Photograph escrita por Anny Taisho


Capítulo 17
Verdades duras


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, aqui está mais um capítulo quentinho para vcs. Muito obrigada por cada comentário, vcs me incentivam muito!!!



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Quando Sarada no Sabaku recuperou a consciência estava em um quarto de hospital, um grande e confortável quarto de hospital. Demorou alguns momentos para tomar lembrança dos últimos acontecimentos e quando eles vieram a memória a menina sentiu um pânico momentâneo. A porta abriu entrando uma enfermeira seguida de sua mãe.

Depois de conferir os sinais vitais, a enfermeira saiu. Viu a mãe dando a volta no quarto, abrindo as cortinas, pegando o tablet com o prontuário e lendo. Foi tudo muito rápido, mas ainda sim aquele silêncio pareceu longo demais. Viu ela se sentar na beirada da cama e suspirar.

— O prontuário está inconclusivo, a respeito da causa do seu desmaio, mas os exames padrão foram feitos e em algumas horas vamos ter uma resposta. Você tem se sentido mal recentemente, Sarada? Cansaço, algum tipo de dor...

— Eu tenho estado cansada, mas não com dor. Eu achei que era por causa do estágio. – disse agora que as verdades eram inevitáveis.

— Oh, eu não sabia que estava estagiando. Estive sendo uma mãe desatenta, ou de fato essa foi uma informação que não compartilhou comigo?

A jovem se sentiu mal, esteve todo esse tempo escondo isso da mãe. E elas nunca esconderam nada uma da outra.

— Eu não contei, mama... Me desculpe.

— E por que não contou? Ou melhor, vamos começar do começo.

Suspirou e pegou a água que estava na mesinha ao lado da cama.

— Depois que nós decidimos ficar no Japão e viemos morar em Tóquio eu procurei algumas informações sobre Uchiha Sasuke. Não tinha nenhuma intenção, eu só vi o nome numa notícia da internet e uma coisa levou a outra. Eu descobri sobre a empresa, o ramo de atuação e quando eu entrei na faculdade estava aberto o processo seletivo de estagiários. Sabe... eu não sei... tinha tanta coisa acontecido, o papai estava morto, a gente estava aqui, as coisas foram acontecendo.

— E sua melhor ideia para lidar com as mudanças foi ir atrás do Sasuke? Estava procurando o que? Um novo pai?

Sakura levantou e começou a andar pelo quarto. Apesar de aparentar estar calma, a filha sabia que não era bem assim. Aquele era um assunto capaz de tirar um dos maiores nomes da cirurgia na Asia e Oriente médio dos eixos.

— Não!! Eu só queria saber que tipo de pessoa ele é! Você nunca falou muita coisa! Eu não estou procurando outro pai!

— Para que? Eu e o seu pai fizemos de tudo para você ter a melhor família. Você teve pais presentes, tios, um primo, avós. Uma vida de conforto e luxo, mas parece que não foi o suficiente. – fechou os olhos tentando manter a calma – Quanto eles sabem? O que disse a eles?

A estudante se sentiu uma grande ingrata naquele momento, de fato, teve a vida que não tinha um defeito. Praticamente um sonho. E apesar de não parecer era muito grata por isso, só que havia aquela dúvida.

— Nada, mama, eu não disse nada. Eu entrei na Uchiha Corp só para ver, saber um pouco do tipo de pessoa que Sasuke-san é. – contou como começou trabalhando para Naruto e como terminou como secretária na presidência.

Sakura ouviu com calma, ou com a melhor dose de calma que tinha. Essa história saindo do fundo da cova tinha mexido muito com ela. Andou pelo quarto, passou a mão pelos cabelos e puxou o ar com força.

— E que cena foi aquela no autódromo?

— Eu... eu não sei. Topei com o Sasuke-san, perguntou o que eu fazia ali, viu o colar, ai mãe dele apareceu e começou a me atacar. Eu juro que não sei do que estão falando, eu nunca me envolveria com alguém com idade para ser meu pai, até mesmo nessa situação.

— Algum motivo deve ter para Mikoto ter dado aquele vexame...

— MAMA!! Eu... Não!!! Ele é meu pai biológico! Isso seria medonho!!

— Eu não sei o que pensar, você escondeu um ano inteiro de sua vida de mim.

