Batalhas e Memórias escrita por KLKaulitz


Capítulo 3
Baile


Notas iniciais do capítulo

Música para Animar o capitulo de hoje Sharon Den Adel - Where is my love.



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Helena não havia se levantado para tomar o café da manhã, estava abatida, deitada pensando na vida. Já Leonel levantou bem cedo e foi buscar na cidade uma encomenda que o Conde havia pedido. Ao voltar deu duas batidas na porta do aposento de Helena, mas como ninguém abriu, entrou.

Viu encolhida no cantinho da cama Helena, ela nem olhou na cara dele. Ele pôs a encomenda nos pés dela.

— Trouxe um presente, espero que você possa usar hoje à noite comigo.

Como Helena não o respondeu, então ele se retirou.

Helena não queria conversar com ele, sentia que ele havia a enganado. Também não queria conversar com o seu pai, pois sentia magoas por ele a tratar como se ela fosse um animal. Mas ficou curiosa e após algum tempo não resistiu, puxando o embrulho pra si, começou a rasgar o papel para ver o que era e ficou admirada.

Alguém bateu na porta e entrou. Era o seu pai.

— Vejo que já abriu seu presente – disse ele parando, a encarando.

— É lindo...

— Você devia agradecer a Leonel.

— Você não teve dedo nisto? – perguntou desconfiada.

— Bem... digamos que eu tenha o encomendado, mas quem pagou e foi buscar não foi eu – disse ele se sentando.

— Não sei como agradece-lo

— Não agradeça ainda, apenas aceite o que ele tem a oferecer e pare com estas atitudes infantis.

— Não são atitudes infantis! Você me enganou papai! E Leonel mentiu pra mim.

— Eu não enganei ninguém, você sabe que uma hora isto aconteceria.

— Eu ainda não me sinto preparada.

— Mas deverá ficar. Não tem como você fugir Helena – ele se levantou – ah! E Antes que me esqueça... o rei nos convidou para visitar seu palácio amanhã para tratar de negócios e você e Leonel irão comigo.

— O que?! – Helena se assustou o coração quase saiu pela boca – Não posso fazer isto.

— Não terá discussão! Você irá conosco e ponto final!  - então ele saiu

Helena começou a chorar, sabia que o rei a reconheceria e seu pai não a deixaria sair nunca mais. Ela ficou desesperada, mas sabia que também era em vão, pois não iria conseguir inventar uma desculpa. Então ela se deitou e ficou ali o resto do dia, mal tocou na comida. Sentia que a felicidade estava fugindo de suas mãos.

A noite chegou e Serafina apareceu para ajudá-la a arrumar, enquanto isto na sala o Conde e Leonel estavam já a esperando. Muito bem vestidos, usavam túnicas de cor branca e uma faixa em seda que pendia do ombro a cintura. Demorou muito, enfim já estavam impacientes, mas foi quando Serafina apareceu sorrindo dizendo que ela já estava pronta que se levantaram e caminharam até a saída.

Leonel ficou admirado quando viu Helena se aproximando. O cabelo dela estava preso e uma trança saia de sua testa a sua nuca e usava uma tiara ,o vestido que havia lhe dado era de cor vermelha. Ele era longo e havia uma capa que saia do próprio vestido, marcando a cintura dela e com um decote mais alongado, ele sentiu além da admiração, desejo. Aproximou-se dela e deu um beijo em sua mão. Helena sorriu.

O conde ficou satisfeito e após caminharem para a saída da casa, entraram dentro da carruagem que os esperavam. Quando Helena chegou ao palácio ficou animada, pois seria seu primeiro baile. Seu pai lhe deu o braço para que ela segurasse e Leonel andava do lado dela. Pararam na entrada quando o guarda perguntou os nomes.

— Conde Sthepan, minha filha Helena e meu genro.

Então ele lhes deu passagem e começaram a subir o lance de escadas. Após terminarem de subir chegaram a um grande salão onde havia uma enorme porta que já estava aberta. Helena avistou logo na entrada que todos estavam diferentes dela. Ao caminhar adiante, Leonel a cutucou e olhou para ela com pena, que logo ficou aflita.

