comer lá um dia.

— Mas eu era o mais popular, apenas aceite...

Levou a garrafa de chá gelado aos lábios vendo todos aqueles rostos, algumas daquelas pessoas ainda faziam parte de sua vida, mas outras tinham desaparecido completamente. Era tão estranho olhar para quem era naquele tempo, sinceramente não se reconhecia naquele jovem revoltado.

Tudo bem que o pai ausente e o irmão perfeito não ajudavam muito, mas podia ter evitado muitos problemas. Se bem que naquela família dele só Mikoto, Itachi e Obito eram bons, de resto era só um bando de desequilibrados e trapaceiros. Quando assumiu a presidência viu como as antigas gestões tinham sido obscuras.

— Quem vê isso aqui nem imagina que você é um cara chato que tem horário para tudo! Camisa de banda, botas e jeans rasgado... você era um babaca emo.

— Pelo menos eu não usava laranja o tempo todo.

E foi quando pararam em uma foto onde tinha uma garota ruiva, um tom quase rosa de ruivo, sorrindo com eles e abraçada de lado com ele. Foi estranho olhar para aquilo.

— Nossa!! A Sakura... Lembra dela? Vocês passaram todos os anos da faculdade num arranca rabo... Eu podia jurar que ela ia te por na linha.

— Eu precisava me por na linha, Naruto.

— A Hina adorava ela, as duas eram tão amigas...

— Sabe o que ela fez da vida?

— Hinata disse que ela foi para o programa médicos sem fronteiras e que ouviu por alto que se casou e mudou para algum lugar dos Emirados Árabes. Ela teria sido uma boa esposa para você, devia ter ido atrás.

A mente de Sasuke lembrou de coisas daquela época. O relacionamento instável deles  estava quase insuportável, Sakura estava cansada das merdas que fazia, o velho Madara e Fugaku achavam que ela era a culpada das bebedeiras e farras, ela estava se mordendo de ciúmes de Karin, uma prima de Naruto, que sempre estava no meio das confusões. As brigas eram constantes e quando estourou um boato que ele e Karin tinham transado depois de uma bebedeira a Haruno quase surtou e jogou todos os copos que tinha nele.

— Eu não estava em condições de nada naquela época, caso não se lembre.

O Uzumaki olhou para foto e suspirou, Sasuke tinha brigado com Sakura e parado em uma daquelas festas da Akatsuki cheias de bebida, drogas e tudo o que podia dar em merda, depois saiu com Karin na moto. E o final daquela história não foi o melhor. Eles bateram contra um carro na auto-estrada. Sasuke ficou com mais ossos quebrados do que podia contar, Karin tinha ficado paraplégica e o casal dentro do carro morreu.

Era extremamente irônico que os dois que estavam na moto tivessem sobrevivido, mas o destino fez uma brincadeira cruel. Os Uchihas e Uzumakis trataram de encobrir o acontecido, Sasuke foi para reabilitação afastado de todo mundo, Karin acabou voltando para casa dos pais.

E dois anos quando viu o amigo de novo ele era outra pessoa quase no sentido literal da palavra. E desde então Sasuke não se permitia ter nenhum vício, nada de álcool, drogas, remédios... Nada. Ele estava limpo. E como Itachi decidiu deixar a Corporação para seguir carreira como fotágrafo, o irmão foi assumindo o legado da família.

— Eu ainda odeio a pessoa que espalhou aquele boato, você estava lá em casa dormindo no sofá da minha mãe.

— Aquele relacionamento não era bom nem para mim e nem para ela. Eu vou treinar, vai comigo?

Naruto suspirou, gostaria que uma tragédia tão grande não precisasse ter acontecido para tirar o amigo daquele ostracismo. Mas já tinha acontecido e só o que podiam fazer era seguir em frente, e de uma coisa tinha certeza, Sakura foi muito mais importante do que ele deixava transparecer afinal de contas ele nunca mais tinha tido nenhum relacionamento sério.

— Fica para próxima, eu disse que ia chegar cedo em casa hoje e já estou é atrasado.

— Certo.

O moreno deu as costas e foi embora fazer um pouco de atividade física pesada. Sempre que se sentia frustrado ou culpado fazia exercícios ou trabalhava, ele também achou que um dia se casaria com Sakura. Talvez fossem viver em Konoha, a cidade dela, onde ela seria a médica de família que conheceria todas as pessoas.

Aquela era uma realidade tão distante que parecia algum tipo de fantasia.

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Sarada tinha sido chamada na sala do chefe do RH numa manhã qualquer e achou estranho. Não estava acostumada a ser repreendida e nem tinha feito nada para isso. Seu trabalho vinha sendo impecável. Ajeitou a gola branca do vestido azul de mangas longas e entrou na sala do Hatake.

— Obrigada por vir, Sarada-san, pode se sentar.

A garota fechou a porta e se sentou tentando entender o que estava acontecendo.

— Eu não sei o que está acontecendo, eu fiz algo errado?

— Não, seu trabalho é impecável.

A garota estreitou os olhos, se aquele velhote viesse com alguma intensão ia aprender bem rápido como todos os anos de aula de defesa pessoal podiam fazer ela quebrar o nariz idiota dele.

— Então? Se meu trabalho é impecável eu deveria estar indo trabalhar, vai ter uma reunião muito importante e o Chefe precisa que deixemos tudo perfeito.

— Não vou tomar muito tempo, eu só quero fazer umas perguntas. – se encostou na cadeira – Sabe quando eu olhei você sabia que não era alguém comum...

Aquilo estava ficando cada vez mais bizarro. Fechou as mãos em punho no colo.

— Eu não estou entendendo.

— Simples, você é boa demais para ser uma estagiária. Eu nunca vi alguém com 18 anos que tenha o seu currículo ou competência... Então dando uma olhada mais afundo eu descobri umas coisinhas.

— Coisinhas? – moveu as sobrancelhas –

— Você é filha do antigo CEO da SUNA & CO, estudou na melhor escola de Dubai, é herdeira de uma fortuna maior que os rendimentos da Uchiha Corp e mesmo assim está trabalhando aqui como uma garota qualquer. Sabe, alguma coisa não bate nessa conta.

Respirou fundo, então era aquilo. Melhor que assédio sexual. Olhou o homem ajeitando os óculos.

— Eu apenas quero trabalhar e aprender um pouco em um lugar onde não vão ficar me paparicando. Vocês tem uma área de TI muito forte que é do meu interesse, Hatake-san.

— Você tem um currículo e influência para estar estagiando no Vale do Sílicio.

— Mas eu moro atualmente no Japão e não tenho planos de ir aos Estados Unidos e como eu disse, apenas quero um pouco de experiencia. Não há nada de errado nisso.

Olhou bem a garota, ela não parecia estar mentindo. Era bizarro, ela podia fazer o que quiser da vida e estava ali trabalhando de secretaria. Bem, pelo menos não era uma espiã de uma empresa concorrente.

— Eu gostaria que mantivesse essa informação para si mesmo, Hatake-san, ou eu seria obrigada a deixar o estágio.

— Como queira. 

— Se era só isso, com licença.

Ela lembrava muito Sasuke Uchiha. Riu e coçou a nuca. No final das contas não era nada demais. Tudo bem que era estranho uma garotinha multimilionária ou mais do que isso em um trabalho tão simples, mas se era a vontade dela, quem era ele para atrapalhar?

Continua...