— Você me obrigou!!! Eu não podia fazer perguntas sobre isso!!  Eu não sou ingrata!! Minha vida foi ótima, mas de um dia para o outro eu descobri uma grande mentira e ninguém queria conversar comigo sobre isso!! Eu só queria saber que tipo de gente ele é! Eu me olho todo dia no espelho e é aparência de pessoas que eu não faço ideia de quem são é o que reflete em mim!

Sakura engoliu seco, aquilo não era de todo mentira. Não quis falar muito sobre Sasuke, mas é porque além de ser um passado, era um passado que não queria lembrar mais e que tinha optado por esquecê-la.

— Você era uma criança, tem assuntos que... que não eram para seus ouvidos. Foi para te proteger.

— Eu não sou mais uma criança, mãe!! Eu sinto muito ter feito algo escondido de você, tudo o que eu queria era poder compartatilhar, mas eu sabia que ficaria brava! E quer saber, eu nem sei porquê!!!

— Certo, você não é uma criança mais, quer ouvir a verdade? Pois bem, eu preferia que tivesse vindo em mim antes dessa cena toda, mas tem razão, eu não te dei brecha. – suspirou – Eu conheci Sasuke na faculdade, no primeiro ano. Era nova na cidade, não tinha amigos ainda e um dia topei com a Hinata no corredor derrubando bebida nela... Ela é prima do Neji, que era amigo do Naruto, Sasuke, Shikamaru, Karin, enfim... eu acabei conhecendo todos. Sasuke era um típico badboy quase como desses livros que fazem para adolescentes, sinceramente, pensando hoje em dia, foi tudo muito clichê. A questão é que ele tinha problemas em casa com a família, problemas de comparação com o irmão e afins... e... e... Ele gostava de festas, dirigir moto e usar heroína entre outras drogas como metanfetaminas. Meio que como um sinal de rebeldia. Comigo ele sempre foi bonzinho, por assim dizer, tirando aparecer bêbado e vomitar no meu dormitório as vezes. E eu achava que sabe, ele precisava de tempo, que ia mudar... Mudar por minha causa. E houve um tempo que eu realmente achei que ele tinha mudado, mas a gente vivia brigando porque toda garota em Tóquio queria ser a garota dele... Então, perto da formatura, teve um problema grande na família dele, Sasuke nunca me levou perto demais dos Uchihas, eu não soube o que foi, ele sumiu uns dois dias... Eu estava para ficar maluca e foi quando eu soube que ele foi para uma festa e tinha voltado com a Karin.

Sakura não voltava naquelas memórias a muito tempo, elas não doíam mais como no passado, mas ainda sim doíam.

— E ele apareceu no meu dormitório com aquela cara de cachorro sem dono, foi uma briga horrenda, eu quebrei um monte de copos e pratos jogando nele. Dissemos coisas horríveis um para o outro. Sasuke negou, mas sinceramente, aquela altura eu estava tão cansada daquilo tudo... Eu cresci em uma família muito harmoniosa, Sarada, eu almejava um casamento como o dos meu pais.  Ser médica do hospital de Konoha, conhecer todos os pacientes pelo nome, visitar pacientes idosos de bicicleta igual sua avó faz.... E eu vi que estava no caminho contrário. Sasuke se quer dividia os problemas comigo. E foi então que Tsunade me falou do programa médico sem fronteiras, uma ex-pupila comandava ele aqui no Japão, Shizune. Eu vi que precisava me desintoxicar de tudo o que estava acontecendo e colei grau especial, voltei para Konoha, conversei com meus pais e eles me apoiaram. Embarquei uns 20 dias depois sem falar com ninguém.

— Então... ele não sabe?

— Sarada, como eu já havia dito, eu tentei me comunicar. E ao contrário do que pensa, não foi uma, nem duas, nem três vezes. Nos seus primeiros dois anos de vida, eu mandei praticamente uma carta a cada 15 dias.

— Você... sei lá, não ficou em lugares que o serviço postal não era bom.

— Filha. – respirou fundo – Eu mandei cartas semanais aos seus avós nos quase quatro anos em que fiquei na China. E se eu não me engano, só cinco não chegaram e voltaram. Você pode pedir para ver, eles tem todas junto com as fotos que eu mandava.

— Não houve nenhuma resposta, nenhuma, nenhuma mesmo? É estranho.

— Houve uma. – viu a filha interessada – Eu recebi uma quantia considerável da Uchiha Corp na minha conta quando você tinha dois anos. E foi apenas isso. Sasuke achou que podia apenas pagar pelo meu silêncio...