— Diga me que isto não foi ideia sua papai

— Claro que não Helena, eu acho que devo ter apenas esquecido deste pequeno detalhe.

Todos começaram a olhar e a cochichar, ela era a única que usava cor diferente. Todos usavam branco, exceto pela faixa, que de alguns eram verde, preta, azul... Mas era a única mulher que ali no meio de tantos com cores mais claras usava um tom tão chamativo e foi desta forma que o rei veio até eles o receber junto com sua irmã Sephora.

— William! – Disse o conde dando um abraço

— A quanto tempo Sthepan... Já fazem o quê?...

— Uns 8 anos... Não mais que isto. Venha, gostaria de lhe apresentar o meu genro. Este é Leonel, ele lutou na guerra pelo nosso povo e é claro por vossa majestade.

— Fico honrado meu rei – disse Leonel o reverenciando e dando um beijo na mão de Sephora que pareceu pouco à vontade, ainda mais quando viu Helena, seu queixo quase caiu e abriu a boca espantada. Já William não conseguiu disfarçar, ela o chamou a atenção

— Esta senhorita está os acompanhando?

— Sim, quero lhe apresentar minha filha Helena – disse o Coronel satisfeito sorrindo.

William ficou admirado com a beleza de Helena, ela por sua vez estava nervosa, suas mãos tremiam quando ele a pegou e a cumprimentou dando um beijo em sua mão. Naquele momento ela sentiu que ele havia a reconhecido. Mas ele não disse mais nada. Leonel vendo a forma como ele olhava pra ela, não gostou nenhum pouco e para sorte dele Sephora o puxou para cumprimentar mais convidados que chegavam.

Helena ficou agradecida, queria evitar os olhos do rei sob ela, uma vez que sabia que ele poderia dizer algo a seu pai. Leonel estava tomando vinho e não desgrudava dela nenhum pouco, já Sthepan não demorou muito e se juntou a alguns amigos que chegaram de repente para conversar.

— Não gostei da forma como ele olhou para você

— Não o julgue, ele não tem culpa se estou chamativa de mais com este vestido.

— Ele não reparou em seu vestido.

— Mas a irmã dele sim!

— Não finja que você não viu a forma como ele te olhou

— de que forma? – ela disse irônica

— Você sabe que não consegue mentir pra mim, se eu não a conhecesse bem, sei que você conseguiu sentir também. Mas não quero estragar a sua noite.

E então todos fizeram silencio quando o rei puxou a sua irmã para a primeira valsa da noite. A música começou e então Helena se sentiu aliviada que a conversa havia sessado e também por o centro das atenções serem outras. Quando a dança acabou todos aplaudiram. E logo casais se juntaram para dançar.

— Me concede a honra desta dança?

— Você sabe que não gosto de dançar Leonel – E para a salvação dela, os dois foram interrompidos, quando Demétrios reconheceu Leonel, ele se aproximou dele para o cumprimentar e ficou ali rindo e conversando. Deixando a de lado e sozinha. Ela se sentia incomodada naquele lugar, então saiu dali e foi para fora, onde havia uma sacada.

Estava pensando em como estava sendo horrível aquela experiência, se reprimia pelo olhar das pessoas e ficou extremamente desconfortável diante do rei e sua irmã, que estava extremamente bonita naquela noite. Seus pensamentos foram interrompidos.

— Está gostando do Baile?

Helena se virou pra ver de quem era aquela voz que estava bem próxima. E viu parado ao seu lado o rei. Ele sorriu pra ela.

— Estou – disse sem conseguir pensar em mais nada.

— Bonita a vista daqui não acha?

— Sim, é sim – ela abaixou a cabeça com vergonha

— Eu te conheço não é mesmo?

— Acredito que não, meu pai não é de me deixar sair.

— Talvez ele tenha medo – disse William olhando para trás.

— Duvido que seja isto.

— Vou dar uma fugida, preciso respirar longe desta confusão, gostaria de me acompanhar? – disse ele já dando o braço a ela, que caminhou junto a ele, aceitando o seu braço, sem pensar no que fazia, estava no automático. Não se atrevia a olhar para ele de novo.

— Então quer dizer que está noiva daquele homem?

— Sim, meu pai arranjou tudo para mim

— Então quer dizer que além de não a deixar sair ele ainda arranja o seu casamento, curioso não?

— Eu não posso dar minha opinião sobre isto, afinal Leonel e eu somos melhores amigos

— E você o ama?

— Ele gosta muito de mim. Tenho muito carinho por ele

— Eu não perguntei isto, perguntei se você o ama

— Terei muito tempo para me acostumar com a ideia  e aprender a ama-lo da forma como ele merece.

Os dois ficaram calados por um momento, andavam sob as arvores pelo jardim. Helena estava tremendo, não sabia o que fazer ou até mesmo o que falar.

— Você gostaria de voltar? – Perguntou parando inesperadamente diante dela

— Sim, por favor. Meu pai deve estar me procurando.

— Não acredito muito que ele esteja, uma vez que está muito bem entretido.

— Como sabe que ele está entretido?

— Porque foi eu quem sugeri – ele riu, Helena franziu o cenho.

— Helena!

Foram interrompidos por Leonel, que estava a procurando. Ele ficou enciumado quando a viu.

— Até que enfim a encontrei – disse se aproximando, Helena se afastou de William – Vamos embora, já está ficando tarde.

— Mas está cedo, nem dançou comigo ainda – disse William para ela encurtando o espaço

— Vamos Helena! – disse Leonel dando a mão para Helena e a puxando. William a seguiu.

Eles voltaram para o salão e foram atrás de Sthepan que já estava animado bebendo junto com seus amigos. Helena se sentia mal. Quando Sthepan os viu entendeu tudo, quando percebeu o porque de Leonel estar com cara de poucos amigos, é que William estava atrás deles.

— Conde, posso ter a honra de dançar com sua filha? – perguntou William

— Claro que pode Vossa Magestade, mas é claro, se minha filha aceitar.

Leonel fechou a cara, fuzilando Helena com o olhar. Ela por sua vez mexeu a cabeça dizendo que sim. William então pegou a pela mão e conduziu até o centro do salão, todos pararam para ver quem era a mulher que estava com o rei. Sephora detestou. Odiou Helena desde o primeiro momento. Sentia-se ameaçada, percebeu que desde o instante que ele a viu não tirava os olhos dela, inclusive perguntou a Kalida tudo o que conseguiu saber. Queria fazer algo. As pessoas se afastaram dando espaço ao rei. Então a música parou e começou uma nova.

Helena era a primeira mulher que o rei havia tirado para dançar após Sephora. Ela se sentia constrangida, mas feliz. De alguma forma percebeu que William tinha um olhar gentil com ela. E ficou agradecida dele ter a tirado das mãos de Leonel. Ele encostou levemente sua mão em sua cintura e estava bem próximo a observando.

William percebeu o quanto Helena era belíssima. Sentia algo diferente, como se ele já tivesse estado com ela antes, mas não sabia quando ou onde. Ele percebeu que Helena tinha belos olhos de cor negra, como os seus. E teus lábios eram pequenos e levemente avermelhados. Como sua bochecha estava sob sua pele macia e branca. Ela não era muito alta, mas havia uma graciosidade em seu corpo que era notável. Seu cabelo parecia ser liso, de tons negros como sua grossa sobrancelha e seus belos olhos de cílios grandes, ele sentiu afeição pela moça.

Mas logo foram interrompidos por Sephora quando estava na parte da dança em que ele girava Helena e a puxava novamente para ele. Intrometendo, se colou entre os dois, o que fez Helena cair e todos a sua volta ficarem espantados. William ficou sem jeito, afastou de Sephora e foi até a moça a ajudar a se levantar. Ele se abaixou e estendeu sua mão para ela. Que o olhou, com olhar assustado. Então naquele momento William entendeu como a conhecia e ficou paralisado. Helena se encolheu ao perceber que todos a olhavam. 