Sarada sentiu o coração apertar e os olhos encherem de lágrimas.

— Eu sei que não é bom ouvir isso, mas você disse não ter dito nada e como Mikoto achou que estava interessada nele, a suposição mais correta é que ela não sabe. Ou seja, Sasuke não contou. Ou então, a gente é suficientemente esquecível para que eles tenham se esquecido completamente de você, do seu nome, porque eu disse seu nome, mandei várias fotos.

— Como alguém tem um filho por ai e não se importa? Sabe... isso... – começou a chorar –

A médica ficou com pena, mas sinceramente sentia que aquela era um momento necessário.

— Eu não faço ideia, porque eu te amei desde o momento em soube da sua existência. Vivi 18 anos te amando e agradecendo a Kami por ter me dado a chance de ser mãe, uma boa mãe. Me machucou muito o silêncio do Sasuke, hoje, depois que eu amei e fui amada de novo, é só um momento do passado, mas ainda sim dói. Porque eu amei o Sasuke e eu achava que de algum modo ele também me amou, ou ao menos sentiu algo por mim. E quando ele rejeitou você, foi ele rejeitando nossa amizade, seis anos juntos, todo meu amor... Sinceramente... – passou  a mão pelo rosto molhado da filha – Eu espero muito que ninguém parta seu coração assim, porque houveram dias que eu achei que não ia conseguir amar mais ninguém.

Sarada sempre viu os pais juntos e nunca pensou que houveram outras pessoas na vida deles. Sabia por alto que o pai tinha noivo e que a mãe teve Sasuke, mas parecia tão distante deles. E era estranho ver nos olhos verdes da mãe que houve de fato outra pessoa que ela amou muito.

Mas o que doía mesmo era saber daquilo tudo. Havia sido rejeitada e esquecida como algo descartável. Pessoas que tratam vidas com tanto descaso não podiam ser boas, estava com um gosto amargo no fundo da garganta. E estava chorando nos braços da mãe.

— Me desculpe, me desculpa, mama!

— Shiii.... – respirava fundo – Calma, calma.... se acalme, vamos cuidar da sua saúde. Depois você decide o que quer fazer...

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Karin estava na recepção tentando conseguir alguma informação, mas sem muito sucesso. A política de sigilo do hospital era pesada e se tratando de uma família influente as coisas se tornavam ainda mais complicadas. Pegou o telefone para fazer algumas ligações quando viu Shikamaru. Acenou para ele que moveu a sobrancelha indo em sua direção.

— Como vai, Shikamaru, não sabia que estava de volta a cidade.

— Minha esposa veio, algum problema?

— Oh... não. Eu vim fazer um favor para o Sasuke. Eu não soube o que aconteceu, mas ele quer saber o estado de saúde da estagiária.

— Hum... eu não acho que vão dar informações médicas a alguém fora da família.

— Eu sempre dou um jeitinho, mas estou sentindo que vai vir confusão. E você, o que faz aqui?

— Minha sobrinha está hospitalizada.

— Nossa! Que pena, espero que não seja nada grave. Mas até onde me lembro você não tem irmãos.

— É filha do irmão da minha esposa.

— Ah sim, eu sei que você não é muito ético, mas não lembra de alguma brecha na lei que me ajude a conseguir minha informação?

— Eu lamento, mas acho que não, mas posso saber por que Sasuke está tão interessado na saúde da estagiária?

— Na verdade eu também não sei, ele me ligou possesso e disse que explicava depois. Espero que não seja nada demais, Sarada-san é uma boa garota.

Shikamaru não sabia bem o que estava acontecendo ainda, ninguém sabia, mas ao que parecia a sobrinha conhecia os Uchihas. Aquilo ia dar dor de cabeça.

— Sabaku no Sarada?

— Exatamente, como sabe?

— É minha sobrinha. – olhou a ruiva – Eu não sei exatamente o que está acontecendo, mas se quer um conselho, mantenha Sasuke longe desse hospital.

Karin ficou um pouco sem reação, como assim a estagiaria da Uchiha Corp era sobrinha de Shikamaru que fornecia assistência jurídica a eles? Aquilo era tão bizarro.

— Sinceramente, não sei o que houve, mas se o Sasuke quer saber, ele vai acabar vindo aqui por si só.

— Sarada está bem, já acordou, está falando com a mãe. Diga isso a ele, mas eu realmente recomendo distância. Passar bem, Karin.

Continua...


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