Helena era a plebeia que ele havia ajudado. Desde aquele momento tentava achar uma forma de encontra-la pois ficou intrigado que algo dentro dele estava extremamente ansioso. Ele sabia que jamais ficou com alguém da classe inferior, mas queria encontra-la para perguntar lhe qual o seu nome ou até mesmo onde morava, como vivia... essas coisas... Mas agora sabia quem era a moça e estava bem ali a sua frente, na mesma situação. 

William a ajudou a se levantar. Tudo aconteceu muito rápido, Leonel se aproximou dos dois e puxou Helena que foi embora rapidamente junto com o seu pai. Ele ficou ali parado ainda anestesiado. Sephora vendo a cara dele encostou em seu braço. Ele olhou a sua volta, todos estavam prestando atenção. E para disfarçar ele tomou a sua irmã para dançar então outros casais se juntaram e rapidamente tudo voltou ao normal.

— Foi bom assim - disse ela sorrindo, mas parou ao ver o semblante de William, parecia querer mata-la. Não entendia.

Helena chorava pelo constrangimento que havia passado. Enquanto isto Leonel a xingava dizendo que ela não deveria ter dançado com ele, que era um desrespeito a sua pessoa. Mas Sthepan o surpreendeu, ao dizer que sua filha fez bem, afinal de contas era o rei.

Helena não quis conversar foi direto para o quarto. Já os dois ficaram bebendo na biblioteca.

— Você acredita que peguei os dois juntos? Agora entendo o motivo de Helena não querer se casar comigo

— Ora Leonel, o que está querendo insinuar?

— Não estou insinuando, estou afirmando! Eu vi o jeito que ele olha pra ela. Como se a desejasse! Helena é uma mulher muito bonita, não sei se consigo competir com ele – disse se sentando de frente para Sthepan na poltrona.

— Cuidado Leonel, William tem um temperamento muito difícil, o enfrenta-lo será sua perdição. Deixe isto de lado, logo ele irá a esquecer. William tem um harém com belíssimas mulheres.

— Assim espero.

Helena chorou de tristeza, agora que não sairia de casa mesmo, seria motivo de vergonha. Como se já não bastasse o vestido ainda tinha o vexame da queda. Passou a odiar a irmã do rei, mas estava tão cansada que acabou pegando no sono.

William por sua vez estava triste olhando para o horizonte, restavam poucos convidados e já estava cansado. Havia bebido muito desde que Helena saiu. Sephora se aproveitou e aproximou. Tomou o cálice das mãos dele e colocou na sacada.

— Pare de beber você já está sendo ridículo!

William a pegou pelo pescoço.

— Nunca mais interfira na minha vida de novo ou juro que irei prende-la no calabouço!

— Eu não tenho medo de você William! Sei muito bem porque está assim! – disse ela após ele a soltar

— Não se atreva! Eu juro! Você ainda não me conhece! - E então ele saiu deixando a sozinha e o amaldiçoando.

Pela manhã Helena se sentiu mal, não tinha animo para se levantar. Mais uma vez Serafina levou o café da manhã na cama e abriu as janelas. Helena se levantou para comer alguma coisa, logo se assustou quando Serafina deixou a xícara cair, ela tampava a boca com as mãos. Helena a olhou sem entender e logo olhou para onde o olhar de Serafina estava focado. Havia uma imensa mancha de sangue na cama de Helena.

— Por favor Serafina, eu lhe imploro! – disse ajoelhada – Não conte nada ao meu pai por favor.

— Desculpe menina Helena, mas eu não posso fazer isto, sinto muito.

E então ela saiu para contar ao Conde, deixando Helena aos prantos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado por favor não esqueçam de deixar seus comentários para ajudar a melhorar ainda mais a história. Beijos :)



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